Resumo de Geografia - Conflitos Étnicos

Os conflitos étnicos envolvem embates entre indivíduos ou grupos com características religiosas, territoriais, raciais, políticas e culturais diferentes.

Esses confrontos estão presentes na própria história da humanidade. Inúmeros povos foram extintos em nome do acúmulo de capital e expansão de territórios, a exemplo do genocídio dos nativos da América, os índios.  

Outro polo de conflitos étnicos é o continente africano. A exploração colonialista na história da África mudou drasticamente as condições políticas, sociais e econômicas da região. Tribos rivais eram colocadas em mesmo território, enquanto as de mesma etnia eram afastadas. 

O que etnia?

A palavra etnia, que no grego significa “povo” (ethnos), remete aos grupos e comunidades que possuem em comum origem, língua, costume, religião, etc.

Pesquisadores da área de etnicidade também levam em conta as propriedades genéticas como parte da herança étnica. Além disso, a noção de identidade é baseada em construções sociais, pois o indivíduo se reconhece em uma determinada cultura quando entra em contato com outras.

Desse contexto pode nascer o repúdio às diferenças, e consequentemente, conflitos e guerras que levam ao genocídio – assassinato de um número expressivo de pessoas de uma mesma classe (étnica, racial, religiosa, entre outros).

Conflitos étnicos pelo mundo

Os conflitos étnicos englobam inúmeras motivações, principalmente territoriais e políticas. O enfrentamento violento estão quase sempre presentes e violam os princípios dos Direitos Humanos.

Israelenses x Palestinos

Um dos conflitos étnicos que se estendem por longos anos é dos israelenses contra palestinos. A cidade de Jerusalém é o foco desse conflito que dura mais de 70 anos. Ambos os povos acreditam que essa localidade é sagrada e reivindicam como capital.

Mesmo com o acordo de Paz de Oslo, no qual o lado palestino reconhecia o direito dos israelenses de viver em paz e segurança, a violência não deixou de existir, intensificando- se a partir de 2000.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), esse conflito já matou mais de 400 mil pessoas e obrigou a fuga de milhares. Esse cenário contribui com a crise dos refugiados no mundo – o maior fluxo migratório de pessoas desde a Segunda Guerra Mundial.

Movimentos separatistas da Espanha

Os habitantes da Catalunha e da região de Basco querem a separação dos seus territórios dos domínios espanhóis. 

Os catalães ficam no nordeste do território espanhol e apresentam uma certa independência diante da Espanha. Possuem linguagem própria (catalão) e foi a primeira a avançar nos processos de industrialização.

Em 1932 instalou-se a República Catalã, mas o período de ditadura acabou com essa soberania. A partir disso, até hoje, busca-se a criação de um estado-nação totalmente independente.

Além da Catalunha, a área de Basco também fortalece os movimentos separatistas. O governo ditatorial espanhol proibiu as frentes de luta por independência e o uso do idioma local, a euskara.

Isso favoreceu o nascimento do grupo extremista ETA (“Pátria Basca e Liberdade”), que concretizou diversos atentados na década de 1970. O grupo ainda existe, mas não pratica atos de violência desde 2001.

Mesmo com Parlamento e forte sistema tributário e cultural, os bascos continuam reivindicando a separação.

Hutus x Tutsi

Um dos principais conflitos étnicos da história foi em Ruanda, na África. Em cem dias de conflito em 1994, aproximadamente 800 mil pessoas da etnia tutsi foram assassinadas pelos hutus.

A maioria da população ruandeses era de hutus, mas os tutsis que governavam o país. Os hutus, em 1959, venceram a monarquia dos tutsis os obrigando a fugir para países vizinhos. Um grupo de fugitivos criou a linha rebelde Frente Patriótica Ruandesa (RPF), que invadiu Ruanda em 1990 em busca de acordos de paz.

No período, carteiras de identidade diziam os grupos étnicos dos moradores. Com isso, milicianos armavam bloqueios nas estradas para matar tutsis. Muitas mulheres foram assassinadas ou transformadas em escravas sexuais.

Os líderes e dois milhões de pessoas envolvidas no massacre foram julgadas e condenadas pela ONU. Atualmente, é ilegal expressar algo sobre etnia no país africano.

Conflitos Étnicos no Brasil

Os conflitos étnicos no Brasil tiveram início durante a colonização e exploração portuguesa.

Além da doutrinação religiosa, a chegada dos europeus provocou o extermínio de milhares de tribos. Estima-se que, em 1500, o contingente indígena no país era de aproximadamente 4 milhões. Hoje, o número atinge um pouco mais de 400 mil.

Epidemias, trabalho escravo e conflitos entre tribos inimigas provocadas pelos europeus resultaram nesse desaparecimento humano e cultural. As etnias que conseguiram sobreviver e resistir são alvos dos conflitos por demarcação de terras e do poder de fogo dos grandes latifundiários.

Além dos indígenas, a sociedade brasileira foi construída pela mão de obra dos negros africanos escravizados. E, após a instalação da Lei Áurea, essas pessoas continuaram sendo marginalizadas. 

Os conflitos étnicos entre os interesses da classe branca e burguesa do Brasil Colônia em prol da exploração da força de trabalho de um grupo tido como inferior ainda propaga efeitos.

Os negros têm os piores salários, são os mais atingidos pelas altas taxas de desemprego, e não estão na maioria que frequentam o ensino superior. Em 130 anos de abolição a ascensão econômica e social da população negra se mantém distante dos ideais.

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