Resumo de Português - A linguagem do Parnasianismo

A linguagem do Parnasianismo se aproximou de um estilo voltado para o objetivismo racional. Ela buscou, acima de tudo, a perfeição estética com a utilização de rimas preciosas e vocabulário aprimorado.

Para os parnasianos, a obra era vista como resultado do esforço do artista, como uma pedra lapidada, ou seja, o escritor precisava trabalhar muito para conceber uma boa obra literária.

Através da depuração formal e esteticismo, os autores valorizavam o ideal da “arte pela arte. O lema trazia a explicação de que a forma de escrever era mais importante que o tema.

Parnasianismo

O Parnasianismo foi um estilo literário que surgiu na França no século XIX e que chegou ao Brasil trazendo uma forma diferente de escrever poemas sem o típico romance da fase anterior. O movimento era contemporâneo de outros dois: o Realismo e o Naturalismo, que se dirigiam mais para a prosa, enquanto o Parnasianismo se voltava para a poesia.

Esse movimento se difere do Romantismo pelo fato dos autores parnasianos dedicarem atenção na busca pela perfeição da forma estética do poema, com linguagem rebuscada e rimas raras. A linguagem do Parnasianismo era voltada para a objetividade, a impessoalidade e a racionalidade.

Essa forma de produção textual se opõe ao sentimentalismo exagerado dos poetas românticos, criticados por não serem tão exigentes com a linguagem utilizada em suas poesias. Enquanto isso, a prosa realista também se apresentava como uma reação oposta à literatura sentimental.

De acordo com os autores parnasianos, a qualidade das poesias era evidenciada com a objetividade, enquanto que o sentimento retirava os atributos.

A linguagem do parnasianismo era culta e formal, por isso somente a grande elite poderia consumi-la, já que com palavras difíceis muitos não entendiam os poemas parnasianos. Além disso, a linguagem parnasiana considerava temas universais para manter um equilíbrio oposto ao exagero romântico.

Seu nome deriva de “Parnaso”, um monte situado na Grécia onde habitavam o deus Apolo e as nove musas da arte. Outra influência foi a publicação do Parnasse Contemporain, em 1871, na França, berço do movimento.

A linguagem do Parnasianismo: características 

O formato culto do texto com 12 sílabas poéticas, chamados de versos alexandrinos, as rimas ricas e raras e a organização em soneto, no qual as duas primeiras estrofes possuem quatro versos cada e as duas últimas com três versos cada, foram as principais características dos poemas com a linguagem do Parnasianismo.

Outra característica importante na construção do texto parnasiano era o uso da descrição e narração,tendências comuns aos autores, nas quais se buscam a máxima objetividade do assunto tratado e detalhamento de uma história. Além disso, muitas obras faziam referência à mitologia grega e latina e destacavam o erotismo e a sensualidade feminina.

Podem ser encontradas nos textos parnasianos particularidades como:

  • Artes clássicas, paisagens e cenas históricas como inspiração para poesia;
  • Formalidade enfatizada;
  • Predominância de termos eruditos;
  • Construção sintática refinada;
  • Universalismo;
  • Objetivismo;
  • Rimas regulares e artificiais;
  • Preciosismo e purismo vocabular;
  • Métrica regular;
  • Impessoalidade.

A linguagem do Parnasianismo no Brasil

A linguagem parnasiana ganhou força no âmbito literário brasileiro com a publicação do soneto “Batalha do Parnaso” pelo Diário do Rio de Janeiro no final da década de 1870.

Em 1882, o escritor Teófilo Dias publicou “Fanfarras”, soneto que também marcou a entrada do Parnasianismo no Brasil. No entanto, os destaques foram os escritores parnasianos Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia.

Olavo Bilac

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (1865-1918) foi um poeta e jornalista que se iniciou na literatura ainda cedo, destacando-se com a linguagem do Parnasianismo. Suas principais obras foram “Via Láctea”, “Tarde”, “Sarças de fogo”, “O Caçador de esmeraldas” e “Alma inquieta”.

Veja outro famoso poema do autor:

Língua Portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac

Bilac demonstrava grande afeição pela língua materna e a tornou protagonista do texto. As figuras de linguagem utilizadas são o paradoxo, na questão da expansão da língua, e a metáfora, quando fala do sepultamento da língua latina.

É possível perceber que esse poema está repleto de expressões rebuscadas e a preocupação do autor com a forma é evidente. O texto deve ser analisado através desse formato e da presença de elementos que o caracterizam como parnasiano.

Alberto de Oliveira

Antônio Mariano de Oliveira, mais conhecido pelo pseudônimo de Alberto de Oliveira (1857-1937), foi um farmacêutico, professor e poeta que começou a escrever textos literários ainda no Romantismo, mas alterou o estilo para a linguagem do Parnasianismo que estava em seu auge na França.

Suas principais obras foram “Meridionais”, “Canções românticas”, “Versos e rimas” e “Sonetos e poemas”. Veja um de seus poemas:

A vingança da porta

Era um hábito antigo que ele tinha:
Entrar dando com a porta nos batentes.
— Que te fez essa porta? a mulher vinha
E interrogava. Ele cerrando os dentes:

— Nada! traze o jantar! — Mas à noitinha
Calmava-se; feliz, os inocentes
Olhos revê da filha, a cabecinha
Lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.

Urna vez, ao tornar à casa, quando
Erguia a aldraba, o coração lhe fala:
Entra mais devagar… — Pára, hesitando…

Nisto nos gonzos range a velha porta,
Ri-se, escancara-se. E ele vê na sala,
A mulher como doida e a filha morta.

Alberto de Oliveira

Nesse texto, nota-se a presença de uma narrativa com descrição e uso de vocabulário distinto. Cada autor possuía seu estilo de usar os elementos parnasianos.

Raimundo Correia

Raimundo da Mota de Azevedo Correia (1860-1911) era diplomata, professor e poeta que estreou na literatura em 1879, ainda no Romantismo, com o livro de poesias “Primeiros sonhos”. Logo em seguida, publicou “Sinfonias”, em 1883, obra em que está seu poema mais famoso, “As pombas”.

Por causa desse soneto, ficou conhecido como “o poeta das pombas”. Essa última obra traz fortes traços do Parnasianismo. Outras obras foram “Aleluias”, “Versos e versões” e “Poesias”. Veja o famoso poema:

As pombas

Vai-se a primeira pomba despertada…
Vai-se outra mais… mais outra… enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada…

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada…

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais…

Raimundo Correia

 

A linguagem do Parnasianismo: o fim 

A linguagem do Parnasianismo foi caindo em desuso ao passar dos anos, pois do mesmo jeito que surgiu, se opondo à fase anterior, o Romantismo, entrou em decadência diante do novo estilo que mostrou-se uma recusa a todos os valores ideológicos e existenciais da burguesia, o Simbolismo.

Os mesmos precursores parnasianos que criticaram a forma de escrita dos românticos, também foram criticados pela grande importância que dava à estética do poema.

Arthur Rimbaud, Paul Verlaine e Étienne Mallarmé criaram uma nova arte europeia oposta ao capitalismo industrial e financeiro e a Belle Époque que tomavam conta do mundo na década de 1880.

O período em que se utilizou muito a linguagem do Parnasianismo perdeu espaço para o surgimento do Simbolismo no Brasil e na Europa, porém prolongou-se com menos força até a Semana de Arte Moderna, em 1922.

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