Resumo de História - Companhia de Jesus

Ordem religiosa que ajudou a estimular as ações da Contrarreforma

A Companhia de Jesus, também conhecida como Ordem dos Jesuítas, foi fundada oficialmente em 1540, quando o Papa Paulo III a reconheceu como congregação religiosa. Atuante até hoje em mais de 130 países, principalmente os da Ásia, América Latina e do Norte, tornou-se um dos principais grupos católicos do mundo, sendo inclusive a ordem à qual pertence o Papa Francisco – eleito em março de 2013. 

Companhia de Jesus: contexto histórico 


No século XVI, período que remete à Idade Moderna, a Europa presenciou o nascimento e consolidação de outras religiões cristãs. Com a Reforma Protestante, liderada por Martinho Lutero, houve um rápido avanço do protestantismo, o que acabou ameaçando a soberania da Igreja Católica. Na tentativa de conter esse movimento, a igreja realizou a Contrarreforma – ações que foram estabelecidas a partir do Concílio de Trento e que tinham o objetivo de disseminar o cristianismo pelo mundo, reativar o tribunal da Inquisição, entre outros planos. 
Diante do crescimento do protestantismo, as duas potências ibéricas – Portugal e Espanha – procuraram formas de barrar a disseminação das ideias de Lutero no continente americano. Durante a colonização espanhola no chamado Novo Mundo, a Coroa adotou uma série de medidas preventivas e, entre elas, houve então a criação da Companhia de Jesus. 
Em 1534, o ex-integrante do exército espanhol Inácio de Loyola, juntamente com outros seis companheiros – a exemplo de Francisco Xavier –, fizeram votos na capela de Montmartre, em Paris. Com o intuito de levar as missões católicas para diversos países, Loyola planejou a ida do grupo para Jerusalém, acreditando que poderia libertá-la do domínio dos turcos. Essa primeira tentativa foi um fracasso e logo os jesuítas foram encaminhados para o trabalho de conversão dos nativos e protestantes que viviam na América. Nesta mesma época, mais precisamente em setembro de 1540, o Papa Paulo III aprovou a continuidade da Companhia de Jesus, por meio da bula . 
A ordem jesuítica tinha inicialmente poucos integrantes, o que poderia interferir na missão voltada para o Novo Mundo. No entanto, a boa convivência com monarcas europeus, principalmente os colonos da América, e entre os nativos indígenas – levados à catequização e aprendizado do latim –, permitiu a expansão do grupo. No início do século XVII, por exemplo, mais de 10 mil religiosos já eram associados. 
Mesmo com o sucesso das atividades missionárias, o século XVIII não foi favorável para a Companhia. Em 1759, o governo de Portugal determinou a expulsão dos jesuítas de todos os seus territórios, sob a alegação de que os mesmos teriam tentado assassinar o rei D. José I. Já em 1773, o Papa Clemente XIV ordenou a sua extinção em todo o mundo. A ordem apenas foi restaurada mais de 40 anos depois. 
Além da função missionária, a Companhia de Jesus sempre esteve envolvida com a educação. Quando foi dissolvida, por exemplo, administrava mais de 800 instituições de ensino na Europa e América Latina. Em 1814, através da bula estabelecida pelo Papa Pio VII, pôde retomar os serviços educacionais. 

Chegada ao Brasil

 
As missões católicas espalharam-se por diversas partes no mundo. No Brasil, a Companhia de Jesus chegou no ano de 1549, liderada pelo padre Manuel da Nóbrega. A ordem integrava a comitiva do primeiro governador-geral da colônia, Tomé de Sousa, e tinha o objetivo de converter os nativos à fé cristã e dar continuidade aos ensinamentos da igreja. Para isso, construíram locais voltados para catequização e produção de alimentos e outros insumos. Com o tempo, a habilidade administrativa possibilitou o crescimento do patrimônio da ordem, que passou a ser dona de fazendas e engenhos de açúcar, propriedades urbanas e escravos africanos. 
Apesar dos impasses iniciais diante da comunicação com os nativos, os jesuítas conseguiram instalar colégios em diferentes regiões do país, como ocorreu na cidade de Salvador e São Paulo. Esses núcleos educacionais tornaram-se o principal meio de formação dos filhos dos colonos. 
A Companhia de Jesus também participou de alguns conflitos durante o Brasil colônia, especialmente os motivados contra a escravização dos indígenas. No intuito de proteger os nativos, os religiosos exigiam da Coroa Portuguesa a criação de leis proibitivas. Assim, a escravização passou a ser permitida apenas nas situações de “guerra justa” – quando os índios eram responsáveis por ataques aos portugueses. 
Tempos depois, os atritos dos jesuítas acabaram sendo com a própria Coroa. O forte poder econômico da ordem e a acusação do envolvimento na tentativa de regicídio foram justificativas suficientes para expulsão de Portugal e suas colônias, além da apreensão de todos os bens. Essa iniciativa ainda foi seguida pela França, em 1764, e Espanha, em 1767. 

Quem foi Inácio de Loyola? 

O fundador da Companhia de Jesus nasceu em 1491, em um castelo na região norte da Espanha. Filho de família cristã, aos 15 anos decidiu ser militar e tornou-se cavaleiro durante o reinado de Fernando de Aragão. Em 1521, na tentativa de proteger a capital de Navarra dos franceses, foi atingido por uma bala de canhão na perna direita. No período de recuperação, Inácio de Loyola passou a dedicar-se à leitura de escritos religiosos, o que permitiu uma transformação radical em sua vida. 
Recuperado do grave ferimento, decidiu partir em direção a Jerusalém, local onde viveu por certo tempo. De volta ao continente europeu, voltou-se aos estudos de filosofia e teologia na França, conhecendo os companheiros que futuramente seriam parte da Companhia de Jesus. 
Em agosto de 1534, na capela de Montmartre, em Paris, Loyola e mais seis amigos – Francisco Xavier, Pedro Fabro, Afonso Bobadilha, Diogo Laínez, Afonso Salmeirão e Simão Rodrigues – fizeram votos e resolveram peregrinar, assim como fez Jesus Cristo. Através da bula , o grupo jesuítico finalmente foi reconhecido pelo papa. E, no ano seguinte, em 1541, Inácio foi eleito como Superior Geral da Ordem, mudando-se para Roma. 
Inácio de Loyola dedicou-se à escrita dos textos da Companhia de Jesus, a exemplo da Fórmula do Instituto, Constituições e Exercícios Espirituais, e aos serviços da Igreja Católica até a sua morte, em 1556. Mais de 60 anos depois, em 1622, o Papa Gregório XV realizou a sua canonização, tornando-o santo.