E nisso que dá
Ditaduras, pelo mundo afora e em qualquer época,
têm os seus próprios usos, costumes e manias. Há dita-
duras, por exemplo, que não gostam de portos, prin-
cipalmente se são grandes. Cidades com quilômetros
de cais de frente para o mar, navios de outros países e
muito entra e sai tendem a ser mais abertas, com uma
circulação maior de gente, de ideias e de novidades;
é mais difícil mantê-las isoladas do resto do mundo,
e ditaduras fcam inquietas com isso. Outras gostam
de avenidas bem largas, onde possam fazer desfles e
levar a passeio seus tanques de guerra — além de tor-
narem mais fácil a movimentação da tropa de choque
da polícia, em caso de protesto público. Há ditaduras
que proíbem a reza do terço, as que determinam quais
roupas ou cortes de cabelo os cidadãos podem usar
e as que só permitem o acesso da população a livros,
flmes, músicas e espetáculos ofcialmente aprovados
pelo governo. Já houve ditaduras que não deixavam
as pessoas ter listas telefônicas, no tempo em que elas
existiam; eram consideradas segredo de estado. Os
estilos podem variar, mas todos os regimes totalitários,
naturalmente, têm coisas essenciais em comum, e
essas não mudam nunca. Uma das que mais prezam é
o culto sistemático à mentira.
J.R. Guzzo, in Veja, 25 nov. 2009, p. 194
Assinale a alternativa errada.
- A ( ) O travessão (linha 11) enfatiza a informação apresentada a seguir.
- B ( ) O acento gráfco em países e proíbem obedece à mesma regra gramatical.
- C ( ) Em “é mais difícil mantê-las isoladas do resto do mundo” o pronome refere-se a “circulação maior de gente, de ideias e de novidades”
- D ( ) Em “onde possam fazer desfles” o termo sublinhado refere-se a lugar físico; equivale a nas quais.
- E ( ) As vírgulas, em “acesso da população a livros, filmes, músicas e espetáculos”, foram empregadas para enfatizar a oposição do autor do texto a qualquer forma de ditadura.