Resolver o Simulado Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) - Professor - FCC - Nível Superior

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Português

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O bafo largo do animal revelava-lhe o porte, mas a densidade do escuro escondia tudo. Estavam como dois ruídos inimigos em lugar nenhum. Saberiam nada mais do que o ruído e o odor de cada um. Mediam a mútua coragem e o mútuo medo sem se poderem ver. O artesão pensou. Se o predador estivesse capaz já o teria mordido avidamente. Por isso, talvez se salvasse se lhe evitasse a boca pousada para um ou outro lado. Fez contas. A respiração aflita do companheiro vinha da sua esquerda, precisava claramente de conservar-se à direita, longe de dentes, mais seguro. Julgou que à luz do dia veria o inimigo e alguém o acudiria. Se lhe descessem uma lâmina haveria de a enfiar nas tripas nervosas do bicho e o saberia morto. Poderia descansar na sua provação, que era já coisa bastante para o arreliado do espírito que costumava ter.

A noite toda se foi medindo no exíguo espaço e prestou atenção àquela aflição contínua. Mas, com o dia, seguiu sem ver. A roda de céu que declinava ao chão transbordava, pelo que quase nada baixava. No fundo tão fundo eram só cegos. Foi quando Itaro distinguiu lucidamente o que lhe ocorria. Estar no fundo do poço era menos estar no fundo do poço e mais estar cego, igual a Matsu, a sua irmã. Estava, por fim, capturado pelo mundo da irmã. A menina habitava o radical puro da natureza.

(MÃE, Valter Hugo. A lenda do poço in Homens imprudentemente poéticos.

São Paulo: Biblioteca Azul, 2016, p. 124-125)

No texto, o narrador recorre a um enunciado paradoxal no seguinte trecho:

  • A a densidade do escuro escondia tudo (1º parágrafo)
  • B Saberiam nada mais do que o ruído (1º parágrafo)
  • C Poderia descansar na sua provação (1º parágrafo)
  • D A noite toda se foi medindo no exíguo espaço (2º parágrafo)
  • E Foi quando Itaro distinguiu lucidamente (2º parágrafo)
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O bafo largo do animal revelava-lhe o porte, mas a densidade do escuro escondia tudo. Estavam como dois ruídos inimigos em lugar nenhum. Saberiam nada mais do que o ruído e o odor de cada um. Mediam a mútua coragem e o mútuo medo sem se poderem ver. O artesão pensou. Se o predador estivesse capaz já o teria mordido avidamente. Por isso, talvez se salvasse se lhe evitasse a boca pousada para um ou outro lado. Fez contas. A respiração aflita do companheiro vinha da sua esquerda, precisava claramente de conservar-se à direita, longe de dentes, mais seguro. Julgou que à luz do dia veria o inimigo e alguém o acudiria. Se lhe descessem uma lâmina haveria de a enfiar nas tripas nervosas do bicho e o saberia morto. Poderia descansar na sua provação, que era já coisa bastante para o arreliado do espírito que costumava ter.

A noite toda se foi medindo no exíguo espaço e prestou atenção àquela aflição contínua. Mas, com o dia, seguiu sem ver. A roda de céu que declinava ao chão transbordava, pelo que quase nada baixava. No fundo tão fundo eram só cegos. Foi quando Itaro distinguiu lucidamente o que lhe ocorria. Estar no fundo do poço era menos estar no fundo do poço e mais estar cego, igual a Matsu, a sua irmã. Estava, por fim, capturado pelo mundo da irmã. A menina habitava o radical puro da natureza.

(MÃE, Valter Hugo. A lenda do poço in Homens imprudentemente poéticos.

São Paulo: Biblioteca Azul, 2016, p. 124-125)

Considere as seguintes afirmações sobre o texto:


I. Há uma conexão entre palavras que expressam a escuridão do fundo do poço e a progressão da evidência que vai se realizando no interior da personagem.

II. Do primeiro para o segundo parágrafo, marca-se a passagem da noite para o dia, ao mesmo tempo que se desenha a borda do poço acima.

III. A personagem Matsu também está dentro do poço junto a seu irmão Itaro, que, em um delírio, a vê como um animal feroz.


