A guerra do Paraguai foi o maior conflito armado da América do Sul, envolvendo o Paraguai e os países que formaram a Tríplice Aliança: Uruguai, Brasil e Argentina. A guerra começou em março de 1864 e se estendeu até dezembro de 1870.
Ela aconteceu em virtude da ambição do ditador paraguaio Francisco Solano López, visto que tinha a pretensão de aumentar o território do país e obter uma saída para o Oceano Atlântico por meio dos rios da Bacia do Prata.
A principal motivação do confronto foram os inúmeros obstáculos impostos às embarcações brasileiras, que se dirigiam ao Mato Grosso através da capital paraguaia, além das disputas fronteiriças entre esses países.
Contexto histórico
A guerra do Paraguai foi um acontecimento bastante emblemático para os historiadores. Isso porque ao longo dos anos, até a década de 1990, três interpretações, chamadas por eles de historiografia, conflitaram sobre o real motivo da guerra.
A nova compreensão, portanto, decorreu de inúmeros estudos realizados recentemente por historiadores brasileiros e paraguaios, que tiveram acesso a uma ampla documentação sobre a guerra do Paraguai, até então não analisada. Entre eles: Juan Carlos Herken Krauer, Maria Isabel Gimenez de Herken, Ricardo Salles e Francisco Doratioto.
Em princípio, a nova versão revela que o Paraguai não era uma nação completamente desenvolvida como apontavam as antigas interpretações. O país era completamente agrário e ficou isolado do restante do mundo por um longo período.
Isso acontecia porque, como a nação era governada por ditadores, eles acreditavam que essa seria a melhor maneira de garantir a independência paraguaia, principalmente para o ditador José Gaspar Rodríguez de Francia, que impôs essa política de isolamento no início do século XIX.
Início dos conflitos
A partir disso, na metade do século XIX, as nações platinas (Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai) possuíam uma série de questões fronteiriças em disputa, uma vez que todas mantinham interesses políticos e econômicos em relação à expansão de seus territórios e transporte de mercadorias.
O Paraguai, por exemplo, buscava reforçar sua posição regional como terceira potência e disputava territórios fronteiriços com Brasil e Argentina. A nação argentina, por sua vez, procurava consolidar seu território, impedir maiores fragmentações territoriais e derrotar os rebeldes federalistas das províncias de Entre Rios e Corrientes.
O Uruguai vivia anos difíceis depois da guerra travada entre suas duas representações políticas: blancos (brancos) e colorados (vermelho), formadas após a independência do país em 1825. Já o Brasil pretendia reforçar a sua posição de potência, além de garantir a livre navegação pela Bacia Platina.
A situação entre essas quatro nações passou a tomar rumos complicados a partir de 1862, período em que Solano López, ditador, assumiu a presidência do governo paraguaio. A posse do então presidente fez com que o governo paraguaio se aproximasse de um grupo rebelde argentino conhecido como federalistas.
Essa nova relação desagradou o governo argentino, na época, representado pelo presidente Bartolomé Mitres. Já a aproximação paraguaia com os blancos, partido aliado do governo paraguaio, desagradou tanto a Argentina como o Brasil.
Desse modo, em 1864, a colisão existente entre colorados e blancos foi desfeita. Logo os colorados tentaram organizar estratégias para tirar o chefe político dessa aliança do poder e, para isso, pediram a ajuda do Brasil.
A possibilidade de uma invasão brasileira no Uruguai em favor dos colorados desagradou profundamente o governo paraguaio, que ameaçou atacar o Brasil caso o país interviesse no conflito uruguaio. Isso representou o estopim para o início da guerra do Paraguai
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Tal postura fazia parte de uma das estratégias pensadas por Solano López de impor o Paraguai como potência alternativa e criar uma rivalidade entre o Brasil e Argentina. Contudo, o Brasil ignorou a ameaça e conduziu, em 1864, a invasão do Uruguai.
No entanto, a disputa entre os governos brasileiro e paraguaio já existia por causa das negociações referentes aos direitos de navegação no Rio Paraguai.
Além da exigência, por parte do governo brasileiro, sobre a livre navegação nos rios da Bacia Platina, esses dois países ainda brigavam pelo território que atualmente corresponde ao estado do Mato Grosso do Sul.
O Brasil, então, atendeu ao pedido uruguaio, contribuiu para destituir o governo blanco e colocar o líder do colorado, Venancio Flores, como presidente uruguaio. Mas, tal atitude não agradou Solano López que, em dezembro do mesmo ano, ordenou a prisão de uma embarcação brasileira que passava pelo país em direção à província do Mato Grosso do Sul.
Isso aconteceu, pois com medo de ser atacado, o ditador acreditava que nos porões do navio pudesse ter armas escondidas, mas nesse caso, foi apenas um navio mercante. Após seis semanas, Solano López ordenou novamente que seu exército invadisse a província brasileira do Mato Grosso.
Insatisfeitos com essa atitude do governo paraguaio, o Brasil, o Uruguai e a Argentina firmaram um acordo militar chamado de Tríplice Aliança. Dessa forma, iniciou-se a guerra do Paraguai, o país foi absolutamente derrotado após mais de cinco anos de lutas durante os quais o Império enviou cerca de 150 mil homens à guerra
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Ainda tem dúvidas de como aconteceu a guerra do Paraguai? Assista o vídeo abaixo:
Batalhas principais
O primeiro grande destaque das lutas travadas na guerra do Paraguai foi a Batalha Naval de Riachuelo, no ano de 1865, momento em que a marinha brasileira destruiu quase que a totalidade da marinha paraguaia, o que contribuiu para controlar a navegação nos rio da Bacia Platina e impôs um bloqueio de isolamento para o Paraguai.
Além dela, houve a Batalha do Curupaiti, na qual as tropas da Tríplice Aliança sofreram uma grande derrota, o que resultou na morte de cerca de 4 mil soldados. Contudo, os fatos que mais determinaram os rumos da guerra aconteceram mesmo em 1868.
Nesse ano, a principal fortaleza do Paraguai, Humaitá, foi tomada pelas tropas do Brasil. Um ano depois, em 1869, Assunção (capital paraguaia) foi invadida e saqueada. A guerra do Paraguai terminou definitivamente quando Solano López foi morto por soldados brasileiros na Batalha de Cerro Corá. O ditador foi morto por ter recusado a rendição.
Consequências da guerra do Paraguai
A guerra do Paraguai deixou um grande rastro de destruição na nação. O país baixou consideravelmente seus índices de desenvolvimento na indústria e na economia, e nunca mais voltou a ser o mesmo
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Os gastos com a guerra fizeram com que o Brasil aumentasse a sua dívida externa
, o que desestruturou a economia e aumentou sua dependência em relação aos países ricos, além de contribuir para a decadência da Monarquia no país.
A Inglaterra, apesar de não ter participado diretamente da guerra do Paraguai, foi o único que lucrou com o conflito, pois aumentou a sua influência no continente, resultado dos empréstimos e apoio militar que ofereceu aos países da Tríplice Aliança.