“Considerado um ofício tradicional da comunidade do Maruanum, o processo de fabricação das cerâmicas vai desde a coleta da matéria prima utilizada na confecção das peças até a sua queima. As técnicas das louceiras do Maruanum são transmitidas de uma geração a outra. Nesta comunidade, um grupo de mulheres descendentes de um antigo quilombo desenvolvem a arte centenária da fabricação de louças de barro preservando as mesmas técnicas utilizadas por suas antepassadas. Entre os meses de agosto e novembro, antes das águas da chuva encherem os campos de várzea, elas saem em mutirão para coletar o barro. Todo o processo segue um ritual secular de tradições indígenas, como a extração da argila permitida pela ‘Mãe do barro’, a guardiã do barreiro”.
Adaptado de IPHAN-AP, Anexo 01: Referências culturais inventariadas, nº 20, 2009
O relato descreve um aspecto importante da cultura popular do artesanato em cerâmica no Distrito de Muruanum, denominado
- A sincretismo religioso, pois sobrepõe os ritos ameríndios e africanos, assimilados pela cultura cabocla, ao calendário cristão, que rege o período de coleta do barro.
- B mestiçagem cultural, pois funde a arte comunitária tradicional e sua racionalidade ancestral à tecnologia da queima da cerâmica, de origem europeia.
- C sincretismo cultural, pois combina tradições culturais africanas e dos povos originários cujos rituais marcam a coleta da matéria-prima, por exemplo.
- D transculturação, pois preserva saberes intergeracionais, fundamentais para a identidade cultural das mulheres das comunidades do Distrito de Muruanum.
- E hibridismo religioso, pois a devoção à Mãe do Barro exemplifica a dimensão matriarcal própria das matrizes religiosas presentes no Brasil desde o período colonial.