Resolver o Simulado Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - CESGRANRIO

0 / 60

Português

1
O afogado mais bonito do mundo


1         Sou antropófago. Devoro livros. Quem me ensinou foi Murilo Mendes: livros são feitos com a carne e o sangue dos que os escreveram. Os hábitos de antropófago determinam a maneira como escolho livros. Só leio livros escritos com sangue. Depois que os devoro, deixam de pertencer ao autor. São meus porque circulam na minha carne e no meu sangue.

2     É o caso do conto “O Afogado Mais Bonito do Mundo”, de Gabriel García Márquez. Ele escreveu. Eu li e devorei. Agora é meu. Eu o reconto.

3      É sobre uma vila de pescadores perdida em nenhum lugar, o enfado misturado com o ar, cada novo dia já nascendo velho, as mesmas palavras ocas, os mesmos gestos vazios, os mesmos corpos opacos, a excitação do amor sendo algo de que ninguém mais se lembrava...

4     Aconteceu que, num dia como todos os outros, um menino viu uma forma estranha flutuando longe no mar. E ele gritou. Todos correram. Num lugar como aquele até uma forma estranha é motivo de festa. E ali ficaram na praia, olhando, esperando. Até que o mar, sem pressa, trouxe a coisa e a colocou na areia, para o desapontamento de todos: era um homem morto.

5      Todos os homens mortos são parecidos porque há apenas uma coisa a se fazer com eles: enterrar. E, naquela vila, o costume era que as mulheres preparassem os mortos para o sepultamento. Assim, carregaram o cadáver para uma casa, as mulheres dentro, os homens fora. E o silêncio era grande enquanto o limpavam das algas e liquens, mortalhas verdes do mar.

6        Mas, repentinamente, uma voz quebrou o silêncio. Uma mulher balbuciou: “Se ele tivesse vivido entre nós, ele teria de ter curvado a cabeça sempre ao entrar em nossas casas. Ele é muito alto...”.

7       Todas as mulheres, sérias e silenciosas, fizeram sim com a cabeça.

8       De novo o silêncio foi profundo, até que uma outra voz foi ouvida. Outra mulher... “Fico pensando em como teria sido a sua voz... Como o sussurro da brisa? Como o trovão das ondas? Será que ele conhecia aquela palavra secreta que, quando pronunciada, faz com que uma mulher apanhe uma flor e a coloque no cabelo?” E elas sorriram e olharam umas para as outras.

9       De novo o silêncio. E, de novo, a voz de outra mulher... “Essas mãos... Como são grandes! Que será que fizeram? Brincaram com crianças? Navegaram mares? Travaram batalhas? Construíram casas? Essas mãos: será que elas sabiam deslizar sobre o rosto de uma mulher, será que elas sabiam abraçar e acariciar o seu corpo?”

10      Aí todas elas riram que riram, suas faces vermelhas, e se surpreenderam ao perceber que o enterro estava se transformando numa ressurreição: sonhos esquecidos, que pensavam mortos, retornavam, cinzas virando fogo, os corpos vivos de novo e os rostos opacos brilhando com a luz da alegria.

11    Os maridos, de fora, observavam o que estava acontecendo e ficaram com ciúmes do afogado, ao perceberem que um morto tinha um poder que eles mesmos não tinham mais. E pensaram nos sonhos que nunca haviam tido, nos poemas que nunca haviam escrito, nos mares que nunca tinham navegado, nas mulheres que nunca haviam desejado.

12     A história termina dizendo que finalmente enterraram o morto. Mas a aldeia nunca mais foi a mesma.


ALVES, R. Sobre como da morte brota a vida. F. de São Paulo.
Cotidiano. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br. Acesso
em: 20 abr. 2023. Adaptado.

A frase em que a concordância nominal do elemento em destaque se dá de acordo com as regras da norma-padrão é:

  • A As mulheres da vila eram bastantes sérias e silenciosas.
  • B As lembranças e o sentimento novas causaram muita surpresa.
  • C Foi solicitado muita dedicação para preparar os corpos para a sepultura.
  • D O morto está quite com a vila: pagou o sepultamento com a ressurreição.
  • E Os olhos do morto eram azuis-celeste e de uma profundidade impressionante.
2
Lixo nos mares


1        Os oceanos sofrem os efeitos das atividades humanas há milênios. Dejetos e resíduos orgânicos e inorgânicos gerados por essas atividades são levados para o mar por ventos, chuvas e rios, ou despejados diretamente ali. Os oceanos suportam toda essa sobrecarga? A resposta vem de análises que constatam sérios danos aos ecossistemas oceânicos: o lixo marinho, portanto, já é um grave problema ambiental.

2        O lixo de origem humana que entra no mar está presente nas imagens, hoje comuns, de animais emaranhados em materiais de todo tipo ou que ingeriram ou sufocaram com diferentes itens. Também é conhecida a imensa mancha de lixo que se acumula no chamado “giro” do oceano Pacífico Norte – os giros, existentes em todos os oceanos, são áreas em torno das quais se deslocam as correntes marinhas. Nas zonas centrais desses giros, as correntes têm baixa intensidade e quase não há ventos. Os resíduos que chegam ali ficam retidos e se acumulam, gerando enormes “lixões” oceânicos.

3      Detritos orgânicos (vegetais, animais, fezes e restos de alimento) não são considerados lixo marinho, porque em geral se decompõem rapidamente e se tornam nutrientes e alimentos para outros organismos. As fontes do lixo oceânico são comumente classificadas como “marinhas” (descartes por embarcações e plataformas de petróleo e gás) e “terrestres” (depósitos e descartes incorretos feitos em terra e levados para os rios pelas chuvas e daí para o mar, onde também chegam carregados pelo vento e até pelo gelo).

       Apesar do sensacionalismo em torno desse tema, o estudo do lixo marinho tem bases científicas e envolve, em todo o mundo, cada vez mais pesquisadores e tomadores de decisão. Todos engajados na luta pela diminuição desse problema social e ambiental.

      Os impactos ligados à presença do lixo no mar começaram a ser observados a partir da década de 1950, mas somente em 1975 foi definido o termo “lixo marinho”, hoje consagrado. Essa definição, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, diz que é lixo marinho todo material sólido de origem humana descartado nos oceanos ou que os atinge por rios, córregos, esgotos e descargas domésticas e industriais.

     O número de publicações mundiais, científicas e não científicas, sobre lixo marinho começou a aumentar a partir da década de 1980. Esse aumento se deve a três processos: 1) a contínua e crescente substituição, em vários tipos de utensílios, de materiais naturais pelos sintéticos – estes, como o plástico, resistem por mais tempo à degradação no ambiente marinho e tendem a se acumular; 2) o baixo custo dos materiais sintéticos, que não incentiva sua reciclagem e favorece o descarte no ambiente e 3) o aumento, na zona costeira, do número de habitantes e embarcações, que podem contribuir para o descarte de lixo no ambiente marinho.

7         Mas como evitar que o “lixo nosso de cada dia” chegue ao mar? E como retirar o que já está lá? É nesse ponto que a conservação marinha e a gestão de resíduos sólidos se encontram e se complementam. Em 2013, realizou-se no Brasil a IV Conferência Nacional de Meio Ambiente, que formalizou 60 propostas sobre o meio ambiente. Duas enfocam o lixo marinho: a primeira está ligada à redução de impactos ambientais e a segunda é ligada à educação ambiental, com campanhas educativas de sensibilização sobre as consequências da disposição incorreta do lixo, com ênfase no ambiente marinho e nos danos causados à população humana.


OLIVEIRA, A. et al. Revista Ciência Hoje, n. 313, v. 53. Rio de Janeiro: SBPC. Abril 2014. Adaptado.

O sinal grave indicativo de crase está empregado de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa em:

  • A As atitudes dos defensores do meio ambiente revelam que eles são favoráveis à projetos que assegurem a defesa de maior qualidade de vida para todos.
  • B As pesquisas relativas ao lixo marinho têm sido incentivadas por meio da realização de estudos destinados à preservar os oceanos.
  • C Os detritos que resistem, por maior período de tempo, à decomposição nas águas dos oceanos são o petróleo e os plásticos.
  • D Os especialistas estão dedicados à realizar pesquisas para elaborar um tipo de plástico que se dissolva ao entrar em contato com a água salgada dos oceanos.
  • E Os maiores obstáculos à serem superados, para evitar que o lixo contamine as águas do mar, são os detritos terrestres carregados pelos rios e pelas chuvas.
3
Brasil, paraíso dos agrotóxicos



         O Brasil vive um drama: ao acordar do sonho de uma economia agrária pujante, o país desperta para o pesadelo de ser, pelo quinto ano consecutivo, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta. Balança comercial tinindo; agricultura a todo vapor. Mas quanto custa, por exemplo, uma saca de milho, soja ou algodão? Será que o preço de tais commodities – que há tempos são o motor de uma economia primária à la colonialismo moderno – compensa os prejuízos sociais e ambientais negligenciados nos cálculos do comércio internacional?
 
     “Pergunta difícil”, diz o economista Wagner Soares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Bolsa de Chicago define o preço da soja; mas não considera que, para se produzir cada saca, são aplicadas generosas doses de agrotóxicos que permanecem no ambiente natural – e no ser humano – por anos ou mesmo décadas. “Ao final das contas, quem paga pela intoxicação dos trabalhadores e pela contaminação ambiental é a sociedade”, afirma Soares. Em seu melhor economês, ele garante que as “externalidades negativas” de nosso modelo agrário continuam de fora dos cálculos.

         Segundo o economista do IBGE, que estudou propriedades rurais no Paraná, cada dólar gasto na compra de agrotóxicos pode custar aos cofres públicos 1,28 dólar em futuros gastos com a saúde de camponeses intoxicados. Mas este é um valor subestimado. Afinal, Soares contabilizou apenas os custos referentes a intoxicações agudas. Levando-se em conta os casos crônicos, acrescidos da contaminação ambiental difusa nos ecossistemas, os prejuízos podem atingir cifras assustadoramente maiores. “Estamos há décadas inseridos nesse modelo agrário, e estudos mensurando seus reais custos socioambientais são raros ou inexistentes”, diz.

4          Seja na agricultura familiar, seja nas grandes propriedades rurais, “os impactos dos agrotóxicos na saúde pública abrangem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais”, afirma dossiê publicado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), entidade que reúne pesquisadores de diversas universidades do país.

5          Não são apenas agricultores e suas famílias que integram grupos de risco. Todos os milhares de profissionais envolvidos no comércio e na manipulação dessas substâncias são potenciais vítimas. E, além deles, “todos nós, diariamente, a cada refeição, ingerimos princípios ativos de agrotóxicos em nossos alimentos”, garante uma médica da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Hoje, todo mundo come veneno”, afirma um agricultor.

       Produtores e especialistas alinhados ao modelo convencional de produção agrícola insistem: sem agrotóxicos seria impossível alimentar uma população mundial em constante expansão. Esses venenos seriam, portanto, um mal necessário, de acordo com esses produtores. Agricultores garantem que não há nenhuma dificuldade em produzir alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, para alimentar a população. Segundo eles, “a humanidade domina a agricultura há pelo menos 10 mil anos, e o modelo imposto no século 20 vem apagando a herança e o acúmulo de conhecimento dos métodos tradicionais.”

7        Mas a pergunta que não quer calar é: será que um modelo dito “alternativo” teria potencial para alimentar uma população que, até 2050, deverá chegar a 9 bilhões? Certamente tem muito mais potencial do que o agronegócio que, hoje, não dá conta nem de alimentar 7 bilhões, retrucam estudiosos. Sistemas de produção descentralizados têm muito mais condições de produzir e distribuir alimentos em quantidade e qualidade. Precisamos de outra estrutura agrária – baseada em propriedades menores, com produção diversificada, privilegiando mercados locais e contemplando a conservação da biodiversidade. A engenheira agrônoma Flávia Londres assina embaixo e defende que “Monoculturas são grandes desertos verdes. A agroecologia, portanto, requer uma mudança paradigmática no modelo agrário, que resultaria, na verdade, em uma mudança cultural”.


KUGLER, H. Revista Ciência Hoje, n. 296, v. 50. RJ: SBPC. set. 2012. Adaptado.

De acordo com as regras de concordância nominal da norma-padrão da língua portuguesa, a palavra destacada está empregada corretamente em:

  • A A mudança das leis sobre o uso de agrotóxicos e a repressão dos órgãos de vigilância sanitária devem ser implementadas com urgência para evitar mais mortes.
  • B As leis instituídas para proteger os cidadãos e os ensinamentos dos estudiosos sobre o uso de agrotóxicos devem ser divulgadas para que tenham alcance geral.
  • C O desenvolvimento de novas estratégias de plantio e a substituição da agricultura convencional pela orgânica são consideradas uma exigência dos tempos atuais para muitos produtores rurais.
  • D Os estudos realizados por especialistas de saúde em laboratórios e a busca por exterminar doenças contagiosas são indicativas do progresso da medicina nos últimos tempos.
  • E Os procedimentos orientados pelos especialistas e a concessão de verbas públicas pelos órgãos governamentais têm sido entendidas como imprescindíveis para o desenvolvimento da agricultura familiar.
4
Brasil, paraíso dos agrotóxicos



         O Brasil vive um drama: ao acordar do sonho de uma economia agrária pujante, o país desperta para o pesadelo de ser, pelo quinto ano consecutivo, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta. Balança comercial tinindo; agricultura a todo vapor. Mas quanto custa, por exemplo, uma saca de milho, soja ou algodão? Será que o preço de tais commodities – que há tempos são o motor de uma economia primária à la colonialismo moderno – compensa os prejuízos sociais e ambientais negligenciados nos cálculos do comércio internacional?
 
     “Pergunta difícil”, diz o economista Wagner Soares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Bolsa de Chicago define o preço da soja; mas não considera que, para se produzir cada saca, são aplicadas generosas doses de agrotóxicos que permanecem no ambiente natural – e no ser humano – por anos ou mesmo décadas. “Ao final das contas, quem paga pela intoxicação dos trabalhadores e pela contaminação ambiental é a sociedade”, afirma Soares. Em seu melhor economês, ele garante que as “externalidades negativas” de nosso modelo agrário continuam de fora dos cálculos.

         Segundo o economista do IBGE, que estudou propriedades rurais no Paraná, cada dólar gasto na compra de agrotóxicos pode custar aos cofres públicos 1,28 dólar em futuros gastos com a saúde de camponeses intoxicados. Mas este é um valor subestimado. Afinal, Soares contabilizou apenas os custos referentes a intoxicações agudas. Levando-se em conta os casos crônicos, acrescidos da contaminação ambiental difusa nos ecossistemas, os prejuízos podem atingir cifras assustadoramente maiores. “Estamos há décadas inseridos nesse modelo agrário, e estudos mensurando seus reais custos socioambientais são raros ou inexistentes”, diz.

4          Seja na agricultura familiar, seja nas grandes propriedades rurais, “os impactos dos agrotóxicos na saúde pública abrangem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais”, afirma dossiê publicado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), entidade que reúne pesquisadores de diversas universidades do país.

