A diáspora judaica é o nome dado ao processo de afastamento forçado dos judeus de seu território natal (Israel). Essas migrações culminaram na dispersão desse grupo ético para diversas regiões do mundo.
O termo diáspora é originário do idioma grego “diasporá” e significa dispersão. Esse fenômeno aconteceu durante a toda história devido a vários motivos, entre eles: perseguição política, disputa por territórios e intolerância religiosa.
Por isso, o termo pode se referir ao processo de dispersão de outras comunidades nacionais ou étnicas, como a africana (diáspora africana) e a chinesa (diáspora chinesa).
Como surgiu a diáspora judaica?
A religião judaica se fundamenta em princípios do monoteísmo e Iavé (Deus) é a única divindade que deve receber toda adoração e louvor.
Existem estudiosos que não descartam a concepção religiosa para explicação sobre a dispersão desse povo. Mas, segundo a História Moderna, a diáspora teve seu início marcado pela disputa territorial e confronto com outros povos contrários à fé e cultos dos judeus, impedindo-os de permanecer na região da Palestina e de frequentar o Templo localizado na cidade de Jerusalém.
Diante do contexto, surge então a primeira migração em 586 a.C., quando inúmeras famílias hebreias foram deportadas para a região babilônica, onde o rei Nabucodonosor os mantiveram em cativeiro. Incia-se a partir desse momento a primeira diáspora judaica.
Continue lendo esse artigo e conheça as fases da diáspora judaica.
Primeira diáspora judaica
A primeira diáspora judaica se deu com a invasão do exército babilônico no reino de Judá em 586 a.C.
Anteriormente, o rei da Babilônia (antiga civilização mesopotâmica), Nabucodonosor, afrontava duramente os hebreus. E estes, sem a mão forte do seu deus para protegê-los nas batalhas, ficaram entregues à própria sorte.
Os soldados de Nabucodonosor destruíram a cidade de Jerusalém e deportaram muitas famílias hebreias para a região babilônica. O contingente de hebreus deportados foi de aproximadamente 3000 a 10000 pessoas.
Como resultado, o rei babilônico visava a constituição de um reino em terras hebraicas que lhe fosse submisso, mas os que se concentraram nessa região mantiveram as tradições da fé hebraica. A diáspora judaica, nessa fase, não “rachou” totalmente os laços dessa fé.
Inclusive, muitos comportamentos da lei de Iavé (Deus) foram reforçados. O historiador britânico e autor do livro “História dos Judeus”, Paul Johnson, comunga desse entendimento Na sua afirmação:
Também foi reforçado o ritual da circuncisão, que os distinguia dos pagãos, e o costume do shabat (dia do descanso).
Possivelmente, a maior proporção imediata da diáspora judaica no primeiro momento tenha sido com a invasão da Babilônia
. Em virtude de anos antes ter acontecido outra diáspora judaica, considera-se pela narrativa histórica como a primeira.
Então, em 721 a.C, os soldados assírios devastaram o reino de Israel e subjugaram os hebreus aos seus valores culturais. Foi ainda no momento da primeira diáspora judaica que ocorreu a conquista do território babilônico pelos povos persas.
Depois disso, o rei Nabucodonosor enfraquecido “sai de cena”. E o rei da Persa, Ciro I, permitiu o retorno dos hebreus para sua terra natal.
Entretanto, muitos já estavam adaptados aos costumes e valores culturais da região babilônica e se fixaram no local, formando assim uma grande comunidade cultural judaica na Babilônia.
E a respeito da permanência dessa comunidade nas terras babilônicas, o historiador britânico Paul Johnson afirma que:
Muitos preferiram ficar na Babilônia, que permaneceu como um centro da cultura judaica por 1,5 mil anos.
Segunda diáspora judaica
A segunda diáspora judaica se deu com a invasão do exército romano a cidade de Jerusalém, capital do reino de Judá, em 70 d.C.
Esse momento da diáspora judaica teve uma dispersão gigantesca dos hebreus. Pois, eles fugiram para países localizados nos continentes da África, da Ásia e da Europa.
Os hebreus estabelecidos na região leste europeia ficaram conhecidos como “Ashkenazi”, e os estabelecidos na região norte do território africano foram chamados de “Sefardins”. Estes ainda saíram refugiados para a Península Ibérica.
A partir do século XV o Cristianismo ascendeu com vigor. E, dessa vez, os conflitos religiosos fazem com que os hebreus fujam da Península Ibérica para os Países Baixos, Bálcãs, Ásia Menor e Palestina.
Estado de Israel e o sonho do fim da diáspora
A saga da dispersão do povo hebreu e do seu consequente assentamento em mais de 100 países girou em torno de mais de quatro mil anos.
E essa dispersão poderia ter “fim” com a unificação do povo. Precisamente, em 14 de maio de 1948, iniciou-se um movimento político no Oriente Médio em prol da construção do Estado de Israel.
Entretanto, a região da Palestina estava sob a administração política e econômica da Inglaterra e era habitada predominantemente pelos árabes. A proposta dos representantes judeus era dividir o território palestino em dois, sendo metade árabe e a outra metade judeu.
A proposta política dos judeus foi aprovada através da resolução 181 da Organização das Nações Unidas (ONU), todavia totalmente rejeitada pelos políticos árabes.
Mesmo com as discussões políticas em andamento, os governantes liderados pelo presidente da Agência Judia para a Palestina, David Ben-Gurion, tomaram a iniciativa de oficializar a independência do estado israelita.
A partir de então, começaram conflitos territoriais entre árabes e judeus que provocam a morte de muitas pessoas até os dias atuais.
Conflitos árabes-judeus
Ainda no ano de 1948 países de população árabe, como Síria, Egito, Líbano e Iraque, iniciaram uma ofensiva bélica contra os judeus.
Nessa guerra de disputa territorial, aproximadamente 750 mil famílias árabes que viviam na região da Palestina saíram refugiadas. Além disso, cerca de 800 famílias judias que residiam em países árabes também emigraram para outras regiões.
Desde esse episódio a região da Palestina é palco de intensos conflitos.
Em 2014, um adolescente palestino foi morto e queimado ainda com vida em Jerusalém Oriental, em Israel. A motivação do crime foi a morte de três jovens israelenses.
O clima de ódio entre os judeus e os povos que já habitavam a Palestina se reflete em constantes ataques como esses. Entretanto, as motivações reais são territoriais e históricas.