A criptografia é considerada a ciência e a arte de escrever mensagens em forma cifrada ou em código, constituindo um dos principais mecanismos de segurança que se pode usar para se proteger dos riscos associados ao uso da Internet. Dentre os métodos criptográficos, um é descrito a seguir.
• Emprega duas chaves distintas, uma pública, que pode ser livremente divulgada, e uma privada, que deve ser mantida em segredo por seu dono. • Quando uma informação é codificada com uma das chaves, somente a outra chave do par pode decodificá-la. • A chave privada pode ser armazenada de diferentes maneiras, como um arquivo no computador, um smartcard ou um token. • RSA, DSA, ECC e Diffie-Hellman são exemplos de métodos criptográficos que usam esse método criptográfico.
O método descrito é conhecido como criptografia de chave:
Quando falamos em problemas de segurança da informação, há inúmeros fatores que acarretam a perda e/ou violação dos dados de uma empresa. A respeito da Segurança da Informação, assinale a única alternativa INCORRETA:
Para obtenção de uma assinatura digital, é necessária uma Autoridade Certificadora (AC) que faça esse serviço, tendo como função averiguar a identidade de um usuário e agregar a ele uma chave. Esse conjunto de informações é introduzido em um documento denominado certificado digital. Assinale a única alternativa INCORRETA a respeito da Certificação Digital:
Considere o mecanismo de busca avançada do MS Word aplicado num documento cujo conteúdo é exibido a seguir.
Bananas Batatas Baratas Barata Barraca
Suponha uma busca cujo texto a localizar é
Ba?ata*
e apenas a opção Usar caracteres curinga tenha sido assinalada.
A lista de palavras localizadas seria:
No Windows 10, o Gerenciador de Tarefas permite o monitoramento da utilização de recursos do sistema em termos de utilização e atividade.
A lista que contém apenas recursos monitorados por meio da guia Desempenho é:
Daniela frequentemente redige e edita documentos e, sempre que imprime algum deles, exibe no texto impresso o nome do arquivo, juntamente com a pasta onde está localizado e a data da última gravação.
Ao pesquisar, no LibreOffice Writer e no MS Word, sobre a disponibilidade de recursos de edição para automatizar totalmente essas informações, Daniela concluiu corretamente que:
Nas configurações do Google Chrome, na seção de Privacidade e Segurança, a opção Limpar dados de navegação NÃO permite remover:
As planilhas eletrônicas MS Excel e LibreOffice Calc permitem a especificação de fórmulas que incluem referências às células. Nesse contexto, a fórmula localizada na célula A1 que estaria indevidamente construída é:
João preparou uma planilha que contém, nas colunas F e G, uma lista de códigos e nomes correspondentes. Os códigos das células F6, F7 e F8 são M001, M010 e M999, respectivamente. Nas células G6, G7 e G8, os nomes são Pedro, João e Maria, respectivamente.
João deseja construir uma fórmula na célula A12 de modo que nesta seja exibido o nome correspondente ao código que tenha sido digitado na célula A11.
Essa fórmula deve ser:
Matheus está preparando um volumoso relatório no MS Word, no qual os cabeçalhos são diferentes entre si em pelo menos dez trechos do documento.
O recurso de edição que permite preparar o texto dessa forma é:
Sobre o uso de tabelas no MS Word e no LibreOffice Writer, considere as afirmativas a seguir.
I. O Word permite que o conteúdo de uma célula seja uma tabela. II. O Writer permite que o conteúdo de uma célula seja uma tabela. III. O Writer permite inserir numa célula uma fórmula matemática que efetue cálculos a partir dos valores contidos em outras células. IV. O Writer permite a inclusão de uma imagem numa célula.
O número de afirmativas corretas é:
Computadores de mesa e notebooks requerem a instalação de um sistema operacional para funcionar.
Uma função que NÃO faz parte das atribuições de um sistema operacional como o Windows 10 é o gerenciamento de:
Considere as seguintes afirmativas a respeito do comando Classificar, disponível na guia Dados do MS Excel.
I. É preciso que haja pelo menos uma célula preenchida para que esse comando seja executado. II. É preciso que haja pelo menos uma célula selecionada para que esse comando seja executado. III. As colunas podem ser ordenadas da esquerda para a direita. IV. As linhas são ordenadas de cima para baixo. V. O critério de ordenação de linhas pode incluir no máximo três colunas.
O número de afirmativas corretas é:
A figura abaixo ilustra o acesso à pasta EMGEPRON, em um formato de exibição, por meio do caminho , em um microcomputador com sistema operacional Windows 10 BR, com destaque para a visualização dos arquivos armazenados nessa pasta. O formato de exibição está indicado na seguinte opção:
Um funcionário da EMGEPRON utilizou o pacote MS Office 2019 BR em seu microcomputador e realizou os procedimentos a seguir.
I. No Word, acionou um ícone por meio do ponteiro do mouse para aumentar o recuo de um parágrafo, movendo-o para mais distante da margem. II. No Powerpoint, abriu uma apresentação de slides já armazenada no disco rígido e, estando com o slide 23 em modo de edição, executou um atalho de teclado que realizou a exibição da apresentação a partir do slide 23.
O ícone em I e o atalho de teclado em II são, respectivamente:
A planilha da figura foi criada no software Calc da suíte LibreOffice 7.0,64 bits, versão em português, tendo sido realizados os procedimentos a seguir.
