Resolver o Simulado CS-UFG - Nível Superior

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Português

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Envelhecer e uma arte?

Nas palavras de Cicero, envelhecer e coisa boa. Dois mil anos depois, com fartura de numeros, o tema reaparece nas pesquisas iniciadas por R. Easterlin. Detecta-se uma “curva da fossa”: entre 40 e 50 anos, bate um pessimismo, uma inseguranga difusa. Mas dai para a frente voltamos a ficar de bem com a vida, cada vez mais felizes - obvio, so ate o corpo fracassar. Sera?

Esse lado emocional-filosofico e nebuloso. Amadurecemos com a idade, como sugerem as pesquisas? Ou acumulamos azedumes e rabugices? Ficamos cada vez mais impacientes com a burrice humana? Ou mais bem blindados contra ela? Cada um e cada um.

O psicologo A. Maslow documentou o que significa para ele ir ficando velho. Percebia uma perda progressiva da motivagao para fazer as coisas e lidar com desafios. Mais e mais empreitadas deixavam de valer a pena.

Em sua ultima entrevista, Paulo Freire segue caminho paralelo a Maslow, afirmando que envelhecer e perder a curiosidade.

O caso das faculdades mentais e bem documentado pela pesquisa. Degrada-se a memoria, sobretudo a de curto prazo e a dos nomes e datas. O raciocinio matematico comega a derrapar ja a partir dos 30. De fato, todos os avangos na area foram feitos por jovens.

A boa noticia e que a capacidade de julgamento, a sabedoria, o esprit de finesse, mencionado por Pascal, nao apenas sobrevivem, mas progridem. Comprovou-se que os velhos precisam ler menos para decidir sobre algum assunto, com igual competencia. E, nas humanidades, amadurecemos com os anos, e muito. Romancistas e historiadores? Prefiram os velhos. Com o passar dos anos, politicos entendem melhor a natureza humana, por isso sobrevivem na carreira.

Sabemos tambem que a inteligencia reage como um musculo. A qualquer idade, e fortalecida com exercicios e evapora com a inagao. Dai a importancia de exercitar a ambos. Se encolhem os desafios mentais na aposentadoria, risco a vida! Nao e o contracheque que salva vidas; mas a letargia intelectual mata. Se ficarmos esperando pela morte, ela vira mais celere.

Na minha incauta opiniao, conversa de doente nao faz bem a saude. Tampouco e uma boa receita para a longevidade voltar aos lugares em que se viveu ou trabalhou, nao encontrar mais conhecidos e ser tratado como um estranho.

Caminhando pelas ruas, vemos logo quem tem jeito de aposentado. Falta chispa nos olhos e o andar sugere que nao quer chegar a parte alguma. Quem le obituario, para ficar sabendo dos amigos que morreram, mostra na cara sua vocagao para a morte. Cruz-credo! Alias, a solidao e fatal! Por isso, vale o conselho de Samuel Jonhson: enquanto jovem, e preciso cultivar os amigos, pois com a idade vai ficando dificil renovar o plantel.

A decadencia do corpo e inexoravel. Mais dias de indisposigao, doi aqui, doi acola, mais enguigos e reparos, mais remedinhos para isso ou para aquilo. Contudo, avangos na medicina e melhores estilos de vida freiam espetacularmente a degradagao do corpo. Mantem serelepes muitos velhos que, faz poucas decadas, estariam derrubados. Vejam nas ilustragoes antigas a imagem dos avos, circunspectos e encarquilhados. Gente nas mesmas idades esta hoje malhando nas academias, subindo montanhas e gabando-se de suas proezas, em todos os azimutes. Obviamente, isso da trabalho: ha que buscar remedios miraculosos, proteses, mandar recauchutar o coração, fazer dietas e exercicios árduos para manter a massa muscular.

Isso sao teorias.