Está correto o que se afirma em

  • A II, apenas.
  • B I e III, apenas.
  • C I, II e III.
  • D II e III, apenas.
  • E I e II, apenas.
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O bafo largo do animal revelava-lhe o porte, mas a densidade do escuro escondia tudo. Estavam como dois ruídos inimigos em lugar nenhum. Saberiam nada mais do que o ruído e o odor de cada um. Mediam a mútua coragem e o mútuo medo sem se poderem ver. O artesão pensou. Se o predador estivesse capaz já o teria mordido avidamente. Por isso, talvez se salvasse se lhe evitasse a boca pousada para um ou outro lado. Fez contas. A respiração aflita do companheiro vinha da sua esquerda, precisava claramente de conservar-se à direita, longe de dentes, mais seguro. Julgou que à luz do dia veria o inimigo e alguém o acudiria. Se lhe descessem uma lâmina haveria de a enfiar nas tripas nervosas do bicho e o saberia morto. Poderia descansar na sua provação, que era já coisa bastante para o arreliado do espírito que costumava ter.

A noite toda se foi medindo no exíguo espaço e prestou atenção àquela aflição contínua. Mas, com o dia, seguiu sem ver. A roda de céu que declinava ao chão transbordava, pelo que quase nada baixava. No fundo tão fundo eram só cegos. Foi quando Itaro distinguiu lucidamente o que lhe ocorria. Estar no fundo do poço era menos estar no fundo do poço e mais estar cego, igual a Matsu, a sua irmã. Estava, por fim, capturado pelo mundo da irmã. A menina habitava o radical puro da natureza.

(MÃE, Valter Hugo. A lenda do poço in Homens imprudentemente poéticos.

São Paulo: Biblioteca Azul, 2016, p. 124-125)

Em suas quatro ocorrências, o pronome lhe, sublinhado no texto, refere-se à personagem

  • A Matsu em três ocasiões e ao animal em uma.
  • B Itaro em três ocasiões e ao animal em uma.
  • C Matsu em duas ocasiões, a Itaro em uma e ao animal em uma.
  • D Itaro em três ocasiões e a Matsu em uma.
  • E Itaro em duas ocasiões, a Matsu em uma e ao animal em uma.
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O bafo largo do animal revelava-lhe o porte, mas a densidade do escuro escondia tudo. Estavam como dois ruídos inimigos em lugar nenhum. Saberiam nada mais do que o ruído e o odor de cada um. Mediam a mútua coragem e o mútuo medo sem se poderem ver. O artesão pensou. Se o predador estivesse capaz já o teria mordido avidamente. Por isso, talvez se salvasse se lhe evitasse a boca pousada para um ou outro lado. Fez contas. A respiração aflita do companheiro vinha da sua esquerda, precisava claramente de conservar-se à direita, longe de dentes, mais seguro. Julgou que à luz do dia veria o inimigo e alguém o acudiria. Se lhe descessem uma lâmina haveria de a enfiar nas tripas nervosas do bicho e o saberia morto. Poderia descansar na sua provação, que era já coisa bastante para o arreliado do espírito que costumava ter.

A noite toda se foi medindo no exíguo espaço e prestou atenção àquela aflição contínua. Mas, com o dia, seguiu sem ver. A roda de céu que declinava ao chão transbordava, pelo que quase nada baixava. No fundo tão fundo eram só cegos. Foi quando Itaro distinguiu lucidamente o que lhe ocorria. Estar no fundo do poço era menos estar no fundo do poço e mais estar cego, igual a Matsu, a sua irmã. Estava, por fim, capturado pelo mundo da irmã. A menina habitava o radical puro da natureza.

(MÃE, Valter Hugo. A lenda do poço in Homens imprudentemente poéticos.

São Paulo: Biblioteca Azul, 2016, p. 124-125)

Depreende-se das orações que compõem a frase Se o predador estivesse capaz já o teria mordido avidamente (1º parágrafo) uma relação de

  • A passividade, expressa pela partícula apassivadora se.
  • B condição, expressa pela conjunção subordinante se.
  • C passividade, expressa pelo pronome pessoal se.
  • D reflexividade, expressa pelo pronome pessoal se.
  • E condição, expressa pela conjunção integrante se.
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            15 DE JULHO DE 1955. Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimentícios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela usar.

         Eu não tinha um tostão para comprar pão. Então eu levei 3 litros e troquei com o Arnaldo. Ele ficou com os litros e deu-me pão. Fui receber o dinheiro do papel. Recebi 65 cruzeiros. Comprei 20 de carne. 1 quilo de toucinho e 1 quilo de açúcar e seis cruzeiros de queijo. E o dinheiro acabou-se.

         Passei o dia indisposta. Percebi que estava resfriada. À noite o peito doía-me. Comecei tossir. Resolvi não sair à noite para catar papel. Procurei meu filho João José. Ele estava na rua Felisberto de Carvalho, perto do mercadinho. O ônibus atirou um garoto na calçada e a turba afluiu-se. Ele estava no núcleo. Dei-lhe uns tapas e em 5 minutos ele chegou em casa.