I. Em E7 foi inserida uma expressão para determinar o menor entre todos os números nas células A5, A6, A7 e A8, havendo a possibilidade de se utilizar as funções MENOR e MÍNIMO. II. Em E9 foi inserida uma expressão usando as funções SE e MOD para mostrar uma das mensagens “PAR” ou 'ÍMPAR”, a partir da avaliação do número digitado na célula A8. As expressões válidas a serem inseridas em E7 e em E9, que atendam às condições estabelecidas em I e em II são, respectivamente:
Com a finalidade de prover segurança aos equipamentos de informática, atualmente é necessário dotar os sistemas computacionais, notadamente os servidores de rede, de um sistema alternativo de energia, que constitui um dispositivo destinado a suprir a alimentação elétrica dos equipamentos a ele acoplados quando é interrompido o fornecimento pela concessionária de energia elétrica, evitando a paralisação da atividade realizada nesses equipamentos. Para isso, esse acessório utiliza baterias de 12 volts de corrente contínua que são transformados em 110 ou 220 volts de corrente alternada, sendo que o tempo de funcionamento durante a falta de energia da rede elétrica dependerá da potência das baterias. Esse acessório de proteção é conhecido por:
No que diz respeito ao uso dos recursos do browser Google Chrome, versão em português, um funcionário de nível médio está acessando o site da empresa por meio da URL https://www.marinha.mil.br/emgepron/pt-br e precisou realizar uma pesquisa na página visualizada na tela do monitor de vídeo do notebook. Para isso, ele executou um atalho de teclado que exibiu a janela de diálogo , no canto superior direito da tela, na qual ele digitou a palavra NAVAL a ser pesquisada. O atalho de teclado é:
Um técnico em informática criou uma planilha no software Calc da suíte LibreOffice 7.0 64 bits, versão em português, tendo realizados os procedimentos listados a seguir.
I. Em D9 inseriu a expressão =PROCV(A5;A4:D7;4;1). II. Em D11 inseriu a expressão =CONT.SE(B4:C6;"*"). Nessas condições, os valores mostrados nas células D9 e D11 são, respectivamente:
As distribuições Linux oferecem aos usuários a possibilidade de interagir com o sistema operacional por meio de um gerenciador de pastas e arquivos semelhante ao Explorer, disponível nas versões do Windows 7 como no 8.1 BR. Dois exemplos desses gerenciadores no Linux são:
Um técnico de informática está trabalhando em um notebook com sistema operacional Windows 10 BR. Nesse contexto, ele realizou os procedimentos listados a seguir.
I. Executou um atalho de teclado para mostrar na tela o ambiente gráfico do explorador de arquivos. II. Nesse explorador, selecionou a pasta C:/CONTRATOS. Em seguida, executou outro atalho de teclado para selecionar todos os arquivos armazenados nessa pasta.
Os atalhos de teclado em I e II são, respectivamente:
O sistema de processamento de dados da EMGEPRON opera com base nas características listadas a seguir.
I. O sistema implantado funciona 24 horas por dia, possibilita a interação operador-máquina, não existindo armazenamento intermediário de dados. II. Não há necessidade de agrupar as tarefas para posterior processamento, pois todas as transações alimentam o sistema central de imediato, no momento em que ocorrem. O processamento está sempre atualizado e as informações são processadas no mesmo momento em que são registradas. São exemplos os créditos de celulares, as operações financeiras, e as operações com cartões de crédito e débito para o usuário. III. O tempo de resposta do sistema é o menor possível, sendo preocupação do administrador do sistema manter esse parâmetro com requisito básico a ser atendido. O dado é processado no momento em que é informado. O processamento é imediato, as informações são processadas no momento em que são registradas, gerando um novo processamento subsequente. São exemplos os sistemas de piloto automático, os de reserva de passagens aéreas e o de GPS.
Essas caraterísticas indicam que o sistema opera na seguinte modalidade:
Um técnico em informática está digitando um texto no Word 2019 BR e acionou um ícone de uma guia da Barra de Menu existente na Faixa de Opções do editor para realizar a verificação de ortografia e gramática. A guia e o ícone são, respectivamente:
As sociedades administradoras de cartões de crédito
As Bolsas são ambientes físicos ou virtuais organizados para compra e venda de ações, derivativos e outros valores mobiliários. Para que as transações ocorram, é necessário que funcione, de forma harmoniosa, toda uma cadeia de serviços de negociação e pós-negociação, o que, no Brasil, caracteriza o setor como sendo
No que tange aos desafios dos bancos na era digital, assinale a alternativa correta.
As entidades representativas das instituições financeiras, a exemplo da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), têm envidado esforços para a criação e o aprimoramento contínuo de sistemas de autorregulação destinados a reforçar publicamente o compromisso do setor financeiro com a observância dos princípios da integridade, equidade, transparência, sustentabilidade e confiança, orientando, no relacionamento com o consumidor, o atendimento das necessidades e dos interesses deste de forma justa, digna e cortês, a fim de garantir a respectiva liberdade de escolha e a tomada de decisões conscientes, sem prejuízo da adoção de políticas e medidas voltadas à responsabilidade socioambiental, prevenção de situações de conflitos de interesse e de fraude, além da prevenção e do combate à corrupção, à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.
No que se refere aos sistemas de autorregulação mencionados, assinale a alternativa correta.
Assinale a alternativa que indica objetivo(s) das ações de marketing de relacionamento com o cliente.
Considerando as características específicas das sociedades por ações ou “companhias”, assinale a alternativa correta.
