Prova da Universidade Federal de Uberlândia (UFU-MG) - Assistente Social - UFU-MG (2025) - Questões Comentadas

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Mas comecemos por Karoline. Trabalhando em uma fábrica de roupas, a protagonista não tem notícias do marido, que se alistara para lutar na guerra, há mais de um ano e, em um misto de desespero por ter sido despejada e oportunidade, por perceber que o dono da fábrica se interessara por ela, passa a ter um relacionamento com ele, o que a leva a engravidar. O que segue, daí, é uma espiral ainda mais intensa de pura dor e miséria que a leva à esfera de influência de Dagmar, que promete encontrar um bom lar para o bebê, o que só amplifica os horrores que são descortinados em uma excelente, mas angustiante cadência de queima lenta que não poupa o espectador de absolutamente nada. Mas é importante compreender, para aqueles que esperarem um filme sobre a referida serial killer, que A Garota da Agulha não tem esse feitio e o foco permanece constantemente em Karoline. A primeira coisa que chama atenção é a transformação de Vic Carmen Sonne, uma bela atriz, em sua versão completamente sem glamour, com dentes tortos, cabelos desgrenhados, uma leve corcunda e uma linguagem corporal que transmite fragilidade, em um resultado que não só é realista, especialmente para a época, como parece perfeitamente natural. Esse é o primeiro sinal de que a produção não tem intenção alguma em lidar com beleza, algo que o design de produção de Jagna Dobesz, a direção de arte de Ristergren Albistur Lisette e Ewa Mroczkowska e a direção de fotografia em preto e branco de Michal Dymek elevam ao patamar de arte, mas uma arte suja, feia, deprimente, que tem o poder de subsumir toda uma era no continente europeu. Até mesmo o pouco que vemos da aristocracia local, quando Karoline é convidada à mansão onde mora seu amante rico, é de uma qualidade inquietante, com o pouco de real beleza sendo manchada pelas ações que lá acontecem.

FAN, R. Disponível em: https://l1nq.com/SDqhf. Acesso em: 18 abr. 2025. (Fragmento)

O fragmento de texto lido é um exemplar do gênero

  • A artigo de opinião, por se tratar de um texto predominantemente argumentativo com evidências pessoais de um posicionamento autoral sobre a obra cinematográfica.
  • B resenha, tendo em vista a menção descritiva da obra cinematográfica concomitantemente à sua apreciação discursiva pelo autor do texto.
  • C ensaio, dado que provoca reflexão no leitor a partir da perspectiva subjetiva do autor quanto à análise específica da obra cinematográfica.
  • D resumo, uma vez que primordialmente contempla, de modo conciso e pontual, os eventos principais da obra cinematográfica.

O Cemitério da Consolação acaba de expandir o projeto Obras de Arte do Consolação, que usa QR codes para dar acesso a informações sobre personalidades sepultadas e obras de arte instaladas no local.
Com a adição de 150 novos códigos, chamados de e-Lápides, o acervo chega a 228 registros.
Ao escanear os QR Codes instalados nos jazigos e obras, os visitantes têm acesso a biografias, imagens e curiosidades de nomes como Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Ramos de Azevedo e Olívia Guedes Penteado. O projeto também destaca esculturas de artistas renomados, como O Grande Anjo, de Victor Brecheret, e Via Sacra, de Antelo Del Debbio.
A iniciativa da Consolare, empresa que controla o cemitério, é uma parceria com a empresa Memória Viva, e busca transformar o cemitério em um espaço de cultura e memória.
Os cemitérios da Vila Mariana e de Tremembé devem receber o serviço, que também está disponível para famílias interessadas em preservar digitalmente a história de seus entes.

CEMITÉRIO da Consolação amplia número de QR codes em jazigos. Veja São Paulo, São Paulo, jun. 2025. Disponível em: https://vejasp.abril.com.br/. Acesso em: 7 jun. 2025.

O termo destacado no segundo parágrafo do texto cumpre a função textual de

  • A introduzir uma nova referência temática, marcando um deslocamento no foco informativo e rompendo com o encadeamento textual anterior.
  • B anunciar um elemento a ser detalhado posteriormente, funcionando como antecipação catafórica no desenvolvimento do parágrafo.
  • C retomar de forma anafórica uma informação previamente mencionada, contribuindo para a progressão temática e a coesão do texto.
  • D estabelecer uma relação causal entre os trechos, funcionando como elemento de explicação para os dados apresentados no início do período.
Por que a espuma é sempre branca, não importa a cor do sabão?

Em primeiro lugar, porque os corantes se dissolvem bastante ao entrar em contato com a água. Segundo, porque as bolhas que formam a espuma são bem fininhas.
“A cor, que já não era tão forte depois de ter sido diluída, torna-se ainda mais fraca nessa camada fina”, diz o químico Massuo Jorge Kato, da USP. Assim, cada bolha da espuma fica quase transparente.
Mas, então, por que a espuma é branca, e não translúcida como uma bolha isolada?
É que cada bolha desvia pelo menos um pouquinho dos raios de luz que chegam até ela. Quanto se juntam incontáveis bolhinhas, como na espuma, os raios acabam sendo ricocheteados para todos os lados, como se estivessem em um jogo de espelhos.
Como cada um desses raios corresponde a uma cor diferente, todos os tons possíveis são refletidos para os nossos olhos ao mesmo tempo. E adivinhe qual é a cor que surge da junção de todas as outras? É isso mesmo, a branca.

