Questões de Etnografia. Radcliffe-Brown e Lévi-Strauss - Estruturalismo. Linguagem e cultura. Etnolinguística (Antropologia)

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Ao longo das últimas décadas, estudos voltados às comunidades surdas e às línguas de sinais têm promovido avanços significativos no campo da Linguística, da Antropologia e da Educação. Tais investigações não apenas abordaram a estrutura formal das línguas de sinais, como também revisitaram concepções históricas que marginalizavam as identidades surdas. Com base nesse panorama, analise as assertivas a seguir:

I. Pesquisas demonstraram que as línguas de sinais constituem sistemas linguísticos legítimos, dotados de gramática própria e independência em relação às línguas orais majoritárias.
II. Estudos contemporâneos têm contribuído para o reconhecimento dos surdos como integrantes de comunidades linguísticas e culturais, questionando paradigmas biomédicos centrados na patologia.
III. Em diálogo com correntes pós-coloniais e estudos surdos, foi adotado o conceito de deafhood como forma de reafirmação da identidade surda e resistência à opressão histórica.

Quais estão corretas?

  • A Apenas I.
  • B Apenas II.
  • C Apenas III.
  • D Apenas I e II.
  • E I, II e III.

Leia o texto a seguir.

[É] nosso modesto parecer que o futuro da noção-mestra da antropologia, a noção de relação, depende da atenção que a disciplina souber prestar aos conceitos de diferença e de multiplicidade, de devir e de síntese disjuntiva. Uma teoria pósestruturalista da relacionalidade, isto é, uma teoria que mantenha o compromisso “infundamental” do estruturalismo com uma ontologia relacional, não pode ignorar (...) as ideias de perspectiva, força, afeto, hábito, evento, processo, preensão, transversalidade, devir e diferença.

VIVEIROS DE CASTRO, E. Metafísicas canibais. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

O pensamento pós-estruturalista busca um afastamento crítico de características fundamentais do modelo estruturalista.

Uma dessas características é

  • A a abertura dos sistemas simbólicos às influências do contexto e das contingências.
  • B o compromisso com a ideia de que a interação é a base da organização cultural.
  • C a remissão de toda multiplicidade cultural a um conjunto de elementos básicos articulados
  • D o foco na descrição e na listagem dos fenômenos culturais em suas manifestações e diversidade.
  • E a impossibilidade de sistematizar de maneira unificada as dinâmicas da cultura.
Pensava-se que o ônibus espacial Columbia era um objeto pronto para voar pelo céu, e então, de repente, após a dramática explosão de 2002, percebeu-se que ele precisava da NASA e de seu complexo corpo organizacional para voar com segurança pelo céu. Para a ação de pilotar um objeto técnico, rotinas burocráticas são tão importantes quanto equações e resistência material.

LATOUR, Bruno. Networks, Societies, Spheres: Reflections of an Actor-Network Theorist. International Journal of Communication, v. 5, 2011. (Adaptado)

O trecho acima expõe uma leitura baseada na Teoria Ator-Rede (TAR), a qual modifica o entendimento comum a respeito do modo de existência dos objetos.

Segundo esse tipo de visada, ao investigar um objeto, é preciso levar em conta
  • A as suas propriedades internas, as quais determinam seu funcionamento enquanto ser autônomo.
  • B a sua base mais essencial, que pode mantê-lo inalterado mesmo sob a influência de condições externas.
  • C os seus pontos fracos, de modo a explicitar de antemão os fatores que criam riscos para sua existência.
  • D a sua dependência de agentes humanos que garantem, enquanto sujeitos, sua estabilidade objetiva.
  • E as suas interações, as quais envolvem elementos variados em uma relacionalidade complexa.

Leia o trecho a seguir.

Certo, é verdade que a expressão “arte por arte” é vazia de sentido nas sociedades tradicionais da África negra. Toda produção artística era antes funcional, isto é, chamada a desempenhar um papel utilitário, exceto a aspiração do artista. Uma estatueta que para um europeu satisfaria o gosto por suas formas harmoniosas, um pingente que lhe serviria para sublinhar uma parte do corpo, tudo isso era destinado a cumprir uma certa função.

MUNANGA, Kabengele. “A dimensão estética na arte negro-africana tradicional”. In: Arte afro-brasileira: o que é afinal? Lisboa: Oca Editorial, 2020.

No Ocidente, a noção de “arte por arte” consolidou-se como uma valorização da experiência estética autônoma.

Com base na perspectiva apresentada pelo autor, assinale a afirmativa correta.

  • A A ausência de uma categoria equivalente à “arte por arte” indica a inexistência de apreciação estética.
  • B A arte africana tradicional é ornamental, destacando-se pela valorização da forma e da harmonia estética.
  • C A concepção ocidental de arte permite uma leitura mais objetiva da dimensão estética da arte africana.
  • D A arte africana tradicional expressa uma cosmovisão na qual os objetos transcendem a mera apreciação visual.
  • E A separação entre arte e utilidade é uma característica universal, presente em todas as culturas.

Ao questionar a noção de “raça” a partir de parâmetros essencialmente biológicos, Anthony Giddens apresenta o conceito de etnicidade, a partir de uma leitura fundamentalmente social, referindo-se “às práticas e às visões culturais de determinada comunidade de pessoas e que as distingue das outras”. (GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005, p.206). Com isso, mostra que

  • A a cor continua sendo a marca social que fundamenta raça e etnicidade.
  • B diferentes características podem servir para distinguir um grupo étnico de outro.
  • C raça é a marca biológica, enquanto etnicidade é a marca da cultura.
  • D etnicidade representa a comunidade, ao invés do indivíduo.