Ao dirigir-se ao atendimento de uma empresa, o cliente espera que o comportamento do atendente seja pautado em cordialidade e presteza, como rege a etiqueta empresarial. Com base no exposto, assinale a alternativa que condiz com as práticas de etiqueta empresarial, pelas quais se almeja construir uma boa imagem organizacional, promover o bom convívio e evitar constrangimentos no ambiente profissional.
A Lei nº 9.613/1998 tipifica, no respectivo art. 1º , os crimes de lavagem de dinheiro, com enquadramento penal básico consistente na ocultação ou dissimulação da natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal, ao tempo em que estabelece, nos arts. 2º a 7º , disposições especiais referentes a processo e julgamento, bem como aos efeitos pessoais e patrimoniais de eventual condenação.
Considerando os aspectos legais referentes à lavagem de dinheiro e o fato de que ela se desenvolve em fases que eventualmente se superpõem ou comunicam, assinale a alternativa correta.
Buscando superar o desafio de mensurar a satisfação dos clientes de serviços, os autores Parasuraman, Zeithaml e Berry desenvolveram uma escala multidimensional de mensuração da qualidade em serviços percebida pelos clientes – a escala SERVQUAL, que se tornou referência na literatura de marketing de serviços. Os autores afirmam que maior será a percepção de qualidade – e, consequentemente, a satisfação do cliente – quanto menores forem as lacunas das expectativas do cliente e as entregas efetivas do serviço pela organização.
Com relação às premissas da teoria que fundamenta a escala SERVQUAL, assinale a alternativa correta.
A pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2019 revelou que, entre 2017 e 2018, as transações realizadas por meio de canais digitais cresceram 16%, totalizando 60% das transações bancárias. A respeito do uso dos canais digitais, assinale a alternativa correta.
Conforme o Código de Defesa do Consumidor, acerca da natureza, das regras e dos princípios que regem as relações de consumo e dos direitos básicos do consumidor, daqueles(as) que integram as relações de consumo, assinale a alternativa correta.
Por meio do Comunicado nº 33.455/2019, o Banco Central aprovou os requisitos fundamentais para a implementação do Sistema Financeiro Aberto (open banking) no Brasil. De acordo com o modelo proposto, o conceito de open banking refere-se à (ao)
O grau de êxito econômico obtido por uma organização em relação ao capital investido denomina-se:
Considere uma instituição financeira autorizada a operar três carteiras: a carteira de desenvolvimento, a carteira de crédito imobiliário e uma outra carteira. Com base apenas nessas informações, é correto afirmar que a instituição
O sistema bancário vem passando por um processo acelerado de transformação digital. Entretanto, o nível de maturidade digital varia de banco para banco. A respeito desse assunto, assinale a alternativa correta.
A atividade principal de uma sociedade administradora de cartão de crédito, pessoa jurídica não financeira, é a prestação de serviços remunerados, e não a intermediação financeira. Suponha que o titular de um cartão de crédito não efetuou o pagamento integral do saldo devedor na data do vencimento da fatura. Nesse caso, o cliente entra automaticamente no crédito rotativo do cartão, que é
Quanto às diferenças entre bancos digitalizados e bancos digitais, assinale a alternativa correta.
A alienação de direitos creditórios para uma sociedade mercantil, decorrentes de vendas a prazo, em que o cedente não responde pela solvência do devedor, caracteriza uma operação de
A respeito das definições de startups e dos respectivos tipos e nichos de atuação, assinale a alternativa correta.
A Resolução CMN nº 3.919/2010 classifica os serviços prestados por instituições financeiras a pessoas naturais como essenciais, prioritários, especiais e diferenciados. Considere um cliente que possui uma conta de depósitos à vista e contratou o pacote padronizado de serviços prioritários. Se, na data da cobrança da tarifa, o saldo disponível, inclusive o limite de crédito, for inferior ao valor da tarifa do pacote contratado, a instituição financeira poderá
TEXTO II
Disponível em: http://www.tudojuntoemisturado.info/2017/01/tirinhas-armandinho.html.
No segundo quadrinho, a palavra “tatuíras” é acentuada, pois
TEXTO III
Seu pai a trazia às vezes, aos domingos, quando vinha cumprir o piedoso dever de amizade, visitando Quaresma. Há quanto tempo estava ele ali? Ela não se lembrava ao certo; uns três ou quatro meses, se tanto.
Só o nome da casa metia medo. O hospício! É assim como uma sepultura em vida, um semi-enterramento, enterramento do espírito, da razão condutora, de cuja ausência os corpos raramente se ressentem.
A saúde não depende dela e há muitos que parecem até adquirir mais força de vida, prolongar a existência, quando ela se evola não se sabe por que orifício do corpo e para onde. Com que terror, uma espécie de pavor de coisa sobrenatural, espanto de inimigo invisível e onipresente, não ouvia a gente pobre referir-se ao estabelecimento da Praia das Saudades! Antes uma boa morte, diziam.
No primeiro aspecto, não se compreendia bem esse pasmo, esse espanto, esse terror do povo por aquela casa imensa, severa e grave, meio hospital, meio prisão, com seu alto gradil, suas janelas gradeadas, a se estender por uns centos de metros, em face do mar imenso e verde, lá na entrada da baía, na Praia das Saudades. Entrava-se, viam-se uns homens calmos, pensativos, meditabundos, como monges em recolhimento e prece.
De resto, com aquela entrada silenciosa, clara e respeitável, perdia-se logo a ideia popular da loucura; o escarcéu, os trejeitos, as fúrias, o entrechoque de tolices ditas aqui e ali.