Revista Mundo Estranho. Disponível em: https://super.abril.com.br/coluna/oraculo/por-que-a-espuma-e-sempre-branca-nao-importa-acor-do-sabao/. Acesso em: 9 de maio 2025.

Considerando o texto, assinale a alternativa que NÃO apresenta relação comparativa.
  • A “Como cada um desses raios corresponde a uma cor diferente, todos os tons possíveis são refletidos para os nossos olhos ao mesmo tempo.”
  • B “Mas, então, por que a espuma é branca, e não translúcida como uma bolha isolada?”
  • C “Quanto se juntam incontáveis bolhinhas, como na espuma (...).”
  • D “(...) os raios acabam sendo ricocheteados para todos os lados, como se estivessem em um jogo de espelhos.”

Fotografar vegetais, minerais e animais foi uma novidade em minha vida de fotógrafo até então dedicada às questões sociais; uma verdadeira aventura e um grande aprendizado. Mas nem por isso me esqueci dos homens. Apenas procurei-os tal como vivem, tal como vivíamos todos há algumas dezenas de milhares de anos. Para retraçar as origens da espécie humana, trabalhei com grupos que ainda vivem em equilíbrio com a natureza. Não necessariamente as tribos mais afastadas de nossa civilização. Fui por exemplo ao Alto Xingu, no Mato Grosso, região central do Brasil banhada pelo rio Xingu, um afluente do Amazonas. Sua população indígena de aproximadamente 2500 habitantes, que se comunicam em aruaque, caribe e tupi, se divide em treze aldeias espalhadas por um território equivalente a cerca de duas vezes o tamanho da Bélgica. A descoberta desses povos data dos anos 1950. Hoje, esses índios usam chinelos, têm facões. Graças a uma telha solar, captam ondas de rádio. À tarde, recebem assistência médica por rádio da Funai, e quando o enfermeiro não consegue ajudá-los sozinho, um pequeno avião vem buscá-los para levá-los a um hospital. Eles têm perfeita consciência, portanto, de que são uma minoria à margem da maioria. Sabem o que acontece no mundo e conhecem bem a civilização ocidental. Mas continuam vivendo nus, a existência deles continua ritmada por um calendário de ritos de inspiração cósmica e mitológica, que dão origem a cerimônias que ocorrem ora numa, ora noutra aldeia, e para as quais todos são convidados.

SALGADO, S.; FRANCQ, I. Da minha terra à Terra. Tradução de Julia da Rosa Simões. São Paulo: Paralela, 2014. (Fragmento retirado do capítulo “E o homem em tudo isso?”)

No trecho destacado, o conectivo “mas” introduz uma ideia de

  • A reforço argumentativo, ao sugerir que o contato com o mundo natural aprofundou o interesse pelo universo humano.
  • B contradição lógica, ao negar que a mudança temática tenha causado afastamento das questões sociais.
  • C interrupção discursiva, com a finalidade de iniciar uma digressão autobiográfica sobre sua trajetória profissional.
  • D oposição parcial, ao indicar que, apesar da nova temática voltada à natureza, o foco na figura humana não foi abandonado.

Três séculos antes de Cristo, Alexandre, o Grande, conquistou o Egito e mandou erguer, do zero, uma metrópole no litoral norte do país. Alexandria, batizada em homenagem a seu patrono desumilde, seria a nova capital da região. A estética faraônica clichê, dourada e azul, prevaleceu por lá (bem como o hábito egípcio de os nobres se casarem entre irmãos, à moda Cersei em Game of Thrones). Mas esse novo Egito Antigo, assim como o próprio Alexandre, tinha uma pinta grega inegável.
O sucessor do Xandão por aquelas bandas, nomeado Ptolomeu I, ordenou a construção de um centro de ensino e pesquisa em Alexandria para atrair a elite intelectual da época. Tipo uma versão helênica e antiquíssima do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, onde monstros sagrados das exatas como Einstein, Gödel e Neumann trabalharam juntos na década de 1950.
O nome dessa instituição era Mouseion. Em português, “Museu”. O significado original da palavra é “templo dedicado às musas” – as deusas do panteão grego que, na tradição helênica, inspiravam as artes, a literatura e a ciência. Essa também é a origem etimológica de “música”, diga-se. Compôs uma bela canção? Legal, mas não foi bem você. Tudo que é belo emana dessas divas – artistas são só os meros mortais que, volta e meia, têm o privilégio de receber um download de versos do Olimpo.

VAIANO, B. A Biblioteca de Alexandria não foi destruída pelo fogo, mas pelo esquecimento. Superinteressante, São Paulo, 16 maio 2025. Disponível em: https://super.abril.com.br/. Acesso em: 28 mai. 2025. (Fragmento)

No trecho em destaque, a metáfora utilizada pelo autor produz o seguinte efeito de sentido:

  • A atualizar uma imagem mitológica com vocabulário digital, criando um efeito de humor e aproximação com o leitor.
  • B contrapor a idealização sagrada da arte com a linguagem cotidiana, sugerindo ironia sobre sua origem divina.
  • C reduzir a importância do artista na criação da obra, atribuindo seu mérito a uma inspiração alheia ao próprio esforço.
  • D explicar a criação artística na tradição grega, associando esse processo a um dado histórico de base etimológica.