5          Não são apenas agricultores e suas famílias que integram grupos de risco. Todos os milhares de profissionais envolvidos no comércio e na manipulação dessas substâncias são potenciais vítimas. E, além deles, “todos nós, diariamente, a cada refeição, ingerimos princípios ativos de agrotóxicos em nossos alimentos”, garante uma médica da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Hoje, todo mundo come veneno”, afirma um agricultor.

       Produtores e especialistas alinhados ao modelo convencional de produção agrícola insistem: sem agrotóxicos seria impossível alimentar uma população mundial em constante expansão. Esses venenos seriam, portanto, um mal necessário, de acordo com esses produtores. Agricultores garantem que não há nenhuma dificuldade em produzir alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, para alimentar a população. Segundo eles, “a humanidade domina a agricultura há pelo menos 10 mil anos, e o modelo imposto no século 20 vem apagando a herança e o acúmulo de conhecimento dos métodos tradicionais.”

7        Mas a pergunta que não quer calar é: será que um modelo dito “alternativo” teria potencial para alimentar uma população que, até 2050, deverá chegar a 9 bilhões? Certamente tem muito mais potencial do que o agronegócio que, hoje, não dá conta nem de alimentar 7 bilhões, retrucam estudiosos. Sistemas de produção descentralizados têm muito mais condições de produzir e distribuir alimentos em quantidade e qualidade. Precisamos de outra estrutura agrária – baseada em propriedades menores, com produção diversificada, privilegiando mercados locais e contemplando a conservação da biodiversidade. A engenheira agrônoma Flávia Londres assina embaixo e defende que “Monoculturas são grandes desertos verdes. A agroecologia, portanto, requer uma mudança paradigmática no modelo agrário, que resultaria, na verdade, em uma mudança cultural”.


KUGLER, H. Revista Ciência Hoje, n. 296, v. 50. RJ: SBPC. set. 2012. Adaptado.

O emprego da vírgula está plenamente de acordo com as exigências da norma-padrão da língua portuguesa em:

  • A A enorme quantidade de agrotóxicos empregados, para exterminar pragas nas plantações contamina as águas e os solos de toda a região.
  • B A função dos agrotóxicos de acordo com os produtores, é reduzir a quantidade de pragas e facilitar a vida do agricultor para que ele tenha seus lucros garantidos.
  • C A presença de pragas nos alimentos, pode sofrer uma grande redução se for possível dar preferência a alimentos cozidos ao invés de in natura.
  • D Estudos realizados em várias partes do mundo têm provado que os alimentos orgânicos, sem uso de fertilizantes químicos, respeitam a saúde dos trabalhadores e dos consumidores.
  • E O depoimento de especialistas que estudam meios de melhorar a produção agrícola, revela que o extermínio de pragas na lavoura tem sido realizado de forma inadequada.
5
Brasil, paraíso dos agrotóxicos



         O Brasil vive um drama: ao acordar do sonho de uma economia agrária pujante, o país desperta para o pesadelo de ser, pelo quinto ano consecutivo, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta. Balança comercial tinindo; agricultura a todo vapor. Mas quanto custa, por exemplo, uma saca de milho, soja ou algodão? Será que o preço de tais commodities – que há tempos são o motor de uma economia primária à la colonialismo moderno – compensa os prejuízos sociais e ambientais negligenciados nos cálculos do comércio internacional?
 
     “Pergunta difícil”, diz o economista Wagner Soares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Bolsa de Chicago define o preço da soja; mas não considera que, para se produzir cada saca, são aplicadas generosas doses de agrotóxicos que permanecem no ambiente natural – e no ser humano – por anos ou mesmo décadas. “Ao final das contas, quem paga pela intoxicação dos trabalhadores e pela contaminação ambiental é a sociedade”, afirma Soares. Em seu melhor economês, ele garante que as “externalidades negativas” de nosso modelo agrário continuam de fora dos cálculos.

         Segundo o economista do IBGE, que estudou propriedades rurais no Paraná, cada dólar gasto na compra de agrotóxicos pode custar aos cofres públicos 1,28 dólar em futuros gastos com a saúde de camponeses intoxicados. Mas este é um valor subestimado. Afinal, Soares contabilizou apenas os custos referentes a intoxicações agudas. Levando-se em conta os casos crônicos, acrescidos da contaminação ambiental difusa nos ecossistemas, os prejuízos podem atingir cifras assustadoramente maiores. “Estamos há décadas inseridos nesse modelo agrário, e estudos mensurando seus reais custos socioambientais são raros ou inexistentes”, diz.

4          Seja na agricultura familiar, seja nas grandes propriedades rurais, “os impactos dos agrotóxicos na saúde pública abrangem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais”, afirma dossiê publicado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), entidade que reúne pesquisadores de diversas universidades do país.

5          Não são apenas agricultores e suas famílias que integram grupos de risco. Todos os milhares de profissionais envolvidos no comércio e na manipulação dessas substâncias são potenciais vítimas. E, além deles, “todos nós, diariamente, a cada refeição, ingerimos princípios ativos de agrotóxicos em nossos alimentos”, garante uma médica da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Hoje, todo mundo come veneno”, afirma um agricultor.

       Produtores e especialistas alinhados ao modelo convencional de produção agrícola insistem: sem agrotóxicos seria impossível alimentar uma população mundial em constante expansão. Esses venenos seriam, portanto, um mal necessário, de acordo com esses produtores. Agricultores garantem que não há nenhuma dificuldade em produzir alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, para alimentar a população. Segundo eles, “a humanidade domina a agricultura há pelo menos 10 mil anos, e o modelo imposto no século 20 vem apagando a herança e o acúmulo de conhecimento dos métodos tradicionais.”

7        Mas a pergunta que não quer calar é: será que um modelo dito “alternativo” teria potencial para alimentar uma população que, até 2050, deverá chegar a 9 bilhões? Certamente tem muito mais potencial do que o agronegócio que, hoje, não dá conta nem de alimentar 7 bilhões, retrucam estudiosos. Sistemas de produção descentralizados têm muito mais condições de produzir e distribuir alimentos em quantidade e qualidade. Precisamos de outra estrutura agrária – baseada em propriedades menores, com produção diversificada, privilegiando mercados locais e contemplando a conservação da biodiversidade. A engenheira agrônoma Flávia Londres assina embaixo e defende que “Monoculturas são grandes desertos verdes. A agroecologia, portanto, requer uma mudança paradigmática no modelo agrário, que resultaria, na verdade, em uma mudança cultural”.


KUGLER, H. Revista Ciência Hoje, n. 296, v. 50. RJ: SBPC. set. 2012. Adaptado.

O acento grave indicativo de crase está empregado de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, na palavra destacada em:

  • A A água consumida pela população apresenta resíduos de agrotóxicos, o que prejudica a vida de todos que à ingerem, por estar contaminada.
  • B A produção de alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, representa um avanço considerável na economia brasileira, pois beneficia à agricultura familiar.
  • C Os especialistas chegaram à conclusão de que os governos precisam tomar medidas para prevenir os estragos causados pelos agrotóxicos.
  • D A valorização do meio ambiente permite aos seus defensores alcançarem os objetivos propostos e se aplica à diversas situações que envolvem o bem-estar da população.
  • E Os agricultores responsáveis pelas colheitas de soja foram forçados à adotar práticas para prevenir a ameaça de redução de suas safras.
6
Brasil, paraíso dos agrotóxicos



         O Brasil vive um drama: ao acordar do sonho de uma economia agrária pujante, o país desperta para o pesadelo de ser, pelo quinto ano consecutivo, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta. Balança comercial tinindo; agricultura a todo vapor. Mas quanto custa, por exemplo, uma saca de milho, soja ou algodão? Será que o preço de tais commodities – que há tempos são o motor de uma economia primária à la colonialismo moderno – compensa os prejuízos sociais e ambientais negligenciados nos cálculos do comércio internacional?
 
     “Pergunta difícil”, diz o economista Wagner Soares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Bolsa de Chicago define o preço da soja; mas não considera que, para se produzir cada saca, são aplicadas generosas doses de agrotóxicos que permanecem no ambiente natural – e no ser humano – por anos ou mesmo décadas. “Ao final das contas, quem paga pela intoxicação dos trabalhadores e pela contaminação ambiental é a sociedade”, afirma Soares. Em seu melhor economês, ele garante que as “externalidades negativas” de nosso modelo agrário continuam de fora dos cálculos.

         Segundo o economista do IBGE, que estudou propriedades rurais no Paraná, cada dólar gasto na compra de agrotóxicos pode custar aos cofres públicos 1,28 dólar em futuros gastos com a saúde de camponeses intoxicados. Mas este é um valor subestimado. Afinal, Soares contabilizou apenas os custos referentes a intoxicações agudas. Levando-se em conta os casos crônicos, acrescidos da contaminação ambiental difusa nos ecossistemas, os prejuízos podem atingir cifras assustadoramente maiores. “Estamos há décadas inseridos nesse modelo agrário, e estudos mensurando seus reais custos socioambientais são raros ou inexistentes”, diz.

4          Seja na agricultura familiar, seja nas grandes propriedades rurais, “os impactos dos agrotóxicos na saúde pública abrangem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais”, afirma dossiê publicado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), entidade que reúne pesquisadores de diversas universidades do país.

5          Não são apenas agricultores e suas famílias que integram grupos de risco. Todos os milhares de profissionais envolvidos no comércio e na manipulação dessas substâncias são potenciais vítimas. E, além deles, “todos nós, diariamente, a cada refeição, ingerimos princípios ativos de agrotóxicos em nossos alimentos”, garante uma médica da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Hoje, todo mundo come veneno”, afirma um agricultor.

       Produtores e especialistas alinhados ao modelo convencional de produção agrícola insistem: sem agrotóxicos seria impossível alimentar uma população mundial em constante expansão. Esses venenos seriam, portanto, um mal necessário, de acordo com esses produtores. Agricultores garantem que não há nenhuma dificuldade em produzir alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, para alimentar a população. Segundo eles, “a humanidade domina a agricultura há pelo menos 10 mil anos, e o modelo imposto no século 20 vem apagando a herança e o acúmulo de conhecimento dos métodos tradicionais.”

7        Mas a pergunta que não quer calar é: será que um modelo dito “alternativo” teria potencial para alimentar uma população que, até 2050, deverá chegar a 9 bilhões? Certamente tem muito mais potencial do que o agronegócio que, hoje, não dá conta nem de alimentar 7 bilhões, retrucam estudiosos. Sistemas de produção descentralizados têm muito mais condições de produzir e distribuir alimentos em quantidade e qualidade. Precisamos de outra estrutura agrária – baseada em propriedades menores, com produção diversificada, privilegiando mercados locais e contemplando a conservação da biodiversidade. A engenheira agrônoma Flávia Londres assina embaixo e defende que “Monoculturas são grandes desertos verdes. A agroecologia, portanto, requer uma mudança paradigmática no modelo agrário, que resultaria, na verdade, em uma mudança cultural”.


KUGLER, H. Revista Ciência Hoje, n. 296, v. 50. RJ: SBPC. set. 2012. Adaptado.

No texto, o referente da palavra ou expressão em destaque está corretamente explicitado, entre colchetes, no trecho do

  • A parágrafo 1 – “Será que o preço de tais commodities – que há tempos são o motor de uma economia primária” [agrotóxicos]
  • B parágrafo 3 – “Mas este é um valor subestimado.” [cada dólar gasto na compra de agrotóxicos]
  • C parágrafo 5 – “Todos os milhares de profissionais envolvidos no comércio e na manipulação dessas substâncias são potenciais vítimas.” [agrotóxicos]
  • D parágrafo 5 – “E, além deles, ‘todos nós, diariamente, a cada refeição, ingerimos princípios ativos de agrotóxicos em nossos alimentos’” [especialistas]
  • E parágrafo 6 – “Segundo eles, ‘a humanidade domina a agricultura há pelo menos 10 mil anos’” [produtores e especialistas]
7
Brasil, paraíso dos agrotóxicos



         O Brasil vive um drama: ao acordar do sonho de uma economia agrária pujante, o país desperta para o pesadelo de ser, pelo quinto ano consecutivo, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta. Balança comercial tinindo; agricultura a todo vapor. Mas quanto custa, por exemplo, uma saca de milho, soja ou algodão? Será que o preço de tais commodities – que há tempos são o motor de uma economia primária à la colonialismo moderno – compensa os prejuízos sociais e ambientais negligenciados nos cálculos do comércio internacional?
 
     “Pergunta difícil”, diz o economista Wagner Soares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Bolsa de Chicago define o preço da soja; mas não considera que, para se produzir cada saca, são aplicadas generosas doses de agrotóxicos que permanecem no ambiente natural – e no ser humano – por anos ou mesmo décadas. “Ao final das contas, quem paga pela intoxicação dos trabalhadores e pela contaminação ambiental é a sociedade”, afirma Soares. Em seu melhor economês, ele garante que as “externalidades negativas” de nosso modelo agrário continuam de fora dos cálculos.

         Segundo o economista do IBGE, que estudou propriedades rurais no Paraná, cada dólar gasto na compra de agrotóxicos pode custar aos cofres públicos 1,28 dólar em futuros gastos com a saúde de camponeses intoxicados. Mas este é um valor subestimado. Afinal, Soares contabilizou apenas os custos referentes a intoxicações agudas. Levando-se em conta os casos crônicos, acrescidos da contaminação ambiental difusa nos ecossistemas, os prejuízos podem atingir cifras assustadoramente maiores. “Estamos há décadas inseridos nesse modelo agrário, e estudos mensurando seus reais custos socioambientais são raros ou inexistentes”, diz.

4          Seja na agricultura familiar, seja nas grandes propriedades rurais, “os impactos dos agrotóxicos na saúde pública abrangem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais”, afirma dossiê publicado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), entidade que reúne pesquisadores de diversas universidades do país.

5          Não são apenas agricultores e suas famílias que integram grupos de risco. Todos os milhares de profissionais envolvidos no comércio e na manipulação dessas substâncias são potenciais vítimas. E, além deles, “todos nós, diariamente, a cada refeição, ingerimos princípios ativos de agrotóxicos em nossos alimentos”, garante uma médica da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Hoje, todo mundo come veneno”, afirma um agricultor.

       Produtores e especialistas alinhados ao modelo convencional de produção agrícola insistem: sem agrotóxicos seria impossível alimentar uma população mundial em constante expansão. Esses venenos seriam, portanto, um mal necessário, de acordo com esses produtores. Agricultores garantem que não há nenhuma dificuldade em produzir alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, para alimentar a população. Segundo eles, “a humanidade domina a agricultura há pelo menos 10 mil anos, e o modelo imposto no século 20 vem apagando a herança e o acúmulo de conhecimento dos métodos tradicionais.”

7        Mas a pergunta que não quer calar é: será que um modelo dito “alternativo” teria potencial para alimentar uma população que, até 2050, deverá chegar a 9 bilhões? Certamente tem muito mais potencial do que o agronegócio que, hoje, não dá conta nem de alimentar 7 bilhões, retrucam estudiosos. Sistemas de produção descentralizados têm muito mais condições de produzir e distribuir alimentos em quantidade e qualidade. Precisamos de outra estrutura agrária – baseada em propriedades menores, com produção diversificada, privilegiando mercados locais e contemplando a conservação da biodiversidade. A engenheira agrônoma Flávia Londres assina embaixo e defende que “Monoculturas são grandes desertos verdes. A agroecologia, portanto, requer uma mudança paradigmática no modelo agrário, que resultaria, na verdade, em uma mudança cultural”.


