Resumo de História - Guerra dos Farrapos

A Guerra dos Farrapos foi a revolta de maior duração, iniciou-se ainda o Período Regencial, que aconteceu no estado do Rio Grande do Sul. Vale lembrar que esse período foi uma época de transição entre o Primeiro e Segundo Reinado, que começou em 1831 e foi finalizado em 1840.

A Guerra dos Farrapos foi um movimento de elite e iniciado pelos estancieiros gaúchos  insatisfeitos com o governo. Apesar da longa duração (10 anos), a revolta resultou na morte de 3 mil pessoas. Em comparação com outras guerras que aconteceram nesse período, o conflito foi considerado um combate de baixa intensidade.

Causas da Guerra dos Farrapos

As causas que resultaram no início do conflito foram:

  • Insatisfação dos estancieiros com os altos impostos cobrados sobre o charque gaúcho, a maior produção do Rio Grande do Sul;
  • Insatisfação com os impostos sobre a circulação de gato na fronteira do Brasil com o Uruguai;
  • Revolta por causa da criação da Guarda Nacional;
  • Insatisfação com a negativa do governo em ajudar os estancieiros com as perdas que haviam sofrido após um surto de carrapatos no gado em 1834;
  • Insatisfação com a centralização do poder;
  • Circulação de ideais republicanas e liberais na região.

Principais acontecimentos durante o movimento

A Guerra dos Farrapos iniciou-se oficialmente em 20 de setembro de 1835 e teve como grande liderança Bento Gonçalves, um estancieiro muito rico do Rio Grande do Sul. Além dele, outros nomes foram importantes para o movimento:  Giuseppe Garibaldi e o militar David Canabarro. Ambos tiveram papel extremamente relevante nas lutas travadas contra as tropas imperiais.

Um ano depois o início da guerra, mais precisamente em setembro de 1836, foi proclamado a República Rio-grandense, que também ficou conhecido como República de Piratini.

Esse processo gerou debate entre os historiadores acerca dos ideais separatistas da Revolta dos Farrapos, pois até os dias de hoje ainda não se sabe de fato se a revolução pregava o desejo de se desvincular do Brasil e formar uma república independente, ou de se desligar do Brasil e se anexar ao Uruguai ou Argentina, ou se a Revolta dos Farrapos foi um movimento que tentou pressionar o governo para que houvesse uma autonomia maior para aquela região.

Em julho de 1839, Giuseppe Garibaldi e David Canabarro conseguiram estender o movimento para a província de Santa Catarina e, depois que eles conquistaram a cidade de Laguna, foi proclamada a República Juliana, que durou apenas quatro meses.

A partir de 1840, os farrapos perderam uma série de territórios que haviam sido conquistados nos anos iniciais do conflito. Isso se intensificou principalmente a partir de 1842, quando o governo imperial nomeou Luís Alves de Lima e Silva, conhecido como Duque de Caxias, com a missão de acabar com a Guerra dos Farrapos. Ele foi enviado para o Rio Grande do Sul com mais 12 mil homens.

O Barão de Caxias conseguiu conciliar estratégias militares juntamente com as diplomatas, para assim forçar os farrapos a aceitarem a negociação com o governo, enfraquecendo o movimento e, consequentemente, os derrotando gradativamente.

Essas negociações realizadas entre os farrapos e o governo brasileiro levaram à assinatura do Tratado do Poncho Verde, assinado no dia 01 de março de 1845, impondo assim o fim a Guerra dos Farrapos.

Com os farrapos assinando esse tratado, reconheceram a derrota e o governo brasileiro em troca cedeu algumas condições:

  • O governo brasileiro aceitou taxar o charque brasileiro em 25%;
  • Incorporou todos os militares que haviam lutado ao lado dos farrapos durante os dez anos de guerra. Sendo assim, eles se uniram ao exército brasileiro, mantendo a mesma patente que possuíam no exército dos farrapos;
  • O governo brasileiro aceitou perdoar todos os envolvidos que atuaram durante o período da guerra e prometeu que não iria julgar nenhum dos farrapos que haviam tomado parte do movimento.

O acordo realizado entre os farrapos e o governo imperial também teve dois outros pontos, mas que não foram cumpridos:

  • O governo brasileiro prometeu que os gaúchos teriam o direito de escolher seu próprio presidente;
  • Daria a alforria  de todos os escravos que haviam lutado pelo exército dos farrapos ao longo do conflito. 

É importante destacar que a Guerra dos Farrapos não foi uma revolta abolicionista. Apesar de alguns membros dos farrapos que se rebelaram defenderem a ideia da abolição da escravatura no Brasil, essa não era uma das pautas prioritárias do movimento.

Isso pode ser visto pelo fato do próprio líder da guerra, Bento Gonçalves, após morrer ter deixado 53 escravos de herança para seus filhos.

Os farrapos costumavam convidar os escravos lhes prometendo liberdade após a finalização da guerra.  Outros indícios de que a guera não levantada a bandeira abolicionista era a venda de escravos no Uruguai e a utilização do  dinheiro arrecadado para financiamento do movimento.

Alguns historiadores acreditam que durante as negociações entre o governo e os farrapos um massacre foi armado para que os escravos fossem mortos. Como o governo não queria dar a liberdade para os escravos que atuaram na guerra, a saída então foi entregá-los ao exército para que fossem assassinados.

Esse processo ficou conhecido como Massacre de Porongos, que aconteceu em 14 de novembro de 1844.