         Ablui as crianças e aleitei-as e ablui-me e aleitei-me. Esperei até às 11 horas, um certo alguém. Ele não veio. Tomei um melhoral e deitei-me novamente. Quando despertei o astro rei deslizava no espaço. A minha filha Vera Eunice dizia: − Vai buscar água, mamãe!

(Adaptado de: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada.

São Paulo: Editora Ática, 1992, p. 9)

Em Ele estava no núcleo (3º parágrafo), o pronome refere-se a

  • A Felisberto de Carvalho.
  • B ônibus.
  • C mercadinho.
  • D garoto.
  • E João José.
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            15 DE JULHO DE 1955. Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimentícios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela usar.

         Eu não tinha um tostão para comprar pão. Então eu levei 3 litros e troquei com o Arnaldo. Ele ficou com os litros e deu-me pão. Fui receber o dinheiro do papel. Recebi 65 cruzeiros. Comprei 20 de carne. 1 quilo de toucinho e 1 quilo de açúcar e seis cruzeiros de queijo. E o dinheiro acabou-se.

         Passei o dia indisposta. Percebi que estava resfriada. À noite o peito doía-me. Comecei tossir. Resolvi não sair à noite para catar papel. Procurei meu filho João José. Ele estava na rua Felisberto de Carvalho, perto do mercadinho. O ônibus atirou um garoto na calçada e a turba afluiu-se. Ele estava no núcleo. Dei-lhe uns tapas e em 5 minutos ele chegou em casa.

         Ablui as crianças e aleitei-as e ablui-me e aleitei-me. Esperei até às 11 horas, um certo alguém. Ele não veio. Tomei um melhoral e deitei-me novamente. Quando despertei o astro rei deslizava no espaço. A minha filha Vera Eunice dizia: − Vai buscar água, mamãe!

(Adaptado de: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada.

São Paulo: Editora Ática, 1992, p. 9)

Em O ônibus atirou um garoto na calçada e a turba afluiu-se (3º parágrafo), o verbo sublinhado está empregado na mesma acepção do verbo sublinhado em:

  • A O Amazonas aflui ao Atlântico.
  • B As lágrimas afluem-lhe aos olhos.
  • C Os torcedores fanáticos afluíram ao estádio.
  • D O sangue aflui em minhas veias.
  • E As estrelas afluíram no céu.
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        Esta coisa é a mais difícil de uma pessoa entender. Insista. Não desanime. Parecerá óbvio. Mas é extremamente difícil de se saber dela.

        Pois envolve o tempo. Nós dividimos o tempo quando ele na realidade não é divisível. Ele é sempre e imutável. Mas nós precisamos dividi-lo. E para isso criou-se uma coisa monstruosa: o relógio.

        Não vou falar sobre relógios. Mas sobre um determinado relógio. O meu jogo é aberto: digo logo o que tenho a dizer e sem literatura. Este relatório é a antiliteratura da coisa.

        O relógio de que falo é eletrônico e tem despertador. A marca é Sveglia, o que quer dizer “acorda”. Acorda para o que, meu Deus? Para o tempo. Para a hora. Para o instante. Esse relógio não é meu. Mas apossei-me de sua infernal alma tranquila.

        Não é de pulso: é solto portanto. Tem dois centímetros e fica de pé na superfície da mesa. Eu queria que ele se chamasse Sveglia mesmo. Mas a dona do relógio quer que se chame Horácio. Pouco importa. Pois o principal é que ele é o tempo.

(LISPECTOR, Clarice. O relatório da coisa. In:

Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p. 75)

A coisa difícil de uma pessoa entender de que fala o narrador em seu relatório se evidencia em:

  • A A marca é Sveglia, o que quer dizer “acorda”.
  • B Pois o principal é que ele é o tempo.
  • C Nós dividimos o tempo quando ele na realidade não é divisível. 
  • D Não vou falar sobre relógios.
  • E Mas apossei-me de sua infernal alma tranquila. 
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        Esta coisa é a mais difícil de uma pessoa entender. Insista. Não desanime. Parecerá óbvio. Mas é extremamente difícil de se saber dela.

        Pois envolve o tempo. Nós dividimos o tempo quando ele na realidade não é divisível. Ele é sempre e imutável. Mas nós precisamos dividi-lo. E para isso criou-se uma coisa monstruosa: o relógio.

        Não vou falar sobre relógios. Mas sobre um determinado relógio. O meu jogo é aberto: digo logo o que tenho a dizer e sem literatura. Este relatório é a antiliteratura da coisa.