Não havia nada disso; era uma calma, um silêncio, uma ordem perfeitamente naturais. No fim, porém, quando se examinavam bem, na sala das visitas, aquelas faces transtornadas, aqueles ares aparvalhados, alguns idiotas e sem expressão, outros como alheados e mergulhados em um sonho íntimo sem fim, e via-se também a excitação de uns, mais viva em face à atonia de outros, é que se sentia bem o horror da loucura, o angustioso mistério que ela encerra, feito não sei de que inexplicável fuga do espírito daquilo que se supõe o real, para se apossar e viver das aparências das coisas ou de outras aparências das mesmas.
Quem uma vez esteve diante deste enigma indecifrável da nossa própria natureza, fica amedrontado, sentindo que o gérmen daquilo está depositado em nós e que por qualquer coisa ele nos invade, nos toma, nos esmaga e nos sepulta numa desesperadora compreensão inversa e absurda de nós mesmos, dos outros e do mundo. Cada louco traz em si o seu mundo e para ele não há mais semelhantes: o que foi antes da loucura é outro muito outro do que ele vem a ser após.
O vocábulo em destaque na frase “aqueles ares aparvalhados” tem o sentido de
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.
Após ser rejeitado pelos irmãos, filhote de macaco passa dia com bichos de pelúcia em zoo e noite na casa de veterinária em SC
Bebê necessita de cuidados intensos 24 horas. Ações em ambientes reservados servem para simular cuidados maternos e garantir sobrevivência do animal.
Por Carolina Fernandes e Dagmara Spautz, G1 - SC e NSC
09/06/2021
Um filhote de macaco-caranguejeiro está sob os cuidados de uma veterinária na sua casa durante a noite após ser rejeitado pela família no zoológico de Balneário Camboriú, no Litoral Norte catarinense.
Já durante o dia, no zoológico, Iuri, como foi apelidado pelos cuidadores, é mantido reservado em local com bichos de pelúcia, cobertores, leite especial e mamadeiras.
Desde que nasceu, em fevereiro, Iuri não foi bem recebido pelos irmãos e a convivência familiar ficou perigosa.
Por isso, a equipe responsável optou por isolá-lo, mas em razão dos cuidados intensos necessários, o grupo decidiu que Iuri passaria um período na residência da veterinária, Samara de Oliveira Freitas.
Segundo a bióloga responsável pela equipe, Marcia Regina Gonçalves Achutti, ele vem se desenvolvendo com saúde. Enquanto isso, a veterinária Samara de Oliveira Freitas cuida dele em casa durante à noite.
(...)
A veterinária explica que o animal ainda mantém contato com os seus semelhantes e não fica totalmente isolado. Segundo ela, assim que o bebê se adaptar à alimentação sólida, a reaproximação com os pais e os irmãos será feita.
"Esse é um processo cheio de etapas e cuidados. Nos próximos meses será feita a adaptação de alimentação mais sólida e semelhante à dos adultos. A gente tem que fazer a reintrodução aos poucos para ele e para o grupo aceitar ele. Mas sempre avaliando os possíveis risco que ele possa sofrer", conclui Samara.
(...)
https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2021/06/09/apos-ser-rejeitado-pelos-irmaos-filhote-de-macaco-passa-dia-com-bichos-de-pelucias-em-zoo-e-noite-na-ca sa-de-veterinaria-em-sc.ghtml (Acesso em 09/06/2021 - Adaptado)
O uso da variante culta da língua, sem ocorrência de transgressão, predomina ao longo de todo o texto, o que reforça o estilo da escrita formal no campo da notícia jornalística.
O trecho que exemplifica ocorrência de linguagem informal nesse texto é:
TEXTO III
Seu pai a trazia às vezes, aos domingos, quando vinha cumprir o piedoso dever de amizade, visitando Quaresma. Há quanto tempo estava ele ali? Ela não se lembrava ao certo; uns três ou quatro meses, se tanto.
Só o nome da casa metia medo. O hospício! É assim como uma sepultura em vida, um semi-enterramento, enterramento do espírito, da razão condutora, de cuja ausência os corpos raramente se ressentem.
A saúde não depende dela e há muitos que parecem até adquirir mais força de vida, prolongar a existência, quando ela se evola não se sabe por que orifício do corpo e para onde. Com que terror, uma espécie de pavor de coisa sobrenatural, espanto de inimigo invisível e onipresente, não ouvia a gente pobre referir-se ao estabelecimento da Praia das Saudades! Antes uma boa morte, diziam.
No primeiro aspecto, não se compreendia bem esse pasmo, esse espanto, esse terror do povo por aquela casa imensa, severa e grave, meio hospital, meio prisão, com seu alto gradil, suas janelas gradeadas, a se estender por uns centos de metros, em face do mar imenso e verde, lá na entrada da baía, na Praia das Saudades. Entrava-se, viam-se uns homens calmos, pensativos, meditabundos, como monges em recolhimento e prece.
De resto, com aquela entrada silenciosa, clara e respeitável, perdia-se logo a ideia popular da loucura; o escarcéu, os trejeitos, as fúrias, o entrechoque de tolices ditas aqui e ali.
Não havia nada disso; era uma calma, um silêncio, uma ordem perfeitamente naturais. No fim, porém, quando se examinavam bem, na sala das visitas, aquelas faces transtornadas, aqueles ares aparvalhados, alguns idiotas e sem expressão, outros como alheados e mergulhados em um sonho íntimo sem fim, e via-se também a excitação de uns, mais viva em face à atonia de outros, é que se sentia bem o horror da loucura, o angustioso mistério que ela encerra, feito não sei de que inexplicável fuga do espírito daquilo que se supõe o real, para se apossar e viver das aparências das coisas ou de outras aparências das mesmas.