KUGLER, H. Revista Ciência Hoje, n. 296, v. 50. RJ: SBPC. set. 2012. Adaptado.

No trecho “Esses venenos seriam, portanto, um mal necessário, de acordo com esses produtores.” (parágrafo 6), a palavra destacada veicula a relação lógica de

  • A adição
  • B conclusão
  • C concessão
  • D explicação
  • E temporalidade
8
Brasil, paraíso dos agrotóxicos



         O Brasil vive um drama: ao acordar do sonho de uma economia agrária pujante, o país desperta para o pesadelo de ser, pelo quinto ano consecutivo, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta. Balança comercial tinindo; agricultura a todo vapor. Mas quanto custa, por exemplo, uma saca de milho, soja ou algodão? Será que o preço de tais commodities – que há tempos são o motor de uma economia primária à la colonialismo moderno – compensa os prejuízos sociais e ambientais negligenciados nos cálculos do comércio internacional?
 
     “Pergunta difícil”, diz o economista Wagner Soares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Bolsa de Chicago define o preço da soja; mas não considera que, para se produzir cada saca, são aplicadas generosas doses de agrotóxicos que permanecem no ambiente natural – e no ser humano – por anos ou mesmo décadas. “Ao final das contas, quem paga pela intoxicação dos trabalhadores e pela contaminação ambiental é a sociedade”, afirma Soares. Em seu melhor economês, ele garante que as “externalidades negativas” de nosso modelo agrário continuam de fora dos cálculos.

         Segundo o economista do IBGE, que estudou propriedades rurais no Paraná, cada dólar gasto na compra de agrotóxicos pode custar aos cofres públicos 1,28 dólar em futuros gastos com a saúde de camponeses intoxicados. Mas este é um valor subestimado. Afinal, Soares contabilizou apenas os custos referentes a intoxicações agudas. Levando-se em conta os casos crônicos, acrescidos da contaminação ambiental difusa nos ecossistemas, os prejuízos podem atingir cifras assustadoramente maiores. “Estamos há décadas inseridos nesse modelo agrário, e estudos mensurando seus reais custos socioambientais são raros ou inexistentes”, diz.

4          Seja na agricultura familiar, seja nas grandes propriedades rurais, “os impactos dos agrotóxicos na saúde pública abrangem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais”, afirma dossiê publicado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), entidade que reúne pesquisadores de diversas universidades do país.

5          Não são apenas agricultores e suas famílias que integram grupos de risco. Todos os milhares de profissionais envolvidos no comércio e na manipulação dessas substâncias são potenciais vítimas. E, além deles, “todos nós, diariamente, a cada refeição, ingerimos princípios ativos de agrotóxicos em nossos alimentos”, garante uma médica da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Hoje, todo mundo come veneno”, afirma um agricultor.

       Produtores e especialistas alinhados ao modelo convencional de produção agrícola insistem: sem agrotóxicos seria impossível alimentar uma população mundial em constante expansão. Esses venenos seriam, portanto, um mal necessário, de acordo com esses produtores. Agricultores garantem que não há nenhuma dificuldade em produzir alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, para alimentar a população. Segundo eles, “a humanidade domina a agricultura há pelo menos 10 mil anos, e o modelo imposto no século 20 vem apagando a herança e o acúmulo de conhecimento dos métodos tradicionais.”

7        Mas a pergunta que não quer calar é: será que um modelo dito “alternativo” teria potencial para alimentar uma população que, até 2050, deverá chegar a 9 bilhões? Certamente tem muito mais potencial do que o agronegócio que, hoje, não dá conta nem de alimentar 7 bilhões, retrucam estudiosos. Sistemas de produção descentralizados têm muito mais condições de produzir e distribuir alimentos em quantidade e qualidade. Precisamos de outra estrutura agrária – baseada em propriedades menores, com produção diversificada, privilegiando mercados locais e contemplando a conservação da biodiversidade. A engenheira agrônoma Flávia Londres assina embaixo e defende que “Monoculturas são grandes desertos verdes. A agroecologia, portanto, requer uma mudança paradigmática no modelo agrário, que resultaria, na verdade, em uma mudança cultural”.


KUGLER, H. Revista Ciência Hoje, n. 296, v. 50. RJ: SBPC. set. 2012. Adaptado.

No trecho “ao acordar do sonho de uma economia agrária pujante, o país desperta para o pesadelo de ser, pelo quinto ano consecutivo, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta” (parágrafo 1), a palavra destacada pode ser substituída, sem prejuízo do sentido, por

  • A apreciada
  • B incipiente
  • C inoperante
  • D possante
  • E moderna
9
Brasil, paraíso dos agrotóxicos



         O Brasil vive um drama: ao acordar do sonho de uma economia agrária pujante, o país desperta para o pesadelo de ser, pelo quinto ano consecutivo, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta. Balança comercial tinindo; agricultura a todo vapor. Mas quanto custa, por exemplo, uma saca de milho, soja ou algodão? Será que o preço de tais commodities – que há tempos são o motor de uma economia primária à la colonialismo moderno – compensa os prejuízos sociais e ambientais negligenciados nos cálculos do comércio internacional?
 
     “Pergunta difícil”, diz o economista Wagner Soares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Bolsa de Chicago define o preço da soja; mas não considera que, para se produzir cada saca, são aplicadas generosas doses de agrotóxicos que permanecem no ambiente natural – e no ser humano – por anos ou mesmo décadas. “Ao final das contas, quem paga pela intoxicação dos trabalhadores e pela contaminação ambiental é a sociedade”, afirma Soares. Em seu melhor economês, ele garante que as “externalidades negativas” de nosso modelo agrário continuam de fora dos cálculos.

         Segundo o economista do IBGE, que estudou propriedades rurais no Paraná, cada dólar gasto na compra de agrotóxicos pode custar aos cofres públicos 1,28 dólar em futuros gastos com a saúde de camponeses intoxicados. Mas este é um valor subestimado. Afinal, Soares contabilizou apenas os custos referentes a intoxicações agudas. Levando-se em conta os casos crônicos, acrescidos da contaminação ambiental difusa nos ecossistemas, os prejuízos podem atingir cifras assustadoramente maiores. “Estamos há décadas inseridos nesse modelo agrário, e estudos mensurando seus reais custos socioambientais são raros ou inexistentes”, diz.

4          Seja na agricultura familiar, seja nas grandes propriedades rurais, “os impactos dos agrotóxicos na saúde pública abrangem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais”, afirma dossiê publicado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), entidade que reúne pesquisadores de diversas universidades do país.

5          Não são apenas agricultores e suas famílias que integram grupos de risco. Todos os milhares de profissionais envolvidos no comércio e na manipulação dessas substâncias são potenciais vítimas. E, além deles, “todos nós, diariamente, a cada refeição, ingerimos princípios ativos de agrotóxicos em nossos alimentos”, garante uma médica da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Hoje, todo mundo come veneno”, afirma um agricultor.

       Produtores e especialistas alinhados ao modelo convencional de produção agrícola insistem: sem agrotóxicos seria impossível alimentar uma população mundial em constante expansão. Esses venenos seriam, portanto, um mal necessário, de acordo com esses produtores. Agricultores garantem que não há nenhuma dificuldade em produzir alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, para alimentar a população. Segundo eles, “a humanidade domina a agricultura há pelo menos 10 mil anos, e o modelo imposto no século 20 vem apagando a herança e o acúmulo de conhecimento dos métodos tradicionais.”

7        Mas a pergunta que não quer calar é: será que um modelo dito “alternativo” teria potencial para alimentar uma população que, até 2050, deverá chegar a 9 bilhões? Certamente tem muito mais potencial do que o agronegócio que, hoje, não dá conta nem de alimentar 7 bilhões, retrucam estudiosos. Sistemas de produção descentralizados têm muito mais condições de produzir e distribuir alimentos em quantidade e qualidade. Precisamos de outra estrutura agrária – baseada em propriedades menores, com produção diversificada, privilegiando mercados locais e contemplando a conservação da biodiversidade. A engenheira agrônoma Flávia Londres assina embaixo e defende que “Monoculturas são grandes desertos verdes. A agroecologia, portanto, requer uma mudança paradigmática no modelo agrário, que resultaria, na verdade, em uma mudança cultural”.


KUGLER, H. Revista Ciência Hoje, n. 296, v. 50. RJ: SBPC. set. 2012. Adaptado.

Considere os dois períodos do seguinte trecho do parágrafo 6: “Esses venenos seriam, portanto, um mal necessário, de acordo com esses produtores. Agricultores garantem que não há nenhuma dificuldade em produzir alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, para alimentar a população”.
Para transformá-los em um só período, mantendo-se o sentido do trecho original, deve-se empregar a palavra

  • A para
  • B porque
  • C quando
  • D portanto
  • E entretanto
10
Brasil, paraíso dos agrotóxicos



         O Brasil vive um drama: ao acordar do sonho de uma economia agrária pujante, o país desperta para o pesadelo de ser, pelo quinto ano consecutivo, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta. Balança comercial tinindo; agricultura a todo vapor. Mas quanto custa, por exemplo, uma saca de milho, soja ou algodão? Será que o preço de tais commodities – que há tempos são o motor de uma economia primária à la colonialismo moderno – compensa os prejuízos sociais e ambientais negligenciados nos cálculos do comércio internacional?
 
     “Pergunta difícil”, diz o economista Wagner Soares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Bolsa de Chicago define o preço da soja; mas não considera que, para se produzir cada saca, são aplicadas generosas doses de agrotóxicos que permanecem no ambiente natural – e no ser humano – por anos ou mesmo décadas. “Ao final das contas, quem paga pela intoxicação dos trabalhadores e pela contaminação ambiental é a sociedade”, afirma Soares. Em seu melhor economês, ele garante que as “externalidades negativas” de nosso modelo agrário continuam de fora dos cálculos.

         Segundo o economista do IBGE, que estudou propriedades rurais no Paraná, cada dólar gasto na compra de agrotóxicos pode custar aos cofres públicos 1,28 dólar em futuros gastos com a saúde de camponeses intoxicados. Mas este é um valor subestimado. Afinal, Soares contabilizou apenas os custos referentes a intoxicações agudas. Levando-se em conta os casos crônicos, acrescidos da contaminação ambiental difusa nos ecossistemas, os prejuízos podem atingir cifras assustadoramente maiores. “Estamos há décadas inseridos nesse modelo agrário, e estudos mensurando seus reais custos socioambientais são raros ou inexistentes”, diz.

4          Seja na agricultura familiar, seja nas grandes propriedades rurais, “os impactos dos agrotóxicos na saúde pública abrangem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais”, afirma dossiê publicado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), entidade que reúne pesquisadores de diversas universidades do país.

5          Não são apenas agricultores e suas famílias que integram grupos de risco. Todos os milhares de profissionais envolvidos no comércio e na manipulação dessas substâncias são potenciais vítimas. E, além deles, “todos nós, diariamente, a cada refeição, ingerimos princípios ativos de agrotóxicos em nossos alimentos”, garante uma médica da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Hoje, todo mundo come veneno”, afirma um agricultor.

       Produtores e especialistas alinhados ao modelo convencional de produção agrícola insistem: sem agrotóxicos seria impossível alimentar uma população mundial em constante expansão. Esses venenos seriam, portanto, um mal necessário, de acordo com esses produtores. Agricultores garantem que não há nenhuma dificuldade em produzir alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, para alimentar a população. Segundo eles, “a humanidade domina a agricultura há pelo menos 10 mil anos, e o modelo imposto no século 20 vem apagando a herança e o acúmulo de conhecimento dos métodos tradicionais.”

7        Mas a pergunta que não quer calar é: será que um modelo dito “alternativo” teria potencial para alimentar uma população que, até 2050, deverá chegar a 9 bilhões? Certamente tem muito mais potencial do que o agronegócio que, hoje, não dá conta nem de alimentar 7 bilhões, retrucam estudiosos. Sistemas de produção descentralizados têm muito mais condições de produzir e distribuir alimentos em quantidade e qualidade. Precisamos de outra estrutura agrária – baseada em propriedades menores, com produção diversificada, privilegiando mercados locais e contemplando a conservação da biodiversidade. A engenheira agrônoma Flávia Londres assina embaixo e defende que “Monoculturas são grandes desertos verdes. A agroecologia, portanto, requer uma mudança paradigmática no modelo agrário, que resultaria, na verdade, em uma mudança cultural”.


KUGLER, H. Revista Ciência Hoje, n. 296, v. 50. RJ: SBPC. set. 2012. Adaptado.

No trecho “Em seu melhor economês, ele garante que as ‘externalidades negativas’ de nosso modelo agrário continuam de fora dos cálculos” (parágrafo 2), a expressão destacada refere-se a

  • A prejuízos sociais e ambientais causados pelo uso dos agrotóxicos
  • B opiniões dos produtores sobre os benefícios dos agrotóxicos
  • C lucros obtidos com o grande crescimento do agronegócio
  • D influências negativas de outros países na economia agrária
  • E efeitos do aumento das commodities na economia brasileira
11
Brasil, paraíso dos agrotóxicos



         O Brasil vive um drama: ao acordar do sonho de uma economia agrária pujante, o país desperta para o pesadelo de ser, pelo quinto ano consecutivo, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta. Balança comercial tinindo; agricultura a todo vapor. Mas quanto custa, por exemplo, uma saca de milho, soja ou algodão? Será que o preço de tais commodities – que há tempos são o motor de uma economia primária à la colonialismo moderno – compensa os prejuízos sociais e ambientais negligenciados nos cálculos do comércio internacional?
 
     “Pergunta difícil”, diz o economista Wagner Soares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Bolsa de Chicago define o preço da soja; mas não considera que, para se produzir cada saca, são aplicadas generosas doses de agrotóxicos que permanecem no ambiente natural – e no ser humano – por anos ou mesmo décadas. “Ao final das contas, quem paga pela intoxicação dos trabalhadores e pela contaminação ambiental é a sociedade”, afirma Soares. Em seu melhor economês, ele garante que as “externalidades negativas” de nosso modelo agrário continuam de fora dos cálculos.

         Segundo o economista do IBGE, que estudou propriedades rurais no Paraná, cada dólar gasto na compra de agrotóxicos pode custar aos cofres públicos 1,28 dólar em futuros gastos com a saúde de camponeses intoxicados. Mas este é um valor subestimado. Afinal, Soares contabilizou apenas os custos referentes a intoxicações agudas. Levando-se em conta os casos crônicos, acrescidos da contaminação ambiental difusa nos ecossistemas, os prejuízos podem atingir cifras assustadoramente maiores. “Estamos há décadas inseridos nesse modelo agrário, e estudos mensurando seus reais custos socioambientais são raros ou inexistentes”, diz.

4          Seja na agricultura familiar, seja nas grandes propriedades rurais, “os impactos dos agrotóxicos na saúde pública abrangem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais”, afirma dossiê publicado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), entidade que reúne pesquisadores de diversas universidades do país.

