Resumo de História - Ciclo do Ouro

O Ciclo do Ouro também era chamado de “ciclo da mineração” e de “corrida do ouro”. Trata-se de uma importante época da História do Brasil, quando a extração e a exportação do ouro deram as cartas no processo econômico do Brasil Colônia.

O ciclo do ouro prevaleceu forte no decorrer dos primeiros 60 anos do século XVIII, após esse período, a produção de ouro iniciou o seu declínio, por causa do esgotamento gradativo das minas que estavam sendo exploradas, nas regiões onde atualmente se localiza o estado de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.

O Início do Ciclo do Ouro

Quando os primeiros exploradores portugueses chegaram ao Brasil, em busca de ouro e de metais preciosos, que eles imaginavam encontrar em abundância no território brasileiro. No começo e no decorrer dos primeiros dois séculos de ocupação portuguesa, não foram tão proveitosas as excursões pioneiras realizadas no interior e no litoral do país.

As primeiras excursões atrás de ouro não deram resultado positivo, apesar de haver esse metal precioso em abundância em diversas áreas do Brasil, fato que ficou provado mais tarde, no decorrer de todo o ciclo do ouro.

No final do Século XVII, o ciclo da cana de açúcar no território nacional começou a enfrentar uma grave crise econômica. Por causa da prosperidade dos engenhos de açúcar das colônias francesas, holandesas e inglesas da América Central.

A partir dessa situação, a Coroa Portuguesa passou a atiçar seus funcionários e todo o povo da colônia, sobretudo a população do Planalto de Piratininga, onde atualmente é a cidade de São Paulo, para que explorassem regiões que ainda eram desconhecidas, a procura do tão desejado ouro.

Muitas mortes de exploradores aconteceram, enquanto estavam em busca de encontrar joias e pedras preciosas, a exemplo do bandeirante paulista Fernão Dias Paes Leme (1608 – 1681), que ficou conhecido como “O Caçador de Esmeraldas”, ele morreu à procura de esmeraldas, a mais nobre variedade do mineral berilo.

Nos últimos anos do século XVII, os primeiros exploradores, enfim conseguiram descobrir a riqueza mineral que existia no território brasileiro. A primeira grande descoberta de ouro aconteceu no ano de 1697, nos sertões de Taubaté, município localizado no interior do estado de São Paulo.

Essa grande descoberta compreendeu cerca de dezoito a vinte ribeiros (cursos de água) de ouro da melhor qualidade. O incrível descobrimento foi anunciado pelo então governador da Capitania do Rio de Janeiro, Castro Caldas.

No mês de janeiro de 1697, a Coroa havia enviado uma Carta Régia (documento oficial assinado por um monarca) ao governador da Capitania do Rio de Janeiro, Arthur de Sá Menezes, em que garantia o comprometimento de colaborar com os custos da procura pelos metais preciosos.

O valor desse comprometimento era de cerca de 600.000 reais (unidade da moeda de Portugal de 1430 a 1911) anualmente. A carta afirmava que os paulistas beneméritos teriam “as mesmas honras, mercês de hábitos e foros dos fidalgos da Casa”, desde que eles descobrissem e explorassem as lavras auríferas.

Assim ocorreu o começo do primeiro ciclo do ouro da Idade Moderna. No ano de 1719, a bandeira do bandeirante paulista Pascoal Moreira Cabral (1657 – 1730) descobriu ouro no estado do Mato Grosso.

Já no ano de 1725, descobriram ouro na Vila Boa de Goiás. Todo fornecimento de homens e produtos para essas regiões de garimpo, passou a ser providenciadas por meio das monções, que são expedições fluviais.

O Poder Econômico do Ouro

No território brasileiro, até o ano de 1760, quando as afluências começaram a terminar, foram produzidas cerca de mil toneladas de ouro. Isso promoveu o enriquecimento ocasional das finanças do estado, além da criação de alguns pequenos patrimônios particulares.

Dom João V, rei de Portugal na primeira metade do século XVIII, proporcionou a construção de algumas obras públicas com a fortuna adquirida até então, com o ciclo do ouro. A obra mais conhecida é o Palácio Nacional de Mafra, que também é um mosteiro e fica situado na vila de Mafra, em Lisboa – Portugal.

A construção desse palácio envolveu praticamente todo o reinado de Dom João V e ainda subtraiu boa parte dos recursos adquiridos no Brasil com o ciclo do ouro. Nessa época, foi construído também o Paço Imperial – palácio dos governantes, no estado do Rio de Janeiro.

Ainda com os recursos financeiros adquiridos no Brasil, durante o ciclo do ouro, o rei de Portugal fez a intervenção em alguns problemas europeus, a exemplo da Guerra de Sucessão da Espanha e também na defesa da Europa contra os Turcos, na Batalha de Matapão, um conflito naval do cabo de Matapan. Esse combate destruiu a frota turca e salvou a Europa de uma grande ameaça.

A partir do ano de 1642, houveram muitos acordos estabelecidos entre Portugal e Inglaterra, como:

  • Tratado de Paz e Comércio entre Dom João IV e Carlos I, no ano de 1642.
  • Tratado de Paz e Aliança de Westminster, no ano de 1654.
  • Tratado de Paz e Amizade, no ano de 1661.
  • Tratado de Methuen, também conhecido como Tratado dos Panos e Vinhos, no ano de 1703.

Então, foram oferecidas grandes concessões ao comércio e aos súditos britânicos, assim como a oferta do livre comércio para os ingleses tanto no Brasil quanto na Índia.

Estudiosos argumentam que o ciclo do ouro brasileiro colaborou, assim como a Inglaterra a centralizar as reservas que produziram, do sistema bancário inglês, o principal centro financeiro da Europa, bem como possibilitou o financiamento da Revolução Industrial da Inglaterra.

O Fim do Ciclo do Ouro

Boa parte das minas de ouro foram esgotadas no final do século XVIII. Uma parte da população mineira foi para o Planalto Central do Brasil, com intuito de trabalhar nas fazendas de gado e para o centro-norte e centro-sul da Capitania do Rio de Janeiro, onde se dedicaram a produção de alimentos para a cidade do Rio de Janeiro e Cantagalo, dando início às primeiras plantações do ciclo do café do Vale do Paraíba Fluminense.

As pessoas que permaneceram no estado de Minas Gerais se dedicaram também à agricultura. Naquela época, ocorreu um estímulo para o ciclo do algodão no Brasil, como produções nos estados da Bahia, de Pernambuco e do Maranhão, todas destinadas à exportação.

O ciclo da cana de açúcar, que não foi completamente desprezado no decorrer do ciclo do ouro, obteve um estímulo novo, principalmente na região Nordeste do Brasil e no estado do Rio de Janeiro.