        O relógio de que falo é eletrônico e tem despertador. A marca é Sveglia, o que quer dizer “acorda”. Acorda para o que, meu Deus? Para o tempo. Para a hora. Para o instante. Esse relógio não é meu. Mas apossei-me de sua infernal alma tranquila.

        Não é de pulso: é solto portanto. Tem dois centímetros e fica de pé na superfície da mesa. Eu queria que ele se chamasse Sveglia mesmo. Mas a dona do relógio quer que se chame Horácio. Pouco importa. Pois o principal é que ele é o tempo.

(LISPECTOR, Clarice. O relatório da coisa. In:

Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p. 75)

Esta coisa é a mais difícil de uma pessoa entender. Insista. Não desanime. Parecerá óbvio.


Mantém o sentido do trecho acima a seguinte redação:
  • A Esta é a coisa mais difícil de uma pessoa entender, então é óbvio insistir e desanimar.
  • B Esta coisa é a mais difícil de uma pessoa entender, insistir, desanimar, pois parecerá óbvio.
  • C Esta é a coisa mais difícil de uma pessoa entender, porque insiste e não desanima no que parecerá óbvio.
  • D Insista e não desanime nesta coisa que é a mais difícil de uma pessoa entender, porque parecerá óbvio.
  • E Parecerá óbvio de entender esta coisa que é a mais difícil de não desanimar, por isso insista.
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        Esta coisa é a mais difícil de uma pessoa entender. Insista. Não desanime. Parecerá óbvio. Mas é extremamente difícil de se saber dela.

        Pois envolve o tempo. Nós dividimos o tempo quando ele na realidade não é divisível. Ele é sempre e imutável. Mas nós precisamos dividi-lo. E para isso criou-se uma coisa monstruosa: o relógio.

        Não vou falar sobre relógios. Mas sobre um determinado relógio. O meu jogo é aberto: digo logo o que tenho a dizer e sem literatura. Este relatório é a antiliteratura da coisa.

        O relógio de que falo é eletrônico e tem despertador. A marca é Sveglia, o que quer dizer “acorda”. Acorda para o que, meu Deus? Para o tempo. Para a hora. Para o instante. Esse relógio não é meu. Mas apossei-me de sua infernal alma tranquila.

        Não é de pulso: é solto portanto. Tem dois centímetros e fica de pé na superfície da mesa. Eu queria que ele se chamasse Sveglia mesmo. Mas a dona do relógio quer que se chame Horácio. Pouco importa. Pois o principal é que ele é o tempo.

(LISPECTOR, Clarice. O relatório da coisa. In:

Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p. 75)

As expressões Sem literatura (3º parágrafo) e antiliteratura (3º parágrafo) correspondem, respectivamente, a

  • A escassez e contradição.
  • B subtração e anterioridade.
  • C ausência e oposição.
  • D antítese e falta.
  • E diminuição e temporalidade.
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        Esta coisa é a mais difícil de uma pessoa entender. Insista. Não desanime. Parecerá óbvio. Mas é extremamente difícil de se saber dela.

        Pois envolve o tempo. Nós dividimos o tempo quando ele na realidade não é divisível. Ele é sempre e imutável. Mas nós precisamos dividi-lo. E para isso criou-se uma coisa monstruosa: o relógio.

        Não vou falar sobre relógios. Mas sobre um determinado relógio. O meu jogo é aberto: digo logo o que tenho a dizer e sem literatura. Este relatório é a antiliteratura da coisa.

        O relógio de que falo é eletrônico e tem despertador. A marca é Sveglia, o que quer dizer “acorda”. Acorda para o que, meu Deus? Para o tempo. Para a hora. Para o instante. Esse relógio não é meu. Mas apossei-me de sua infernal alma tranquila.

        Não é de pulso: é solto portanto. Tem dois centímetros e fica de pé na superfície da mesa. Eu queria que ele se chamasse Sveglia mesmo. Mas a dona do relógio quer que se chame Horácio. Pouco importa. Pois o principal é que ele é o tempo.

(LISPECTOR, Clarice. O relatório da coisa. In:

Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p. 75)

As conjunções presentes em Não é de pulso: é solto portanto e em Pois o principal é que ele é o tempo expressam, respectivamente, ideias de

  • A explicação e confirmação.
  • B explicação e conclusão.
  • C conclusão e confirmação.
  • D conclusão e explicação.
  • E confirmação e conclusão.