5          Não são apenas agricultores e suas famílias que integram grupos de risco. Todos os milhares de profissionais envolvidos no comércio e na manipulação dessas substâncias são potenciais vítimas. E, além deles, “todos nós, diariamente, a cada refeição, ingerimos princípios ativos de agrotóxicos em nossos alimentos”, garante uma médica da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Hoje, todo mundo come veneno”, afirma um agricultor.

       Produtores e especialistas alinhados ao modelo convencional de produção agrícola insistem: sem agrotóxicos seria impossível alimentar uma população mundial em constante expansão. Esses venenos seriam, portanto, um mal necessário, de acordo com esses produtores. Agricultores garantem que não há nenhuma dificuldade em produzir alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, para alimentar a população. Segundo eles, “a humanidade domina a agricultura há pelo menos 10 mil anos, e o modelo imposto no século 20 vem apagando a herança e o acúmulo de conhecimento dos métodos tradicionais.”

7        Mas a pergunta que não quer calar é: será que um modelo dito “alternativo” teria potencial para alimentar uma população que, até 2050, deverá chegar a 9 bilhões? Certamente tem muito mais potencial do que o agronegócio que, hoje, não dá conta nem de alimentar 7 bilhões, retrucam estudiosos. Sistemas de produção descentralizados têm muito mais condições de produzir e distribuir alimentos em quantidade e qualidade. Precisamos de outra estrutura agrária – baseada em propriedades menores, com produção diversificada, privilegiando mercados locais e contemplando a conservação da biodiversidade. A engenheira agrônoma Flávia Londres assina embaixo e defende que “Monoculturas são grandes desertos verdes. A agroecologia, portanto, requer uma mudança paradigmática no modelo agrário, que resultaria, na verdade, em uma mudança cultural”.


KUGLER, H. Revista Ciência Hoje, n. 296, v. 50. RJ: SBPC. set. 2012. Adaptado.

O trecho que apresenta a proposta do autor para a solução do problema discutido é:

  • A “O Brasil vive um drama: ao acordar do sonho de uma economia agrária pujante, o país desperta para o pesadelo de ser, pelo quinto ano consecutivo, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta” (parágrafo 1)
  • B “A Bolsa de Chicago define o preço da soja; mas não considera que, para se produzir cada saca, são aplicadas generosas doses de agrotóxicos que permanecem no ambiente natural – e no ser humano – por anos ou mesmo décadas” (parágrafo 2)
  • C “Levando-se em conta os casos crônicos, acrescidos da contaminação ambiental difusa nos ecossistemas, os prejuízos podem atingir cifras assustadoramente maiores.” (parágrafo 3)
  • D “Todos os milhares de profissionais envolvidos no comércio e na manipulação dessas substâncias são potenciais vítimas.” (parágrafo 5)
  • E “Precisamos de outra estrutura agrária – baseada em propriedades menores, com produção diversificada, privilegiando mercados locais e contemplando a conservação da biodiversidade.” (parágrafo 7)
12
Brasil, paraíso dos agrotóxicos



         O Brasil vive um drama: ao acordar do sonho de uma economia agrária pujante, o país desperta para o pesadelo de ser, pelo quinto ano consecutivo, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta. Balança comercial tinindo; agricultura a todo vapor. Mas quanto custa, por exemplo, uma saca de milho, soja ou algodão? Será que o preço de tais commodities – que há tempos são o motor de uma economia primária à la colonialismo moderno – compensa os prejuízos sociais e ambientais negligenciados nos cálculos do comércio internacional?
 
     “Pergunta difícil”, diz o economista Wagner Soares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Bolsa de Chicago define o preço da soja; mas não considera que, para se produzir cada saca, são aplicadas generosas doses de agrotóxicos que permanecem no ambiente natural – e no ser humano – por anos ou mesmo décadas. “Ao final das contas, quem paga pela intoxicação dos trabalhadores e pela contaminação ambiental é a sociedade”, afirma Soares. Em seu melhor economês, ele garante que as “externalidades negativas” de nosso modelo agrário continuam de fora dos cálculos.

         Segundo o economista do IBGE, que estudou propriedades rurais no Paraná, cada dólar gasto na compra de agrotóxicos pode custar aos cofres públicos 1,28 dólar em futuros gastos com a saúde de camponeses intoxicados. Mas este é um valor subestimado. Afinal, Soares contabilizou apenas os custos referentes a intoxicações agudas. Levando-se em conta os casos crônicos, acrescidos da contaminação ambiental difusa nos ecossistemas, os prejuízos podem atingir cifras assustadoramente maiores. “Estamos há décadas inseridos nesse modelo agrário, e estudos mensurando seus reais custos socioambientais são raros ou inexistentes”, diz.

4          Seja na agricultura familiar, seja nas grandes propriedades rurais, “os impactos dos agrotóxicos na saúde pública abrangem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais”, afirma dossiê publicado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), entidade que reúne pesquisadores de diversas universidades do país.

5          Não são apenas agricultores e suas famílias que integram grupos de risco. Todos os milhares de profissionais envolvidos no comércio e na manipulação dessas substâncias são potenciais vítimas. E, além deles, “todos nós, diariamente, a cada refeição, ingerimos princípios ativos de agrotóxicos em nossos alimentos”, garante uma médica da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Hoje, todo mundo come veneno”, afirma um agricultor.

       Produtores e especialistas alinhados ao modelo convencional de produção agrícola insistem: sem agrotóxicos seria impossível alimentar uma população mundial em constante expansão. Esses venenos seriam, portanto, um mal necessário, de acordo com esses produtores. Agricultores garantem que não há nenhuma dificuldade em produzir alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, para alimentar a população. Segundo eles, “a humanidade domina a agricultura há pelo menos 10 mil anos, e o modelo imposto no século 20 vem apagando a herança e o acúmulo de conhecimento dos métodos tradicionais.”

7        Mas a pergunta que não quer calar é: será que um modelo dito “alternativo” teria potencial para alimentar uma população que, até 2050, deverá chegar a 9 bilhões? Certamente tem muito mais potencial do que o agronegócio que, hoje, não dá conta nem de alimentar 7 bilhões, retrucam estudiosos. Sistemas de produção descentralizados têm muito mais condições de produzir e distribuir alimentos em quantidade e qualidade. Precisamos de outra estrutura agrária – baseada em propriedades menores, com produção diversificada, privilegiando mercados locais e contemplando a conservação da biodiversidade. A engenheira agrônoma Flávia Londres assina embaixo e defende que “Monoculturas são grandes desertos verdes. A agroecologia, portanto, requer uma mudança paradigmática no modelo agrário, que resultaria, na verdade, em uma mudança cultural”.


KUGLER, H. Revista Ciência Hoje, n. 296, v. 50. RJ: SBPC. set. 2012. Adaptado.

O objetivo principal do texto é discutir a

  • A contraposição entre a agricultura orgânica e a convencional, baseada no uso de agrotóxicos.
  • B implementação de monoculturas para a renovação do bem-sucedido modelo agrário brasileiro.
  • C importância de o nosso país se manter na liderança na concorrência mundial do agronegócio.
  • D intoxicação dos trabalhadores e a contaminação ambiental provocados pela agricultura familiar.
  • E perspectiva de o agronegócio conseguir produzir alimentos para uma população de sete bilhões de pessoas.
13
À moda brasileira


1   Estou me vendo debaixo de uma árvore, lendo a pequena história da literatura brasileira.

2   Olavo Bilac! – eu disse em voz alta e de repente parei quase num susto depois que li os primeiros versos do soneto à língua portuguesa: Última flor do Lácio, inculta e bela / És, a um tempo, esplendor e sepultura.

3   Fiquei pensando, mas o poeta disse sepultura?! O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem, disso eu entendia, repensei baixando o olhar para a terra. Se escrevia (e já escrevia) pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a sepultura que esperava por esses meus escritos?

4   Fui falar com meu pai. Comecei por aquelas minhas sondagens antes de chegar até onde queria, os tais rodeios que ele ia ouvindo com paciência enquanto enrolava o cigarro de palha, fumava nessa época esses cigarros. Comecei por perguntar se minha mãe e ele não tinham viajado para o exterior.

5   Meu pai fixou em mim o olhar verde. Viagens, só pelo Brasil, meus avós é que tinham feito aquelas longas viagens de navio, Portugal, França, Itália... Não esquecer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana, ele acrescentou. Mas por que essa curiosidade?

6   Sentei-me ao lado dele, respirei fundo e comecei a gaguejar, é que seria tão bom se ambos tivessem nascido lá longe e assim eu estaria hoje escrevendo em italiano, italiano! – fiquei repetindo e abri o livro que trazia na mão: Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece!

7   Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado. Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse me encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso de querer renegar a própria língua. Se você chegar a escrever bem, não precisa ser em italiano ou espanhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo, está me compreendendo? E as traduções? Renegar a língua é renegar o país, guarde isso nessa cabecinha. E depois (ele voltou a abrir o livro), olha que beleza o que o poeta escreveu em seguida, Amo-te assim, desconhecida e obscura, veja que confissão de amor ele fez à nossa língua! Tem mais, ele precisava da rima para sepultura e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora? – acrescentou e levantou-se. Deu alguns passos e ficou olhando a borboleta que entrou na varanda: Já fez a sua lição de casa? 

8   Fechei o livro e recuei. Sempre que meu pai queria mudar de assunto ele mudava de lugar: saía da poltrona e ia para a cadeira de vime. Saía da cadeira de vime e ia para a rede ou simplesmente começava a andar. Era o sinal, Não quero falar nisso, chega. Então a gente falava noutra coisa ou ficava quieta.

9   Tantos anos depois, quando me avisaram lá do pequeno hotel em Jacareí que ele tinha morrido, fiquei pensando nisso, ah! se quando a morte entrou, se nesse instante ele tivesse mudado de lugar. Mudar depressa de lugar e de assunto. Depressa, pai, saia da cama e fique na cadeira ou vá pra rua e feche a porta!


TELLES, Lygia Fagundes. Durante aquele estranho chá: perdidos e achados. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, p.109-111. Fragmento adaptado.

Em “O soneto é muito bonito, disse me encarando com severidade” (parágrafo 7), a palavra que pode substituir severidade, sem alteração no sentido da frase, é

  • A firmeza
  • B rispidez
  • C discrição
  • D desgosto
  • E incompreensão
14
À moda brasileira


1   Estou me vendo debaixo de uma árvore, lendo a pequena história da literatura brasileira.

2   Olavo Bilac! – eu disse em voz alta e de repente parei quase num susto depois que li os primeiros versos do soneto à língua portuguesa: Última flor do Lácio, inculta e bela / És, a um tempo, esplendor e sepultura.

3   Fiquei pensando, mas o poeta disse sepultura?! O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem, disso eu entendia, repensei baixando o olhar para a terra. Se escrevia (e já escrevia) pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a sepultura que esperava por esses meus escritos?

4   Fui falar com meu pai. Comecei por aquelas minhas sondagens antes de chegar até onde queria, os tais rodeios que ele ia ouvindo com paciência enquanto enrolava o cigarro de palha, fumava nessa época esses cigarros. Comecei por perguntar se minha mãe e ele não tinham viajado para o exterior.

5   Meu pai fixou em mim o olhar verde. Viagens, só pelo Brasil, meus avós é que tinham feito aquelas longas viagens de navio, Portugal, França, Itália... Não esquecer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana, ele acrescentou. Mas por que essa curiosidade?

6   Sentei-me ao lado dele, respirei fundo e comecei a gaguejar, é que seria tão bom se ambos tivessem nascido lá longe e assim eu estaria hoje escrevendo em italiano, italiano! – fiquei repetindo e abri o livro que trazia na mão: Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece!

7   Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado. Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse me encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso de querer renegar a própria língua. Se você chegar a escrever bem, não precisa ser em italiano ou espanhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo, está me compreendendo? E as traduções? Renegar a língua é renegar o país, guarde isso nessa cabecinha. E depois (ele voltou a abrir o livro), olha que beleza o que o poeta escreveu em seguida, Amo-te assim, desconhecida e obscura, veja que confissão de amor ele fez à nossa língua! Tem mais, ele precisava da rima para sepultura e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora? – acrescentou e levantou-se. Deu alguns passos e ficou olhando a borboleta que entrou na varanda: Já fez a sua lição de casa? 

8   Fechei o livro e recuei. Sempre que meu pai queria mudar de assunto ele mudava de lugar: saía da poltrona e ia para a cadeira de vime. Saía da cadeira de vime e ia para a rede ou simplesmente começava a andar. Era o sinal, Não quero falar nisso, chega. Então a gente falava noutra coisa ou ficava quieta.

9   Tantos anos depois, quando me avisaram lá do pequeno hotel em Jacareí que ele tinha morrido, fiquei pensando nisso, ah! se quando a morte entrou, se nesse instante ele tivesse mudado de lugar. Mudar depressa de lugar e de assunto. Depressa, pai, saia da cama e fique na cadeira ou vá pra rua e feche a porta!


TELLES, Lygia Fagundes. Durante aquele estranho chá: perdidos e achados. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, p.109-111. Fragmento adaptado.

No parágrafo 6, “nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece!”, o segmento em destaque pode articular-se com o segmento anterior, sem alteração do sentido original, empregando-se o conector

  • A quando
  • B portanto
  • C enquanto
  • D embora
  • E ou
15
À moda brasileira


1   Estou me vendo debaixo de uma árvore, lendo a pequena história da literatura brasileira.

2   Olavo Bilac! – eu disse em voz alta e de repente parei quase num susto depois que li os primeiros versos do soneto à língua portuguesa: Última flor do Lácio, inculta e bela / És, a um tempo, esplendor e sepultura.

3   Fiquei pensando, mas o poeta disse sepultura?! O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem, disso eu entendia, repensei baixando o olhar para a terra. Se escrevia (e já escrevia) pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a sepultura que esperava por esses meus escritos?

4   Fui falar com meu pai. Comecei por aquelas minhas sondagens antes de chegar até onde queria, os tais rodeios que ele ia ouvindo com paciência enquanto enrolava o cigarro de palha, fumava nessa época esses cigarros. Comecei por perguntar se minha mãe e ele não tinham viajado para o exterior.

5   Meu pai fixou em mim o olhar verde. Viagens, só pelo Brasil, meus avós é que tinham feito aquelas longas viagens de navio, Portugal, França, Itália... Não esquecer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana, ele acrescentou. Mas por que essa curiosidade?

6   Sentei-me ao lado dele, respirei fundo e comecei a gaguejar, é que seria tão bom se ambos tivessem nascido lá longe e assim eu estaria hoje escrevendo em italiano, italiano! – fiquei repetindo e abri o livro que trazia na mão: Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece!

7   Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado. Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse me encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso de querer renegar a própria língua. Se você chegar a escrever bem, não precisa ser em italiano ou espanhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo, está me compreendendo? E as traduções? Renegar a língua é renegar o país, guarde isso nessa cabecinha. E depois (ele voltou a abrir o livro), olha que beleza o que o poeta escreveu em seguida, Amo-te assim, desconhecida e obscura, veja que confissão de amor ele fez à nossa língua! Tem mais, ele precisava da rima para sepultura e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora? – acrescentou e levantou-se. Deu alguns passos e ficou olhando a borboleta que entrou na varanda: Já fez a sua lição de casa? 

