[Permanência dos dramas humanos]
Cerca de dois mil e quinhentos anos atrás, eram escritos na Grécia poemas muito belos. Hoje, eles não são mais lidos, a não ser pelos especialistas nesse estudo, o que é uma grande pena. Pois esses velhos poemas são de tal forma humanos que ainda estão muito próximos de nós, e podem interessar a muita gente.
Seriam até muito mais comoventes para o comum dos homens, ou seja, para aqueles que sabem o que é lutar e sofrer, muito mais do que para os que passaram a vida entre as quatro paredes de uma escola.
Sófocles é um dos maiores dentre esses velhos poetas. Escreveu peças de teatro, dramas e comédias; só ficaram alguns dos seus dramas, vez ou outra encenados nos palcos de teatro. Em cada um deles a personagem principal é uma pessoa corajosa e orgulhosa que luta sozinha contra uma situação intoleravelmente dolorosa; ela se curva sob o peso da injustiça; há momentos em que a coragem desfalece; mas ela resiste e não se deixa nunca degradar pela infelicidade. Assim, esses dramas, embora dolorosos, nunca deixam uma impressão de tristeza. O que fica é antes uma impressão de serenidade. Está visto que o legado essencial desses dramas é reforçar no homem o combate sem rendição contra o que o atormenta, ainda quando seja essa uma luta contra forças muito maiores do que as dele.
(Adaptado de: WEIL, Simone. Outros estudos sobre a opressão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 313)
As normas de concordância verbal encontram-se plenamente respeitadas na frase:
- A Não foi suficiente passar dois mil e quinhentos anos para que viesse a apagar-se o valor desses dramas.
- B A esses velhos dramas gregos correspondiam um máximo interesse da parte dos espectadores da época.
- C O que restaram de tantos dramas gregos da época clássica foram um temário estudado por especialistas.
- D Caberiam aos homens e mulheres que sofrem e lutam o direito maior de se emocionarem com os dramas de Sófocles.
- E Resulta numa impressão de serenidade os traumas vividos pelos protagonistas daqueles dramas gregos.