Resumo de História - Guerra de Canudos

A Guerra de Canudos, também conhecida como Conflito ou Insurreição de Canudos, foi resultado de uma situação de extrema miséria em que viviam os habitantes do Sertão Nordestino.

A guerra, que aconteceu entre 7 de novembro de 1896 e 5 de outubro de 1897, foi um dos fatos mais representativos do início do período republicado no Brasil. O nome se deu pelo fato do conflito ter sido travado no Arraial de Canudos, no sertão da Bahia.

A Guerra de Canudos é caracterizada como uma guerra civil, que é  um conflito armado entre membros de uma mesma nação, cujo objetivo é assumir o controle de determinada região ou de toda uma nação.

Contexto histórico da Guerra de Canudos

O processo de modernização no final do século XIX atingiu de forma diferenciada diversas regiões brasileiras. Na Região Nordeste e na Região Sul, especialmente, as tradicionais relações sociais foram abaladas.

A decadência nordestina se acentuou com a crise econômica da década de 1870. Uma série de anos de seca só resultou na piora da situação. Até então, os pequenos lavradores, trabalhadores livres e vaqueiros, encontravam trabalho e proteção dos grandes latifundiários.

Com essa grande crise econômica, eles se viram abandonados, sem trabalho e sem moradia.

Em Canudos, o líder religioso Antônio Vicente Mendes Maciel, que ficou conhecido como Antônio Conselheiro, e se considerava um enviado de Deus para salvar o povo nordestino, se tornou um líder seguido por inúmeros integrantes das camadas populares da região.

Com o apoio de uma grande parcela da sociedade, Conselheiro iniciou uma luta pela posse da terra, contra os coronéis da região e por melhores condições de vida.

Revoltados, os padres e coronéis faziam pressão para que o governo da Bahia acabasse com a comunidade de Canudos. Por meio da imprensa, os especialistas e comunicadores condenavam os moradores da comunidade, pois alegavam que eles queriam restabelecer o regime monárquico, além de os chamarem de fanáticos e degenerados.

Com isso, o governo do Estado enviou tropas para destruir Canudos. Ao todo, foram quatro tentativas de banir a comunidade. A primeira atuação foi comandada pelo tenente Manuel Pires Ferreira, com cerca de 120 homens. A segunda, foi composta por 500 homens e comandada pelo major Febrônio de Brito. Nas três primeiras tentativas, a comunidade de Canudos saiu vitoriosa.

Porém, na quarta tentativa, o Estado solicitou apoio das tropas federais, que utilizaram armas pesadas para combater o arraial de Canudos. A região foi massacrada de forma brutal, afetando crianças, mulheres, idosos, sem distinção.

A morte de Antônio Conselheiro aconteceu no dia 22 de setembro de 1897. Não há relatos exatos de qual foi a causa, porém, acredita-se que foram ferimentos provocados por uma granada, durante a guerra. 

Região de Canudos nos dias atuais

Atualmente, a região de Canudos fica localizada a cerca de 15 km do sítio histórico de Antônio Conselheiro, que foi inundado pelo açude Cocorobó.

Canudos era distrito de Euclides da Cunha, quando foi elevado à categoria de município, em 1985. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010, a cidade possui cerca de 16 mil habitantes.

Em 1986, foi criado o Parque Estadual de Canudos, envolvendo parte das terras (1.321 hectares) onde ocorreu a Guerra. Parte das ruínas do antigo arraial podem ser vistas em época de seca, quando o açude está vazio.

Antônio Conselheiro

Antônio Vicente Mendes Maciel nasceu no dia 13 de março de 1830, em Quixeramobim (CE). Ele ficou conhecido como Antônio Conselheiro, pois se autodeclarava o peregrino.

Após ser abandonado pela esposa, que fugiu com um sargento, ele decidiu viajar pelas regiões do sertão. Essa peregrinação durou vinte e cinco anos. Foi então que ele chegou na região de Canudos, em 1893, onde se tornou líder do arraial.

Simpático, ele atraiu milhares de seguidores, entre eles estavam os sertanejas, camponeses, índios e escravos recém libertos. Imprensa e historiadores os definiam como louco, fanático religioso e contrarrevolucionário monarquista perigoso.

Em suas teorias, o Conselheiro acreditava que a República, que havia sido recém implantada no Brasil, era a caracterização do “Anti-Cristo” no mundo, afinal, a definição de estado laico para ele era como se fosse a liberação do desrespeito para com Deus.

Além disso, segundo ele, a imposição da cobrança de impostos, a celebração do casamento civil, a separação entre a Igreja e o Estado eram as evidências de que o “fim do mundo” estava próximo.

Com o fim da escravidão, muitos grupos de ex-escravos permaneciam vagando pelas regiões, sem teto e sem oportunidade de trabalho. E foram esses os principais integrantes do grupo que se intitulava “Peregrinos do Bom Jesus” (apelido de Conselheiro). Eles sobreviviam de esmolas, viajando pelo Sertão do Nordeste.

No dia 5 de outubro de 1897 foram mortos os últimos defensores de Canudos. No dia seguinte, o corpo de Antônio Conselheiro foi encontrado e enterrado no Santuário de Canudos.

A cabeça dele foi cortada e levada para a Faculdade de Medicina de Salvador, onde foi examinada por especialistas, pois, para eles, os traços de demência e fanatismo de Antônio Conselheiro deveriam estar evidentes no crânio dele.

Em 3 de março de 1905, um incêndio na antiga Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, em Salvador (BA), destruiu a cabeça de Antônio Conselheiro, que lá se encontrava desde o final da Guerra de Canudos.

Livros que retratam a história da Guerra de Canudos

Algumas obras literárias foram produzidas ao longo dos anos, e retratam detalhes e análises da Guerra de Canudos. Entre elas estão:

  • O Genocídio de Canudos (Jota Ribeiro)
  • Os Sertões. Campanha de Canudos – Coleção a Obra Prima de Cada Autor (Euclides da Cunha)
  • A Guerra Total de Canudos (Frederico Pernambucano de Mello)
  • Antônio Conselheiro. Nem santo, nem pecador. (Vários Autores)
  • A Luta Contra Canudos (Daniel Esteves)