O profissional que o mercado quer
Débora Rubin Esqueça tudo o que você aprendeu sobre o mercado de trabalho. Estabilidade, benefícios, vestir a camisa da empresa, jornadas intermináveis, hierarquia, promoção, ser chefe. Ainda que tais conceitos estejam arraigados na cabeça do brasileiro, eles fazem parte de um pacote com cheiro de naftalina. O novo profissional, autônomo, colaborativo, versátil, empreendedor, conhecedor de suas próprias vontades e ultraconectado é o que o mercado começa a demandar. O modelo tradicional de trabalho que foi sonho de consumo de todo jovem egresso da faculdade nas últimas duas décadas está ficando para trás. Surge o modelo de trabalho contemporâneo, novinho em folha. É a maior transformação desde que a Revolução Industrial, no século XVIII, mandou centenas de pessoas para as linhas de produção.
Nas novas gerações esse fenômeno é mais evidente. Hoje, poucos recém-formados se veem fiéis a uma única empresa por toda a vida. Em grande parte das universidades de elite do país, os alunos sequer cogitam servir a um empregador. “Quando perguntamos onde eles querem trabalhar, a resposta é: na minha empresa”, conta Adriana Gomes, professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo. Entre os brasileiros que seguem o modelo tradicional, a média de tempo em um emprego é de cinco anos, uma das menores do mundo, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) – os americanos trocam mais, a cada quatro anos.
O cenário atual contribui. “Estamos migrando de um padrão previsível para um modelo no qual impera a instabilidade”, diz Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Quem apostar na estrutura antiga vai sair perdendo, segundo a professora Tânia Casado, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. Isso significa, inclusive, rever o significado de profissão. “O que passa a valer é o conceito de carreira sem fronteiras, ou seja, a sequência de experiências pessoais de trabalho que você vai desenvolver ao longo da sua vida”, define Tânia, uma das maiores especialistas em gestão de pessoas do País. Dentro desse novo ideal, vale somar cada vivência, inclusive serviços não remunerados, como os voluntários, e os feitos porpuro prazer, como escrever um blog.
Fonte: Isto é, 30 de março de 2012.
Sobre o texto de Débora Rubin, assinale a única assertiva CORRETA:
- A Segundo o texto, conceitos como “estabilidade" e “promoção" não mais se aplicam ao novo profissional que está ganhando o mercado de trabalho, o que representa, na visão da autora, uma grande transformação.
- B Segundo o texto, conceitos como “hierarquia" e “benefícios" continuam a guiar os rumos do mercado de trabalho brasileiro, o que representa um modelo de trabalho ainda bastante atual.
- C Segundo o texto, continua a vigorar, entre aqueles que acabam de deixar os bancos universitários, o pensamento de que devem ser fieis a uma empresa por toda a vida profissional.
- D Segundo o texto, a média de tempo em um emprego entre os brasileiros que seguem o modelo de trabalho tradicional é menor que a dos Estados Unidos.
- E Segundo o texto, o modelo de trabalho tradicional continua a seduzir universitários brasileiros, uma vez que oferece mais estabilidade e possibilidades de crescimento profissional.