8   Fechei o livro e recuei. Sempre que meu pai queria mudar de assunto ele mudava de lugar: saía da poltrona e ia para a cadeira de vime. Saía da cadeira de vime e ia para a rede ou simplesmente começava a andar. Era o sinal, Não quero falar nisso, chega. Então a gente falava noutra coisa ou ficava quieta.

9   Tantos anos depois, quando me avisaram lá do pequeno hotel em Jacareí que ele tinha morrido, fiquei pensando nisso, ah! se quando a morte entrou, se nesse instante ele tivesse mudado de lugar. Mudar depressa de lugar e de assunto. Depressa, pai, saia da cama e fique na cadeira ou vá pra rua e feche a porta!


TELLES, Lygia Fagundes. Durante aquele estranho chá: perdidos e achados. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, p.109-111. Fragmento adaptado.

Considerando-se a correlação adequada entre tempos e modos verbais, a alternativa que, respeitando a norma-padrão, completa o período iniciado pelo trecho “A autora também teria sido lida se...” é

  • A escrever seus contos em outra língua.
  • B escrevera seus contos em outra língua.
  • C tiver escrito seus contos em outra língua.
  • D teria escrito seus contos em outra língua.
  • E tivesse escrito seus contos em outra língua.
16
À moda brasileira


1   Estou me vendo debaixo de uma árvore, lendo a pequena história da literatura brasileira.

2   Olavo Bilac! – eu disse em voz alta e de repente parei quase num susto depois que li os primeiros versos do soneto à língua portuguesa: Última flor do Lácio, inculta e bela / És, a um tempo, esplendor e sepultura.

3   Fiquei pensando, mas o poeta disse sepultura?! O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem, disso eu entendia, repensei baixando o olhar para a terra. Se escrevia (e já escrevia) pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a sepultura que esperava por esses meus escritos?

4   Fui falar com meu pai. Comecei por aquelas minhas sondagens antes de chegar até onde queria, os tais rodeios que ele ia ouvindo com paciência enquanto enrolava o cigarro de palha, fumava nessa época esses cigarros. Comecei por perguntar se minha mãe e ele não tinham viajado para o exterior.

5   Meu pai fixou em mim o olhar verde. Viagens, só pelo Brasil, meus avós é que tinham feito aquelas longas viagens de navio, Portugal, França, Itália... Não esquecer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana, ele acrescentou. Mas por que essa curiosidade?

6   Sentei-me ao lado dele, respirei fundo e comecei a gaguejar, é que seria tão bom se ambos tivessem nascido lá longe e assim eu estaria hoje escrevendo em italiano, italiano! – fiquei repetindo e abri o livro que trazia na mão: Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece!

7   Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado. Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse me encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso de querer renegar a própria língua. Se você chegar a escrever bem, não precisa ser em italiano ou espanhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo, está me compreendendo? E as traduções? Renegar a língua é renegar o país, guarde isso nessa cabecinha. E depois (ele voltou a abrir o livro), olha que beleza o que o poeta escreveu em seguida, Amo-te assim, desconhecida e obscura, veja que confissão de amor ele fez à nossa língua! Tem mais, ele precisava da rima para sepultura e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora? – acrescentou e levantou-se. Deu alguns passos e ficou olhando a borboleta que entrou na varanda: Já fez a sua lição de casa? 

8   Fechei o livro e recuei. Sempre que meu pai queria mudar de assunto ele mudava de lugar: saía da poltrona e ia para a cadeira de vime. Saía da cadeira de vime e ia para a rede ou simplesmente começava a andar. Era o sinal, Não quero falar nisso, chega. Então a gente falava noutra coisa ou ficava quieta.

9   Tantos anos depois, quando me avisaram lá do pequeno hotel em Jacareí que ele tinha morrido, fiquei pensando nisso, ah! se quando a morte entrou, se nesse instante ele tivesse mudado de lugar. Mudar depressa de lugar e de assunto. Depressa, pai, saia da cama e fique na cadeira ou vá pra rua e feche a porta!


TELLES, Lygia Fagundes. Durante aquele estranho chá: perdidos e achados. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, p.109-111. Fragmento adaptado.

A frase em que as vírgulas estão empregadas com a mesma função que em “Não esquecer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana” (parágrafo 5) é:

  • A Mude de lugar, meu pai, porque a morte vai chegar.
  • B A filha, preocupada e triste, questionava a própria língua materna.
  • C A língua portuguesa, embora inculta, constrói belos textos literários.
  • D Os poemas, textos de uma beleza sem igual, encantam seus leitores.
  • E Colocou os óculos e, caminhando pela sala, revelou a beleza do poema.
17
À moda brasileira


1   Estou me vendo debaixo de uma árvore, lendo a pequena história da literatura brasileira.

2   Olavo Bilac! – eu disse em voz alta e de repente parei quase num susto depois que li os primeiros versos do soneto à língua portuguesa: Última flor do Lácio, inculta e bela / És, a um tempo, esplendor e sepultura.

3   Fiquei pensando, mas o poeta disse sepultura?! O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem, disso eu entendia, repensei baixando o olhar para a terra. Se escrevia (e já escrevia) pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a sepultura que esperava por esses meus escritos?

4   Fui falar com meu pai. Comecei por aquelas minhas sondagens antes de chegar até onde queria, os tais rodeios que ele ia ouvindo com paciência enquanto enrolava o cigarro de palha, fumava nessa época esses cigarros. Comecei por perguntar se minha mãe e ele não tinham viajado para o exterior.

5   Meu pai fixou em mim o olhar verde. Viagens, só pelo Brasil, meus avós é que tinham feito aquelas longas viagens de navio, Portugal, França, Itália... Não esquecer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana, ele acrescentou. Mas por que essa curiosidade?

6   Sentei-me ao lado dele, respirei fundo e comecei a gaguejar, é que seria tão bom se ambos tivessem nascido lá longe e assim eu estaria hoje escrevendo em italiano, italiano! – fiquei repetindo e abri o livro que trazia na mão: Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece!

7   Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado. Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse me encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso de querer renegar a própria língua. Se você chegar a escrever bem, não precisa ser em italiano ou espanhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo, está me compreendendo? E as traduções? Renegar a língua é renegar o país, guarde isso nessa cabecinha. E depois (ele voltou a abrir o livro), olha que beleza o que o poeta escreveu em seguida, Amo-te assim, desconhecida e obscura, veja que confissão de amor ele fez à nossa língua! Tem mais, ele precisava da rima para sepultura e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora? – acrescentou e levantou-se. Deu alguns passos e ficou olhando a borboleta que entrou na varanda: Já fez a sua lição de casa? 

8   Fechei o livro e recuei. Sempre que meu pai queria mudar de assunto ele mudava de lugar: saía da poltrona e ia para a cadeira de vime. Saía da cadeira de vime e ia para a rede ou simplesmente começava a andar. Era o sinal, Não quero falar nisso, chega. Então a gente falava noutra coisa ou ficava quieta.

9   Tantos anos depois, quando me avisaram lá do pequeno hotel em Jacareí que ele tinha morrido, fiquei pensando nisso, ah! se quando a morte entrou, se nesse instante ele tivesse mudado de lugar. Mudar depressa de lugar e de assunto. Depressa, pai, saia da cama e fique na cadeira ou vá pra rua e feche a porta!


TELLES, Lygia Fagundes. Durante aquele estranho chá: perdidos e achados. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, p.109-111. Fragmento adaptado.

A palavra que funciona como um mecanismo de coesão textual, retomando um antecedente, em:

  • A “parei quase num susto depois que li os primeiros versos”. (parágrafo 2)
  • B “Não esquecer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana”. (parágrafo 5)
  • C “ficou olhando a borboleta que entrou na varanda” (parágrafo 7)
  • D “Sempre que meu pai queria mudar de assunto ele mudava de lugar”. (parágrafo 8)
  • E “quando me avisaram lá do pequeno hotel em Jacareí que ele tinha morrido”. (parágrafo 9)
18
À moda brasileira


1   Estou me vendo debaixo de uma árvore, lendo a pequena história da literatura brasileira.

2   Olavo Bilac! – eu disse em voz alta e de repente parei quase num susto depois que li os primeiros versos do soneto à língua portuguesa: Última flor do Lácio, inculta e bela / És, a um tempo, esplendor e sepultura.

3   Fiquei pensando, mas o poeta disse sepultura?! O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem, disso eu entendia, repensei baixando o olhar para a terra. Se escrevia (e já escrevia) pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a sepultura que esperava por esses meus escritos?

4   Fui falar com meu pai. Comecei por aquelas minhas sondagens antes de chegar até onde queria, os tais rodeios que ele ia ouvindo com paciência enquanto enrolava o cigarro de palha, fumava nessa época esses cigarros. Comecei por perguntar se minha mãe e ele não tinham viajado para o exterior.

5   Meu pai fixou em mim o olhar verde. Viagens, só pelo Brasil, meus avós é que tinham feito aquelas longas viagens de navio, Portugal, França, Itália... Não esquecer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana, ele acrescentou. Mas por que essa curiosidade?

6   Sentei-me ao lado dele, respirei fundo e comecei a gaguejar, é que seria tão bom se ambos tivessem nascido lá longe e assim eu estaria hoje escrevendo em italiano, italiano! – fiquei repetindo e abri o livro que trazia na mão: Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece!

7   Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado. Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse me encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso de querer renegar a própria língua. Se você chegar a escrever bem, não precisa ser em italiano ou espanhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo, está me compreendendo? E as traduções? Renegar a língua é renegar o país, guarde isso nessa cabecinha. E depois (ele voltou a abrir o livro), olha que beleza o que o poeta escreveu em seguida, Amo-te assim, desconhecida e obscura, veja que confissão de amor ele fez à nossa língua! Tem mais, ele precisava da rima para sepultura e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora? – acrescentou e levantou-se. Deu alguns passos e ficou olhando a borboleta que entrou na varanda: Já fez a sua lição de casa? 

8   Fechei o livro e recuei. Sempre que meu pai queria mudar de assunto ele mudava de lugar: saía da poltrona e ia para a cadeira de vime. Saía da cadeira de vime e ia para a rede ou simplesmente começava a andar. Era o sinal, Não quero falar nisso, chega. Então a gente falava noutra coisa ou ficava quieta.

9   Tantos anos depois, quando me avisaram lá do pequeno hotel em Jacareí que ele tinha morrido, fiquei pensando nisso, ah! se quando a morte entrou, se nesse instante ele tivesse mudado de lugar. Mudar depressa de lugar e de assunto. Depressa, pai, saia da cama e fique na cadeira ou vá pra rua e feche a porta!


TELLES, Lygia Fagundes. Durante aquele estranho chá: perdidos e achados. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, p.109-111. Fragmento adaptado.

O emprego do acento grave em “soneto à língua portuguesa” (parágrafo 2) explica-se a partir do entendimento de que Olavo Bilac escreveu um soneto

  • A em língua portuguesa
  • B com a língua portuguesa
  • C para a língua portuguesa
  • D sobre a língua portuguesa
  • E por causa da língua portuguesa
19
À moda brasileira


1   Estou me vendo debaixo de uma árvore, lendo a pequena história da literatura brasileira.

2   Olavo Bilac! – eu disse em voz alta e de repente parei quase num susto depois que li os primeiros versos do soneto à língua portuguesa: Última flor do Lácio, inculta e bela / És, a um tempo, esplendor e sepultura.

3   Fiquei pensando, mas o poeta disse sepultura?! O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem, disso eu entendia, repensei baixando o olhar para a terra. Se escrevia (e já escrevia) pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a sepultura que esperava por esses meus escritos?

4   Fui falar com meu pai. Comecei por aquelas minhas sondagens antes de chegar até onde queria, os tais rodeios que ele ia ouvindo com paciência enquanto enrolava o cigarro de palha, fumava nessa época esses cigarros. Comecei por perguntar se minha mãe e ele não tinham viajado para o exterior.

5   Meu pai fixou em mim o olhar verde. Viagens, só pelo Brasil, meus avós é que tinham feito aquelas longas viagens de navio, Portugal, França, Itália... Não esquecer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana, ele acrescentou. Mas por que essa curiosidade?

6   Sentei-me ao lado dele, respirei fundo e comecei a gaguejar, é que seria tão bom se ambos tivessem nascido lá longe e assim eu estaria hoje escrevendo em italiano, italiano! – fiquei repetindo e abri o livro que trazia na mão: Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece!

7   Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado. Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse me encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso de querer renegar a própria língua. Se você chegar a escrever bem, não precisa ser em italiano ou espanhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo, está me compreendendo? E as traduções? Renegar a língua é renegar o país, guarde isso nessa cabecinha. E depois (ele voltou a abrir o livro), olha que beleza o que o poeta escreveu em seguida, Amo-te assim, desconhecida e obscura, veja que confissão de amor ele fez à nossa língua! Tem mais, ele precisava da rima para sepultura e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora? – acrescentou e levantou-se. Deu alguns passos e ficou olhando a borboleta que entrou na varanda: Já fez a sua lição de casa? 

8   Fechei o livro e recuei. Sempre que meu pai queria mudar de assunto ele mudava de lugar: saía da poltrona e ia para a cadeira de vime. Saía da cadeira de vime e ia para a rede ou simplesmente começava a andar. Era o sinal, Não quero falar nisso, chega. Então a gente falava noutra coisa ou ficava quieta.

9   Tantos anos depois, quando me avisaram lá do pequeno hotel em Jacareí que ele tinha morrido, fiquei pensando nisso, ah! se quando a morte entrou, se nesse instante ele tivesse mudado de lugar. Mudar depressa de lugar e de assunto. Depressa, pai, saia da cama e fique na cadeira ou vá pra rua e feche a porta!


TELLES, Lygia Fagundes. Durante aquele estranho chá: perdidos e achados. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, p.109-111. Fragmento adaptado.

Ao ler os versos de Olavo Bilac, o “quase” susto da narradora, mencionado no parágrafo 2, foi motivado pela

  • A possibilidade de seus escritos não serem conhecidos.
  • B falta de conhecimento sobre a localização do Lácio.
  • C necessidade de aprender uma língua diferente.
  • D surpresa com a postura pessimista do poeta.
  • E abordagem da temática da morte.
20
À moda brasileira


1   Estou me vendo debaixo de uma árvore, lendo a pequena história da literatura brasileira.

2   Olavo Bilac! – eu disse em voz alta e de repente parei quase num susto depois que li os primeiros versos do soneto à língua portuguesa: Última flor do Lácio, inculta e bela / És, a um tempo, esplendor e sepultura.

3   Fiquei pensando, mas o poeta disse sepultura?! O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem, disso eu entendia, repensei baixando o olhar para a terra. Se escrevia (e já escrevia) pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a sepultura que esperava por esses meus escritos?

