Autofagia é um processo celular natural, que pode ser potencializado com um estilo de vida específico. Foi descoberta em 1960, mas só passou a ser explorada e ganhou atenção do mundo depois de uma pesquisa que levou o prêmio Nobel de Medicina, em 2016. Essa pesquisa foi desenvolvida pelo cientista japonês Yoshinori Ohsumi.
O especialista afirma que as descobertas recentes sobre o fenômeno possibilitam ao ser humano mais tempo de vida e com mais saúde. Isso porque é possível compreender melhor as patologias que podem estar diretamente ligadas ao envelhecimento.
As pesquisas afirmam ainda que a autofagia é um processo celular indispensável e se não ocorre as células não conseguem expulsar os resíduos, consequentemente esses irão se acumular resultando em patologias.
Autofagia e patologias
O significado do nome autofagia define muito bem como esse processo celular funciona: “comer a si mesmo”. As células precisam se renovar e, para isso, é necessário eliminar as toxinas, então elas mesmas produzem esse trabalho.
Diversas patologias podem estar diretamente ligadas à autofagia. Entre elas a diabetes, doenças cardiovasculares, obesidade, doenças intestinais e até mesmo a artrose. Por isso, nessas e em outras doenças é recomendado estimular a autofagia.
Para compreender melhor de que forma a autofagia ajuda a combater essas doenças, basta comparar dois quadros de enfermidade: para um paciente que sofre de doença neurodegenerativa é indicado estimular a autofagia, pois assim o excesso de proteínas que se acumulam nas células enfermas é eliminado.
Já em um paciente oncológico, estudos recentes mostram que a autofagia também desempenha papel de grande importância: células cancerosas quando descobertas em fase inicial são eliminadas.
A autofagia faz com que o acúmulo de substâncias cancerígenas se autodestrua. Os cientistas nutrem a esperança de conseguir reduzir também os tumores utilizando o método.
Alguns estudos apontam que mutações em um gene chamado Ras, responsável por 30% dos cânceres humanos, provocam a autofagia excessiva, levando à autodestruição da célula que origina o tumor.
A doença de Alzheimer, por exemplo, é causada pelas proteínas mal formadas no cérebro, que destroem a célula nervosa. A autofagia funcionando com 100% de aproveitamento é capaz de destruir essa proteína, impedindo que materiais danificados se acumulem nas células nervosas.
Como estimular a autofagia
O mecanismo da autofagia não está disponível o tempo todo. Em maior parte, ele só acontece quando o corpo entra em estado de alerta por falta de nutrientes.
Quando o indivíduo se alimenta regularmente, o corpo não sente necessidade de suprir a falta de nutrição, porque está recebendo a alimentação necessária.
Por esse motivo, alguns especialistas apontam o jejum como um dos principais métodos de fazer com que o corpo estimule a autofagia. As células neurológicas precisam de alimento para se reconstruírem. As células do coração também precisam de alimento para manter o corpo em funcionamento.
Por isso, quando há escassez, o cérebro emite para o corpo que falta nutriente e esse nutriente é retirado de locais que não prejudicam a vitalidade: mucos, secreções, fibroses, partes que não precisam desses nutrientes.
Assim, o corpo começa a trabalhar por essa parte, depois transforma a gordura, depois vai para os rins continuando esse trabalho, segue para o intestino, quebrando as toxinas que não servem.
Então o princípio mais consistente com relação a estimulação da autofagia está na privação dos nutrientes. A diminuição dos carboidratos é um dos principais pilares para que esse processo ocorra.
A autofagia tem causado uma corrida entre farmacêuticos e médicos, para descobrirem métodos e medicamentos que estimulem o fenômeno. Entre os meios já descobertos com eficácia comprovadas, como já exposto, estão as dietas, os exercícios de alta intensidade, o jejum, além de dietas com restrição de carboidratos.
Jejum intermitente
O jejum é poderoso por dois grandes motivos: estimula a autofagia, o que recupera a saúde das células e, além disso, especialistas afirmam que produz também hormônios do crescimento.
O princípio fundamental do jejum intermitente é o equilíbrio. Passar horas sem comer pode sim ajudar no prolongamento da vida, porque estimula esse trabalho celular, porém se alimentar é indispensável.
Manter esse equilíbrio é dosar a vida entre momentos de alimentação boa e farta, com proteína, legumes e ingestão moderada de carboidrato, aliado as horas sem comer.
O jejum intermitente é baseado nos nossos antepassados. O homem paleolítico passava horas sem comer, caçando seus alimentos, e quanto conseguia os comiam de maneira farta. Geralmente esses alimentos eram carne ou peixe.
É comprovada a eficácia desse método, mas é necessário ter acompanhamento com nutricionista. Em casos de pessoas que sofrem de alguma patologia, é recomendado acompanhamento médico.