A questão tomará por base o seguinte texto, que inicia o capítulo XIII do romance Palha de Arroz:
O “Piauí”, um dos mais antigos vapores do Brasil, mas que ainda se arrastava por aquelas águas, abriu a torneira da goela dentro do silêncio da noite. Vinha descendo o rio. Vinha chegando. Noite escura de se meter o dedo no olho. Sem luz elétrica. Sem lua. Apenas as estrelas tremendo, piscando que mais piscando o olho lá nas alturas dos confins do céu. Um marinheiro velho, porco d’água veterano, que aliás estava de quarto, explicava, com tonalidade insinuante, a certo passageiro:
– Quando não há lua, não quem conte as estrelas. No céu também é como na terra: quando os grandes se afastam, os pequenos folgam.
Teresina já se aproximava. Mas ninguém via sequer sinal de cidade. Escuridão. Nem lua, nem luz elétrica. Trevas puras. Noite mesma.
O vapor velho apitando dentro do pretume da noite. Conceição se aproximando de Teresina, pensando nas desgraças da vida. Para ela, não estava ali com tantos passageiros. Estava só.
(Fontes Ibiapina: Palha de Arroz. Teresina: Corisco, 2002, p. 97)
- A “O barco! Noite no teu tão bonito sorriso solto perdido / Horizonte, madrugada / O porto, nada!... / Navegar é preciso / Viver não é preciso.” (Caetano Veloso)
- B “Onde eu nasci passa um rio / Que passa no igual sem fim / Passava dentro de mim / Passava como se o tempo / Nada pudesse mudar.” (Caetano Veloso)
- C “Nosso amor teve um desvio / No seu curso e já secou ou se queimou / Nos mares ardentes da paixão / No cais da desilusão / Mais um barco ancorou.” (Vander Lee)
- D “Seus olhos, meu clarão, / Me guiam dentro da escuridão / Seus pés me abrem o caminho / Eu sigo e nunca me sinto só.” (Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown et alii)
- E “Às vezes no silêncio da noite / Eu fico imaginando nós dois / Eu fico ali, sonhando acordado, / Juntando o antes, o agora e o depois.” (Peninha)