Questão 4 Comentada - Fundação de Aposentadorias e Pensões dos Servidores do Estado de Pernambuco (FUNAPE) - Analista em Gestão Previdenciária - FCC (2017)

Entre o público e o privado


Pichou o nome da gangue em parede de igreja.” Essa frase está no dicionário Houaiss para exemplificar o sentido do verbo pichar: “escrever, rabiscar (dizeres de qualquer espécie) em muros, paredes, fachadas de edifícios etc.”. Mas o exemplo de aplicação do verbo não é neutro: a diferença entre “nome da gangue” e “parede de igreja” parece sugerir a violência de um ato condenável, herético, pecaminoso, aplicado sobre o espaço do sagrado.

Do ponto de vista dos pichadores, porém, sua ação é política, e corresponderia, ainda, a uma manifestação artística de caráter transgressivo. A pichação seria o direito de os anônimos marginalizados inscreverem sua marca pessoal no espaço público, para proclamarem sua existência como sujeitos. Já os adversários dos pichadores costumam ver nas pichações a obsessão pela sujeira atrevida, pelo prazer rudimentar de manchar o que é limpo. Os mais sofisticados chegam mesmo a reverter a justificativa dos pichadores: a pichação seria a manifestação de uma iniciativa privada dentro do espaço aberto ao público.

A discussão está lançada. Não parece que estejamos próximos de ver terminada essa batalha pela distribuição e reconhecimento de direitos conflitantes. O espaço da cidade continua, assim, um campo de disputa entre os que detêm o direito de propriedade e os que justificam a ação transgressiva como o direito a uma assinatura.

(Teobaldo Tirreno, inédito)



As normas de concordância verbal e a adequada articulação entre os tempos e os modos empregados estão consideradas na seguinte frase:

  • A Aqueles a quem ocorressem promover pichações pela cidade deverão, a cada iniciativa, considerar os legítimos direitos alheios.
  • B Estaremos longe de conciliar as razões dos moradores e as dos pichadores enquanto não viermos a discutir os direitos essenciais dos cidadãos.
  • C Alguns cidadãos interpretariam como afronta pessoal as inscrições que em seu muro caiado testemunha a iniciativa de pichadores.
  • D Não haveria por que julgar como ação transgressiva as pichações a que se dedicarem, com intenção artística, toda comunidade marginalizada.
  • E Manifestação artística e ação política estarão conjugadas em cada pichação que viesse a efetivar os marginalizados da cidade.