A formação das monarquias nacionais aconteceu no declínio do período medieval, também conhecido como baixa Idade Média.
Foi nesse período que nasceram os grandes reinados, quando os reis passaram a ter força. No feudalismo vigente na Alta Idade Média eles não tinham poder, apenas o nome de rei.
Burocracia, centralização do poder, organização econômica e força armada são exemplos de conceitos importantes que nasceram nessa época, na Europa, para formação das monarquias nacionais.
Contexto histórico
Durante os séculos XII e XV a Idade Média europeia passava por grandes mudanças. Uma nova classe da sociedade surgiu: a burguesia, que remodelou os modos de produção e comércio e o poder aquisitivo da população.
A Idade Média é caraterizada pelo sistema feudalista, que foi do século V ao XI. Esse sistema passou a vigorar na Europa depois que o Império da Roma Antiga entrou em decadência e se desgastou.
O feudalismo era regido através de feudos, grande porção de terra com sistema econômico e organizacional independente. A sociedade nessa época era estruturada em: clero, nobreza e servos.
O clero era a Igreja Católica, os nobres eram os grandes cavaleiros e donos das terras, e os servos eram os trabalhadores, camponeses e escravos que vivam nas terras dos nobres e da igreja.
A sociedade no feudalismo era agrária e a economia era baseada no escambo (troca de objetos). Não existiam moedas, dinheiro, o lucro e riqueza eram estabelecidos pela quantidade de terras.
Os primeiros indícios da queda do feudalismo foi o surgimento da burguesia que nesse período era representado pelos comerciantes.
Essa nova classe social com decorrer dos anos cresceu e se fortaleceu, fazendo com que o sistema feudal perdesse sua importância.
A formação das monarquias iniciou-se nesse contexto de mudanças, com o declínio do feudalismo para o novo sistema econômico: o capitalismo.
Saiba mais detalhes de processo e entenda melhor sobre o final da Idade Média no vídeo a seguir:
Estado nacional
Um Estado é feito com um território delimitado, população e um poder absoluto. Nos dias de hoje é visível que um país estabelecido possui um território definido, uma população própria, um idioma, uma moeda, forças armadas e um líder, que pode ser um rei ou presidente (títulos que foram mudando no decorrer da história e pode variar entre os Estados).
Portanto, Estado e país são nomes para um mesmo conceito e a formação das monarquias nacionais datam justamente o início da formação de países, e não mais impérios ou feudos.
Os burgueses foram importantes na formação das monarquias nacionais por diversos motivos, entre eles é possível citar:
- A unificação de pedágios, impostos, alfândegas, dos pesos e medidas e isso ajudava a dinamizar o comércio;
- Dinamização do comércio fez a economia interna se fortalecer;
- O comércio externo também cresceu e isso implicou em uma grande cadeia de compra e vendas, portanto, mais lucros;
- Com a existência de mais lucros a nobreza pôde firmar relação com os burgueses, porque permitia aos comerciantes participação política e mais dinheiro aos nobres.
- Com a economia crescente era necessário ter uma força no poder, por isso nasceram os militares que ajudavam na arrecadação de impostos e protegiam os territórios.
Para os burgueses era interessante ter impostos cobrados, mas camponeses não enxergaram necessidade e negavam pagamento, com isso surgiu a necessidade da nobreza usar força na cobrança de impostos.
Formação das monarquias nacionais
Portugal e Espanha foram algumas das primeiras monarquias a serem estabelecidas, além de outras como França e Inglaterra, os primeiros Estados nacionais a se formarem. Logo, se conclui que, entre a Baixa Idade Média e início da História Moderna esses territórios já tinham:
- Centralização do poder – um rei para todo o Estado;
- Território definido – um país só, sem divisões de feudos;
- Idioma nacional – todos os pertencentes desses países falavam a língua de lá, os estrangeiros deviam se adequar a ela;
- Exército nacional – guardava o território e ajudava os reis receberem os impostos de toda a população;
- Burocracia (cargos públicos para auxílio do monarca) – nasceu para fiscalizar o pagamento de impostos, organizar o comércio etc;
- Sistemas legais e monetários unificados – havia uma moeda do país, outra medida que organizava o sistema comercial;
- Manutenção do Clero e da Nobreza (com isenção de impostos e cargos de prestígio porém com poder enfraquecido) – a Igreja se mantinha presente para questões religiosas e ajudar nas decisões ligadas a sociedade em geral, mas não atuava como no período da alta Idade Média;
- Boa relação com a Burguesia – os burgueses, ou comerciantes, foram peça principal na formação desses Estados, e as monarquias por sua vez ajudaram os burgueses a se firmarem e terem uma posição de prestígio na sociedade, uma vez que acumularam riquezas com a transição do feudalismo para o estado monárquico.
Estado Portugal
Houve um elemento importante na consolidação da monarquia portuguesa: a Guerra da Reconquista.
O território, que depois se tornou Portugal, era habitado inicialmente por cristãos germânicos e mais tarde foi ocupada por árabes.
Os cristãos se tornaram minoria e viviam em uma pequena parte do norte da região.
No século VIII os cristãos começaram a travar uma luta para retomar o território. Foram anos de conflitos, que geraram a Guerra da Reconquista.
A cada batalha os cristãos retomavam o espaço que era deles, fazendo com que os árabes caminhassem para o sul do território. Desse modo, a guerra durou até meados do século XI.
Em meio aos conflitos alguns nobres se destacaram, um deles foi Henrique de Borgonha. Sua vitória em batalhas rendeu-lhe várias porções de terras e a mão da filha do rei Leão e Castela. O rei era um poderoso nobre antes da formação da monarquia portuguesa.
Henrique de Borgonha teve um filho chamado Afonso Henriques. Afonso rompeu laços com a família do rei Leão e Castela, expandiu o seu território e proclamou-se rei de Portugal.
Com a expansão das terras o rei criou uma capital para sua monarquia que foi Lisboa.
Estado Espanha
A Guerra da Reconquista influenciou o início da tomada espanhola por um território fortificado e monárquico.
Na França e na Inglaterra havia muitos conflitos também, e a Europa viveu nesse momento longos anos de brigas até que os Estados fossem consolidados.
Os árabes ainda viviam na região que hoje compreende a Portugal e Espanha, a chamada Península Ibérica.
Com o território de Portugal em processo de reconquista, o rei Leão e Castela também influenciou nas batalhas do território espanhol; a prova disso é que sua irmã, Isabel, casou-se com Fernando, um nobre da Família Aragão (outra família da nobreza ibérica) que lutava pelas terras ibéricas.
Isabel de Castela e Fernando II Aragão conseguiram expulsar todos os árabes da região, demarcando para a família um território só deles, que mais tarde foi aperfeiçoado por Carlos I.
Com uma família real mantendo o poder do Estado centralizado nela, unido aos outros elementos como a burocracia e a força, a Espanha se tornou uma das monarquias nacionais.