Resolver o Simulado FUNDEP - Nível Médio

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A Empresa Asa teve uma de suas contratações de obras e serviços por intermédio de processo de licitação embargado pelo Ministério Público devido a vícios em seu contrato original.

Assinale a alternativa CORRETA para sustentar o embargo diante da decisão do MPU.

  • A Os recursos orçamentários foram provisionados ainda no ano anterior à execução.
  • B Foram anexadas planilhas e orçamentos que contemplavam os custos unitários.
  • C Houve projeto básico aprovado que ficou direcionado para a empresa ganhadora.
  • D O resultado da licitação estava alinhado a metas estabelecidas no ano fiscal anterior.

Administração Pública

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Com relação ao princípio da eficiência, é INCORRETO afirmar que:

  • A a eficiência de uma instituição depende de como seus recursos são utilizados.
  • B uma instituição é eficiente quando utiliza corretamente os seus recursos.
  • C eficiência é um conceito usado para avaliar o desempenho de uma instituição.
  • D o contrário de eficiência é a eficácia, que ocorre quando mais recursos que o necessário são usados para realizar um serviço.
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Analise as seguintes afirmativas relativas aos temas governabilidade, governança e accountability e assinale a alternativa INCORRETA.
  • A O conceito de governança corporativa está relacionado à accountability – entendida como a responsabilidade em prestar contas.
  • B A governabilidade envolve a capacidade da ação estatal de implantação das políticas públicas e consecução das metas coletivas.
  • C A accountability horizontal efetiva-se mediante a fiscalização mútua entre os Poderes ou por meio de outras agências governamentais que monitoram o poder público.
  • D Como forma de accountability, o processo eleitoral é o ponto de partida de qualquer governo democrático.

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O administrador André L.L.S., detentor de cargo público, tomou uma decisão administrativa que resultou em atrasos em duas obras. Sua decisão fora baseada em fatores pessoais e nepotismo, privilegiando uma terceira empresa cujo proprietário era um parente próximo.

De acordo com os princípios do direito administrativo e em relação à administração pública, sua decisão está INCORRETAMENTE analisada em

  • A foi um ato não impessoal, que direcionou recursos públicos para benefício indireto do administrador.
  • B foi um ato imoral, com ofensa direta às normas e códigos da empresa em que está lotado.
  • C foi uma ação que feriu o princípio da finalidade, pois recursos foram desperdiçados em benefício de terceiros.
  • D foi uma decisão que não tem ampla motivação em decorrência dos resultados e processos utilizados.

Direito Administrativo

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Na Administração indireta temos a distribuição de competência elencadas de duas formas básicas: a descentralização e a desconcentração.

A descentralização é caracterizada pela distribuição de competências de uma para outra pessoa, física ou jurídica, tendo como modalidades a descentralização política, administrativa, por serviços, por colaboração e a territorial.

Sobre a descentralização territorial, assinale a alternativa CORRETA.

  • A Personalidade jurídica de direito privado, capacidade de autoadministração e capacidade genérica.
  • B Personalidade jurídica de direito público, sujeição a controle do poder central e capacidade limitada.
  • C Personalidade jurídica de direito privado, capacidade de autoadministração e delimitação geográfica.
  • D Personalidade jurídica de direito público, capacidade genérica e sujeição a controle do poder central.

Administração Geral

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O processo de organização leva à criação de uma estrutura organizacional, que define como as tarefas são divididas e os recursos são distribuídos. O conjunto de tarefas formais e de relacionamentos formais de comando proporciona a estrutura para o controle vertical da organização.

Sobre a estrutura organizacional, assinale a alternativa CORRETA.

  • A São retratadas no organograma, que é a representação visual da estrutura de uma organização, e trata-se de um conjunto de tarefas informais atribuídas aos indivíduos e departamentos.
  • B São projetos operacionais, para garantir melhor autonomia para os funcionários dentro da gestão de pessoas.
  • C Conjunto de tarefas informais atribuídos aos indivíduos e retratadas por meio de gráficos estruturados para representação dos processos produtivos.
  • D São apresentadas em organograma, que é a representação visual da estrutura de uma organização, se trata de relacionamentos formais de comando, incluindo as linhas de autoridade, responsabilidade da decisão, dentre outras.
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O controle é uma questão crítica para todos os gerentes nas organizações, uma vez que esses profissionais têm o desafio de melhorar o atendimento ao cliente, minimizar o tempo necessário para reabastecer as redes varejistas de mercadorias, além de envolver a produtividade do escritório, eliminando gargalos e economizando papéis.

Sobre o processo de controle organizacional, é CORRETO afirmar que

  • A é um sistema de regulação de atividades organizacionais, tornando-as mais divergentes das expectativas e estratégias da organização de forma mais inovadora.
  • B é uma ação que ajusta as operações a padrões a serem determinados, e a sua base é a informação nas mãos dos gerentes.
  • C é uma forma de sistematização para regular as atividades organizacionais, tornando- as mais consistentes com as expectativas estabelecidas nos planos, nas metas e nos padrões de desempenho.
  • D é um sistema que requer informações básicas sobre o desempenho sem foco para correção dos desvios padrões.
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Uma das ferramentas usadas no planejamento estratégico e em medidas de desempenho é o Balanced Scorecard (BSC).
Sobre as perspectivas dessa ferramenta, assinale a alternativa INCORRETA.

  • A Perspectiva financeira.
  • B Perspectiva de cliente.
  • C Perspectiva de indicadores.
  • D Perspectiva de aprendizado.
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O Sr. Jacó foi convidado para ministrar um curso de aperfeiçoamento interno, escolha baseada na sua simpatia, experiência e competência.

Observa-se que a empresa está interessada no gerenciamento do conhecimento do Sr. Jacó porque

  • A poderá haver uma combinação de conhecimentos explícitos entre os participantes e o Sr. Jacó, que utilizou conhecimento compartilhado.
  • B poderá ocorrer uma internalização de conhecimentos entre os participantes e o Sr. Jacó, que utilizou conhecimento operacional.
  • C poderá acontecer uma externalização de conhecimento entre os participantes e o Sr. Jacó, que utilizou conhecimento sistêmico.
  • D poderá haver uma socialização de conhecimento entre os participantes e o Sr. Jacó, que utilizou conhecimento conceitual.
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Para que a empresa Acácia possa ter êxito na transição do seu anterior modelo baseado na Teoria Clássica para uma nova forma de administração focada na Teoria Humanista é necessário que

  • A o foco seja voltado para o ser humano em detrimento das estruturas e processos formais.
  • B prefira o estudo das relações na à psicologia.
  • C entenda a existência e o obstáculo que grupos sociais representam.
  • D incentive a aplicação de conceitos técnicos para dirimir conflitos sociais.
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Considerando que organizar é um processo que consiste em arrumar e alocar o trabalho, a autoridade e os recursos entre os membros de uma organização, de modo que eles possam alcançar eficientemente seus objetivos, analise as seguintes afirmativas sobre organização e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas.

