Características que compõem os textos orais e escritos
Comunicação e fatores pragmáticos são fundamentais para construção da textualidade – conjunto de particularidades que permite a identificação de uma linguagem como texto, isto é, como uma unidade composta por frases e palavras que têm o objetivo de dizer ou expressar algo.
Todo texto é fruto de interações comunicativas, pois é formado por partes que visam trazer algum sentido para os interlocutores. Além disso, mantém recursos que são responsáveis pela sua estruturação e interpretação daquilo que está sendo dito. Na língua portuguesa, esses elementos são chamados de fatores de textualidade e classificam-se em semânticos e pragmáticos.
Quais são os fatores semânticos?
É a textualidade que possibilita o encadeamento das ideias ao longo do texto. Contudo, para que isso aconteça, deve existir ligações semânticas entre as sentenças. Ou seja, aspectos que propiciam a formação de uma estrutura textual e a construção do seu sentido. Dentro dessa categoria, os dois elementos que cumprem essas funções são:
Coerência textual: relação lógica entre as ideias. Para fazer sentido e permitir a total compreensão do leitor, o texto precisa ter argumentos interligados de maneira clara e sem contradições. Mas isso somente é possível diante de algumas circunstâncias, como conhecimento do assunto abordado, domínio da língua e seus recursos gramaticais, e poder de contextualização.
Coesão textual: mecanismos que ligam os trechos ou parágrafos de um texto. É essa conexão lógico-semântica que resulta na harmonia entre as ideias, mas para isso depende do uso de conjunções, pronomes, preposições, advérbios, locuções adverbiais, entre outras expressões que possam interligar os segmentos textuais.
E os pragmáticos?
Antes de falarmos dos fatores extratextuais, isto é, aqueles que permitem o desenvolvimento do texto através de contextualizações, é importante o conhecimento sobre a pragmática – vertente da linguística que estuda justamente o uso da linguagem em diversos contextos.
Uma das principais características dessa área é a análise da relação entre o significado das palavras, interação entre os seus interlocutores e as condições sociais e culturais envolvidas. Com isso, não considera apenas os sentidos atribuídos pela semântica ou construção frásica avaliada pela sintaxe.
O principal objetivo da pragmática é o entendimento dos propósitos da comunicação, a intenção dos discursos em diferentes situações. Como todos os enunciados são produzidos com base em uma realidade, não é possível realizar a interpretação da mensagem transmitida apenas com conhecimentos linguísticos.
Por exemplo, ao fazer uma agradecimento podemos falar “valeu”, “muito obrigada”, “fico extremamente grata”, tudo depende do contexto da ocasião (formal ou informal), assim como os personagens envolvidos no ato comunicativo.
Dessa forma, os fatores pragmáticos englobam tanto a produção como a compreensão dos processos comunicativos, os quais também são responsáveis pela criação de diferentes tipos de textos. A seguir, conheça quais são os principais.
Situacionalidade: refere-se à adequação de um texto em prol de determinada situação. Também aponta quem é o autor, qual o seu objetivo e o público que pretende atingir. Esse fator é crucial para a escolha das palavras, entonação e uso da norma culta ou coloquial (informal, popular).
Informatividade: envolve os conteúdos apresentados no texto, a expectativa de novas informações ou aquelas já conhecidas. Na redação do Enem, por exemplo, o avaliador espera um equilíbrio por parte do candidato. É importante fugir do senso comum e trazer novos conhecimentos para defesa de uma ideia, porém deve-se evitar o exagero nas informações e/ou dados apresentados.
Intencionalidade: como o nome já sugere, está atrelado a intenção do produtor da mensagem. O autor deve elaborar um texto coeso e coerente para que seu propósito alcance o leitor. Um exemplo é a linguagem usada em textos publicitários, cujo o objetivo é convencer o público sobre determinada situação.
Aceitabilidade: diz respeito à expectativa do leitor quanto a compreensão e qualidade da mensagem transmitida. No entanto, ele precisa ter algum conhecimento sobre o assunto para decidir se concorda ou não com o emissor, e se a informação é relevante. Esta classificação complementa a intencionalidade, uma vez que para ter interação o autor precisa sempre levar em conta qual público se interessa pela sua produção.
Intertextualidade: um texto sempre menciona direta ou indiretamente outro texto pré-existente, a exemplo de livros, charges, obras de arte, novelas, filmes, entre outros gêneros. Esse é o elemento da textualidade que mostra o conhecimento diante do mundo por parte do autor e também do seu leitor.