O unico ganho indisputavel e nao ter que entrar em filas

Os resultados das pesquisas iniciadas por E. Easterlin revelaram que

  • A as pessoas entram, por um determinado período, em uma fase de ceticismo e vulnerabilidade.
  • B o único ganho substancial com o envelhecimento é a possibilidade de evitar filas
  • C as estratégias para cultivar amigos enquanto ainda se e jovem são necessárias.
  • D o retomo a lugares em que se viveu ou trabalhou garantira mais anos de vida.
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A armadilha da aceitação

Existe um lugar quentinho e cômodo chamado aceitação. Olhando de longe, parece agradável. Mais do que isso, é absolutamente tentador: os que ali repousam parecem confortáveis, acolhidos, até mesmo com um senso de poder, como se estivessem tirando um cochilo plácido debaixo das asas de um dragão.

“Elas estão por cima", é o que se pensa de quem encontrou seu espacinho sob a aba da aceitação. Porém, é preciso batalhar para ter um espaço ali. Esse dragão não aceita qualquer um; e sua aceitação, como tudo nesta vida, tem um preço.

Para ser aceita, em primeiro lugar, você não pode querer destruir esse dragão. Óbvio. Você não pode atacá-lo, você não pode ridicularizá-lo, você não pode falar para ou- tras pessoas o quanto seus dentes são perigosos, você não pode sequer fazer perguntas constrangedoras a ele.

Faça qualquer uma dessas coisas e você estará para sempre riscada da lista VIP da aceitação. Ou, talvez, se você se humilhar o suficiente, ele consiga se esquecer de tudo o que você fez e reconsidere o seu pedido por aceitação.

Amelhor coisa que você pode fazer para conseguir aceitação é atacar as pessoas que querem destruir o generoso distribuidor deste privilégio. Uma boa forma de fazer isso é ridicularizando-as, e pode ser bem divertido fingir que esse dragão sequer existe, embora ele seja algo tão monstruosamente gigante que é quase como se sua existência estivesse sendo esfregada em nossas caras.

Reforçar o discurso desse dragão, ainda que você não saiba muito bem do que está falando, é o passo mais importante que você pode dar em direção à tão esperada aceitação.

Reproduzir esse discurso é bem simples: basta que a mensagem principal seja deixar tudo como está - e há várias formas de se dizer isso, das mais rudimentares e manjadas às mais elaboradas e inovadoras. Não dá pra reclamar de falta de opção.

Pode ter certeza que o dragão da aceitação dará cambalhotas de felicidade. Nada o agrada mais do que ver gente impedindo que as coisas mudem.

Uma vez aceita, você estará cercada de outras pessoas tão legais quanto você, todas acolhidas nesse lugar quentinho chamado aceitação. Ali, você irá acomodar a sua visão de mundo, como quem coloca óculos escuros para relaxar a vista, e irá assistir numa boa às pessoas se dando mal lá fora.

É claro que elas só estão se dando tão mal por causa do tal dragão; mas se você não pode derrotá-lo, una-se a ele, não é o que dizem?

O que ninguém diz quando você tenta a todo custo ser aceita é que nem isso torna você imune. Ser aceita não é garantia nenhuma de ser poupada.

Você pode tentar agradar ao dragão, você pode caprichar na reprodução e perpetuação do discurso que o mantém acocorado sobre este mundo, você pode até se estirar no chão para se fazer de tapete de boas-vindas, mas nada disso irá adiantar, especialmente porque esse discurso só foi feito para destruir você.

E aí é que a aceitação se revela como uma armadilha. Tudo o que você faz para ser aceita por aquilo que es- maga as outras sem dó só serve para deixar você mais perto da boca cheia de dentes que ainda vai te mastigar e te cuspir para fora. Pode demorar, mas vai. Porque só tem uma coisa que esse dragão realmente aceita: dominar e oprimir.

Então, se ele sorrir para você, não se engane: ele não está te aceitando. Está apenas mostrando os dentes que vai usar para fazer você em pedaços depois.

VALEK, Aline. Disponível em: < http://www.cartacapital.com.br/blogs/escrito- rio-feminista/a-armadilha-da-aceitacao-4820.html > . Acesso: 13 fev. 2015. (Adaptado).

No contexto em que aparece o segmento: “reforçar o discurso desse dragão é o passo mais importante que você pode dar em direção à tão esperada aceitação”, a autora

  • A reflete sobre práticas sociais ligadas à aceitação por ela consideradas condenáveis.
  • B dá uma dica de como seduzir o inimigo para depois destruí-lo.
  • C interpela o interlocutor a ser diplomático nas relações sociais.
  • D revela a sua verdadeira opinião sobre a necessidade da aceitação.
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Envelhecer e uma arte?