4   Fui falar com meu pai. Comecei por aquelas minhas sondagens antes de chegar até onde queria, os tais rodeios que ele ia ouvindo com paciência enquanto enrolava o cigarro de palha, fumava nessa época esses cigarros. Comecei por perguntar se minha mãe e ele não tinham viajado para o exterior.

5   Meu pai fixou em mim o olhar verde. Viagens, só pelo Brasil, meus avós é que tinham feito aquelas longas viagens de navio, Portugal, França, Itália... Não esquecer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana, ele acrescentou. Mas por que essa curiosidade?

6   Sentei-me ao lado dele, respirei fundo e comecei a gaguejar, é que seria tão bom se ambos tivessem nascido lá longe e assim eu estaria hoje escrevendo em italiano, italiano! – fiquei repetindo e abri o livro que trazia na mão: Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece!

7   Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado. Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse me encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso de querer renegar a própria língua. Se você chegar a escrever bem, não precisa ser em italiano ou espanhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo, está me compreendendo? E as traduções? Renegar a língua é renegar o país, guarde isso nessa cabecinha. E depois (ele voltou a abrir o livro), olha que beleza o que o poeta escreveu em seguida, Amo-te assim, desconhecida e obscura, veja que confissão de amor ele fez à nossa língua! Tem mais, ele precisava da rima para sepultura e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora? – acrescentou e levantou-se. Deu alguns passos e ficou olhando a borboleta que entrou na varanda: Já fez a sua lição de casa? 

8   Fechei o livro e recuei. Sempre que meu pai queria mudar de assunto ele mudava de lugar: saía da poltrona e ia para a cadeira de vime. Saía da cadeira de vime e ia para a rede ou simplesmente começava a andar. Era o sinal, Não quero falar nisso, chega. Então a gente falava noutra coisa ou ficava quieta.

9   Tantos anos depois, quando me avisaram lá do pequeno hotel em Jacareí que ele tinha morrido, fiquei pensando nisso, ah! se quando a morte entrou, se nesse instante ele tivesse mudado de lugar. Mudar depressa de lugar e de assunto. Depressa, pai, saia da cama e fique na cadeira ou vá pra rua e feche a porta!


TELLES, Lygia Fagundes. Durante aquele estranho chá: perdidos e achados. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, p.109-111. Fragmento adaptado.

De acordo com o texto, na opinião do pai, a filha deveria

  • A aprender a língua da avó.
  • B valorizar a língua materna.
  • C escrever em idiomas diversos.
  • D ler outros poemas de Olavo Bilac.
  • E estudar história da literatura brasileira.

Direito Constitucional

21

EV atua na área empresarial e tem dúvidas quanto aos seus registros fiscais diante da perda de documentos causada por enchentes que invadiram seu imóvel. Diante disso, formula requerimento à Receita Federal para ter acesso ao sistema que organiza a sua conta relacionada aos tributos recolhidos pela União Federal.
Nos termos da jurisprudência assente do Supremo Tribunal Federal, em caso de negativa de acesso, caberia a impetração de:

  • A mandado de segurança
  • B mandado de injunção
  • C ação civil pública
  • D ação popular
  • E habeas data
22

Du é dirigente de entidade de assistência social, sem fins lucrativos, reconhecida por documentos emitidos pelos órgãos competentes nos três níveis federativos. Sabedora do cumprimento dos requisitos legais a entidade formula requerimentos para ser liberada do pagamento dos tributos incidentes sobre suas atividades.
Nos termos da Constituição Federal, no caso haveria

  • A imunidade quanto a patrimônio, renda ou serviços
  • B não incidência em relação a serviços
  • C correção dos valores cobrados
  • D pagamento regular dos tributos
  • E isenção quanto a patrimônio e renda
23

T é advogado e pretende impugnar ato legislativo que foi editado antes de 1988, perante o Supremo Tribunal Federal.
Nos termos da interpretação adotada pelos Ministros da Suprema Corte nacional, nos casos de conflito entre norma anterior a 1988 com o texto constitucional, seria o caso de:

  • A inconstitucionalidade superveniente
  • B modulação dos efeitos
  • C Lei não recepcionada
  • D declaração sem redução de texto
  • E ausência de decisão
24

Um empresário pretende abrir uma filial de uma rede nacional de farmácias em uma rua de grande movimentação em um determinado município. Sob a alegação de que a via pública escolhida já contava com três estabelecimentos que exploravam a mesma atividade comercial, o empresário teve seu pedido de autorização para a instalação da loja indeferido pela autoridade municipal competente. A negativa foi justificada com base em lei local que vedava a instalação de drogarias a menos de 100 metros de distância entre elas.
A norma municipal que proíbe a instalação do estabelecimento comercial é

  • A constitucional, pois está materialmente de acordo com a competência legislativa atribuída aos Municípios ao tratar de assunto de interesse local.
  • B inconstitucional, pois trata de Direito Comercial, matéria de competência legislativa privativa da União.
  • C inconstitucional, pois trata de matéria que diz respeito ao direito do consumidor, assunto de competência legislativa concorrente entre União, Estados e Distrito Federal.
  • D inconstitucional, pois o impedimento da instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área ofende o princípio da livre concorrência.
  • E constitucional, pois observa a competência legislativa suplementar a legislação federal e a estadual em matéria de Direito Civil.
25

Constatada irregularidade em virtude de dispensa irregular de licitação que causou grave prejuízo aos cofres públicos, o prefeito e o vice-prefeito do município Sigma tiveram seus direitos políticos suspensos e os mandatos cassados.
O comando do Poder Executivo municipal deverá observar o regramento disposto pela(o)

  • A Constituição Federal para o caso de vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República.
  • B Constituição Estadual para o caso de vacância dos cargos de Governador e Vice-Governador do Estado onde o município está localizado.
  • C Lei Orgânica municipal de Sigma para o caso de dupla vacância dos cargos de Prefeito e Vice-Prefeito.
  • D Constituição Estadual para o caso de dupla vacância dos cargos de Prefeito e Vice-Prefeito dos municípios situados em seu território.
  • E legislador ordinário federal, visto na lei que estabelece normas sobre as eleições para o caso de dupla vacância dos cargos de Prefeito e Vice-Prefeito dos municípios brasileiros.
26

A ação popular, conforme estabelecido na Constituição brasileira de 1988 e na legislação infraconstitucional, poderá ser movida por

  • A qualquer pessoa, brasileira ou estrangeira, desde que maior de 18 anos, domiciliada no Brasil e residente no local do juízo competente para julgar a causa, visando a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
  • B qualquer cidadão, visando a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, sendo que, se houver abandono da ação, fica assegurado a outro cidadão interessado ou ao Ministério Público assumir o polo ativo para dar continuidade à demanda.
  • C qualquer cidadão na defesa de direitos difusos, devendo ser acompanhada pelo Ministério Público, que atuará na qualidade de fiscal da ordem jurídica, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe facultado, por questões de ordem pública, assumir a defesa do ato impugnado.
  • D qualquer cidadão e pelo Ministério Público contra as pessoas públicas ou privadas, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo, estando a pessoa jurídica de direito público, cujo ato seja objeto de impugnação, obrigada a contestar o pedido.
  • E qualquer cidadão, que estará isento das despesas processuais; porém, se a lide for julgada manifestamente temerária, a sentença condenará o autor ao pagamento das custas em dobro.
27

A iniciativa, no âmbito do processo legislativo, para a criação de uma autarquia federal, que é ente da administração pública indireta, compreendida como o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada, é atribuída

  • A exclusivamente aos membros do Congresso Nacional
  • B concorrentemente aos membros do Congresso Nacional e ao Presidente da República
  • C privativamente aos senadores
  • D privativamente ao Presidente da República
  • E privativamente aos deputados federais
28

Existem instrumentos capazes de resguardar a supremacia da Constituição e confirmar a constitucionalidade ou não de uma lei.


A ação direta de inconstitucionalidade objetiva a declaração de inconstitucionalidade

  • A de lei ou ato normativo federal, ou estadual ou municipal, tendo a decisão eficácia erga omnes e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como ao Legislativo.
  • B de lei ou ato normativo federal, ou estadual, tendo a decisão eficácia erga omnes e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como ao Legislativo.
  • C de lei ou ato normativo federal ou estadual, tendo a decisão eficácia erga omnes e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
  • D de lei ou ato normativo federal, ou estadual ou municipal, tendo a decisão eficácia erga omnes e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
  • E apenas de lei ou ato normativo federal ou estadual, tendo a decisão eficácia inter partes e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como ao Legislativo.
29

De acordo com o Sistema Tributário Nacional, conforme previsto na Constituição de 1988, com base na partilha de competências e observando-se as limitações ao poder de tributar, há tributos de competência da União, dos estados-membros e dos municípios,

  • A podendo o Legislativo Nacional, com base na hierarquia federativa, estabelecer isenções para impostos federais, estaduais e municipais.
  • B podendo a União legislar supletivamente e estabelecer as normas gerais quando o estado-membro não o tenha feito.
  • C sendo concorrente a competência para legislar sobre Direito Tributário, cabendo à União elaborar as normas gerais.
  • D sendo que a União legisla privativamente sobre Direito Tributário, estabelecendo normas que serão observadas pelos estados-membros e municípios.
  • E sendo que estados-membros e municípios legislam estabelecendo as normas gerais, cabendo ao Legislativo Nacional atuar subsidiariamente.
30

O processo legislativo brasileiro obedece a regras próprias determinadas pela Constituição Federal.


Quanto ao processo legislativo brasileiro, nos termos da Constituição de 1988, o(a)

  • A Presidente da República, se considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, podendo o veto parcial abranger palavra, expressão ou o texto integral do artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
  • B veto poderá ser derrubado, para tanto terá que ser discutido e votado em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se rejeitado se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
  • C veto pode ser derrubado pela maioria simples dos membros do Congresso Nacional e, no caso de este ser derrubado, caberá ao Presidente da Câmara dos Deputados promulgar a lei.
  • D veto tem que ser motivado, havendo duas situações que podem dar ensejo a ele: a inconstitucionalidade total ou parcial de um projeto de lei ou por ser o projeto contrário ao interesse público.
  • E sanção supre o vício de iniciativa, não precisando ser expressa nem motivada.
31

Nos termos da legislação brasileira, a proteção do meio ambiente e o exercício do poder de polícia administrativo, em matéria ambiental, é de competência

  • A exclusiva da União, que realiza o controle ambiental, a fim de manter a ordem pública, com base nos princípios do Direito Ambiental, tais como o da prevenção, o da defesa do meio ambiente e o da intervenção estatal obrigatória na defesa do meio ambiente.
  • B concorrente da União e dos estados-membros, excluindo-se os municípios, tendo por base os princípios do Direito Ambiental, tais como o do desenvolvimento sustentável, o da precaução, o da prevenção, o da função socioambiental da propriedade, o da responsabilidade e o do usuário-pagador.
  • C privativa da União, que pode delegá-lo aos estados-membros e municípios, com base na hierarquia constitucional e nos princípios do Direito Ambiental, dentre eles os da intervenção estatal obrigatória na defesa do meio ambiente, da prevenção e da precaução.
  • D comum da União, dos estados-membros e municípios, que realizam o controle ambiental, considerando os princípios do Direito Ambiental, dentre eles o da intervenção estatal obrigatória na defesa do meio ambiente e o da prevenção.
  • E privativa dos municípios que exercem o controle ambiental, com base nos princípios do Direito Ambiental, dentre eles o da prevenção e o da intervenção estatal obrigatória na defesa do meio ambiente.
32

Em 2005, F, cidadão brasileiro, e K, com dupla cidadania brasileira e estadunidense, contraem casamento em regime parcial de bens no Brasil, onde residem ao longo de quinze anos em imóvel próprio. Na vigência do casamento, nascem duas filhas. K recebe oportunidade de emprego dos Estados Unidos e para lá se muda com marido e filhas. Após um ano residindo no país estrangeiro, o casal se divorcia. F resolve retornar ao Brasil. Para fins de promover a divisão dos bens contraídos em território nacional, F necessita homologar a sentença que decretou seu divórcio.


O reconhecimento da sentença estrangeira, na situação descrita, é da competência de qual órgão?

  • A Justiça Comum
  • B Cartório de Registro Civil
  • C Tribunal Regional Federal
  • D Supremo Tribunal Federal
  • E Superior Tribunal de Justiça
33

Em momento de reforma no sistema previdenciário nacional, entre as opções apresentadas, constam a que propõe majorar as alíquotas devidas pelos trabalhadores em geral e a que propõe aumentar a contribuição das empresas.
Nos termos da Constituição Federal, essa contribuição das empresas se dá por intermédio da contribuição social sobre o

  • A lucro
  • B serviço
  • C rendimento
  • D excedente
  • E prejuízo
34

Um cidadão deseja comunicar que um certo servidor público está exercendo de forma negligente o cargo que ocupa.


Nos termos da Constituição Federal, a lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente a disciplina contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública, através de uma

  • A delação
  • B representação
  • C notificação
  • D acusação
  • E indicação
35

Um médico ortopedista, exercendo suas atividades em determinado município, com horário livre, resolveu realizar concurso para ocupar cargo no Estado. Após aprovação no certame, ele passa a exercer atividades nos dois órgãos, o municipal e o estadual, ocupando cargos de médico. Em determinado momento, o serviço de medicina do Estado passa por uma troca de chefia. Esse novo chefe exige que o ortopedista modifique os seus dias de plantão para melhor atender ao interesse público. Ocorre que os dias indicados coincidem com os realizados no município. O ortopedista, então, requer que seus dias de plantão sejam mantidos para poder exercer seu direito de acumulação de cargos.

Nos termos da Constituição Federal, a cumulação, quando prevista, é possível, desde que haja compatibilidade de

  • A conhecimentos
  • B horários
  • C gerentes
  • D locais
  • E órgãos
36

Em momento de reforma no sistema previdenciário nacional, entre as opções apresentadas, constam a que propõe majorar as alíquotas devidas pelos trabalhadores em geral e a que propõe aumentar a contribuição das empresas.
Nos termos da Constituição Federal, essa contribuição das empresas se dá por intermédio da contribuição social sobre o

  • A lucro
  • B serviço
  • C rendimento
  • D excedente
  • E prejuízo
37

Em momento de reforma no sistema previdenciário nacional, entre as opções apresentadas, constam a que propõe majorar as alíquotas devidas pelos trabalhadores em geral e a que propõe aumentar a contribuição das empresas. Nos termos da Constituição Federal, essa contribuição das empresas se dá por intermédio da contribuição social sobre o

  • A lucro
  • B serviço
  • C rendimento
  • D excedente
  • E prejuízo
38

Um vereador tem sua base eleitoral em um certo distrito. Interessado na criação de novos municípios, ele verifica as exigências para tal e formula consulta à assessoria jurídica da Câmara, que assenta, nos termos da Constituição Federal, a exigência de

  • A lei municipal
  • B lei estadual
  • C Medida Provisória
  • D Decreto Legislativo
  • E Resolução
39

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar extradição, exerce, observados os direitos e as garantias fundamentais expressos na Constituição Federal, o papel de

  • A trabalhador voluntário
  • B autoridade central
  • C órgão de execução
  • D agente especial
  • E juiz natural
40

Ao estabelecer o Supremo Tribunal Federal que não deve ser admitida a prerrogativa de foro para ex-ocupantes de cargos públicos, está sendo aplicado o fundamento constitucional da

  • A valoração
  • B República
  • C independência
  • D erradicação
  • E promoção

História

41

Considere o texto abaixo sobre a realidade social brasileira.