Quem uma vez esteve diante deste enigma indecifrável da nossa própria natureza, fica amedrontado, sentindo que o gérmen daquilo está depositado em nós e que por qualquer coisa ele nos invade, nos toma, nos esmaga e nos sepulta numa desesperadora compreensão inversa e absurda de nós mesmos, dos outros e do mundo. Cada louco traz em si o seu mundo e para ele não há mais semelhantes: o que foi antes da loucura é outro muito outro do que ele vem a ser após.
No trecho “Não havia nada disso...”, o termo em destaque refere-se
TEXTO III
Seu pai a trazia às vezes, aos domingos, quando vinha cumprir o piedoso dever de amizade, visitando Quaresma. Há quanto tempo estava ele ali? Ela não se lembrava ao certo; uns três ou quatro meses, se tanto.
Só o nome da casa metia medo. O hospício! É assim como uma sepultura em vida, um semi-enterramento, enterramento do espírito, da razão condutora, de cuja ausência os corpos raramente se ressentem.
A saúde não depende dela e há muitos que parecem até adquirir mais força de vida, prolongar a existência, quando ela se evola não se sabe por que orifício do corpo e para onde. Com que terror, uma espécie de pavor de coisa sobrenatural, espanto de inimigo invisível e onipresente, não ouvia a gente pobre referir-se ao estabelecimento da Praia das Saudades! Antes uma boa morte, diziam.
No primeiro aspecto, não se compreendia bem esse pasmo, esse espanto, esse terror do povo por aquela casa imensa, severa e grave, meio hospital, meio prisão, com seu alto gradil, suas janelas gradeadas, a se estender por uns centos de metros, em face do mar imenso e verde, lá na entrada da baía, na Praia das Saudades. Entrava-se, viam-se uns homens calmos, pensativos, meditabundos, como monges em recolhimento e prece.
De resto, com aquela entrada silenciosa, clara e respeitável, perdia-se logo a ideia popular da loucura; o escarcéu, os trejeitos, as fúrias, o entrechoque de tolices ditas aqui e ali.
Não havia nada disso; era uma calma, um silêncio, uma ordem perfeitamente naturais. No fim, porém, quando se examinavam bem, na sala das visitas, aquelas faces transtornadas, aqueles ares aparvalhados, alguns idiotas e sem expressão, outros como alheados e mergulhados em um sonho íntimo sem fim, e via-se também a excitação de uns, mais viva em face à atonia de outros, é que se sentia bem o horror da loucura, o angustioso mistério que ela encerra, feito não sei de que inexplicável fuga do espírito daquilo que se supõe o real, para se apossar e viver das aparências das coisas ou de outras aparências das mesmas.
Quem uma vez esteve diante deste enigma indecifrável da nossa própria natureza, fica amedrontado, sentindo que o gérmen daquilo está depositado em nós e que por qualquer coisa ele nos invade, nos toma, nos esmaga e nos sepulta numa desesperadora compreensão inversa e absurda de nós mesmos, dos outros e do mundo. Cada louco traz em si o seu mundo e para ele não há mais semelhantes: o que foi antes da loucura é outro muito outro do que ele vem a ser após.
A forma verbal em destaque no trecho “Há quanto tempo estava ele ali?” exprime uma ação
TEXTO I
Quem quer viver para sempre?
Eu já deveria estar morto. Ou a caminho de. Para alguns leitores, nunca uma frase soou tão verdadeira. Mas eu falo da história, não de afetos. Se tivesse nascido em Portugal, cem anos atrás, já haveria lápide e caixão. Dá para acreditar que, em inícios do século XX, a esperança média de vida para os homens portugueses rondasse os 35-40 anos? Hoje, andará pelos oitenta. O que significa que, com sorte e algum bom humor do Altíssimo, eu estou apenas a meio da viagem. Se juntarmos os progressos da medicina no futuro próximo, é possível que a viagem seja alargada mais um pouco. Cem anos, cento e tal. Nada mau.
Um artigo recente da Nature, aliás, promete revoluções para a minha pobre carcaça. O segredo está no hipotálamo cerebral e numa proteína do dito cujo que regula o envelhecimento humano. Não entro em pormenores, até porque eu próprio não os entendo. Mas eis o negócio: se a proteína é estimulada, os ratinhos morrem mais depressa. Se a proteína é inibida, acontece o inverso. Falamos de ratos, por enquanto, o que significa que a descoberta só terá aplicação imediata entre a classe política. Mas o leitor entende onde quero chegar.
E eu quero chegar à maior promessa de todas: o dia em que seremos finalmente imortais. Na história da cultura ocidental, esse dia pode estar no passado distante (ler Hesíodo, ler a Bíblia). Ou pode estar no futuro, como garantem os “trans-humanistas”. Falo de uma corrente bioética perfeitamente respeitável que se dedica a essa causa: o destino da humanidade não está em morrer aos cem. Está em viver indefinidamente depois dos cem, através dos avanços da tecnologia. Porque só a tecnologia permitirá aos homens suplantar a sua infantil condição mortal. O nosso corpo é apenas a primeira casca de todas as cascas que estarão por vir. E quem não gostaria de viver para sempre?