Nas palavras de Cicero, envelhecer e coisa boa. Dois mil anos depois, com fartura de numeros, o tema reaparece nas pesquisas iniciadas por R. Easterlin. Detecta-se uma “curva da fossa”: entre 40 e 50 anos, bate um pessimismo, uma inseguranga difusa. Mas dai para a frente voltamos a ficar de bem com a vida, cada vez mais felizes - obvio, so ate o corpo fracassar. Sera?

Esse lado emocional-filosofico e nebuloso. Amadurecemos com a idade, como sugerem as pesquisas? Ou acumulamos azedumes e rabugices? Ficamos cada vez mais impacientes com a burrice humana? Ou mais bem blindados contra ela? Cada um e cada um.

O psicologo A. Maslow documentou o que significa para ele ir ficando velho. Percebia uma perda progressiva da motivagao para fazer as coisas e lidar com desafios. Mais e mais empreitadas deixavam de valer a pena.

Em sua ultima entrevista, Paulo Freire segue caminho paralelo a Maslow, afirmando que envelhecer e perder a curiosidade.

O caso das faculdades mentais e bem documentado pela pesquisa. Degrada-se a memoria, sobretudo a de curto prazo e a dos nomes e datas. O raciocinio matematico comega a derrapar ja a partir dos 30. De fato, todos os avangos na area foram feitos por jovens.

A boa noticia e que a capacidade de julgamento, a sabedoria, o esprit de finesse, mencionado por Pascal, nao apenas sobrevivem, mas progridem. Comprovou-se que os velhos precisam ler menos para decidir sobre algum assunto, com igual competencia. E, nas humanidades, amadurecemos com os anos, e muito. Romancistas e historiadores? Prefiram os velhos. Com o passar dos anos, politicos entendem melhor a natureza humana, por isso sobrevivem na carreira.

Sabemos tambem que a inteligencia reage como um musculo. A qualquer idade, e fortalecida com exercicios e evapora com a inagao. Dai a importancia de exercitar a ambos. Se encolhem os desafios mentais na aposentadoria, risco a vida! Nao e o contracheque que salva vidas; mas a letargia intelectual mata. Se ficarmos esperando pela morte, ela vira mais celere.

Na minha incauta opiniao, conversa de doente nao faz bem a saude. Tampouco e uma boa receita para a longevidade voltar aos lugares em que se viveu ou trabalhou, nao encontrar mais conhecidos e ser tratado como um estranho.

Caminhando pelas ruas, vemos logo quem tem jeito de aposentado. Falta chispa nos olhos e o andar sugere que nao quer chegar a parte alguma. Quem le obituario, para ficar sabendo dos amigos que morreram, mostra na cara sua vocagao para a morte. Cruz-credo! Alias, a solidao e fatal! Por isso, vale o conselho de Samuel Jonhson: enquanto jovem, e preciso cultivar os amigos, pois com a idade vai ficando dificil renovar o plantel.

A decadencia do corpo e inexoravel. Mais dias de indisposigao, doi aqui, doi acola, mais enguigos e reparos, mais remedinhos para isso ou para aquilo. Contudo, avangos na medicina e melhores estilos de vida freiam espetacularmente a degradagao do corpo. Mantem serelepes muitos velhos que, faz poucas decadas, estariam derrubados. Vejam nas ilustragoes antigas a imagem dos avos, circunspectos e encarquilhados. Gente nas mesmas idades esta hoje malhando nas academias, subindo montanhas e gabando-se de suas proezas, em todos os azimutes. Obviamente, isso da trabalho: ha que buscar remedios miraculosos, proteses, mandar recauchutar o coração, fazer dietas e exercicios árduos para manter a massa muscular.

Isso sao teorias.