Há 114 anos, durante o governo de Rodrigues Alves, acontecia em nosso país a chamada Revolta da Vacina. Na época, o sanitarista Oswaldo Cruz enviou ao Congresso nacional um projeto que tornava obrigatória a imunização, visando a erradicar uma doença que provocava epidemias maléficas, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Estamos vivendo hoje nas redes sociais uma crescente resistência aos movimentos de vacinação. Isto se deve sem dúvida, principalmente ao desconhecimento de nossa história sanitária. Nos dias atuais, a mesma doença volta a ameaçar a população brasileira, como sinalizam as mortes de macacos em áreas silvestres, indicando um novo surto.

LONDRES, L. A revolta da vacina. O Globo, Rio de Janeiro, 27 jul. 2018, Opinião. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/opiniao/a-revolta-da-vacina-22921985>. Acesso em: 24 set. 2018. Adaptado.


A vacinação proposta por Oswaldo Cruz visava à erradicação de uma doença que volta, efetivamente, a ameaçar a saúde da população brasileira nos dias atuais.


Qual é essa doença?

  • A Sarampo
  • B Catapora
  • C Poliomielite
  • D Tuberculose
  • E Febre amarela
42
Diretas Já foi um dos movimentos de maior participação popular da história do Brasil. Teve início em 1983, no governo de João Batista Figueiredo e propunha eleições diretas. A campanha ganhou o apoio de partidos políticos importantes e, em pouco tempo, a simpatia da população, que foi às ruas para pedir a volta das eleições diretas.
Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/diretas-ja/>. Acesso em: 30 maio 2016. Adaptado.
Essa campanha política teve como objetivo principal garantir eleições diretas para o cargo de
  • A deputado federal
  • B deputado estadual
  • C prefeito municipal
  • D senador da República
  • E presidente da República
43
“Governo e oposição retomam negociação sobre as Diretas.” Começa, nesta semana, o segundo round das negociações sobre as Diretas, tendo como base a emenda enviada ao Congresso pelo Planalto.”
(Jornal Zero Hora, 29 de abril de 1984)
“Há 30 anos, Câmara votava emenda para realização de eleições diretas para presidente. (Globo News, 25 de abril de 2004)

Quais das afirmativas abaixo estão corretamente relacionadas com o movimento, ocorrido no Brasil, propondo as eleições diretas para presidente da República?
I. O movimento que propunha eleições diretas para presidente ainda em 1984 começou timidamente em São Paulo. Aos poucos, a campanha das diretas foi crescendo, reunindo os partidos de oposição e os setores organizados da sociedade civil, sendo organizadas manifestações nas principais cidades brasileiras, concentrando multidões.
II. Durante o governo Geisel, o regime militar estava profundamente enfraquecido. Foi durante aquele governo que a sociedade brasileira, beneficiada pelo processo de “abertura”, assistiu às primeiras manifestações populares exigindo eleições diretas para presidência da República.
III. O deputado Dante de Oliveira apresentou uma emenda constitucional propondo realização de eleições diretas para a sucessão do general Figueiredo, que foi votada pelo Congresso Nacional. Apesar da pressão popular, a Emenda Dante de Oliveira foi rejeitada. Não foram atingidos os dois terços de votos para a mudança na Constituição.
IV. Em face do fracasso das “Diretas Já!” no Congresso, formou-se uma dissidência dentro do PDS, a Frente Liberal, depois Partido da Frente Liberal (PFL), que, aproximando-se do PMDB, apoiou a candidatura de Tancredo Neves à presidência da República. Estabeleceu-se uma aliança entre os dois agrupamentos políticos, de onde nasceu a chapa TancredoSarney, candidatos à presidência e à vice.

Estão corretas:
  • A Apenas I, II e III.
  • B Apenas I, III e IV.
  • C Apenas II e III.
  • D Apenas II e IV.
  • E Apenas III e IV.
44
“ANOS DE CHUMBO Ministério Público Federal denuncia seis por caso Riocentro
Depoimentos revelam como militares tentaram esconder autoria do crime.”

(Jornal Zero Hora, 17 de fevereiro de 2014)

“DITADURA REVISTA Para Comissão Nacional da Verdade, Riocentro foi tiro pela culatra Tese de que militares arquitetaram atentado de 1981 foi confirmada, afirma Comissão da Verdade.”
(Jornal Zero Hora, 10 de maio de 1913)

O golpe militar de abril de 1964 chega aos 50 anos em 2014. O ano de 1964 inaugurou uma nova etapa da história política nacional, com profundas repercussões nos aspectos sociais, econômicos, culturais e humanos do país. Uma questão bastante conhecida desse período, que perdurou até 1985, foi o caso Riocentro, sobre o qual podemos afirmar:
  • A O caso Riocentro foi o resultado de um atentado mal sucedido, orquestrado pelos segmentos mais autoritários do regime militar, derrotados pela estratégia da abertura política, iniciada durante o governo do general João Batista Figueiredo.
  • B O caso Riocentro proporcionou o início de uma intensa mobilização popular, que, insatisfeita com a investigação do caso feita pelos militares, passa a ditar o ritmo da transição do regime. Se na primeira fase foi comandada quase exclusivamente pelos quartéis, agora tem como contrapeso a força das ruas.
  • C Naquela ocasião as investigações do caso Riocentro foram conduzidas de forma tendenciosa, procurando atribuir a ação terrorista a grupos esquerdistas. Hoje, o caso está sendo investigado pelo Grupo de Trabalho Justiça de Transição, coordenado pelo Ministério Público Federal.
  • D Em razão de os responsáveis pelo caso Riocentro não serem punidos, o general Ernesto Geisel, que ocupava o cargo de chefe da Casa Civil, pediu demissão, abandonando o governo. Sua demissão representou, provavelmente, o mais importante desdobramento político do atentado do Riocentro.
  • E A cidade do Rio de Janeiro respondeu ao atentado do Riocentro com a Passeata dos Cem Mil. Organizada por estudantes e por alguns setores da Igreja, a passeata contou com um grande número de artistas, intelectuais e padres progressistas. Foi a maior manifestação popular realizada, até então contra o regime militar.
45
“A esta hora da madrugada decidi dirigir-me aos meus contemporâneos: nosso país está vivendo horas dramáticas de tensão! [...] Nós que governamos o Rio Grande, não assistiremos passivamente quaisquer atentados às liberdades públicas e à ordem constitucional. Reagiremos como estiver ao nosso alcance. Nem que seja para sermos esmagados, defenderemos nossa honra e nossas tradições. A Constituição tem de ser respeitada.”

Manifesto de Leonel Brizola, na madrugada de domingo, 27 de agosto de 1961. (Citado na obra de Flávio Tavares, 1961: “O golpe derrotado”)

Durante treze dias, em 1961, o Brasil passou por uma situação de guerra civil, com mobilização de tropas e ordens de bombardeio aéreo. Qual das alternativas abaixo não está corretamente relacionada com aqueles dias de tensão vividos no país?
  • A Após a renúncia de Jânio Quadros, enquanto Jango retornava de sua viagem à China, as forças políticas brasileiras se alinharam em dois grupos antagônicos, quase levando o país a uma guerra civil. Um dos grupos não aceitava a posse do vice-presidente João Goulart, e outro exigia que a Constituição fosse respeitada.
  • B A crise política de 1961 foi resolvida pelo Congresso Nacional, que instituiu o parlamentarismo, através de um Ato Adicional à Constituição de 1946. Assim, João Goulart tomaria posse, mas o governo seria exercido por um primeiro-ministro.
  • C Diante do impasse para a posse de João Goulart, o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, formou a Cadeia da Legalidade, uma rede de emissoras de rádio para defender a posse do vice-presidente. O movimento liderado por Brizola ganhou adesão do comandante do poderoso 3.º Exército, sediado no Rio Grande do Sul.
  • D O sistema parlamentarista, implantado em 1961 como solução para a crise política, deveria funcionar até 1965, ocasião em que seria realizado um plebiscito, através do qual a população decidiria acerca de sua permanência ou não. Era a segunda vez que o país adotava o sistema, uma vez que, durante o Segundo Reinado, foi instituído o parlamentarismo.
  • E Após a renúncia de Jânio Quadros, alguns grupos insistiram na “inconveniência” da posse de Jango, tido como agitador, comprometido com interesses comunistas, pertencente à corrente nacionalista e partidário da continuidade do Plano Trienal iniciado por Jânio Quadros. O Plano deveria ser aprimorado com a implantação das Reformas de Base, que contrariavam poderosos interesses. A totalidade das forças armadas estava contra Jango.
46
“Quando D. Pedro relutantemente voltou a Portugal, deixando seu filho de cinco anos de idade aos cuidados de uma sucessão de regentes, deixou também uma elite que estava dividida sobre como o Brasil deveria ser governado e, de fato, sobre que tipo de nação (ou nações) ele deveria ser. O resultado foi desastroso do ponto de vista do governo central. O Brasil mergulhou numa série de revoltas regionais. Essas revoltas serviam como um lembrete de que o Brasil estava sujeito às mesmas forças de fragmentação que dividiram a América espanhola em vários países separados. O Brasil sobreviveu como uma única nação, com a autoridade central derrotando com êxito todas as revoltas.”
(“Uma História do Brasil” – Thomas E. Skidmore)

Considere as seguintes afirmações sobre o que pode ser incluído nesse período:

I. A população do Pará tomou consciência de que a independência não trouxera transformações sociais. Os cabanos, população pobre que vivia em cabanas à margem dos rios, revoltaram-se, dominando a capital, executando o presidente da província e outras autoridades.
II. O médico Francisco Sabino liderou a Sabinada, movimento restrito às camadas médias urbanas da população de Salvador. Seus líderes recusaram-se a mobilizar as camadas populares, temerosos de uma maior radicalização no movimento.
III. O levante pernambucano chamado Confederação do Equador pretendeu espalhar-se pelas províncias do Nordeste. O movimento contou com a participação de elementos de diversas classes sociais. As suas ideias foram pregadas por dois jornalistas: Cipriano Barata e frei Joaquim do Amor Divino Caneca.
IV. A Revolução Farroupilha surgiu como fruto dos interesses econômicos e políticos pertencentes à elite da campanha rio-grandense e a outros setores que, por crenças políticas, se uniram em um projeto político que teve no federalismo sua bandeira.
V. A violenta Revolução Federalista, ocorrida no Rio Grande do Sul, tinha por objetivo a troca da oligarquia que estava no poder, representada por Júlio de Castilhos, pela liderada por Gaspar Silveira Martins, que fora alijada do poder.

Quais estão corretas?
  • A Apenas I e II.
  • B Apenas IV e V.
  • C Apenas I, II e III.
  • D Apenas I, II e IV.
  • E Apenas II, III e V.
47
“No Brasil, o rompimento com a metrópole portuguesa foi basicamente uma crise dinástica e política. Muita gente morreu na luta pela independência, mas os confrontos foram localizados e rápidos. O mais demorado e sangrento deles ocorreu na Bahia, onde a independência chegou quase dez meses depois do Grito do Ipiranga. É por isso que os baianos dão menor atenção ao Sete de Setembro e comemoram, com o entusiasmo de um carnaval fora de época, a independência em dois de julho, data da retirada das tropas portuguesas em 1823.
A observação foi feita pelo jornalista Jaime Klintowitz, autor de “A História do Brasil em 50 frases”. Considere as seguintes afirmativas e assinale aquela que o está relacionada com aquele momento histórico.
  • A As tropas portuguesas, partidárias do governo de Lisboa, chegaram a tomar de assalto o convento da Lapa na Bahia, assassinando a madre superiora. O confronto de Salvador deixou como legado a única mártir da independência, madre Joana Angélica.
  • B Para derrotar os focos rebeldes, o imperador interveio militarmente nas províncias. A chamada Guerra de Independência ocorreu em meio a grandes dificuldades pela falta de um exército organizado. A vitória de D. Pedro só foi possível graças às milícias populares e às forças navais, sob o comando de experientes militares brasileiros.
  • C Após a independência, algumas províncias se recusaram a reconhecer a autoridade de D. Pedro I e aceitá-lo como imperador. Eram províncias onde havia um grande número de portugueses, que optaram por permanecer fiéis a Portugal.
  • D A guerra de independência na Bahia teve a atuação destacada da jovem Maria Quitéria de Jesus, heroína militar brasileira. Maria Quitéria alistouse nas tropas brasileiras que lutavam pela independência na Bahia. Pela intrepidez com que lutou foi condecorada pessoalmente por D. Pedro I.
  • E Para afirmar sua autoridade como imperador de todo o Brasil, D. Pedro teve de enviar para as províncias rebeldes forças de terra e mar, contando com a participação de militares de outros países.
48
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, referentes a fatos ocorridos durante a permanência da família real no Brasil (1808-1821):

( ) O príncipe regente D. João assinou um decreto revogando o de sua mãe, dona Maria I, que proibia a instalação de manufaturas concorrentes à produção metropolitana. No mesmo decreto, D. João liberava a instalação de indústrias no Brasil e regulava a igualdade de tarifas alfandegárias para qualquer país estrangeiro, inclusive Portugal.
( ) Em 1817, a revolução desencadeada em Pernambuco mostrou que os limites da política joanina tenderiam a ser rompidos pelos brasileiros nos próximos anos. O movimento revolucionário, visando à independência, resultou da situação de crise econômica vivida pelo Nordeste.
( ) O velho sonho português de estender as fronteiras brasileiras até o Rio da Prata tornou-se realidade. As tropas luso-brasileiras dominaram Montevidéu, e a região foi anexada ao Brasil, passando a chamar-se Província Cisplatina. Ao conquistar sua independência, ganhou seu nome atual, Uruguai.
( ) Dentre as providências tomadas pela administração portuguesa no Brasil, teve considerável importância para o futuro cultural do país a vinda de uma missão de artistas franceses. Entre os artistas, veio o famoso pintor João Batista Debret, que retratou cenas do cotidiano brasileiro.

A sequência correta de preenchimentos dos parênteses, de cima para baixo, é:
  • A F – V – V – V
  • B V – V – V – V
  • C F – V – F – V
  • D F – F – V – V
  • E V – F – F – F
49

Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas


De acordo com o exposto acima e seus conhecimentos sobre a história dos Estados Unidos, analise as afirmações:


I. Após o sequestro, Solomon Northup só poderia ter sido levado para o sul dos Estados Unidos, cujos estados eram escravistas, base do trabalho latifundiário.

II. A história da escravização de Solomon Northup ocorreu depois da Guerra Civil americana ou Guerra de Secessão, conflito que teve um custo social de aproximadamente 600 mil mortos e terminou com o esmagamento do sul pelas tropas federais.

III. Uma das causas da Guerra Civil norte-americana envolveu as diferenças regionais entre o Norte, onde predominva uma economia agrícola, escravocrata, que produzia para o mercado externo, e o Sul, industrializado, que se utilizava do trabalho livre e era defensor de tarifas protecionistas, pois sua produção visava ao mercado interno.

