Questão 5 Comentada - Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) - Psicólogo Judicial (2022)

Leia o texto para responder à questão.

Aspas têm sido úteis no decorrer da minha vida e, imagino, na de inúmeras pessoas também. Na escola, ao usá-las pela primeira vez numa redação, provoquei até emoção na professora. Ganhei elogios. Coisa de que nunca se esquece.
Utilizar aspas em uma palavra ou expressão não significa perdão ou redenção. É falso, também, dizer que amenizam o próprio conteúdo ou o impacto dessas expressões. Ao contrário, todo pensamento escrito, sinalizado ou falado “entre aspas” vale mais ainda, e por duas razões.
Primeiro: usar aspas é uma escolha consciente. Não decidimos abrir aspas pela ameaça de um revólver na cabeça, por chantagem emocional ou financeira. Palavras e expressões entre aspas são selecionadas com autonomia e independência e, assim, refletem e registram opiniões e intenções.
Segundo, ao usar aspas, a pessoa faz uma denúncia de si mesma. Algo do inconsciente humano vive precisamente entre o abre aspas e o fecha aspas. Ao utilizá-las, revelamos um pouquinho do que habitualmente escondemos ou contamos só pela metade, devagarinho, de modo a ir calibrando a reação da sociedade, de quem amamos, de qualquer pessoa ou grupo que nos afete.
Apenas nos últimos dias ecoou dentro de mim um alerta sobre o uso das aspas, pois me dei conta de que esse sinal gráfico em forma de pequenas alças – como as aspas são descritas nos dicionários – é de uso arriscado, enganoso e potencialmente danoso. Seu uso, hoje deduzo, não é tão inofensivo.

(Cláudia Werneck. Aspas nunca mais. www1.folha.uol.com.br, 08.09.2021. Adaptado)


Para a autora do texto, um certo uso específico das aspas

  • A tem a capacidade de promover a boa convivência entre as pessoas, mas não pode ser confundido com um pedido de desculpas.
  • B mascara os reais propósitos daquele que fala, o qual, com intenção, pode gerar algum tipo de dano.
  • C revela um comportamento agressivo, como o de quem ameaça outra pessoa com arma de fogo por motivos pouco nobres.
  • D caracteriza-se como um recurso importante para convencer professores de que o texto em que tal uso é feito é de qualidade.
  • E é recurso condenável porque acaba ferindo regras gramaticais e, consequentemente, interferindo no bom uso da língua.