A Lei nº 11.445/2007, que estabelece o marco legal do saneamento básico, preconiza a adoção de sistemas de esgotamento sanitário que garantam a saúde pública e a proteção dos corpos hídricos receptores. Considerando os diferentes níveis de tratamento aplicados em Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) – como o tratamento primário (baseado em processos físicos como gradeamento, sedimentação, caixa de gordura) e o tratamento secundário (geralmente empregando processos biológicos para remover matéria orgânica biodegradável) – qual alternativa descreve CORRETAMENTE a principal limitação técnica e sanitária do efluente resultante da aplicação de tratamento apenas em nível primário e a consequente importância do tratamento secundário para atender aos objetivos de proteção ambiental e de saúde em áreas urbanas com alta densidade populacional e corpos hídricos sensíveis?
- A O tratamento primário gera um lodo biologicamente instável e de difícil desaguamento, enquanto o lodo do tratamento secundário (lodo ativado, por exemplo) é inerte e facilmente descartável em aterros comuns. A gestão do lodo, e não a qualidade do efluente líquido, é o principal critério técnico que diferencia a aplicação dos dois níveis de tratamento.
- B A principal deficiência do tratamento primário é sua incapacidade de remover sólidos flutuantes (óleos e graxas), enquanto o tratamento secundário se especializa justamente nesta remoção através de processos físico-químicos avançados, sendo esta a etapa crucial para evitar a poluição visual e olfativa dos mananciais aquáticos.
- C O tratamento primário e o secundário são equivalentes na remoção de matéria orgânica, mas o secundário é indispensável por ser o único capaz de remover matéria inorgânica como nitrogênio e fósforo, cuja presença no efluente primário é a causa exclusiva da eutrofização e da proliferação de algas nos rios e represas utilizados para abastecimento.
- D A limitação fundamental do tratamento primário reside na grande área física que suas unidades (principalmente decantadores) ocupam, tornando-o inviável para áreas urbanas densas, enquanto o tratamento secundário utiliza tecnologias compactas. A qualidade do efluente em si não é o fator determinante para a escolha entre os níveis, mas sim a disponibilidade de espaço.
- E O tratamento primário, embora remova eficientemente sólidos grosseiros e parte dos sólidos suspensos sedimentáveis, apresenta baixa eficiência na remoção da matéria orgânica dissolvida e na inativação de microrganismos patogênicos. A descarga contínua desse efluente contribui significativamente para a depleção do oxigênio dissolvido em corpos d'água e mantém elevado o risco de transmissão de doenças de veiculação hídrica, justificando a necessidade do tratamento secundário para reduzir drasticamente a carga orgânica e patogênica.