IV. Terminada a Guerra Civil, o governo federal adotou um plano de reconstrução do país e procurou definir o papel do cidadão negro, cuja liberdade havia sido concedida mediante a 13.ª Emenda da Constituição.

V. Apesar da proibição da discriminação dos eleitores por motivos raciais, o eleitorado negro permaneceu afastado das urnas e o engajamento dessa massa de excluídos só se iniciaria no século XX; mesmo assim, a aquisição de plenos direitos de cidadania veio de forma lenta e gradual e ainda hoje permanece na pauta das discussões da sociedade norteamericana.



Quais estão corretas?

  • A Apenas I, II e III.
  • B Apenas II, IV e V.
  • C Apenas II, III e IV.
  • D Apenas I, a IV e a V.
  • E Apenas I, II, III e IV.
50
Em junho de 1941, a “Operação Barbarossa” mudou os rumos da Segunda Guerra Mundial. O ataque foi determinado pelo Führer, sem declaração de guerra ou ultimato, sob a justificativa de retaliar supostas "violações de fronteira". Hitler deu esse nome à operação em homenagem a Frederico I, o Barba-Ruiva, imperador do Sacro Império Germânico, que morreu participando da Terceira Cruzada, no século XII, contra o sultão Saladino, que havia retomado Jerusalém.

A Cruzada de Hitler, nessa operação foi contra a______1_____e envolvia a destruição do_____2______ e a conquista do chamado______3_____ .

Qual alternativa completa corretamente as lacunas 1, 2 e 3, respectivamente?
  • A França – capitalismo – espaço vital a oeste.
  • B Inglaterra – liberalismo – espaço vital ao norte.
  • C União Soviética – bolchevismo – espaço vital a leste.
  • D China- maoísmo- espaço vital oriental.
  • E Itália- fascismo- espaço vital ao sul.
51
Em 2014 acontece o centenário da Primeira Guerra Mundial. O conflito, iniciado em 1.º de agosto de 1914, se arrastou até o final de 1918, deixando enormes prejuízos materiais e humanos.
Sobre a Primeira Guerra Mundial e seus desdobramentos, assinale o que for correto:

I. Em termos globais, um balanço da Primeira Guerra Mundial assinala o deslocamento da supremacia econômica, financeira, política e militar da Europa para os Estados Unidos.
II. Uma das principais consequências da Primeira Guerra Mundial foi a radical mudança do mapa político europeu, pois vários países tiveram seus territórios ampliados, surgindo os Impérios Turco-Otomano, Germânico, Russo e Austro-Húngaro.
III. Outro fator de grande importância, fruto da Primeira Guerra Mundial, foi a derrubada do regime czarista na Rússia, substituído pelo primeiro Estado socialista da história.
IV. Em consequência dos tratados de paz da Primeira Guerra Mundial, surgem na Europa as condições para o posterior estabelecimento dos regimes nazi-fascistas, que impulsionaram o mundo a um segundo conflito mundial.

Quais estão corretas?
  • A Apenas I e II.
  • B Apenas I e III.
  • C Apenas II e IV.
  • D Apenas I, III e IV.
  • E I, II, III e IV.
52
Até o início do século XIX, a monarquia espanhola mantinha domínio colonial sobre vasta área do continente americano. A região estava dividida administrativamente em quatro grandes vice-reinos: Nova Espanha, Peru, Nova Granada e Prata, e quatro capitanias: Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile.

As afirmações sobre o processo de independência das colônias espanholas na América são verdadeiras, com exceção da alternativa:
  • A As lutas pela independência dessas regiões coloniais desenvolveram-se durante as três primeiras décadas do século XIX e o processo emancipatório foi um movimento único, pois as características ligadas à história de cada região eram comuns.
  • B Entre os elementos que contribuíram para que essas colônias buscassem a independência está o pensamento liberal do Iluminismo, que se difundiu entre setores da elite colonial hispano-americana e que já havia influenciado a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa.
  • C Os ideais antiabsolutistas, defendidos pelo liberalismo, serviram de justificativa filosófica para a luta contra o domínio colonial espanhol, uma vez que, na América Espanhola, o antiabsolutismo europeu traduziu-se em anticolonialismo.
  • D As lutas pela independência foram impulsionadas pela consciência das elites coloniais (criollos) de que os laços com o governo espanhol dificultava seu domínio mais pleno sobre as áreas da América em que estavam estabelecidas.
  • E A invasão francesa à Espanha, em 1808, quando o trono espanhol foi ocupado por José Bonaparte, irmão de Napoleão, desencadeou o processo de independência, pois as autoridades espanholas concentraram esforços na luta contra os franceses, o que gerou o enfraquecimento do controle administrativo sobre as colônias.
53
Leia os textos abaixo referentes à Revolução Francesa de 1789:

Texto 1. “A Revolução Francesa foi o modelo clássico de revolução burguesa. Os revolucionários colocaram fim ao absolutismo, mas mantiveram as transformações dentro dos limites dos interesses burgueses. Juntaram, no começo, quase toda a população contra o Antigo Regime. Contudo, depois, os vários projetos da sociedade levaram a lutas internas entre os próprios revolucionários. Finalmente, a alta burguesia deteve o controle da revolução e moldou as instituições do Novo Regime capitalista de acordo com seus interesses..
(COSTA, Luís César Amad; MELLO, Leonel Itaussu A. História Geral e do Brasil. São Paul:, Scipione; 1.ed., 2008; pág. 326)

Texto 2 . “A igualdade entre os homens não é tanto um problema de igualdade de riquezas, mas uma questão de igualdade de direitos.”
(VERGNIAUD. Discursos, 1793. Citado em). COTRIM, Gilberto. História Global. São Paulo: Saraiva, 2008, pág. 339)

Texto 3. “Não basta que a República se fundamente sobre a igualdade. É preciso que as leis e os costumes contribuam para que desapareçam as desigualdades econômicas.”
(LEPELETIER. Discursos, 1793. Citado em COTRIM, Gilberto. História Global. São Paulo: Saraiva, 2008, pág. 339)

De acordo com os textos 1, 2 e 3 e seus conhecimentos sobre o tema, analise as afirmações abaixo e assinale V (verdadeiro) ou F (Falso).

( ) Os três textos dialogam entre si, pois expressam, de certa forma, os vários projetos e ideias que se instalaram dentro do processo revolucionário, quando se chocaram interesses populares com os interesses burgueses.
( ) Para os burgueses, a liberdade e igualdade significavam aspirações ao direito de exercer livremente as atividades econômicas, podendo acumular, sem controle do monarca, riquezas e poder; a igualdade significava apenas a existência de direitos individuais estabelecidos legal e institucionalmente.
( ) Para os sans-culottes e os camponeses, as ideias de liberdade e igualdade tinham um sentido mais literal, de se soltar dos grilhões impostos pela rígida estrutura social e pela exploração econômica contidas nas obrigações feudais, conquistando, além de direitos civis e políticos, o direito de livre manifestação e participação política.
( ) O texto 2 expressa as ideias dos jacobinos, representantes da pequena e média burguesia e do proletariado de Paris, defensores de posições mais radicais e de interesse popular.
( ) O texto 3 expressa as ideias dos girondinos, facção que representava a alta burguesia e adeptos de posições mais moderadas, temendo que as camadas populares assumissem o controle da revolução.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
  • A F – V – V – F– F
  • B V – V – V – F – F
  • C F – F – F – V – V
  • D V – V – F – V – F
  • E F – F – V – V – V
54

“Na análise de muitos historiadores, a civilização grega (ou helênica) apresentou novidades marcantes que a diferenciam de seus contemporâneos. Ela desenvolveu, por exemplo, uma nova forma de pensar (a filosofia), de fazer política (a democracia) e arte (dramaturgia). Devido à sua influência, a Grécia Antiga é considerada por muitos como o berço da civilização ocidental.”
(COTRIM, Gilberto. História Global. São Paulo: Saraiva, 2008, pág.75)

Considerando o imenso e duradouro legado cultural da Grécia Antiga, assinale a única alternativa correta:

  • A O esplendor cultural grego ocorreu especialmente na cidade de Esparta, no século V a.C., quando a cidade viveu seu auge econômico, militar, político e cultural, pois lá viveram artistas e intelectuais que se destacaram em diversos campos.
  • B Em Atenas, todas as expressões artísticas (escultura, arquitetura, teatro, etc.) eram privadas, patrocinadas pelos mecenas, protetores da cultura, e as produções se encontravam em museus e residências.
  • C O teatro grego não era acessível a toda a população, pois somente os cidadãos podiam participar dos espetáculos, e os teatrólogos gregos só criavam textos dramáticos (as tragédias).
  • D A filosofia nasceu por volta do século VI a.C., promovendo o pensamento mitológico e a concepção de que só os conhecimentos secretos e misteriosos são capazes de levar ao conhecimento.
  • E A religião grega foi um dos principais elementos de vínculo cultural entre as cidades da Grécia Antiga, e entre as suas características podemos destacar o politeísmo e o antropomorfismo.
55

Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas


Juliano (Juliano Cazarré) e Joaquim (Júlio Andrade) são grandes amigos que ficam empolgados ao tomar conhecimento de Serra Pelada, [...]. A dupla resolve deixar São Paulo e partir para o local, sonhando com a riqueza. Só que, pouco após chegarem, tudo muda na vida deles: Juliano se torna um gângster, enquanto Joaquim deixa para trás os valores que sempre prezou.

Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-209317/>.Acesso em: 06 dez. 2013.

O cartaz e a sinopse do filme brasileiro lançado em 2013 trata do maior garimpo a céu aberto do mundo.
Esse garimpo ficou famoso na década de

  • A 1950, devido à grande corrida de exploração do ferro no estado do Maranhão.
  • B 1960, devido à grande corrida de diamantes no estado de Rondônia.
  • C 1970, devido à grande corrida de metais preciosos no estado do Amazonas.
  • D 1980, devido à grande corrida do ouro no estado do Pará.
  • E 1990, devido à grande corrida de diamantes, metais preciosos e ouro no estado do Amapá.
56
Juscelino Kubitschek chegou à Presidência da República do Brasil com a promessa de realizar nos 5 anos de mandato aquilo que, segundo ele, outros governantes levariam 50 anos para realizar. Para isso, ele instituiu um conjunto de medidas destinado a promover, a partir de vultosos investimentos, a dinamização da economia nas áreas de energia, transporte, indústria, educação e alimentos.

Esse conjunto de medidas consta do
  • A Plano Trienal, que se construiu com base numa visão marxista.
  • B Plano Real, que se construiu com base numa visão neoliberal.
  • C Plano de Metas, que se construiu com base numa visão desenvolvimentista.
  • D Plano de Integração Nacional, que se construiu com base numa visão liberal.
  • E Programa de Aceleração do Crescimento, que se construiu com base numa visão estruturalista.
57
A ditadura militar teve a duração de 21 anos, de 31 de março de 1964 a 15 de março de 1985. [...] Foi o mais longo período de supressão das liberdades políticas na história republicana do Brasil.

Revista Atualidades. São Paulo: Abril, edição 18, 2º sem. 2013, p.110.

O ano de 1968 foi um ano emblemático desse período porque nesse ano aconteceu o seguinte conjunto de episódios:
  • A a extinção dos partidos políticos, a decretação do AI-1 e a posse de Castelo Branco.
  • B a posse do presidente Costa e Silva, a decretação do AI-2 e o sequestro do embaixador dos EUA.
  • C a posse do general Geisel, o início da abertura lenta e gradual e o atentado ao Riocentro.
  • D a Marcha dos Cem Mil, o fechamento do Congresso e a decretação do AI-5.
  • E o fim do milagre econômico brasileiro, a posse do General Médici e a decretação do AI-5.
58
A abertura do caixão do ex-presidente João Goulart, morto em 1976, mostrou os restos mortais dele ainda com tecidos moles, 37 anos após a sua morte. A cena é triste. A surpresa é boa.

Revista Carta Capital. São Paulo: Confiança. Ano XIX, n. 776, 27 nov. 2013, p.23.

O texto faz referência à situação de uma boa surpresa porque isso permite
  • A garantia de sucesso da hipótese de morte por doença degenerativa.
  • B facilidade na investigação sobre suspeita de suicídio do presidente deposto.
  • C averiguação precisa sobre a possibilidade de presença de balas de revólver no corpo.
  • D segurança maior para o veredicto da investigação sobre suspeita de envenenamento.
  • E aceleração do processo de investigação sobre a provável morte por acidente de trânsito.
59

A Constituição que vigorava no Império tinha marcas de um outro tempo. Características que não cabiam mais na República e deveriam ser superadas. Nesse sentido, a principal mudança ocorrida foi a extinção do Poder Moderador. [...] A primeira Constituição republicana abolia essa característica da antiga Constituição e determinava a existência de apenas três poderes, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Para além disso, estabelecia também que os representantes dos dois primeiros seriam eleitos por voto popular direto.

Disponível em: <http://www.infoescola.com/direito/constituicao-de-1891/>. Acesso em: 30 nov. 2013. Adaptado.
Ainda que essa primeira Constituição da República representasse avanço adaptado à República recém - proclamada, alguns privilégios continuaram a existir.

O ano dessa primeira Constituição Republicana e um conjunto de aspectos restritivos aos direitos de cidadania presente nessa lei maior são, respectivamente,
  • A 1824 - proibição do voto feminino e do voto da população de baixa renda.
  • B 1889 - proibição do voto feminino e do voto dos analfabetos.
  • C 1890 - proibição do voto feminino, dos votos dos analfabetos e dos militares de baixa patente.
  • D 1891 - proibição do voto feminino, dos votos dos analfabetos, dos militares de baixa patente e dos religiosos.
  • E 1934 – proibição do voto feminino, estabelecimento de voto obrigatório para maiores de 18 anos e nacionalização das riquezas do subsolo e quedas d'água no país.
60

Euclides da Cunha – engenheiro, escritor, ativista republicano em 1889 e autor de [...] uma das mais importantes obras literárias brasileiras – certa vez definiu o Brasil como “o único caso histórico de uma nacionalidade feita por uma teoria política". Segundo ele, as instituições nacionais construídas no Império baseavam-se em conceitos políticos e filosóficos importados de fora, que pouco tinham a ver com a realidade observada nas ruas e nos campos de um território ermo, pobre e atrasado. O Brasil da teoria era diferente do Brasil da prática.

A construção desse país de sonhos estava confiada a uma aristocracia relativamente pequena, que mandava seus filhos estudar na França e na Inglaterra, [...] mas tirava sua riqueza da exploração da mão de obra cativa e do latifúndio.

GOMES, Laurentino. 1989. São Paulo: Globo, 2013, p.93.
A obra mais importante do escritor citado e as ideias que dominavam no debate das Universidades e salões da Europa, frequentados pelos filhos da aristocracia, no período mencionado, são, respectivamente,
  • A Os Sertões – ideias liberais.
  • B Vidas Secas – ideias marxistas.
  • C Raízes do Brasil – ideias nazifascistas.
  • D Grande Sertão Veredas – ideias totalitárias.
  • E Casa Grande e Senzala – ideias neoliberais.