( ) O processo de organização consiste em listar o trabalho que precisa ser feito para alcançar os objetivos da organização.

( ) O agrupamento de empregados e tarefas é geralmente chamado de organograma.

( ) O processo de divisão do trabalho consiste em repartir a carga total de trabalho em tarefas que possam ser confortavelmente realizadas por indivíduos ou grupos.

( ) A divisão do trabalho não contribui para o aumento da produtividade.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

  • A F V F V.
  • B V F V F.
  • C F V V F.
  • D V F F V.
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Sobre as teorias acerca da administração, leia as afirmativas, assinalando com V as verdadeiras e com F as falsas.

( ) Todas as teorias de administração são válidas e úteis de alguma forma para as empresas.

( ) As teorias de administração possuem caráter temporal e cumulativo em seus conteúdos.

( ) As teorias de administração gradualmente ampliaram a forma como percebemos o mundo.

( ) As teorias da administração possuem caráter atemporal e se dissociam da sua época.

( ) As teorias da administração trouxeram avanços e soluções prementes das organizações.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

  • A F F V F F.
  • B F F V V F.
  • C V V F V V.
  • D V V F F V.
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Correlacione a COLUNA I com sua respectiva classificação na COLUNA II.

1. Propaganda.
2. Relações públicas.
3. Marketing direto.
4. Venda pessoal.
5. Merchandising.
6. Promoção de vendas.
7. Marketing digital.

( ) A empresa Neve trocou toda sua papelaria para novas opções com um conceito mais moderno de apresentação institucional.
( ) O novo site da empresa traz atualizações de missão, visão e filosofia para os stakeholders.
( ) Os vendedores tiveram dificuldade em conhecer e aplicar as novas regras da promoção de verão.
( ) Guardando 6 códigos de barra, o cliente poderá trocar por um cupom de desconto de 5%.
( ) A loja foi decorada desde sua entrada com as cores do novo site da empresa lançado nesse mês.
( ) As revistas contatadas pelo email revisaram os arquivos e mandaram para publicação.

Assinale a alternativa que apresenta a sequencia CORRETA.

  • A 3 5 6 7 4 2.
  • B 2 7 4 6 5 1.
  • C 1 3 6 4 5 2.
  • D 4 6 7 3 1 6.
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Segundo Chiavenato, em Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações (2004, p. 67), “a estrutura organizacional constitui uma cadeia de comando, ou seja, uma linha de autoridade que interliga as posições da organização e define quem se subordina a quem".

Nesse contexto, analise as afirmativas sobre os tipos de estrutura organizacional e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas.

( ) A divisão do trabalho conduz à especialização e à diferenciação das tarefas, ou seja, à heterogeneidade.

( ) A organização linear apresenta como características básicas: autoridade linear, linhas informais de comunicação, descentralização das decisões e aspecto piramidal.

( ) A organização do tipo funcional proporciona o máximo de especialização nos diversos órgãos ou cargos da organização, porém, pode ocasionar a diluição e consequente perda de autoridade de comando.

( ) A organização formal apresenta cinco características básicas: divisão do trabalho, especialização, hierarquia, amplitude administrativa e racionalismo.

( ) A fim de responder às exigências internas e externas, a organização pode desenvolver uma especialização horizontal (proporcionando maior número de níveis hierárquicos) e uma especialização vertical (proporcionando maior número de órgãos especializados).

Assinale a sequência CORRETA.

  • A F V V F F
  • B V V F V V
  • C F V F F V
  • D V F V V F
  • E F F V V F
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A teoria geral da administração passou por crescente ampliação de seu enfoque desde a abordagem clássica, passando, ainda, pela abordagem humanística, depois neoclássica, estruturalista e behaviorista, até a abordagem sistêmica.

Os princípios intelectuais dominantes em quase todas as ciências no século passado foi o reducionismo, o pensamento analítico e o mecanicismo. Com o advento da teoria geral dos sistemas, os princípios do reducionismo, do pensamento analítico e do mecanicismo passa a ser substituídos por outros princípios.

Sobre esses novos princípios, assinale a alternativa CORRETA.

  • A Expansionismo, pensamento separatista e etnocentrismo.
  • B Contração, pensamento sintético e determinismo.
  • C Retração, pensamento seletivo e teologia.
  • D Expansionismo, pensamento sintético e teleologia.
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Segundo Marcos Cobra, o papel do marketing é “Identificar necessidades não satisfeitas, de forma a colocar no mercado produtos ou serviços que, ao mesmo tempo, proporcionem satisfação dos consumidores, gerem resultados auspiciosos aos acionistas e ajudem a melhorar a qualidade de vida das pessoas e da comunidade em geral.”

Para exercer seu papel, o marketing tem como suas principais atividades e decisões

  • A o planejamento de carreira e a remuneração dos executivos que exercem esse papel.
  • B o desenvolvimento de vantagens comparativas e o foco operacional para o programa de marketing.
  • C a pesquisa e análise, o planejamento tático e estratégico, e a responsabilidade social e ética.
  • D o desenvolvimento e a manutenção de relações imediatas com clientes com ênfase no marketing transacional.
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Segundo Montana e Charnov (2003) em 1979, a presidência da American Management Association define Administração como o “ato de realizar coisas através de pessoas”; enquanto a definição atual contempla que a Administração é o “ato de trabalhar com e através de pessoas para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus membros”.

Assinale a alternativa que apresenta CORRETAMENTE as principais diferenças dessas duas definições.

  • A Maior ênfase na realização das coisas do que nas pessoas.
  • B Inclusão do conceito de que a realização dos objetivos pessoais de seus membros deve ser integrada à realização dos objetivos organizacionais.
  • C Foco na atenção no processo de execução de tarefas.
  • D Maior preocupação com a economia de escala e seu impacto nos resultados.
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Daft Richard (2005) conta-nos a estória de quando os gansos do Canadá migram para o sul no inverno, voando em formação em V, com o líder à frente do V e o resto do bando aberto atrás. O líder guia, dita o ritmo e recebe o impacto do vento, da chuva, do gelo e da neve. Ele decide quando o bando irá pousar, para descansar ou comer, e quando decolará novamente na sua jornada. Assim, um proprietário ou alto-executivo de uma organização, o líder decide em que direção o grupo todo irá.

