Resumo de História - Conjuração Baiana

A Conjuração Baiana foi uma revolta separatista, organizada pelas camadas populares na Bahia em 1798. As motivações que levaram essa revolta se assentam principalmente em razões sociais e políticas.

É importante destacar que o contexto histórico em que ocorreu a Conjuração Baiana foi no final do século XVIII, ainda no período do Brasil Colônia.

Durante esta época estabelecia-se uma economia exploratória e escravista vinculada no Pacto Colonial. E mesmo após a abolição da escravatura no Brasil, em 13 de maio de 1888, as desigualdades sociais não foram minimizadas.

Então, o episódio da Conjuração Baiana deixou registrado na História do Brasil as marcas oriundas de uma sociedade injusta e desigual.

Ecoava no solo baiano os pensamentos revolucionários da França e a luta do processo de conquista de independência dos Estados Unidos e do Haiti. Diante disso, a população baiana se imbuía cada vez mais do espírito de revolta contra as mazelas sociais sofridas.

As propostas de Estado Democrático e justiça social da Revolução Francesa propagavam-se pelos quatro cantos do mundo. E com base no pensamento iluminista, difundiu-se o famoso lema de “liberdade, igualdade e fraternidade”.

Similarmente ocorreu a Revolução Americana, que possibilitou a independência das trezes colônias do domínio da Grã-Bretanha em 2 de julho de 1776.

Por fim, a Revolução Haitiana também foi um importante movimento político que influenciou os participantes da Conjuração Baiana.

Realizado por negros escravizados na colônia de Saint-Domingue no ano de 1791 a 1804, seu principal líder foi um haitiano filho de escravos domésticos – Toussaint Louverture.

Depois de sangrenta luta, os revolucionários haitianos conseguiram lograr êxito contra o colonialismo dos franceses e tornar o Haiti uma República governada pela militância negra.

Continue lendo esse artigo e conheça as motivações sociais e políticas, os principais articuladores e o fim da Conjuração Baiana com o Guia Estudo.

Antecedentes da Conjuração Baiana

A principal classe social que participou da Conjuração Baiana foram os pobres, conforme dito anteriormente.

Essa camada popular era composta predominantemente por negros escravizados, negros alforriados, mestiços ou brancos inseridos na mesma estratificação social que a esmagadora maioria da população pertencia.

Eles exerciam atividades econômicas sem muito prestígio social, como alfaiates, sapateiros e pedreiros.

Inclusive, em razão do exercício profissional dos participantes, a revolta também foi chamada de Conjuração dos Alfaiates.

Anteriormente, em 1789, outra revolta colonial, a Inconfidência Mineira, tinha muitos propósitos em comum a Conjuração Baiana. Contudo, os inconfidentes mineiros eram ligados a camadas sociais mais elevadas, como os literatos e os profissionais liberais.

No século XVI, a região nordeste era um importante polo da economia açucareira. E era a principal razão de Salvador ser a primeira capital da colônia portuguesa.

Entretanto, surgiu em várias partes de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso a atividade econômica ligada a extração de metais preciosos, principalmente o ouro.

Diante dessa nova realidade econômica houve o interesse em regular os lucros da mineração e facilitar a chegada de riquezas até a metrópole – Portugal.

E quando a Coroa portuguesa realizou a transferência da capital político-administrativa de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763, iniciou-se uma série de problemas sociais na cidade baiana.

E quem mais sentiu o sofrimento na “pele” foram justamente os mais pobres. Então, a cidade de Salvador não só perdeu o status de capital imperial, mas também começou a sofrer com o desabastecimento de alimentos básicos.

Os produtos alimentícios que eram vendidos no mercado baiano estavam com elevados preços e outros ficaram completamente escassos, como farinha e carne.

Deste modo, estava cada vez mais difícil o sustento digno das famílias baianas tamanho o caos instaurado. Além disso, houve casos de saques em vários pontos do comércio local.

Segundo o historiador Boris Fausto, em 1797, uma multidão faminta saqueou uma carga de carne que estava sendo levada pelos escravos do general-comandante de Salvador. Em vista disso, a cidade baiana tornou-se um “terreno fértil” para eclodir a qualquer momento novas revoltas semelhante ao ocorrido em outros países.

Articuladores da Conjuração Baiana

A Conjuração Baiana teve cinco principais articuladores. Um dos mais atuantes e o único ligado a alta classe social foi o médico, político e filósofo baiano Cipriano Barata.

Algumas poucas pessoas da classe militar também aderiram a revolta. Os soldados baianos Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas lideraram e atuaram intensamente na divulgação da Conjuração Baiana.

Representando a classe popular estavam também os alfaiates Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento.

Nas reuniões, os revoltosos defendiam muitas ideias com base no pensamento iluminista. Entre elas, a instalação de uma República Democrática, a emancipação política da capitania da Bahia, liberdade comercial, dignidade social, abolição da escravatura e aumento salarial dos militares baianos.

Pasquins

As ideias dos articuladores da Conjuração Baiana eram divulgadas através de folhetos informativos chamados de pasquins.

Os pasquins tinham um cunho político e eram escritos principalmente por Luiz Gonzaga das Virgens e Cipriano Barata. Leia abaixo um trecho de um pasquim divulgado na época:

“Animai-vos Povo baiense que está para chegar o tempo feliz da nossa Liberdade: o tempo em que todos seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais.”

Conjuração Baiana: delação, penalidades e fim

Depois de ampla divulgação, os articuladores marcaram uma reunião geral no Campo do Dique, no dia 25 de agosto.

Entretanto, Carlos Baltasar da Silveira delatou o caso para o governador da Bahia D. Fernando José de Portugal e Castro, que ordenou as investigações. Em seguida, as tropas militares do coronel Teotônio de Souza foram dispersar a multidão e prender os líderes da revolta.

A operação militar da Coroa portuguesa prendeu 49 pessoas. Muitos foram acoitados e exilados.

Por outro lado, somente os articuladores alfaiates e soldados receberam o decreto de pena de morte. Eles foram executados, decapitados e tiveram suas cabeças expostas na Praça da Piedade.

Dessa maneira, os colonizadores portugueses demostravam a sua superioridade a qualquer ato contrário a política colonial. Assim sendo, a Conjuração Baiana não ultrapassou a fase conspiratória.