História

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As políticas desenvolvimentistas dos anos 1950, levadas a cabo sobretudo nos governos de Getúlio Vargas e de Juscelino Kubitschek, acabaram por gerar dois efeitos colaterais em termos socioeconômicos, perceptíveis entre o fim dos anos 1950 e a década de 1960, tais como:

  • A o aumento dos índices de pobreza causado pela superexploração dos trabalhadores, e a diminuição da classe operária, uma vez que foram efetivados projetos de empreendedorismo rural.
  • B o incremento de impostos e tributos, devido aos custos demandados para se construir Brasília, e a devastação da Amazônia setentrional com vistas à ocupação demográfica e à exploração agrícola.
  • C a intensificação da desigualdade inter-regional, causada pela concentração de investimentos no centro-sul, e o aumento da migração interna, principalmente do Nordeste para o Sudeste do país.
  • D a crise do agronegócio monopolista, por causa da política de financiamento ao pequeno produtor, e a favelização da periferia das grandes cidades, acompanhando a instalação de grandes parques industriais.
  • E a erradicação do analfabetismo, resultante de políticas nacionais de alfabetização, e a urbanização do Centro-Oeste, em virtude da abertura de estradas e núcleos de povoamento.
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A libertação dos escravos na Província do Ceará, quatro anos antes da Lei Áurea, está inserida em contexto específico, marcado pela

  • A eleição do Partido Republicano para comandar a Província e pela insuficiente imigração europeia que, introduzida antes da abolição, não atendia às altas demandas por mão de obra local.
  • B revolta dos oficiais do Exército, majoritariamente republicanos, e pelo estímulo direto do Imperador, que era criticado pelos fazendeiros do café por ser simpático ao abolicionismo.
  • C atuação política dos maçons que comandavam a vida econômica da Província e pela rebelião geral dos escravos por conta da Lei Saraiva, em 1881.
  • D ação da Campanha Abolicionista, que contava com amplo apoio popular na Província, e pela ineficácia econômica do sistema escravista devido às características da economia regional.
  • E crise econômica da lavoura de cana, que não mais pagava os custos da escravidão, e pela introdução da pecuária que demandava trabalhadores livres.
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Entre as principais causas da chamada “Sedição de Juazeiro”, em 1914, estava a

  • A política de laicização da República, comandada por militares positivistas, que desagradou a Igreja Católica e fez com que os padres se tornassem líderes políticos.
  • B guerra entre famílias tradicionais pelo controle das pequenas cidades do Sertão, e a existência de um núcleo monarquista no interior do estado.
  • C política de valorização da produção de café por parte do governo federal, que retirava recursos do Norte do país e da pecuária, para investir no Sudeste.
  • D tensão camponesa na luta pela terra e a ação dos jagunços e cangaceiros, que exigiu uma intervenção do Exército para conter uma revolta popular.
  • E política de intervenções do governo federal nos estados, também conhecida como “política das salvações”, que interferia nas hegemonias locais que lhe eram contrárias.
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São exemplos da emergência do liberalismo como força política, nos séculos XVIII e XIX, respectivamente, os seguintes eventos históricos:

  • A Revolução Mexicana e Revolução de 1848 em Paris, que expressaram a luta da classe camponesa e operária.
  • B Guerra de Independência Americana e Santa Aliança, que afirmavam os direitos dos povos à autodeterminação.
  • C Revolução Americana e Revolução de Cádiz, que afirmavam os direitos naturais e a importância de um pacto constitucional.
  • D Restauração na França e Movimento Cartista inglês, que lutavam pelo sufrágio universal masculino e pela república.
  • E Revolução Francesa e Conspiração da Pólvora na Inglaterra, que derrubaram as monarquias vigentes e instauraram repúblicas liberais.
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Considere o texto a seguir.


Se queremos analisar o regime autoritário em suas diversas formas devemos examinar os estilos de liderança e os diferentes modos de conceber a relação entre o poder do Estado e a sociedade. As “ideologias” contêm um forte elemento utópico; as “mentalidades” estão mais próximas do presente ou do passado. Os sistemas totalitários têm ideologias, enquanto os regimes autoritários se baseiam em mentalidades peculiares, difíceis, portanto, de definir.