A liderança, hoje, é um dos tópicos mais importantes para o sucesso das empresas. Administração e liderança são ambas importantes para as organizações. Os gerentes eficazes precisam ser líderes também. Uma das grandes diferenças entre as qualidades de gerente e do líder está relacionada à fonte de poder e ao nível de aquiescência que ela cria dentro de seus seguidores.

Considerando-se as diferenciações entre o gerente e o líder, assinale a alternativa CORRETA.

  • A O poder do gerente vem da estrutura organizacional; já o poder da liderança vem de fontes pessoais, as quais não são como as investidas na organização, como os interesses pessoais, as metas e os valores.
  • B O poder da liderança vem da organização e promove a solução de problemas e o autoritarismo como formas de promover mudanças nas organizações.
  • C São características dos gerentes a flexibilidade, a inovação, a criatividade e, principalmente, sua persistência.
  • D São características dos líderes o poder da posição, a racionalidade e, principalmente, a visão e criação de mudanças nas organizações.
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Sobre os conceitos de administração de empresas, assinale a alternativa INCORRETA.

  • A Administração é o ato de trabalhar com e por intermédio de outras pessoas para realizar objetivos da organização, bem como de seus membros
  • B Administração é a definição de objetivos organizacionais de maneira eficaz e eficiente graças ao planejamento, à operação, à chefia e aos controles organizacionais.
  • C Administração é o processo de planejar, organizar, liderar e controlar o uso de recursos para alcançar objetivos de desempenho
  • D Administração é o processo de alcançar objetivos, pelo trabalho com e por intermédio de pessoas e outros recursos organizacionais.
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Para uma ideal estruturação de metas de vendas, a empresa Novidad está reformulando sua tradicional abordagem empírica, para um método mais consistente.

Em relação ao método exclusivamente empírico, assinale a alternativa CORRETA.

  • A Cálculo de uma média de resultados passados.
  • B Correção econômica aproximada dos valores anteriores.
  • C Pesquisa de opinião com vendedores experientes.
  • D Observação de variáveis conjunturais de mercado.

Noções de Informática

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Analise o seguinte texto.

Classificação do grupo depois da terceira rodada de um torneio de futebol.

Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas

Assinale o recurso CORRETO do Word usado para a apresentação da classificação do grupo.

  • A Borda.
  • B Divisória.
  • C Tabela.
  • D Quadro.
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Assinale a alternativa que apresenta CORRETAMENTE a extensão para salvar um arquivo que utilize macros no Excel 2010.

  • A Xlsm
  • B Xls
  • C Xlse
  • D Xlss
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A ferramenta do Windows 7 que tem por função proteger a máquina de ataque e intrusão é o

  • A desfragmentador de disco.
  • B firewall do windows.
  • C painel de controle.
  • D windows powershell.
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Qual das operações do Windows remove um arquivo indesejado?

  • A Criar.
  • B Copiar.
  • C Renomear.
  • D Excluir
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Observe o seguinte texto redigido no MS Word.

O Produto Interno Bruto (PIB) é a medida, em valor monetário, do total dos bens e serviços finais produzidos para o mercado durante determinado período de tempo, dentro de um país.

Assinale a alternativa que apresenta CORRETAMENTE o nome do recurso de edição que envolve o texto.

  • A Borda.
  • B Balão.
  • C Contorno.
  • D Sombra.

Português

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Eu Sei, Mas Não Devia
Clarice Lispector

Eu sei, mas não devia. Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo, porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo de viagem. A comer sanduíches porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz [...].

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “Hoje não posso ir". A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. A lutar para ganhar o dinheiro com que se paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar muito mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. A luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente se senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só o pé e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre o sono atrasado.

A gente se acostuma para não ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de tanto se acostumar, se perde de si mesma.


Aceitamos as coisas sem questioná-las porque

  • A estamos acostumados a não ver nada.
  • B estamos acostumados a passar por cima das coisas ruins.
  • C estamos acostumados a não ter sensibilidade.
  • D estamos acostumados a não sentir o peso das coisas.
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Vale A Pena Morrer Por Isso?