Curiosamente, há quem não queira. O filósofo Roger Scruton, em ensaio recente, dedica um capítulo específico aos transhumanistas. O livro intitula-se The Uses of Pessimism and the Dangers of False Hope. Segundo sei, será publicado no Brasil em breve. Recomendo. Primeiro, porque é uma súmula perfeita do pensamento de Scruton, escrito com elegância habitual do autor. Mas sobretudo porque é a mais brilhante refutação do pensamento utópico, e em particular do pensamento utópico trans-humanista de autores como Ray Kurzweil ou Max More, que me lembro de ter lido. Isso se deve, em grande parte, ao fato corajoso de Scruton ter sido capaz de virar o debate do avesso e perguntar: por que motivo a doença e a morte devem ser vistas como males intoleráveis que devemos erradicar? Não será possível olhar para eles como bens necessários?
Certo, certo: ninguém ama a doença e, tirando casos extremos, ninguém deseja morrer. Mas sem a doença e a morte, a vida não teria qualquer valor em si mesma. Os projetos que fazemos; as viagens com que sonhamos; os amores que temos, perdemos, procuramos; e até a descendência que deixamos – tudo isso parte da mesma premissa: o fato singelo de não termos todo o tempo do mundo. Vivemos, escolhemos, amamos – porque temos urgência em viver, escolher e amar. Se retirarmos a urgência da equação, podemos ainda viver eternamente. Mas viveremos uma eternidade de tédio em que nada tem sentido porque nada precisa ter sentido. Sem importância do efêmero, nada se torna importante.
Os trans-humanistas sonham com um mundo pós-humano. É provável que esse mundo seja possível no futuro, quando a técnica suplantar a nossa casca primitiva. Mas esse mundo, até pela sua própria definição, será um filme diferente. Não será um filme para seres humanos tal como os conhecemos e reconhecemos.
Viver até os cem? Agradeço. Cento e vinte também serve. Mas se me dissessem hoje mesmo que o meu futuro duraria uma eternidade, eu seria o primeiro a pular da janela sem hesitar.
COUTINHO, João Pereira. Vamos ao que interessa: cem crônicas da era da brutalidade. São Paulo: Três Estrelas, 2015.
Leia as assertivas a seguir:
I. “...já haveria lápide e caixão”. Nessa oração, o termo em destaque é acentuado por seguir a regra das proparoxítonas.
II. Nos trechos “é possível que a viagem seja alargada mais um pouco” e “Mas eis o negócio...”, os vocábulos destacados são acentuados por seguir a mesma regra.
III. Em “será um filme diferente”, o termo em destaque é acentuado por se tratar de uma palavra oxítona terminada em “a”.
É correto o que se afirma
TEXTO I
Quem quer viver para sempre?
Eu já deveria estar morto. Ou a caminho de. Para alguns leitores, nunca uma frase soou tão verdadeira. Mas eu falo da história, não de afetos. Se tivesse nascido em Portugal, cem anos atrás, já haveria lápide e caixão. Dá para acreditar que, em inícios do século XX, a esperança média de vida para os homens portugueses rondasse os 35-40 anos? Hoje, andará pelos oitenta. O que significa que, com sorte e algum bom humor do Altíssimo, eu estou apenas a meio da viagem. Se juntarmos os progressos da medicina no futuro próximo, é possível que a viagem seja alargada mais um pouco. Cem anos, cento e tal. Nada mau.
Um artigo recente da Nature, aliás, promete revoluções para a minha pobre carcaça. O segredo está no hipotálamo cerebral e numa proteína do dito cujo que regula o envelhecimento humano. Não entro em pormenores, até porque eu próprio não os entendo. Mas eis o negócio: se a proteína é estimulada, os ratinhos morrem mais depressa. Se a proteína é inibida, acontece o inverso. Falamos de ratos, por enquanto, o que significa que a descoberta só terá aplicação imediata entre a classe política. Mas o leitor entende onde quero chegar.
E eu quero chegar à maior promessa de todas: o dia em que seremos finalmente imortais. Na história da cultura ocidental, esse dia pode estar no passado distante (ler Hesíodo, ler a Bíblia). Ou pode estar no futuro, como garantem os “trans-humanistas”. Falo de uma corrente bioética perfeitamente respeitável que se dedica a essa causa: o destino da humanidade não está em morrer aos cem. Está em viver indefinidamente depois dos cem, através dos avanços da tecnologia. Porque só a tecnologia permitirá aos homens suplantar a sua infantil condição mortal. O nosso corpo é apenas a primeira casca de todas as cascas que estarão por vir. E quem não gostaria de viver para sempre?
Curiosamente, há quem não queira. O filósofo Roger Scruton, em ensaio recente, dedica um capítulo específico aos transhumanistas. O livro intitula-se The Uses of Pessimism and the Dangers of False Hope. Segundo sei, será publicado no Brasil em breve. Recomendo. Primeiro, porque é uma súmula perfeita do pensamento de Scruton, escrito com elegância habitual do autor. Mas sobretudo porque é a mais brilhante refutação do pensamento utópico, e em particular do pensamento utópico trans-humanista de autores como Ray Kurzweil ou Max More, que me lembro de ter lido. Isso se deve, em grande parte, ao fato corajoso de Scruton ter sido capaz de virar o debate do avesso e perguntar: por que motivo a doença e a morte devem ser vistas como males intoleráveis que devemos erradicar? Não será possível olhar para eles como bens necessários?
Certo, certo: ninguém ama a doença e, tirando casos extremos, ninguém deseja morrer. Mas sem a doença e a morte, a vida não teria qualquer valor em si mesma. Os projetos que fazemos; as viagens com que sonhamos; os amores que temos, perdemos, procuramos; e até a descendência que deixamos – tudo isso parte da mesma premissa: o fato singelo de não termos todo o tempo do mundo. Vivemos, escolhemos, amamos – porque temos urgência em viver, escolher e amar. Se retirarmos a urgência da equação, podemos ainda viver eternamente. Mas viveremos uma eternidade de tédio em que nada tem sentido porque nada precisa ter sentido. Sem importância do efêmero, nada se torna importante.