(LINZ, Juan apud: AVELAR, Lúcia. “Juan Linz. Um sociólogo de nosso tempo.” Tempo Social. Rev. de Sociologia da USP, São Paulo, 13(1): 203-227, maio de 2001, p. 211. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ts/v13n1/v13n1a13.pdf)


A comparação proposta no texto acima, segundo o autor,

  • A é inviável, pois os regimes autoritários são muito diferentes dos sistemas totalitários, já que estes últimos se baseiam na utopia e não na liderança.
  • B exige que se considerem, em cada caso, fatores comparativos como as ideologias, as mentalidades e a relação entre Estado e sociedade.
  • C leva à conclusão de que os sistemas totalitários são peculiares em seus estilos de liderança, portanto, mais complexos e indefiníveis.
  • D procede, uma vez que ideologias e mentalidades são equivalentes, sendo mais importante diferenciar, na verdade, um “sistema” de um “regime”.
  • E é complexa, pois os regimes totalitários estão presos ao passado, e os sistemas autoritários anunciam o futuro, por serem dotados de elementos utópicos.
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Considere o trecho a seguir.


Neste regime, […] a verdadeira força política, que no apertado unitarismo do Império residia no poder central, deslocou-se para os Estados. A política dos Estados, isto é, a política que fortifica os vínculos de harmonia entre os Estados e a União é, pois, na sua essência, a política nacional.

(SALES, Campos. Mensagem de 3 de maio de 1902. In: ____. Manifestos e mensagens. São Paulo: Fundap/Imprensa Oficial, 2007, p. 202)


O trecho acima revela uma estratégia política do Presidente Campos Sales, no começo da república brasileira, para pacificar as facções regionais e organizar sua relação com o poder central. Essa estratégia ficou conhecida na historiografia como Política

  • A das Salvações.
  • B do Café com Leite.
  • C dos Governadores.
  • D da Boa Vizinhança.
  • E da Espada.
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O absolutismo, como o próprio termo sugere, tem como base o poder absoluto do governante, que dessa forma

  • A age como déspota ou tirano, obedecendo a seus caprichos e interesses, sem a preocupação de justificar seu poder, expor sua imagem ou estabelecer alianças.
  • B centraliza o governo em suas mãos, exercendo, para isso, uma estratégia populista de comunicação para conquistar a aprovação dos setores emergentes da sociedade, como a burguesia.
  • C se torna o grande líder espiritual e religioso de seus país, fundando uma igreja baseada no culto personalista de sua figura e em regras por ele inventadas.
  • D assume o comando das Forças Armadas e passa a instituir um regime militar autoritário, com a finalidade de transferir gradativamente seus poderes para uma instituição estatal considerada sólida, absoluta e impessoal.
  • E exerce o poder amparado pela tese de que sua autoridade tem origem divina, e que a monarquia é o regime ideal de governo, capaz de assegurar vitórias militares, prosperidade e o sentimento de unidade em torno da figura de um soberano.
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Durante a II Guerra Mundial, o governo brasileiro implantou, no Ceará, o Serviço Especial de Mobilização dos Trabalhadores para a Amazônia (SEMTA). Esse organismo foi

  • A responsável pelo recrutamento dos chamados “soldados da borracha”, para assegurar a extração de látex nos seringais da Amazônia e a exportação dessa matéria-prima para os Aliados, por meio de acordos político-econômicos firmados entre Brasil e EUA.
  • B criado como parte dos Acordos de Washington, que estabeleceu compromissos entre o Brasil e os países Aliados no sentido da cooperação militar e econômica para ocupar e desenvolver a Amazônia, região de fronteiras porosas e vulnerável à invasão por parte dos países do Eixo.
  • C uma instituição de fachada, como exigia o contexto de guerra, que administrava as várias bases militares no Ceará e em outros estados nordestinos, encarregadas de garantir o fornecimento de combustíveis e outros insumos para a indústria norte-americana.
  • D resultado da política de Getúlio Vargas, que, para evitar uma revolta popular decorrente da calamidade social causada pela seca na região, criou frentes de trabalho na Amazônia visando o combate à fome e o assistencialismo social permanente às famílias.
  • E implementado pelo governo norte-americano como parte do acordo de que os Estados Unidos defenderiam o Brasil em caso de ataque inimigo, em troca da livre exploração da Amazônia para sanar suas necessidades de guerra e de mercado.
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O Estado brasileiro, no período após a independência e antes da proclamação da República, tinha como características políticas

  • A a ausência de separação entre Igreja e Estado, e a vigência do Código Manuelino como lei geral do Brasil.
  • B a sucessão de governos parlamentares, sob tutela monárquica, que buscaram assegurar a manutenção do trabalho escravo, e a ocupação de cargos políticos por representantes da maçonaria.
  • C o vínculo formal com Portugal, uma vez que não se tratava de um estado soberano e sim de “Reino Unido”, e a tradição do voto censitário nas eleições municipais.
  • D a disputa constante de poder entre um partido conservador, monarquista, e outro liberal, republicano, e problemas legais de indefinição das fronteiras no sul do território brasileiro.
  • E a existência de um exército nacional forte, responsável por anexações de territórios originais da América Hispânica, e oferta de ensino público e universal.
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Segundo os historiadores, um dos fatos que impactou o processo de abolição de escravatura no Brasil foi o Bill Aberdeen, que correspondeu