Por pouco, uma onda de 20 metros de altura não matou a surfista carioca Maya Gabeira. Foi no mar de Portugal, em Nazaré, há coisa de duas semanas. A imprensa noticiou tudo em profusão, aos borbotões. Num dos sólidos solavancos líquidos do oceano bravio, Maya quebrou o tornozelo, caiu n' água, perdeu o fôlego, perdeu o ar dos pulmões, perdeu a consciência e quase perdeu a vida. Só sobreviveu porque o amigo Carlos Burle saltou do jet ski, conseguiu puxá-la para fora da espuma e levou-a até a praia, onde fez com que ela respirasse de novo graças a uma massagem cardíaca. Logo depois do susto, a maior estrela dos sete mares em matéria de ondas gigantes sorria: "Morri ... mas voltei".
Que bom. Que ótimo. Ufa! Maya, na crista de seus 26 anos, só espera o tornozelo ficar em forma para retomar sua rotina de "viver a vida sobre as ondas", como na velha canção de Lulu Santos e Nelson Motta. Aí, voltará a deslizar sobre riscos tão altos quanto os vagalhões que desafia.
A pergunta é: vale a pena?
A resposta é: mas é lógico que sim.
Mas dizer isso é dizer pouco. Vamos mais fundo: vale a pena por quê? Sabemos, até aqui, que parece existir mais plenitude numa aventura emocionante e incerta do que numa existência segura e modorrenta.
Mas por quê? Por que as emoções sublimes podem valer mais que a vida?
Se pensarmos sobre quem são e o que fazem os heróis da nossa era, talvez possamos começar a entender um pouco mais sobre isso. Os heróis de agora parecem querer morrer de overdose de adrenalina. Não precisam de drogas artificiais. Comem frutas e fazem meditação. Não falam mais de revoluções armadas. Estão dispostos a sacrificar a própria vida, é claro, mas não por uma causa política, não por uma palavra de ordem ou por uma bandeira universal ? basta-lhes uma intensa carga de prazer.
Além dos surfistas, os alpinistas, os velejadores e os pilotos de Fórmula 1 são nossos heróis. São caçadores de fortes emoções. Enfrentam dragões invencíveis, como furiosas ondas gigantescas ou montanhas hostis, geladas e íngremes. Cavalgam automóveis que zunem sobre o asfalto ou pranchas que trepidam a 80 quilômetros por hora sobre uma pedreira de água salgada. Não querem salvar princesa alguma. A princesa, eles deixam de gorjeta para o dragão nocauteado. O fragor da batalha vale mais que a administração da vitória.
Os heróis de agora não fazem longos discursos. São protagonistas de guerras sem conteúdo, guerras belas simplesmente porque são belas, muito embora sejam perfeitamente vazias. Qual o significado de uma onda gigante? Nenhum. Ela simplesmente é uma onda gigante, e esse é seu significado. Qual o sentido político de morrer com o crânio espatifado dentro de um carro de corrida? Nenhum, mas ali está a marca de alguém que se superou e que merece ser idolatrado. Os heróis de agora não são portadores de ideias. São apenas exemplos de destemor e determinação. São heróis da atitude, não da finalidade.
O sentido do heroísmo não foi sempre assim, vazio. Há poucas décadas, as coisas eram diferentes. Antes, os heróis não eram famosos pelas proezas físicas, mas pelas causas que defendiam. Che Guevara, por exemplo. É certo que ele gostava de viajar de motocicleta e tinha predileção por enveredar-se nas matas e dar tiro de espingarda, mas sua aura vinha da mística revolucionária. Ele era bom porque, aos olhos dos pais dos que hoje são jovens, dera a vida pelos pobres, mais ou menos como Jesus Cristo - o suprassumo do modelo do herói que dá a vida pelo irmão.
Sabemos que Che é idolatrado ainda hoje, mas é bem possível que as novas gerações vejam nele um herói por outros motivos. Che não é um ídolo por ter professado o credo socialista, mas pela trilha aventurosa que seguiu. Aos olhos da juventude presente, a guerrilha não é bem uma tática, mas um esporte radical. O que faz de Che Guevara um ídolo contemporâneo, portanto, é menos a teoria da luta de classes e mais, muito mais, o gosto por embrenhar-se nas montanhas e fazer trekking, a boina surrada, o cabelo comprido, a aversão ao escritório, aos fichários e à gravata.
Nos anos 1970, os pais dos jovens de hoje idolatraram Che pelo que viam nele de conteúdo marxista. Hoje, os filhos dos jovens dos anos 1970 idolatram o mesmo personagem pelo que veem nele de performático (o socialismo não passou de um pretexto para a aventura). Num tempo em que as ideias foram esquecidas, o gesto radical sobrevive.
Maya Gabeira continuará no vigor do gesto. E nós continuaremos a amá-la por isso, porque nossa vida sem ideias ficou chata demais.


BUCCI, Eugênio. Vale a pena morrer por isso? Época. São Paulo, Globo, nº 807, 11 nov. 2013, p. 18,


Considerando o texto, o significado da palavra sublinhada foi traduzido INCORRETAMENTE em:

  • A A imprensa noticiou tudo em profusão, aos borbotões.
    EM ABUNDÂNCIA, FARTAMENTE.
  • B “[...] parece existir mais plenitude numa aventura emocionante e incerta do que numa existência segura e modorrenta.”
    LETÁRGICA, APÁTICA.
  • C Por que as emoções sublimes podem valer mais que a vida?
    ELEVADAS, EXCELSAS.
  • D “O fragor da batalha vale mais que a administração da vitória.”
    ESTERTOR, AFLIÇÃO.
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Vale A Pena Morrer Por Isso?


Por pouco, uma onda de 20 metros de altura não matou a surfista carioca Maya Gabeira. Foi no mar de Portugal, em Nazaré, há coisa de duas semanas. A imprensa noticiou tudo em profusão, aos borbotões. Num dos sólidos solavancos líquidos do oceano bravio, Maya quebrou o tornozelo, caiu n' água, perdeu o fôlego, perdeu o ar dos pulmões, perdeu a consciência e quase perdeu a vida. Só sobreviveu porque o amigo Carlos Burle saltou do jet ski, conseguiu puxá-la para fora da espuma e levou-a até a praia, onde fez com que ela respirasse de novo graças a uma massagem cardíaca. Logo depois do susto, a maior estrela dos sete mares em matéria de ondas gigantes sorria: "Morri ... mas voltei".
Que bom. Que ótimo. Ufa! Maya, na crista de seus 26 anos, só espera o tornozelo ficar em forma para retomar sua rotina de "viver a vida sobre as ondas", como na velha canção de Lulu Santos e Nelson Motta. Aí, voltará a deslizar sobre riscos tão altos quanto os vagalhões que desafia.
A pergunta é: vale a pena?
A resposta é: mas é lógico que sim.
Mas dizer isso é dizer pouco. Vamos mais fundo: vale a pena por quê? Sabemos, até aqui, que parece existir mais plenitude numa aventura emocionante e incerta do que numa existência segura e modorrenta.
Mas por quê? Por que as emoções sublimes podem valer mais que a vida?
Se pensarmos sobre quem são e o que fazem os heróis da nossa era, talvez possamos começar a entender um pouco mais sobre isso. Os heróis de agora parecem querer morrer de overdose de adrenalina. Não precisam de drogas artificiais. Comem frutas e fazem meditação. Não falam mais de revoluções armadas. Estão dispostos a sacrificar a própria vida, é claro, mas não por uma causa política, não por uma palavra de ordem ou por uma bandeira universal ? basta-lhes uma intensa carga de prazer.
Além dos surfistas, os alpinistas, os velejadores e os pilotos de Fórmula 1 são nossos heróis. São caçadores de fortes emoções. Enfrentam dragões invencíveis, como furiosas ondas gigantescas ou montanhas hostis, geladas e íngremes. Cavalgam automóveis que zunem sobre o asfalto ou pranchas que trepidam a 80 quilômetros por hora sobre uma pedreira de água salgada. Não querem salvar princesa alguma. A princesa, eles deixam de gorjeta para o dragão nocauteado. O fragor da batalha vale mais que a administração da vitória.
Os heróis de agora não fazem longos discursos. São protagonistas de guerras sem conteúdo, guerras belas simplesmente porque são belas, muito embora sejam perfeitamente vazias. Qual o significado de uma onda gigante? Nenhum. Ela simplesmente é uma onda gigante, e esse é seu significado. Qual o sentido político de morrer com o crânio espatifado dentro de um carro de corrida? Nenhum, mas ali está a marca de alguém que se superou e que merece ser idolatrado. Os heróis de agora não são portadores de ideias. São apenas exemplos de destemor e determinação. São heróis da atitude, não da finalidade.
O sentido do heroísmo não foi sempre assim, vazio. Há poucas décadas, as coisas eram diferentes. Antes, os heróis não eram famosos pelas proezas físicas, mas pelas causas que defendiam. Che Guevara, por exemplo. É certo que ele gostava de viajar de motocicleta e tinha predileção por enveredar-se nas matas e dar tiro de espingarda, mas sua aura vinha da mística revolucionária. Ele era bom porque, aos olhos dos pais dos que hoje são jovens, dera a vida pelos pobres, mais ou menos como Jesus Cristo - o suprassumo do modelo do herói que dá a vida pelo irmão.
Sabemos que Che é idolatrado ainda hoje, mas é bem possível que as novas gerações vejam nele um herói por outros motivos. Che não é um ídolo por ter professado o credo socialista, mas pela trilha aventurosa que seguiu. Aos olhos da juventude presente, a guerrilha não é bem uma tática, mas um esporte radical. O que faz de Che Guevara um ídolo contemporâneo, portanto, é menos a teoria da luta de classes e mais, muito mais, o gosto por embrenhar-se nas montanhas e fazer trekking, a boina surrada, o cabelo comprido, a aversão ao escritório, aos fichários e à gravata.
Nos anos 1970, os pais dos jovens de hoje idolatraram Che pelo que viam nele de conteúdo marxista. Hoje, os filhos dos jovens dos anos 1970 idolatram o mesmo personagem pelo que veem nele de performático (o socialismo não passou de um pretexto para a aventura). Num tempo em que as ideias foram esquecidas, o gesto radical sobrevive.
Maya Gabeira continuará no vigor do gesto. E nós continuaremos a amá-la por isso, porque nossa vida sem ideias ficou chata demais.


