A argumentação é o ato de debater, conversar sobre um assunto, apresentar ideias, defender uma hipótese. É uma forma de organizar o discurso com o objetivo de persuadir o leitor ou a pessoa para quem a mensagem se destina.
A argumentação geralmente está relacionada a uma forma discursiva, mas além de ser utilizada como um recurso linguístico, está presente em diversas áreas de ensino e também no nosso dia a dia.
Os estudos da filosofia, sociologia, psicologia, ciências sociais e tantas outras áreas de ensino, sejam das ciências humanas, exatas, ou da natureza, entendem que argumentação fornece uma estrutura de construção e análise de dados.
Quando estamos conversando com alguém, tentando convencê-lo a adquirir um produto ou a experimentar uma bebida, encadeamos uma série de qualidades e explicações para fazer com que ele compre o objeto, ou, ao menos, use-o para testá-lo. Nesse momento, estamos exercitando o poder argumentativo.
A argumentação também é um mecanismo muito utilizado em campanhas publicitárias. Para convencer o consumidor, publicitários enumeram uma série de justificativas (as vezes imperceptíveis) para fazer com que as pessoas que estão assistindo ao comercial acreditem que aquela é a melhor opção de compra.
Também é muito comum observar a argumentação nas campanhas eleitoras. Políticos constantemente exercitam toda a sua retórica para convencer o eleitor, fazendo-o crer que ele tem as melhores propostas.
Características da argumentação
Para fazer um bom texto argumentativo é preciso garantir que tenha esses aspectos: coesão e coerência, clareza de ideias, opiniões organizadas e, principalmente, bons argumentos.
Coesão e coerência
A coesão e a coerência textual são ferramentas básicas presentes na maioria dos textos. Elas são essenciais para a compreensão da mensagem.
A coesão se refere a ligação entre os elementos do texto. É a responsável pelos dispositivos (conectores, substituições, reiteração, referência) que interligam o texto.
Para entendê-la melhor, confira os exemplos a seguir:
Uma frase com coesão:
“Joana entregou um biscoito para Ana e para Bia também.”
Uma frase com problema de coesão:
“Joana entregou um biscoito para Ana. Joana também entregou um biscoito para Bia”.
Na primeira frase, utilizamos o artifício da “substituição”, o que impede as repetições. A palavra “também” serve para fazer a coesão lexical.
Dessa vez, vamos ver como os conectivos funcionam. Observe:
Coesão correta:
“Felipe come feijão e arroz.”
Frase com problema de coesão:
“Felipe come feijão. Felipe come arroz”.
Perceba que o conectivo “e” está sendo utilizado na primeira frase para evitar uma sequência repetitiva.
Imagine que se além de feijão e arroz, Felipe também comesse carne, salada, macarrão e purê. A frase ficaria muito repetitiva. Geralmente o conectivo (preposição, advérbio, conjunção) faz essa relação, a chamada de coesão interfrásica.
Para acertar nas correlações verbais é preciso ficar atento ao tempo verbal, ou seja, sua conjugação. Veja as frases:
Com coesão:
“Quando Lucas chegou, ele contou o que aconteceu.”
Sem coesão:
“Quando Lucas chegar, ele contou o que aconteceu.”
A primeira frase obedece a forma correta dos tempos verbais, tanto “chegou” quanto “aconteceu” estão no passado. Mas observe a segunda frase, será que dava para Lucas ter contado se ele ainda nem tinha chegado? Se o primeiro verbo da frase, “chegar” aparece conjugado no futuro, o que vem em seguida deve acompanhá-lo.
Na reiteração e referência, os termos (geralmente os pronomes) são utilizados para se referir ao que foi dito anteriormente. Confuso? Vamos analisar as frases.
Forma correta: “Maria publicou dois livros. Ela é escritora.
Com problemas de coesão: “Maria publicou dois livros. Maria é escritora.”
Nesse caso, o pronome pessoal “ela” faz referência à “Maria”.
E a coerência? Um texto é coerente quando faz sentido, é harmônico. As ideias seguem uma lógica, se complementam.
- Na coerência não pode haver contradição.
Exemplo: “Márcia adotou um gato, pois é alérgica aos pelos do felino.”
Como uma pessoa que sofre com alergia a pelos de animais adota um gato? Não faz sentido.
- Um texto coerente não deve ser redundante.
“Eu e Bruna temos um elo de ligação muito forte.”
Ora, o substantivo “elo” já significa conexão. Portanto, acrescentar as palavras “de ligação” logo em seguida é um erro grave.
- Na coerência não há espaço para fragmentação. As palavras também precisam ser relevantes e seguir a ordem dos acontecimentos para dar sentido a mensagem.
Imagine que você está lendo seu jornal e encontra uma notícia assim:
“O homem depois de ser atropelado por um carro ficou esperando por socorro deitado no chão”.
Difícil! Melhor seria se fosse assim:
“Depois de ser atropelado por um carro, o homem ficou deitado no chão esperando por socorro.”
Para que um texto argumentativo esteja coerente, também é preciso observar sua continuidade temática, ou seja, o assunto não deve seguir para outro tema de forma repentina. A progressão deve ser levada em conta. Insira informações novas para o texto não ficar longo, sem um clímax.
Clareza textual
A clareza está relacionada com a coesão e coerência. É um recurso que facilita a compreensão. Para escrever de forma clara observe os seguintes aspectos:
- Escreva na ordem direta;
- Domine o conteúdo;
- Prefira frases curtas;
- Evite usar palavras difíceis;
- Conheça seu público-alvo.
Opiniões organizadas
Esse tópico também está relacionado aos anteriores. Escrever de forma organizada é essencial para evitar mal-entendido. Quando as frases estão em desordem podem causar confusão. Se na argumentação o objetivo é persuadir, o texto não pode ser incompreensivo.
Siga uma ordem sequencial, evite ambiguidades no texto e sempre revise se colocando no lugar do leitor. Não entendeu algo? “Volte duas casas” e conserte. Se você que fez o texto não entendeu, imagina quem vai ler depois!
Bons argumentos
Parece óbvio, mas é sempre bom alertar. A argumentação tem como característica a exposição de ideias, fatores positivos, negativos, opiniões, mas precisam ser bem fundamentados. Não se convence ninguém com “achismos”. Pesquise o assunto e procure boas referências.
Argumentação: estrutura do texto
A argumentação tem uma estrutura textual básica, composta por três elementos: introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Introdução (tese) – Parte do texto em que se coloca a ideia chave, o assunto principal ou problema a ser estudado.
- Desenvolvimento (antítese) – Nesse espaço são acrescentadas novas informações, normalmente justificam o que foi exposto na introdução.
- Conclusão (síntese) – Muitas vezes colocadas como “considerações finais”. Fornecem uma solução ou apresentam resultados e expectativas do estudo.