  • A ao documento aprovado pelo Parlamento Inglês em 1845 que declarava lícito deter e capturar navios que traficassem escravos africanos.
  • B ao acordo firmado entre Portugal e Inglaterra em 1864 para pôr fim à escravidão nas colônias portuguesas no prazo de dez anos.
  • C ao conjunto de regras que previram o fim paulatino da escravidão nos Estados Unidos da América como resultado do acordo de paz que pôs fim à guerra de Secessão.
  • D ao tratado firmado entre quatro países europeus no ano de 1870 dando liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir de então, nas suas colônias.
  • E à primeira declaração internacional, de 1855, que reconhecia o direito de liberdade como direito universal, extensivo a todas as pessoas integrantes de todos os povos inclusive escravos.

Noções de Informática

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O Windows 10, em português, possui os modos de inicialização normal, que carrega todos os drivers de dispositivos e serviços; de diagnóstico, que carrega apenas dispositivos e serviços básicos; e seletiva, em que o usuário pode selecionar o que quer carregar na inicialização. Após notar um problema no funcionamento do Windows, um usuário deseja definir o modo de inicialização de diagnóstico. Para chegar à janela onde será possível escolher tal modo de inicialização, pressionou a combinação de teclas Windows + R e, na janela de execução, digitou um comando e clicou no botão OK. O comando correto digitado pelo usuário foi

  • A msinit
  • B msmode
  • C restartmode
  • D msconfig
  • E winsetup
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Na sua configuração padrão, muitos servidores de e-mail vêm com o relay aberto, permitindo que eles sejam usados para enviar mensagens de e para qualquer rede ou domínio, independente dos endereços envolvidos serem da rede da organização ou não. Estes servidores são amplamente explorados para envio de SPAM.

Diversas redes bloqueiam a recepção de mensagens a partir de servidores que tenham sido ou estejam sendo usados para envio de SPAM, fazendo com que usuários do servidor com relay aberto não possam enviar mensagens a usuários dessas redes.

Para resolver este problema de relay aberto, deve-se configurar estes servidores corretamente. A configuração adequada deve permitir apenas:


− envio de mensagens com endereço de origem local e endereço de destino local ou externo;

− recepção de mensagens com endereço de origem local ou externo e endereço de destino local.


Tratam-se de servidores:

  • A UDP − User Datagram Protocol.
  • B ARP − Address Resolution Protocol.
  • C SMTP − Simple Mail Transfer Protocol.
  • D ICMP − Internet Control Mail Protocol.
  • E DNS − Domain Name Service.
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Considere, por hipótese, que um advogado foi encarregado de redigir uma petição no Microsoft Word 2013, em português, cujo trecho é exposto abaixo.


Douto Juiz da 9ª Vara da Fazenda Pública

João Martins, brasileiro, engenheiro, casado, portador da Cédula de Identidade RG n° 26789109-1 e inscrito no CPF n° 167234182-12, residente e domiciliado na Rua das Flores, 65, Vila Nova, Campinas, com endereço eletrônico joao@gmail.com, por intermédio do advogado que esta subscreve, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, expor e requerer o que segue [...]


Após concluir o texto, o advogado teve que selecionar o nome e os números do RG e CPF do requerente e sublinhá-los. Para selecionar esses três grupos de dados, que estão dispersos no texto, o advogado primeiro selecionou com o mouse o nome do requerente (João Martins), pressionou uma tecla e a manteve pressionada até selecionar com o mouse o número do RG (26789109-1) e do CPF (167234182-12). Em seguida, clicou na ferramenta Sublinhado do grupo Fonte da guia Página Inicial para sublinhar os dados selecionados. A tecla mantida pressionada pelo Advogado para selecionar o RG e o CPF foi

  • A INSERT
  • B ALT
  • C CTRL
  • D SHIFT
  • E F2
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Ao navegar na Internet utilizando os navegadores Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox ou Google Chrome, para aumentar o zoom da página, facilitando a leitura de conteúdos que tenham letra reduzida,