BUCCI, Eugênio. Vale a pena morrer por isso? Época. São Paulo, Globo, nº 807, 11 nov. 2013, p. 18,


Segundo o texto, o herói de hoje difere do herói tradicional pelo fato de

  • A buscar o prazer das emoções fortes.
  • B colocar em risco a própria vida.
  • C enfrentar grandes desafios.
  • D lutar em defesa de uma causa.
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Precisamos hackear a sala de aula


Das várias mudanças tecnológicas que se consolidaram no século 20 - rádio, cinema, televisão ... -, os computadores e a internet trouxeram uma quebra de paradigma essencial: pela primeira vez, uma ferramenta chegou não apenas para dizer o que as pessoas podem fazer, mas também com instruções para sua própria criação e com a possibilidade de constante reprogramação.
Dentro desse novo contexto, temos um número cada vez maior de relacionamentos mediados por software. Trato das situações explícitas, a exemplo das redes sociais, até as menos óbvias, como quando atravessamos a rua no semáforo. Diante dessa realidade, autores como o teórico de comunicação americano Douglas Rushkoff acreditam que as tecnologias digitais darão forma ao mundo com e sem nossa cooperação explícita. Como ele disse no título do seu livro, a questão é: "programe ou seja programado".
O objetivo da escola é dar ao estudante os instrumentos possíveis para o seu pleno desenvolvimento como agente ativo na sociedade. Se as instituições de ensino assumirem isso como regra e notarem o desenvolvimento do mundo atual, fica clara a vantagem de colocar a programação como parte do currículo escolar.
Para entender além da imediatista - e superficial - preparação para o mercado de trabalho, é fundamental que as chamadas aulas de informática façam que o aluno perceba a importância dos códigos. São eles que criam as estruturas invisíveis do mundo contemporâneo. Os novos estudantes precisam ter essa percepção. Só assim eles terão o poder de escrever sua própria versão da realidade – e vê-la nos vários dispositivos utilizados no dia a dia.
Mas é importante ressaltar: para que isso aconteça, não basta apenas o ensino de programação e de escrita de código. Precisamos de novos arranjos sociais. Precisamos, com urgência, hackear a escola!
É completamente possível se levarmos em consideração iniciativas bem-sucedidas no Brasil, como o projeto N.A.V.E (Núcleo Avançado em Educação) que, numa parceria entre o Instituto Oi Futuro e o C.E.S.A.R (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife), vem ensinando programação por meio da criação de jogos em duas escolas públicas no Recife e Rio de Janeiro. Não à toa, todas possuem alta taxa de aprovação do Enem.
Estudantes que se divertem na escola aprendem mais e melhor. E com certeza, depois da universidade, escreverão suas realidades e de seus pares pelo mundo.

MABUSE, H. D. Precisamos hackear a sala de aula. São Paulo, Globo, n. 270, jan. 2014, p. 18.

Segundo o autor, as tecnologias digitais diferem de outras tecnologias principalmente porque

  • A evidenciam a importância dos códigos na dinâmica da sociedade contemporânea aos usuários.
  • B permitem aos usuários interferir ativa e criativamente em seu funcionamento.
  • C tornam os processos de ensino e de aprendizagem mais divertidos e eficazes.
  • D possibilitam relacionamentos mediados implicitamente por software.
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Conpozissão imfãtil

O mundo é dividido em nações, que é o nome que tem os países como o Brasil, o Japão, etc., mas não Rio de Janeiro, Cuiabá, Pernambuco, que isso não é nação, é cidade. Quase nunca a gente percebe que o mundo é dividido em nações porque aqui no Brasil só tem brasileiro e a gente fica pensando que o mundo é como o Brasil, mas em copas do mundo a gente percebe. Cada nação insiste em falar uma língua diferente. Não sei por que todo mundo não fala português, que é tão fácil que até criança pequena fala, sem precisar estudar, como precisa com todas as outras línguas. Na Suíça e na Bélgica eles falam muitas línguas, além do suíço e do bélgico. Na hora do hino, cada jogador canta numa língua e fica parecendo com a hora do recreio, quando todo mundo grita e ninguém entende, mas eles estão acostumados. Também no jogo cada um fala com o outro numa língua, e isso é uma maneira de confundir o outro time, que não sabe o que eles estão combinando.

Cada nação tem uma camisa diferente, para a gente saber de que nação a pessoa é, e isso não só os jogadores mas também as pessoas que vão assistir e até as pessoas nas ruas, no ônibus, no avião ou no metrô. A melhor é a de um país chamado Croácia, onde vivem os croatas, que são pessoas que gostam muito de jogar xadrez, por isso a camisa deles é como um tabuleiro de xadrez, como os quadradinhos branco e vermelho. Quando o jogo está chato, os jogadores param de jogar futebol, tiram a camisa, estendem ela no chão e jogam xadrez. O público de lá gosta muito mais, e canta e torce muito mais. A camisa da França é azul e os jogadores são chamados de “azuis”, mas na verdade só a camisa é azul, eles são brancos ou pretos, como todo mundo.