O unico ganho indisputavel e nao ter que entrar em filas

No quinto parágrafo do texto, o articulador discursivo “de fato” exprime uma

  • A concessão.
  • B reformulação
  • C condição
  • D confirmação.
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A armadilha da aceitação

Existe um lugar quentinho e cômodo chamado aceitação. Olhando de longe, parece agradável. Mais do que isso, é absolutamente tentador: os que ali repousam parecem confortáveis, acolhidos, até mesmo com um senso de poder, como se estivessem tirando um cochilo plácido debaixo das asas de um dragão.

“Elas estão por cima", é o que se pensa de quem encontrou seu espacinho sob a aba da aceitação. Porém, é preciso batalhar para ter um espaço ali. Esse dragão não aceita qualquer um; e sua aceitação, como tudo nesta vida, tem um preço.

Para ser aceita, em primeiro lugar, você não pode querer destruir esse dragão. Óbvio. Você não pode atacá-lo, você não pode ridicularizá-lo, você não pode falar para ou- tras pessoas o quanto seus dentes são perigosos, você não pode sequer fazer perguntas constrangedoras a ele.

Faça qualquer uma dessas coisas e você estará para sempre riscada da lista VIP da aceitação. Ou, talvez, se você se humilhar o suficiente, ele consiga se esquecer de tudo o que você fez e reconsidere o seu pedido por aceitação.

Amelhor coisa que você pode fazer para conseguir aceitação é atacar as pessoas que querem destruir o generoso distribuidor deste privilégio. Uma boa forma de fazer isso é ridicularizando-as, e pode ser bem divertido fingir que esse dragão sequer existe, embora ele seja algo tão monstruosamente gigante que é quase como se sua existência estivesse sendo esfregada em nossas caras.

Reforçar o discurso desse dragão, ainda que você não saiba muito bem do que está falando, é o passo mais importante que você pode dar em direção à tão esperada aceitação.

Reproduzir esse discurso é bem simples: basta que a mensagem principal seja deixar tudo como está - e há várias formas de se dizer isso, das mais rudimentares e manjadas às mais elaboradas e inovadoras. Não dá pra reclamar de falta de opção.

Pode ter certeza que o dragão da aceitação dará cambalhotas de felicidade. Nada o agrada mais do que ver gente impedindo que as coisas mudem.

Uma vez aceita, você estará cercada de outras pessoas tão legais quanto você, todas acolhidas nesse lugar quentinho chamado aceitação. Ali, você irá acomodar a sua visão de mundo, como quem coloca óculos escuros para relaxar a vista, e irá assistir numa boa às pessoas se dando mal lá fora.

É claro que elas só estão se dando tão mal por causa do tal dragão; mas se você não pode derrotá-lo, una-se a ele, não é o que dizem?

O que ninguém diz quando você tenta a todo custo ser aceita é que nem isso torna você imune. Ser aceita não é garantia nenhuma de ser poupada.

Você pode tentar agradar ao dragão, você pode caprichar na reprodução e perpetuação do discurso que o mantém acocorado sobre este mundo, você pode até se estirar no chão para se fazer de tapete de boas-vindas, mas nada disso irá adiantar, especialmente porque esse discurso só foi feito para destruir você.

E aí é que a aceitação se revela como uma armadilha. Tudo o que você faz para ser aceita por aquilo que es- maga as outras sem dó só serve para deixar você mais perto da boca cheia de dentes que ainda vai te mastigar e te cuspir para fora. Pode demorar, mas vai. Porque só tem uma coisa que esse dragão realmente aceita: dominar e oprimir.

Então, se ele sorrir para você, não se engane: ele não está te aceitando. Está apenas mostrando os dentes que vai usar para fazer você em pedaços depois.

VALEK, Aline. Disponível em: < http://www.cartacapital.com.br/blogs/escrito- rio-feminista/a-armadilha-da-aceitacao-4820.html > . Acesso: 13 fev. 2015. (Adaptado).

Da leitura do texto, infere-se que, com o título “A armadilha da aceitação”, a autora

  • A revela que a aceitação de determinadas regras sociais poupa as pessoas de sofrimentos posteriores.
  • B mostra que a aceitação social representa perigo de ser dominado e oprimido.
  • C incentiva a prática do individualismo que impede as pessoas de enxergarem as necessidades do outro.
  • D considera que uma trajetória de sofrimento termina quando a pessoa se integra em um grupo
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A armadilha da aceitação

Existe um lugar quentinho e cômodo chamado aceitação. Olhando de longe, parece agradável. Mais do que isso, é absolutamente tentador: os que ali repousam parecem confortáveis, acolhidos, até mesmo com um senso de poder, como se estivessem tirando um cochilo plácido debaixo das asas de um dragão.