Os trans-humanistas sonham com um mundo pós-humano. É provável que esse mundo seja possível no futuro, quando a técnica suplantar a nossa casca primitiva. Mas esse mundo, até pela sua própria definição, será um filme diferente. Não será um filme para seres humanos tal como os conhecemos e reconhecemos.
Viver até os cem? Agradeço. Cento e vinte também serve. Mas se me dissessem hoje mesmo que o meu futuro duraria uma eternidade, eu seria o primeiro a pular da janela sem hesitar.
COUTINHO, João Pereira. Vamos ao que interessa: cem crônicas da era da brutalidade. São Paulo: Três Estrelas, 2015.
A respeito do trecho “E eu quero chegar à maior promessa de todas...”, a crase empregada poderá ser mantida caso o verbo em destaque seja substituído por
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.
Após ser rejeitado pelos irmãos, filhote de macaco passa dia com bichos de pelúcia em zoo e noite na casa de veterinária em SC
Bebê necessita de cuidados intensos 24 horas. Ações em ambientes reservados servem para simular cuidados maternos e garantir sobrevivência do animal.
Por Carolina Fernandes e Dagmara Spautz, G1 - SC e NSC
09/06/2021
Um filhote de macaco-caranguejeiro está sob os cuidados de uma veterinária na sua casa durante a noite após ser rejeitado pela família no zoológico de Balneário Camboriú, no Litoral Norte catarinense.
Já durante o dia, no zoológico, Iuri, como foi apelidado pelos cuidadores, é mantido reservado em local com bichos de pelúcia, cobertores, leite especial e mamadeiras.
Desde que nasceu, em fevereiro, Iuri não foi bem recebido pelos irmãos e a convivência familiar ficou perigosa.
Por isso, a equipe responsável optou por isolá-lo, mas em razão dos cuidados intensos necessários, o grupo decidiu que Iuri passaria um período na residência da veterinária, Samara de Oliveira Freitas.
Segundo a bióloga responsável pela equipe, Marcia Regina Gonçalves Achutti, ele vem se desenvolvendo com saúde. Enquanto isso, a veterinária Samara de Oliveira Freitas cuida dele em casa durante à noite.
(...)
A veterinária explica que o animal ainda mantém contato com os seus semelhantes e não fica totalmente isolado. Segundo ela, assim que o bebê se adaptar à alimentação sólida, a reaproximação com os pais e os irmãos será feita.
"Esse é um processo cheio de etapas e cuidados. Nos próximos meses será feita a adaptação de alimentação mais sólida e semelhante à dos adultos. A gente tem que fazer a reintrodução aos poucos para ele e para o grupo aceitar ele. Mas sempre avaliando os possíveis risco que ele possa sofrer", conclui Samara.
(...)
https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2021/06/09/apos-ser-rejeitado-pelos-irmaos-filhote-de-macaco-passa-dia-com-bichos-de-pelucias-em-zoo-e-noite-na-ca sa-de-veterinaria-em-sc.ghtml (Acesso em 09/06/2021 - Adaptado)
Analise as assertivas a seguir:
I. Na oração "Enquanto isso, a veterinária Samara de Oliveira Freitas cuida dele em casa durante à noite", a palavra destacada é acentuada por ser uma paroxítona terminada em "A".
II. Em "Segundo a bióloga responsável pela equipe, Marcia Regina Gonçalves Achutti, Iuri vem se desenvolvendo com saúde ", as palavras em destaque são acentuadas seguindo a mesma regra: todas as proparoxítonas são acentuadas.
III. No trecho "Bebê necessita de cuidados intensos 24 horas.. ", a palavra destacada é acentuada seguindo a regra de acentuar-se as oxítonas terminadas em "E".
Está (ão) CORRETO (S):
TEXTO I
Quem quer viver para sempre?
Eu já deveria estar morto. Ou a caminho de. Para alguns leitores, nunca uma frase soou tão verdadeira. Mas eu falo da história, não de afetos. Se tivesse nascido em Portugal, cem anos atrás, já haveria lápide e caixão. Dá para acreditar que, em inícios do século XX, a esperança média de vida para os homens portugueses rondasse os 35-40 anos? Hoje, andará pelos oitenta. O que significa que, com sorte e algum bom humor do Altíssimo, eu estou apenas a meio da viagem. Se juntarmos os progressos da medicina no futuro próximo, é possível que a viagem seja alargada mais um pouco. Cem anos, cento e tal. Nada mau.
Um artigo recente da Nature, aliás, promete revoluções para a minha pobre carcaça. O segredo está no hipotálamo cerebral e numa proteína do dito cujo que regula o envelhecimento humano. Não entro em pormenores, até porque eu próprio não os entendo. Mas eis o negócio: se a proteína é estimulada, os ratinhos morrem mais depressa. Se a proteína é inibida, acontece o inverso. Falamos de ratos, por enquanto, o que significa que a descoberta só terá aplicação imediata entre a classe política. Mas o leitor entende onde quero chegar.