As nações têm bandeiras e hinos. Acho a bandeira do Brasil a mais bonita de todas, fora algumas, e muito bem feita para o futebol: tem o verde dos gramados, o amarelo da taça que o campeão vai ganhar e a bola. No meio tem uma faixa que quando o Brasil é campeão fica escrito campeão”, e quando não é fca escrito uma bobagem qualquer. Nunca vi tanta bandeira como agora. Algumas são sem graça, como as que têm só duas cores e uma cruz no meio. Outras são interessantes, principalmente para nós, meninas, como as que têm estrelinhas e outros desenhos. A da Costa Rica tem naviozinhos de um lado e do outro de uma terra com vulcões. Mostra como o país é fninho e como é difícil viver nele, todo mundo muito apertado, quase sem poder respirar, e ainda com medo de vulcão. A mais engraçada é a da Argentina, que tem um solzinho com olho, nariz e boca. É uma bandeira amiga das crianças. Meu pai não gosta que eu torça para a Argentina, mas eu torço, por causa do solzinho, e não falo para ele.

Antes do jogo tem os hinos e a televisão vai traduzindo o que eles estão cantando. Aí eu tenho medo. O da França diz para os filhos da pátria formarem batalhões e atacarem os inimigos. Deve ser terrível viver na França. Lá tem inimigos que querem estrangular as crianças, diz o hino deles. Os franceses cantam essas coisas como se não fosse nada demais, mas eu nunca vou querer ir lá na França. Esses países são muito inseguros. Nos Estados Unidos o hino explica que tem foguetes e bombas voando. Como os jogadores podem ser bonzinhos depois de cantar essas coisas? Teve um que mordeu um outro. Acho que foi pouco, coisas muito piores podiam acontecer. Podia acontecer de morrerem, por exemplo.Tem muito hino que fala de morrer. O da Itália pede que todos estejam prontos para morrer, porque a Itália chamou. Como é que pode chamar os outros para morrer? O do Uruguai pede para escolher a pátria ou o túmulo. O nosso do Brasil, que eu prefro, entre outros, porque não dá para entender as palavras, e por isso não ameaça ninguém, mesmo assim tem um pedaço que diz que a gente não teme a própria morte. A Fifa não devia deixar eles cantarem essas coisas. É um risco no fim do jogo o campo ficar cheio de mortos. Faz bem o jogador da França que não canta o hino deles, ainda mais um hino daqueles. Os nossos cantaram sempre, todos, e choraram muito. Não sei porque. Quem chorou mais, eu acho, foi o Thiago Silva. Aqui em casa até meu pai chorou. Eu não choro. Tenho mais o que fazer.

Toledo, R.P., Veja, 09/07/2014 (texto adaptado)

“Teve um que mordeu um outro. Acho que foi pouco, coisas muito piores podiam acontecer. Podia acontecer de morrerem, por exemplo.”

Sobre o fragmento acima, é INCORRETO afirmar que:

  • A a criança interpretou a mordida como uma concretização da agressividade que se prenuncia nos hinos dos países.
  • B as formas verbais “podiam” e “podia” aceitam a substituição por “poderiam” e “poderia”, respectivamente, sem alteração de sentido.
  • C nele se expressa um desejo de fundo malicioso da autora da composição.
  • D o plural do verbo “morrer” se justifica pela concordância com “jogadores”.
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O recado dos ninjas

O nome parece uma piada, ou melhor, é uma piada. “Mídia Ninja” soa como nome de filme cômico. Lembra na hora a saga das Tartarugas ninjas, o pastelão que misturava pizza, kung fu e efeitos especiais de segunda - e que, assim mesmo, virou mania. Que existe uma ironia escancarada na coisa toda, disso não há nenhuma dúvida.

No Facebook, o símbolo da Mídia Ninja não tem tartarugas. Não parece gozação. O que vemos ali é a imagem em preto e branco de um rosto mascarado. Na figura em close, em alto contraste, só identificamos os olhos amendoados. Podem ser olhos orientais ou, quem sabe, olhos palestinos. Têm um toque feminino, mas isso não é certo. Talvez sejam apenas adolescentes. O modo como o tecido escuro cobre aquela face lembra a indumentária daqueles acrobatas de filmes de artes marciais que decepam cabeças com espadas uivantes. Ou talvez seja inspirado na figura de um garoto da intifada. Ou, ainda, num presidiário brasileiro amotinado, que esconde sua fisionomia por trás da camiseta enrolada na cabeça. O símbolo da Mídia Ninja, enfim, não nos conta uma anedota. Em vez disso, representa uma figura limítrofe entre a lei e a insurreição, entre a luz e a sombra, entre a candura e a violência, como a nos avisar que a Mídia Ninja opera na fronteira: pode ser um trocadilho de jovens jornalistas brincalhões ou uma maldição contra a imprensa que se permitiu envelhecer.

Podemos saber, desde já, é que esse grupo que sai por aí fazendo reportagens com celulares ocupou um espaço que a imprensa profissional ainda não tinha alcançado. Seus integrantes vivem nas passeatas que viraram rotina nas cidades brasileiras a partir de junho. Normalmente, as imagens e as histórias contadas por esse exército digital ia ao ar nas redes sociais. A partir de julho, conquistaram ruidosamente o horário nobre. Entraram com grande pompa no Jornal Nacional, com crédito e tudo. Algumas imagens dos protestos - e das prisões efetuadas desastradamente pelos policiais - só os ninjas tinham. Para mostrar o que tinha acontecido, o Jornal Nacional recorreu a eles.

Esse episódio não tem nada de banal. Prestemos atenção ao detalhe: os militantes da Mídia Ninja trafegam à vontade por aglomerações a que os repórteres engravatados dos grandes noticiários não são bem-vindos. Têm acesso a cenas que ficam além do alcance das câmeras das grandes emissoras. É por isso que, quando se trata de mostrar ao telespectador o que se passou numa manifestação - e essas manifestações têm sido as principais notícias do dia -, os telejornais precisam contar com o prestimoso auxílio das lentes ninjas. Não nos esqueçamos: os ninjas operam na fronteira entre a ordem pacata das ruas e a sublevação, entre a luz dos holofotes da TV e a sombra. Nessa fronteira, eclodem hoje notícias essenciais e, sem os ninjas, o país não veria nada disso.

São notícias que perturbam. Em julho, elas revelaram abusos de agentes policiais. Ao mesmo tempo, são notícias boas. Por todos os motivos, o cidadão tem o direito de saber da conduta indevida dos agentes da lei. Portanto, é ótimo que os ninjas nos ajudem a nos informar.