“Elas estão por cima", é o que se pensa de quem encontrou seu espacinho sob a aba da aceitação. Porém, é preciso batalhar para ter um espaço ali. Esse dragão não aceita qualquer um; e sua aceitação, como tudo nesta vida, tem um preço.

Para ser aceita, em primeiro lugar, você não pode querer destruir esse dragão. Óbvio. Você não pode atacá-lo, você não pode ridicularizá-lo, você não pode falar para ou- tras pessoas o quanto seus dentes são perigosos, você não pode sequer fazer perguntas constrangedoras a ele.

Faça qualquer uma dessas coisas e você estará para sempre riscada da lista VIP da aceitação. Ou, talvez, se você se humilhar o suficiente, ele consiga se esquecer de tudo o que você fez e reconsidere o seu pedido por aceitação.

Amelhor coisa que você pode fazer para conseguir aceitação é atacar as pessoas que querem destruir o generoso distribuidor deste privilégio. Uma boa forma de fazer isso é ridicularizando-as, e pode ser bem divertido fingir que esse dragão sequer existe, embora ele seja algo tão monstruosamente gigante que é quase como se sua existência estivesse sendo esfregada em nossas caras.

Reforçar o discurso desse dragão, ainda que você não saiba muito bem do que está falando, é o passo mais importante que você pode dar em direção à tão esperada aceitação.

Reproduzir esse discurso é bem simples: basta que a mensagem principal seja deixar tudo como está - e há várias formas de se dizer isso, das mais rudimentares e manjadas às mais elaboradas e inovadoras. Não dá pra reclamar de falta de opção.

Pode ter certeza que o dragão da aceitação dará cambalhotas de felicidade. Nada o agrada mais do que ver gente impedindo que as coisas mudem.

Uma vez aceita, você estará cercada de outras pessoas tão legais quanto você, todas acolhidas nesse lugar quentinho chamado aceitação. Ali, você irá acomodar a sua visão de mundo, como quem coloca óculos escuros para relaxar a vista, e irá assistir numa boa às pessoas se dando mal lá fora.

É claro que elas só estão se dando tão mal por causa do tal dragão; mas se você não pode derrotá-lo, una-se a ele, não é o que dizem?

O que ninguém diz quando você tenta a todo custo ser aceita é que nem isso torna você imune. Ser aceita não é garantia nenhuma de ser poupada.

Você pode tentar agradar ao dragão, você pode caprichar na reprodução e perpetuação do discurso que o mantém acocorado sobre este mundo, você pode até se estirar no chão para se fazer de tapete de boas-vindas, mas nada disso irá adiantar, especialmente porque esse discurso só foi feito para destruir você.

E aí é que a aceitação se revela como uma armadilha. Tudo o que você faz para ser aceita por aquilo que es- maga as outras sem dó só serve para deixar você mais perto da boca cheia de dentes que ainda vai te mastigar e te cuspir para fora. Pode demorar, mas vai. Porque só tem uma coisa que esse dragão realmente aceita: dominar e oprimir.

Então, se ele sorrir para você, não se engane: ele não está te aceitando. Está apenas mostrando os dentes que vai usar para fazer você em pedaços depois.

VALEK, Aline. Disponível em: < http://www.cartacapital.com.br/blogs/escrito- rio-feminista/a-armadilha-da-aceitacao-4820.html > . Acesso: 13 fev. 2015. (Adaptado).

No texto, o uso das palavras “aceita” e “riscada”, no feminino, conduz à inferência de que

  • A a forma nominal dessas palavras se restringe à flexão no feminino
  • B essas palavras concordam em gênero com palavras a que se referem.
  • C os interlocutores imediatos do texto são do sexo feminino.
  • D tais palavras concordam com o sexo da escritora do texto.
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Texto 4
Brasileiro prefere se informar pela TV, diz pesquisa

Mas são os usuários da internet que passam o maior tempo "logados", revela Ibope

A televisão é o meio preferido de comunicação dos brasileiros (76,4%), seguido da internet (13,1%). Os dados fazem parte da Pesquisa brasileira de mídia 2014 - Hábitos de consumo de mídia pela população brasileira, divulgada nesta sexta-feira (7) pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República.

