[...] Este mesmo espírito conservador/reacionário iria se manifestar no tratamento dado pelos contemporâneos àquela que é, indiscutivelmente, a principal instituição moldadora da história política, econômica, social e cultural do Brasil – a escravidão. Sabe-se que o Brasil foi, por larga margem, o principal destino dos mais de 12 milhões de africanos escravizados trazidos para as Américas entre os séculos 16 e 19. Apenas no período imperial, entre 1822 e 1856, seria de cerca de 1,2 milhão o número de escravos aqui desembarcados. Destes, aproximadamente 750 mil de forma ilegal, a partir de 1831, ano em que passava a vigorar compromisso com a cessação do tráfico assumido pelo Brasil em convenção firmada com a Grã-Bretanha. O desenrolar dessa triste história também é conhecido: a abolição de fato do tráfico transatlântico em 1850 e uma sucessão de leis culminando com a Lei Áurea, de 1888, tornando o Brasil o último país do Ocidente a abolir aquela “instituição peculiar” – para usar o eufemismo caro aos escravocratas do Sul dos Estados Unidos. [...]
Fonte: ABREU, Marcelo de Paiva; LAGO, Luiz Aranha Correa do; VILLELA, André Arruda. A passos lentos: uma história econômica do Brasil Império. São Paulo: Edições 70, 2022. p. 18.
Assinale a alternativa que apresenta uma análise integralmente CORRETA em relação ao emprego de elementos linguísticos no texto.
- A A expressão “por larga margem” explicita que o número de escravos trazidos para o Brasil é consideravelmente maior do que o número de escravos desembarcados em outros pontos das Américas.
- B A expressão “Apenas no período imperial” explicita que o tráfico de escravos no Brasil deu-se exclusivamente nesse período, o que é reforçado pela informação de que o movimento mais efetivo de abolição começou na década de 1850.
- C No último período, há duas orações que veiculam ideia de finalidade: “tornando o Brasil o último país do Ocidente a abolir aquela “instituição peculiar”” e “para usar o eufemismo caro aos escravocratas do Sul dos Estados Unidos”.
- D O adjetivo “caro” explicita que, para os Estados Unidos, o tráfico de escravos foi uma atividade monetariamente dispendiosa, o que não impediu que a sociedade escravagista do sul desse país continuasse a promover tal prática.