Mas isso não é tudo. A Mídia Ninja não substitui a imprensa profissional, nem se deve esperar isso dela. Seus integrantes não constituem uma redação independente, mas um agrupamento engajado nos protestos. Eles não são observadores distanciados da cena que reportam. Em lugar disso, atuam dentro da cena, são parte dela. Eles mesmos não escondem isso. No vocabulário deles, a palavra ninja não é apenas uma brincadeira com tartarugas que desferem pernadas por aí, mas um acrônimo que significa “narrativas independentes, jornalismo e ação”. Nessa breve expressão, temos um manifesto bem claro. Os ninjas fazem jornalismo engajado, comprometido com a ação. Não escondem isso de ninguém. Declaram seu engajamento e, assim, protegem a própria credibilidade. Mesmo sem concordar com eles, podemos confiar neles, pois não ocultam os próprios propósitos.

Nesse ponto, os ninjas deixam um recado bem claro aos jornalistas profissionais e às redações que prometem ser independentes: as motivações de cada órgão de imprensa devem ser total e radicalmente transparentes. O jornalismo brasileiro será melhor se, ao contrário dos ninjas, souber se distanciar criticamente dos fatos que cobre - e se, exatamente como os ninjas, for capaz de explicitar com todas as letras os compromissos que tem. Se cuidasse disso, talvez tivesse mais trânsito nas fronteiras.

Do ponto de vista do autor, é aconselhável que o jornalismo brasileiro

  • A denuncie as condutas inadequadas das autoridades.
  • B engaje-se nos movimentos sociais e suas manifestações.
  • C faça uso das novas tecnologias das redes sociais.
  • D informe com distanciamento crítico e transparência.
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Assinale a alternativa em que a reescrita da frase obedece à norma padrão.

  • A Esse é um funcionário que eu posso contar com ele.
    Esse é um funcionário com que eu posso contar.
  • B Nos feriados acontece muitos acidentes nas estradas.
    Nos feriados tem muitos acidentes nas estradas.
  • C Ainda tem alguém na sala de espera?
    Ainda há alguém na sala de espera?
  • D Vou deixar ele entrar imediatamente.
    Vou deixar-lhe entrar imediatamente.
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A Sustentável Leveza do Ser



Brasília é fruto do apogeu do processo criativo de Niemeyer, aquele em que a originalidade superou a teoria e os dogmas de uma escola arquitetônica, permitindo a ele atingir o patamar de arte, com obras que vão ficar para sempre dialogando com as gerações. Arte que faz sentir e faz pensar, que deixa uns perplexos e outros embriagados de prazer estético, arte que produz no observador ansiedade, temor e hostilidade. A Brasília de Niemeyer está longe de ser unanimidade, mas, como o autor de seus prédios, não deixa ninguém indiferente. [...]
Como ocorreu em Brasília, a Pampulha fora encomendada do amigo e então prefeito da capital mineira, Juscelino Kubitschek. O futuro presidente desenvolvimentista encontrou seu arquiteto na Pampulha. Seu arquiteto encontrou na Pampulha um estilo. Juntos, e depois na companhia do urbanista Lúcio Costa, estruturaram o modernismo brasileiro, que romperia com o passado colonial e barroco do País. Eles desenharam não apenas uma cidade, mas uma nação, resultado de uma aventura rumo ao centro-oeste que exigiu uma visão de mundo corajosa e ousada, como a que levou o homem às grandes navegações e à conquista do espaço.
A obra de Niemeyer foi idealizada para flutuar. Para vencer a gravidade, o traço do arquiteto expresso em concreto conseguiu “traduzir em espaços a vontade de uma época” na definição de seu colega alemão Mies van der Rohe. Niemeyer traduziu a vontade de alguns brasileiros de fazer um país maior do que o Brasil. [...] Em Le Corbusier, Niemeyer encontrou a interseção da política com a arquitetura. Corbusier pregava a funcionalidade máxima: a forma deveria subordinar-se à função. A “Carta de Atenas”, manifesto urbanístico redigido pelo franco-suíço em 1933, defendia uma cidade funcional, na qual deveriam predominar a austeridade, a simplicidade, a lógica e a separação dos espaços de trabalho e lazer. A contrapor-se à turma de Le Corbusier, havia os organicistas do americano Frank Lloyd Wright, para os quais todo edifício, tal qual um organismo vivo, embora funcional, precisa crescer a partir de seu meio, do que já existe. Niemeyer, que na questão ideológica era discípulo do europeu, dizia que: “A vida pode mudar a arquitetura. No dia em que o mundo for mais justo, ela será mais simples”. Ele escapou de ser um mero seguidor da escola de Le Corbusier por acrescentar à equação dele a beleza. A forma deveria, sim, servir à função desde que ambas criassem beleza. [...] À retidão das linhas do mestre, o brasileiro agregou a curva, que deixava loucos os calculistas escolhidos para enfrentar o desafio de construir a paradoxal leveza feita de concreto e ferro. [...]
Uma geração de arquitetos que hoje dominam a cena internacional diz ter bebido na fonte de Oscar Niemeyer. Muitos foram influenciados pela arquitetura que se fez arte. Todos os edifícios de Niemeyer, os públicos e os residenciais, marcam as cidades onde foram erguidos. De tão fortes seu esplendor e originalidade, as criações arquitetônicas de Niemeyer teriam, na visão de muitos, tido um efeito congelante sobre a arquitetura brasileira. Quem não podia ter um Niemeyer encomendava um sub-Niemeyer, no tocante à sua exigência de extraordinária beleza e aos complexos avanços da engenharia. [...]


Veja. 12/12/2012. pp. 129-136 (texto adaptado)

“[...] a originalidade superou a teoria e os dogmas de uma escola arquitetônica, permitindo a ele atingir o patamar de arte [...].”

Assinale a alternativa que contém a redação que substitui COM CORREÇÃO o termo destacado no fragmento.

  • A o permitindo atingir o patamar de arte
  • B o que permitiu ele atingir o patamar de arte
  • C permitindo-lhe atingir o patamar de arte
  • D permitindo-o atingir o patamar de arte
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Assinale a alternativa em que as formas verbais foram empregadas CORRETAMENTE.

  • A Se você puser as fichas em ordem alfabética, ficará fácil encontrá-las.
  • B Se soubesse que ia chover, eu teria trazido o guarda-chuva.
  • C Não vou mais interferir; faça o que lhe convier
  • D Você não tem nada a temer, desde que seja sincero.
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Lua cheia, lua crescente, lua minguante

Como a lua nos lembra o que se passa conosco!

