Resumo de História - Cisma do Oriente

Ruptura entre as Igrejas Católicas do Oriente e do Ocidente

O Cisma do Oriente foi um período em que houve a divisão da Igreja Católica. O episódio que aconteceu em 1054 d.C marcou a separação entre a Igreja chefiada pelo papa, em Roma, e a igreja dirigida pelo patriarca, em Constantinopla (atualmente no território de Istambul).

O Cisma do Oriente ou Grande Cisma ocorreu por conta de inúmeros fatores como, por exemplo, as divergências praticadas pelos grupos cristãos, que já se dividiam entre duas linhas do catolicismo e também por conta da disputa política e econômica presente na região do mediterrâneo. 

Fatores que resultaram no Cisma do Oriente

Antes da divisão das Igrejas, havia uma unificação. Isto porque, o Império Romano tinha uma estrutura que permitia a unidade entre elas. Mesmo subdividido em dois e mantendo sua capital em Roma, as duas sedes da igreja continuaram a existir. O papa, autoridade máxima da Igreja Católica, ficava em Roma tendo o controle do continente europeu e em Alexandria, no Egito, e Constantinopla, outros patriarcas exerciam autoridade. Porém, com a anexação do Egito ao Império Muçulmano, o responsável pela sede de Alexandria perdeu sua importância.
Não demorou muito para que as invasões bárbaras alcançassem o Império Romano do Ocidente. Com sua queda em 476, restava apenas o Império Romano do Oriente, que depois ficou conhecido como Império Bizantino. Após tantas influências externas e também por conta das divisões que afetaram as estruturas internas, as doutrinas praticadas pelas das igrejas, aos poucos foram divergindo. Os conflitos doutrinários tornaram-se tão constantes, que acabou resultando no que ficou conhecido como Cisma do Oriente.



Divergências religiosas

Um dos elementos responsáveis pelo Cisma do Oriente foi o surgimento de algumas práticas religiosas da Igreja de Constantinopla, que eram consideradas heréticas pela igreja do ocidente. Durante o período de ruptura, a existência de heresias no Império Bizantino foi motivo de grande incômodo, as principais foram a iconoclastia e o monofisismo.

Monofisismo

O monofisismo foi uma doutrina que surgiu no século V, na escola Teológica de Alexandria, que na verdade, era um movimento e não um local. Na perspectiva monofisista, Jesus Cristo, o filho de Deus, tinha uma natureza unicamente divisa. A visão pregada por essa vertente era completamente contrária à considerada pela Igreja do ocidente, que considerava as naturezas humana e divina de Cristo. 
O monofisismo também era contra o dogma católico da Santíssima Trindade (composto por Pai, Filho e Espírito Santo). Dentro desse próprio movimento, surgiram outras vertentes, a exemplo do nestorianismo, e também doutrinas que se opuseram ao monofisismo. A doutrina monofisita não teve apoio no Concílio de Calcedônia, muito pelo contrário, foi condenada por ela, mas foi aceita nas sedes de Roma, Constantinopla e Antioquia. Já em Alexandria e em todo o Egito, a doutrina foi completamente rejeitada.


Iconoclastia

O movimento dos Iconoclastas preocupava-se com outra pauta. A iconoclastia ou iconoclasmo, como também é chamado, era caracterizada por se opor à adoração de imagens, pregando a destruição dos ídolos religiosos. Mas esse posicionamento não estava de acordo com os fundamentos cristãos que eram pregados pelo papa em Roma. O aumento de adeptos à iconoclastia surgiu em maior número nas áreas, onde o império fazia fronteira com os territórios do povo árabe. Os árabes, que professavam o islamismo, eram completamente opostos ao culto à imagens. 
Por conta dessa mistura de povos, várias formas de sincretismo surgiram, além do cultural, o religioso, produzindo outras heresias cristãs, a exemplo do marcionismo (rejeitava o antigo testamento) e montanismo (caracterizados pelo asceticismo). 
O iconoclastia se tornou forte naquele período porque os imperadores bizantinos buscavam conviver pacificamente com os muçulmanos que habitavam a região. Já que os adeptos ao Islã consideravam a adoração de imagens uma prática ilegal, foram feitas várias concessões que beneficiavam os iconoclastas, até que em 713 o imperador Filípico aprovou uma lei que não permitia a adoração de ícones. 


Crises de autoridade   

 

As heresias só aumentavam a distância que havia entre as autoridades cristãs das Igrejas do Oriente e Ocidente. Somado a isso estavam as desigualdades políticas, sociais e culturais. O Império Bizantino, por exemplo, já assimilava algumas características de outras religiões, como a dos povos asiáticos. 



As novas doutrinas que se estabeleciam geravam instabilidade em todos os setores. Além disso, havia seus divulgadores e fiéis, que influenciavam o comportamento da população. A pressão causada por esses movimentos foi tão grande que os imperadores tiveram que intervir na área administrativa da Igreja de Constantinopla, prática que foi denominada como cesaropapismo. 
O cesaropapismo proclamava a supremacia do Imperador, considerado eleito de Deus, sobre a Igreja. Na prática, esses líderes deveriam controlar os conflitos causados pelas heresias e buscar a unidade entre o Império e a Igreja. Mas o que aconteceu foi justamente o contrário. Com o passar dos séculos, as divergências se tornaram cada vez mais significativas. Uma crise de autoridade havia se instalado nas instituições e a crença cristã estava ameaçada. Em 867 d.C, a Igreja de Constantinopla, que estava sob a liderança do imperador bizantino, não reconhecia mais a soberania da Igreja de Roma. 
A soma de todos esses fatores resultou no Cisma do Oriente, que ocorreria em 1054, quando Miguel Cerulário foi excomungado pelo papa de Roma. Por conta desse episódio, Cerulário optou pela separação oficial entre as duas igrejas. De acordo com aqueles que seguiam as doutrinas do oriente, os ensinamentos de Roma se afastavam das pregações originais ensinadas por Jesus Cristo. 

  
Igreja Ortodoxa e Igreja Católica Apostólica Romana


O Cisma do Oriente resultou em duas vertentes. A Igreja Católica do Oriente, ou Igreja Ortodoxa, com a sede em Constantinopla, e a Igreja Católica Apostólica Romana, ou somente Igreja Católica Romana, com sede em Roma. Ambas conservam algumas tradições litúrgicas de cada doutrina. Mesmo após inúmeras tentativas em busca da união, até então, as duas instituições continuam separadas após o Cisma do Oriente.