  • A pressiona-se [ALT][+] repetidas vezes, até se atingir o nível de zoom desejado.
  • B pressiona-se [CTRL][Z] e digita-se, no campo que aparece, o percentual de zoom que se deseja aumentar.
  • C mantém-se pressionada a tecla CTRL e gira-se o scroll do mouse em direção ao topo da tela.
  • D pressiona-se a tecla F12 e digita-se no campo que aparece o percentual de zoom que se quer aumentar.
  • E mantém-se pressionada a tecla SHIFT e gira-se o scroll do mouse em direção ao topo da tela.
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Um Procurador recebeu pessoalmente em um pen drive a nova versão de um software certificado pelo departamento de Tecnologia da Informação como legítimo e confiável, mas que os antivírus Kaspersky e Avast identificaram erroneamente como sendo um software malicioso, impedindo a instalação. Nesse caso, para poder instalar o software, a ação mais rápida e adequada que o Procurador terá que tomar será

  • A mudar o nome e a extensão do arquivo de instalação para nomes presentes na whitelist do antivírus, de forma que ele reconheça o arquivo como confiável.
  • B executar o arquivo como administrador do computador, de forma que terá permissão para executar o software sem o antivírus identificá-lo como malicioso.
  • C desabilitar a opção de firewall no antivírus, liberando o acesso do software ao sistema e, consequentemente, permitindo sua instalação.
  • D desinstalar o antivírus presente no computador e, depois do software ser instalado, instalar o antivírus novamente.
  • E pausar (ou desativar temporariamente) o antivírus pelo tempo necessário para instalar o software.
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Considere a planilha abaixo, criada no Microsoft Excel 2013, em português.


Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas


Na célula C6, foi calculado o valor da tarifa a pagar pelo consumidor Paulo Freitas, com base nas categorias de consumo presentes nas células B2 e B3. A fórmula usada considera que se os valores presentes nas células B2, B3 e B6 mudarem e o consumidor for enquadrado em outra categoria de consumo, o cálculo seja ajustado automaticamente. Tal fórmula, usada na célula C6, é

  • A =SE(B6<=30;B6*B$2;B6*B$3)
  • B =SE(B6<=30;B6*B$2:SEB6>30);B6*B$3$)
  • C =B6*B2
  • D =SE(B6<30;B6*B$2$;B6*B$3$)
  • E =SE(B6<=30;(B6*B$2);SENÃO(B6*B$3))
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Um Procurador solicitou ajuda ao suporte técnico para resolver um problema de conexão com a Internet em um computador que usa o sistema operacional Linux. O atendente do suporte solicitou a ele para informar o endereço IP do computador na rede. Para obter este endereço, em linha de comando, ele utilizou a instrução

  • A netsh -a
  • B ipconfig
  • C getip -a
  • D ifconfig
  • E ipaddress
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Para dar suporte à elaboração de demonstrações corporativas, um Analista de TI montou uma planilha criada no Microsoft Excel 2013, em Português. Posteriormente teve que fazer alguns ajustes e, para tanto, usou a função Transpor que

  • A converte um valor em texto com um formato de número específico.
  • B converte um intervalo de células vertical em um intervalo horizontal e vice-versa.
  • C substitui parte de uma cadeia de células por uma cadeia diferente.
  • D converte uma cadeia de texto que representa um número, em um número.
  • E substitui um texto antigo por outro novo em um intervalo de células.
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No Microsoft Outlook 2010, em português, as mensagens de e-mail excluídas da Caixa de Entrada são depositadas na pasta Mensagens Excluídas. Para eliminar todas as mensagens da pasta Mensagens Excluídas de uma só vez, liberando o espaço ocupado por elas, deve-se

  • A clicar com o botão direito do mouse sobre o nome da pasta Mensagens Excluídas e selecionar a opção Esvaziar Pasta.
  • B selecionar a pasta Mensagens Excluídas e pressionar a tecla Delete.
  • C clicar com o botão direito do mouse sobre o nome da pasta Mensagens Excluídas e selecionar a opção Excluir Pasta.
  • D selecionar a pasta Mensagens Excluídas e pressionar a combinação de teclas Ctrl + Alt + Delete.
  • E selecionar a pasta Mensagens Excluídas, clicar na guia Ferramentas e na opção Limpar Pasta.
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O uso do encurtador de URL Bitly, nas postagens em redes sociais,

  • A tem por função principal alterar a estrutura funcional do site ao qual o usuário será direcionado
  • B foi criado com o objetivo de implementar melhorias de conteúdo no site ao qual ele direciona o usuário.
  • C facilita a visualização do número de acessos a um site por quantidade de cliques dos usuários.
  • D serve como link alternativo de sites com conteúdo mais sintético do que o contido no link original.
  • E é feito para direcionar o usuário a sites similares com maior velocidade de carregamento do que o site original.