Tiradentes, como ficou popularmente conhecido, ou Joaquim José da Silva Xavier, como era chamado oficialmente, foi o principal líder da Inconfidência Mineira, uma tentativa de revolta que aconteceu em pleno ciclo do ouro no estado de Minas Gerais, no ano de 1789.
A Inconfidência Mineira foi um movimento de revolta que ocorreu no final do século XVIII, e representou o desejo de liberdade do povo brasileiro, sobretudo dos mineiros, contra a opressão imposta pelo governo português ainda na fase do Brasil colonial.
Nessa época, o Brasil ainda não era uma República, mas sim um colônia de Portugal. Deste modo, tudo que era produzido no país deveria ser pago a Coroa Portuguesa.
Como nesse período a extração de ouro era muito extensa, principalmente na região de Minas Gerais, logo, 20% de todo o ouro encontrado pelos brasileiros deveria ser pago aos cofres portugueses.
Enquanto isso, os que decidiam não pagar os impostos sofriam rígidas penas, podendo, inclusive, ser enviado a força para o território africano. Esse, portanto, foi um dos motivos de insatisfação dos donos das minas e que levou a organização do movimento.
Quem foi Tiradentes?
Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792) foi apelidado de Tiradentes em razão de uma das funções que exercia, a de arrancar dentes. Mas, além desta, também se dedicou a outras atividades, como a de tropeiro comerciante, minerador, militar, etc.
Tiradentes nasceu no dia 12 de novembro de 1976 no estado de Minas Gerais, em uma região conhecida como Fazenda do Pombal, localizada entre a Vila de São José e a cidade de São João Del Rei.
Seus pais se chamavam Domingos da Silva Santos e Maria Antônia da Encarnação Xavier. Quando eles faleceram, Tiradentes mudou-se para a cidade de Ouro Preto, onde foi criado por seu padrinho.
Entre todas as funções exercidas por Tiradentes, a que mais lhe deu reconhecimento foi a profissão de alferes (patente abaixo de tenente) da cavalaria de Dragões Reais de Minas. A cavalaria era representante de uma força militar que atuava em Minas Gerais, mas era subordinada à Coroa Portuguesa.
Tiradentes e a Inconfidência Mineira
Como foi mencionado, a Inconfidência Mineira foi motivada pela insatisfação por parte dos contratadores que passaram a ficar endividados com a política de cobrança abusiva da Coroa Portuguesa
, nomeadas de quinto e derrama, que mesmo com a escassez de ouro nas minas continuavam sendo cobradas.
Para a Coroa, o quinto representava 20% de todo o ouro que fosse encontrado nas minas do Brasil.
Ele era levado para as casas de Fundição de Intendência, que pertenciam aos portugueses, e lá passava por um controle e fiscalização.
A derrama, por sua vez, era um imposto cobrado sobre cada região aurífera
. Caso eles não fossem pagos, as pessoas tinham seus bens confiscados, alguns até tinham suas casas invadidas e bens retirados para completar o valor da taxa.
Diante dessa situação, o principal objetivo da Inconfidência foi transformar o Brasil em uma República independente de Portugal. Para isso, o movimento baseou-se nas ideias do Iluminismo.
Tiradentes entrou para o movimento quando ainda estava no exercício de sua função de alferes. Por ser um bom comunicador e orador, destacou-se como principal líder, assim, conseguiu conquistar muitos adeptos para a causa revolucionária.
Faziam parte do movimento dos inconfidentes, a aristocracia mineira, que era composta por oradores, poetas e advogados. Entre os poetas estavam Tomas Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa.
Na tentativa de implantar uma República, os inconfidentes até criaram uma bandeira cujo o intuito era ser o novo símbolo para o Brasil. Ela possuía o fundo branco e era composta por um triângulo vermelho, com uma inscrição em latim que dizia: Libertas Quae Sera Tamen (“Liberdade ainda que Tardia”).
O movimento recebeu esse nome, pois no século XVII o termo "inconfidência" era usado para designar um crime político gravíssimo
. Significava uma traição contra o rei e o Estado. Além disso, era tido como um crime de lesa-majestade, ou seja, o mais grave crime da sociedade de Antigo Regime.
Para esses crimes, aplicava-se um castigo pedagógico, cujo objetivo era servir de exemplo para toda a sociedade (com requintes de crueldade).
Para fugir da pena, Tiradentes buscou apoio na casa de um amigo, no Rio de Janeiro. No período que esteve na cidade, conquistou ainda mais seguidores para as causas revolucionárias, mas o exército o encontrou e ele foi preso junto com outros conspiradores.
A fim de proteger os seus companheiros, Tiradentes assumiu toda a responsabilidade do movimento revolucionário. Alguns dos conspiradores foram castigados apenas com o degredo (pena de desterro), mas Joaquim foi o único que sofreu o castigo maior: a condenação à morte.
Tiradentes foi morto da forma mais trágica possível no dia 21 de abril de 1792. Ele foi enforcado, decapitado e esquartejado. A sua cabeça foi encravada numa estaca e exposta em praça pública para que os súditos da Coroa Portuguesa não esquecessem o castigo que era aplicado aos “traidores”.
Já os membros do corpo foram espalhados pela estrada que ligava Minas Gerais ao Rio de Janeiro. Além disso, os seus bens foram confiscados, a terra salgada e sua casa queimada.
Homenagem
Após sua morte, a imagem de força e resistência continuou sendo valorizada. Um exemplo disso foram as características atribuídas a ele. Ele foi descrito como um herói da nação, um ícone de liberdade e independência.
Na cidade de Ouro Preto (MG), onde passou a maior parte da infância e juventude, foi homenageado com a instalação de um monumento no ano de 1867.
E assim, sua imagem foi constantemente lembrada.
Na época do Regime militar no Brasil, em 1965, o atual presidente do país- Castello Branco– contribui ainda mais para o reforço dessa imagem ao sancionar a Lei de Nº 4. 897, que institui a data da morte de Tiradentes (21 de abril) como feriado nacional
, e a sua imagem como “Patrono da Nação Brasileira”.