Questão 14 Comentada - Prefeitura de Rolim de Moura - Assistente Social (Especialista em Educação C) - IBADE (2025)

TEXTO III

Amar


Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados, amar? Que pode, pergunto eu, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar? amar o que o amar traz à praia, o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante, e amar o inóspito, o áspero, um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina. Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.


(Carlos Drummond de Andrade)


O texto III é o soneto número XIII da coletânea de sonetos Via Láctea. O tema do amor, mote inspirador dos versos de Bilac, foi fruto da paixão que o poeta teve. Os versos apaixonados transparecem:

  • A a loucura de quem perdeu o grande amor para a morte.
  • B alguém amado falecido que virou uma estrela.
  • C o afeto de um recém-apaixonado que dialoga com as estrelas.
  • D um astrônomo que vive a conversar com as estrelas.
  • E o sentimento de se esperar o grande amor chegar.