E eu quero chegar à maior promessa de todas: o dia em que seremos finalmente imortais. Na história da cultura ocidental, esse dia pode estar no passado distante (ler Hesíodo, ler a Bíblia). Ou pode estar no futuro, como garantem os “trans-humanistas”. Falo de uma corrente bioética perfeitamente respeitável que se dedica a essa causa: o destino da humanidade não está em morrer aos cem. Está em viver indefinidamente depois dos cem, através dos avanços da tecnologia. Porque só a tecnologia permitirá aos homens suplantar a sua infantil condição mortal. O nosso corpo é apenas a primeira casca de todas as cascas que estarão por vir. E quem não gostaria de viver para sempre?
Curiosamente, há quem não queira. O filósofo Roger Scruton, em ensaio recente, dedica um capítulo específico aos transhumanistas. O livro intitula-se The Uses of Pessimism and the Dangers of False Hope. Segundo sei, será publicado no Brasil em breve. Recomendo. Primeiro, porque é uma súmula perfeita do pensamento de Scruton, escrito com elegância habitual do autor. Mas sobretudo porque é a mais brilhante refutação do pensamento utópico, e em particular do pensamento utópico trans-humanista de autores como Ray Kurzweil ou Max More, que me lembro de ter lido. Isso se deve, em grande parte, ao fato corajoso de Scruton ter sido capaz de virar o debate do avesso e perguntar: por que motivo a doença e a morte devem ser vistas como males intoleráveis que devemos erradicar? Não será possível olhar para eles como bens necessários?
Certo, certo: ninguém ama a doença e, tirando casos extremos, ninguém deseja morrer. Mas sem a doença e a morte, a vida não teria qualquer valor em si mesma. Os projetos que fazemos; as viagens com que sonhamos; os amores que temos, perdemos, procuramos; e até a descendência que deixamos – tudo isso parte da mesma premissa: o fato singelo de não termos todo o tempo do mundo. Vivemos, escolhemos, amamos – porque temos urgência em viver, escolher e amar. Se retirarmos a urgência da equação, podemos ainda viver eternamente. Mas viveremos uma eternidade de tédio em que nada tem sentido porque nada precisa ter sentido. Sem importância do efêmero, nada se torna importante.
Os trans-humanistas sonham com um mundo pós-humano. É provável que esse mundo seja possível no futuro, quando a técnica suplantar a nossa casca primitiva. Mas esse mundo, até pela sua própria definição, será um filme diferente. Não será um filme para seres humanos tal como os conhecemos e reconhecemos.
Viver até os cem? Agradeço. Cento e vinte também serve. Mas se me dissessem hoje mesmo que o meu futuro duraria uma eternidade, eu seria o primeiro a pular da janela sem hesitar.
COUTINHO, João Pereira. Vamos ao que interessa: cem crônicas da era da brutalidade. São Paulo: Três Estrelas, 2015.
O uso do travessão na passagem “Vivemos, escolhemos, amamos – porque temos urgência em viver, escolher e amar” é justificado, pois
TEXTO III
Seu pai a trazia às vezes, aos domingos, quando vinha cumprir o piedoso dever de amizade, visitando Quaresma. Há quanto tempo estava ele ali? Ela não se lembrava ao certo; uns três ou quatro meses, se tanto.
Só o nome da casa metia medo. O hospício! É assim como uma sepultura em vida, um semi-enterramento, enterramento do espírito, da razão condutora, de cuja ausência os corpos raramente se ressentem.
A saúde não depende dela e há muitos que parecem até adquirir mais força de vida, prolongar a existência, quando ela se evola não se sabe por que orifício do corpo e para onde. Com que terror, uma espécie de pavor de coisa sobrenatural, espanto de inimigo invisível e onipresente, não ouvia a gente pobre referir-se ao estabelecimento da Praia das Saudades! Antes uma boa morte, diziam.
No primeiro aspecto, não se compreendia bem esse pasmo, esse espanto, esse terror do povo por aquela casa imensa, severa e grave, meio hospital, meio prisão, com seu alto gradil, suas janelas gradeadas, a se estender por uns centos de metros, em face do mar imenso e verde, lá na entrada da baía, na Praia das Saudades. Entrava-se, viam-se uns homens calmos, pensativos, meditabundos, como monges em recolhimento e prece.
De resto, com aquela entrada silenciosa, clara e respeitável, perdia-se logo a ideia popular da loucura; o escarcéu, os trejeitos, as fúrias, o entrechoque de tolices ditas aqui e ali.
Não havia nada disso; era uma calma, um silêncio, uma ordem perfeitamente naturais. No fim, porém, quando se examinavam bem, na sala das visitas, aquelas faces transtornadas, aqueles ares aparvalhados, alguns idiotas e sem expressão, outros como alheados e mergulhados em um sonho íntimo sem fim, e via-se também a excitação de uns, mais viva em face à atonia de outros, é que se sentia bem o horror da loucura, o angustioso mistério que ela encerra, feito não sei de que inexplicável fuga do espírito daquilo que se supõe o real, para se apossar e viver das aparências das coisas ou de outras aparências das mesmas.
Quem uma vez esteve diante deste enigma indecifrável da nossa própria natureza, fica amedrontado, sentindo que o gérmen daquilo está depositado em nós e que por qualquer coisa ele nos invade, nos toma, nos esmaga e nos sepulta numa desesperadora compreensão inversa e absurda de nós mesmos, dos outros e do mundo. Cada louco traz em si o seu mundo e para ele não há mais semelhantes: o que foi antes da loucura é outro muito outro do que ele vem a ser após.
No trecho “...há muitos que parecem até adquirir mais força de vida”, é obedecida a regra de concordância verbal. Assinale a alternativa em que a regras de concordância verbal também são empregadas corretamente.