Resumo de Português - Cantigas trovadorescas

As cantigas trovadorescas são textos poéticos que fazem parte do trovadorismo. Esses textos foram reunidos em livros chamados de cancioneiros.

A maioria das cantigas trovadorescas eram cantadas com o acompanhamento de diversos instrumentos musicais, a exemplo da viola, lira, harpa, flauta, alaúde e pandeiro. Por ter esse acompanhamento musical, eram chamadas de cantigas.

Foram várias as cantigas trovadorescas que se destacaram nesse período, dentre elas as cantigas líricas e as cantigas satíricas.

Modelos de cantigas trovadorescas

Como foi visto no início do artigo, as cantigas trovadorescas podem ser classificadas em líricas ou satíricas.

As cantigas trovadorescas líricas são de origem francesa e abordavam assuntos relacionados à sociedade feudal. A maioria dessas cantigas trovadorescas retravam temas relacionados ao amor.

As cantigas trovadorescas de amor possuem versos com rimas, reunidos em duas ou três estrofes, se dividindo em cantigas de amor de refrão e cantigas de amor de mestria.

Já as cantigas trovadorescas satíricas abordam assuntos boêmios e marginais vivenciados pelos jograis, fidalgos, bailarinas e artistas da corte.

Exemplos

Veja a seguir exemplos e características de cantigas trovadorescas:

Cantigas trovadorescas de amor

As cantigas de amor falavam sobre a paixão de um homem por uma mulher. Nesse tipo de cantiga o homem falava sobre o amor platônico que sentia por sua amada. O amor era platônico porque, na maioria das vezes, a mulher era casada, fazia parte de outra classe social, dentre outros motivos.

Além disso, outra característica desse tipo de cantiga era a idealização da amada como um ser divino e a forma de tratamento. A amada era sempre chamada de senhora.

Veja o exemplo de uma cantiga de amor escrita por Bernardo de Bonaval

“A dona que eu amo e tenho por Senhor
amostra-me-a Deus, se vos en prazer for,
se non dade-me-a morte.

A que tenh’eu por lume d’estes olhos meus
e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
se non dade-me-a morte.

Essa que Vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,
se non dade-me-a morte.

A Deus, que me-a fizestes mais amar,
mostrade-me-a algo possa con ela falar,
se non dade-me-a morte.”

Cantigas trovadorescas de amigo

Na cantiga de amigo o autor tem uma visão feminina do mundo. Contudo, as cantigas de amigo eram escritas por homens, nesse período as mulheres não tinham acesso ao estudo.

Ainda sim os autores conseguiam entender as questões femininas, de forma que conseguiam transmitir o pensamento das mulheres nas cantigas amigo.

Nas cantigas de amigo, o termo “amigo” significava namorado. O tema principal desses textos era o lamento das mulheres pela falta do seu namorado.

Nas cantigas de amigo os autores falavam sobre o amor que as mulheres tinham pelo amigo, da saudade, do ciúme e a falta de liberdade para encontrá-lo. Os desabafos realizados eram direcionados a outra mulher, a Deus e para elementos da natureza.

A cantiga de amigo é um dos tipos de cantiga lírica.

Veja o exemplo de cantiga de amigo escrita por Martim Codax:

Ondas do mar de Vigo
Se vires meu namorado!
Por Deus, (digam) se virá cedo!

Ondas do mar revolto,
Se vires o meu namorado!
Por Deus, (digam) se virá cedo!

Se vires meu namorado,
Aquele por quem eu suspiro!
Por Deus, (digam) se virá cedo!

Se vires meu namorado
Por quem tenho grande temor!
Por Deus, (digam) se virá cedo!

Cantigas de escárnio

As cantigas de escárnio faziam críticas de forma sútil, o nome da pessoa criticada não era revelado. Nesse tipo de cantiga os autores usavam muitas figuras de linguagem, trocadilhos e jogos de palavras.

Trecho da cantiga de escárnio escrita por João Garcia de Guilhade

Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!…
A cantiga de escarnio é tipo de cantiga satírica

Cantigas de maldizer

Diferente da cantiga de escárnio, na cantiga de maldizer os autores falavam o nome da pessoa que estava sendo satirizada. Esses textos abordavam assuntos sobre prostituição, adultério, imoralidade dos religiosos. A linguagem era carregada de palavrões e agressões.

Exemplo de cantiga de maldizer escrita por Afonso Eanes de Coton

Marinha, o teu folgar
tenho eu por desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha
boca, a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;

com as mãos tapo as orelhas,
os olhos e as sobrancelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum…

Trovadorismo

O trovadorismo foi um movimento literário que surgiu na Idade Média no decorrer do século XI. O trovadorismo foi o primeiro movimento literário da língua portuguesa, ele se alastrou rapidamente pelos países da Europa e chegou ao fim no início do humanismo.

As cantigas são os principais registros desse movimento. Elas são divididas em cantigas de amor, de amigo, escárnio e maldizer.

Essas cantigas estão reunidas em cancioneiros, uma espécie de livro que contém cantigas de diversos autores.

Os cancioneiros são divididos em três:

Cancioneiro da Ajuda

Esse cancioneiro fica guardado na Biblioteca do Palácio da Ajuda, em Lisboa. Ele é formado por 310 cantigas.

Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa

Esse cancioneiro foi criado no século XV e conta com 1.647 cantigas.

Cancioneiro da Vaticana

Esse cancioneiro encontra-se na Biblioteca do Vaticano e guarda 1.205 cantigas

Trovadorismo em Portugal

O trovadorismo em Portugal chegou ao auge entre os séculos XII e XIII e entrou em crise no século XIV.

O rei D. Denis foi um dos principais incentivadores do movimento no país, ele foi um dos trovadores medievais de destaque, com mais de 130 obras.

Além dele, outros autores também se destacaram no movimento: Paio Soares de Taveirós, João Soares Paiva, João Garcia de Guilhade e Martim Codax.

Nessa época, a maioria das poesias eram cantadas com o acompanhamento de instrumentos musicais, os cantores desses textos era conhecido como Jogral.

Existiam também os menestrel, que eram aqueles que tinham maior habilidade artística. Além de tocar, eles sabiam cantar.

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