Não há quem não tenha seus dias de lua cheia! Tudo correndo bem, saúde boa, família em paz, todos se entendendo e se amando. Se não há dinheiro sobrando, não há dinheiro faltando...

Também não há quem não tenha seus dias de lua minguante... A saúde meio emperrada; incompreensões e aborrecimentos em casa, no trabalho, entre amigos; desilusões, cansaço de viver...

Mas volta a lua crescente... Volta a esperança. Tudo continua, mais ou menos, na mesma. Talvez até pior. Mas, por dentro, há mais coragem, mais força!...

E o que nos vale é que variam, de pessoa para pessoa, os dias de fossa, os dias de esperança, os dias de alegria plena... Por que, então, não termos paciência uns com os outros e não nos ajudarmos mutuamente? Mas, em geral quem anda em lua minguante tem até raiva de quem anda em lua cheia. Parece um roubo. Acontece, também, que quem anda em lua cheia, em geral, não tem olhos, nem tempo, nem paciência para fcar ouvindo lamúrias da lua minguante...

Ah! Se conseguíssemos o ideal de manter permanentemente em nós o espírito da lua crescente, o espírito da esperança!

Há quem, em plena fase da lua cheia, ande triste. Há pessoas que, em lugar de aproveitar a felicidade que têm na mão, tornam-se incapazes de aproveitá-la, porque ficam o tempo todo pensando que a felicidade é passageira, vai acabar, já está acabando...

Em plena lua cheia, quando o desânimo chega, vamos expulsá-lo, pensando: É verdade. Nem sempre será lua cheia. Virá a lua minguante. Mas de minguante passará a crescente e, de novo a cheia.

Quando nos convenceremos de que é ingratidão deixar que a esperança se apague dentro de nós?!... Guardem o título de um livro de poemas, que vale como um programa de vida: FAZ ESCURO, MAS EU CANTO! Sim. No meio da maior escuridão, em pleno voo cego, sem enxergar um palmo diante dos olhos.
Mesmo aí, mesmo assim, temos que manter viva a esperança. FAZ ESCURO, MAS EU CANTO!

Disponível em: < http://escritabrasil.blogspot.com.br/2007/11/texto-do-arcebispo-helder-cmara.html >
Acesso em 17 julho de 2014.


“Ah! Se conseguíssemos o ideal de manter permanentemente em nós o espírito da lua crescente (...)"
Na passagem acima, o autor do texto mostra a necessidade de

  • A confarmos no futuro.
  • B juntarmos muito dinheiro.
  • C buscarmos o sucesso profissional.
  • D amarmos o próximo.

Legislação Federal

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Segundo o que dispõe a Lei do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação no âmbito das Instituições Federais de Ensino vinculadas ao Ministério da Educação, o “(...) conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que são cometidas a um servidor” traduz o conceito de

  • A infração administrativa.
  • B cargo.
  • C nível de classificação.
  • D carreira.
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Considerando a Lei nº 11.091/2005, que dispõe sobre o Plano de Carreiras dos cargos Técnico-Administrativos em Educação, no âmbito das Instituições Federais de Ensino vinculadas ao Ministério da Educação, relacione as duas colunas.

COLUNA I

1. Conjunto de princípios, diretrizes e normas que regulam o desenvolvimento profissional dos servidores titulares de cargos que integram determinada carreira, constituindo-se em instrumento de gestão do órgão ou entidade.

2. Conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que são cometidas a um servidor.

3. Área específica de atuação do servidor integrada por atividades afins ou complementares, organizada a partir das necessidades institucionais e que orienta a política de desenvolvimento de pessoal.

COLUNA II

( ) Cargo

( ) Plano de Carreira

( ) Ambiente Organizacional

Baseando-se na disciplina da referida Lei, a adequada correlação entre as duas colunas fica assim estabelecida:

  • A 1 ,2 ,3.
  • B 1 ,3 ,2.
  • C 2 ,3 ,1.
  • D 2 ,1 ,3.
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A respeito da ação civil pública, regida pela Lei Nº 7.347/85, considere as seguintes afirmativas.

I. É incompetente o Juiz Estadual para processar e julgar ação civil pública em que a União figure no processo, mesmo nas Comarcas que não sejam sede de vara da Justiça Federal.

II. Na execução individual de sentença proferida em ação civil pública que reconhece o direito de poupadores aos expurgos inflacionários decorrentes do Plano Verão, cabe a assistência litisconsorcial do Banco Central do Brasil, mediante a demonstração de interesse jurídico para esclarecer questões de fato ou de direito, ingresso esse que desloca a competência para a Justiça Federal.

III. É possível a decretação da indisponibilidade de bens em ação de improbidade administrativa independentemente da demonstração do risco de dilapidação do patrimônio do demandado porque o art. 7º da Lei Nº 8.429/1992 não configura tutela de urgência típica, mas uma tutela de evidência, já que o periculum in mora não é oriundo da intenção do agente de dilapidar seu patrimônio visando frustrar a reparação do dano, e, sim, da gravidade dos fatos e do montante do prejuízo causado ao erário, o que atinge toda a coletividade.

IV. É aplicável o prazo vintenário, previsto no Código Civil de 1916, para o ajuizamento de ação de execução de sentença proferida em ação coletiva ajuizada antes da vigência do CDC para a tutela de direitos individuais homogêneos, visto que, à época dos fatos, não havia a possibilidade de ajuizamento da ação civil pública para defesa de tais direitos, e a criação da nova via processual pelo CDC, que buscou facilitar a tutela coletiva dos direitos individuais homogêneos, não pode induzir a redução do prazo prescricional do direito material envolvido.
Estão CORRETAS as afirmativas:
  • A I e II, apenas.
  • B II e IV, apenas.
  • C I e III, apenas.
  • D II e III, apenas.
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Considere as seguintes afirmativas.

I. O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado.

II. É possível, no âmbito de ação civil pública de improbidade administrativa, a condenação de membro do Ministério Público à pena de perda da função pública prevista no art. 12 da Lei Nº 8.429/1992.

III. O Ministério Público Estadual não tem legitimidade para propor ação de investigação de paternidade, como substituto processual de criança, se na sede do juízo houver órgão da Defensoria Pública.

IV. A causa submetida à apreciação do STJ, por meio de recurso especial, não confere alcance nacional à sentença proferida em ação civil pública.
Estão CORRETAS as afirmativas:
  • A I e II, apenas.
  • B II e IV, apenas.
  • C I e III, apenas.
  • D II e III, apenas.