Segundo a pesquisa, apesar de os usuários de internet passarem mais tempo navegando que os telespectadores passam assistindo a programas na TV, o alcance da televisão é muito maior que o da web nos lares brasileiros: só 3% dos entrevistados disseram não assistir nunca à televisão. No caso da internet, 53% dos entrevistados afirmaram não ter o hábito de acessar a rede mundial de computadores.

De acordo com a sondagem, de segunda a sexta-feira, os internautas ficam, em média, três horas e 39 minutos na internet, enquanto os telespectadores passam três horas e 29 mi- nutos vendo TV. Os que ouvem rádio nesse período dedicam três horas e sete minutos a esse hábito e os que leem jornais impressos, uma hora e cinco minutos.

Ainda segundo a pesquisa, enquanto 21% dos entrevistados com renda familiar de até um salário mínimo acessam a rede semanalmente, o índice sobe para 75% entre os que têm renda superior a cinco salários mínimos.

Os mais escolarizados também levam vantagem: 87% dos entrevistados com nível superior disseram que têm acesso à internet pelo menos uma vez por semana. Por outro lado, só 8% dos entrevistados que cursaram até a 4ª série acessam a rede mundial de computadores ao menos uma vez por semana.

Mídia impressa

Outro dado da pesquisa revela que 75% dos entrevistados nunca leem jornais e 85% nunca leem qualquer revista. Apenas 6% dos brasileiros entrevistados disseram ler jornais diariamente. Mesmo em baixa, o jornal impresso é o veículo apontado como de maior credibilidade: 53% das pessoas consultadas responderam que confiam sempre, ou muitas vezes, nos jornais.

A pesquisa foi realizada com o objetivo de saber por quais meios de comunicação o brasileiro se informa e também para subsidiar a elaboração da política de comunicação do governo federal. O Ibope Inteligência ouviu 18.312 pessoas em 848 municípios entre os dias 12 de outubro e 6 de novembro do ano passado. O levantamento custou R$ 2,4 milhões. (Da redação, com Agência Brasil)


Com base nas informações da parte intitulada “Mídia impressa”, do Texto 4, conclui-se que os brasileiros.

  • A estão antenados com as novidades veiculadas pela mídia
  • B preferem acessar as informações por meio da audição.
  • C estão conectados com os acontecimentos do momento.
  • D pretendem buscar conhecimento por intermédio do rádio
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Envelhecer e uma arte?

Nas palavras de Cicero, envelhecer e coisa boa. Dois mil anos depois, com fartura de numeros, o tema reaparece nas pesquisas iniciadas por R. Easterlin. Detecta-se uma “curva da fossa”: entre 40 e 50 anos, bate um pessimismo, uma inseguranga difusa. Mas dai para a frente voltamos a ficar de bem com a vida, cada vez mais felizes - obvio, so ate o corpo fracassar. Sera?

Esse lado emocional-filosofico e nebuloso. Amadurecemos com a idade, como sugerem as pesquisas? Ou acumulamos azedumes e rabugices? Ficamos cada vez mais impacientes com a burrice humana? Ou mais bem blindados contra ela? Cada um e cada um.

O psicologo A. Maslow documentou o que significa para ele ir ficando velho. Percebia uma perda progressiva da motivagao para fazer as coisas e lidar com desafios. Mais e mais empreitadas deixavam de valer a pena.

Em sua ultima entrevista, Paulo Freire segue caminho paralelo a Maslow, afirmando que envelhecer e perder a curiosidade.

O caso das faculdades mentais e bem documentado pela pesquisa. Degrada-se a memoria, sobretudo a de curto prazo e a dos nomes e datas. O raciocinio matematico comega a derrapar ja a partir dos 30. De fato, todos os avangos na area foram feitos por jovens.

A boa noticia e que a capacidade de julgamento, a sabedoria, o esprit de finesse, mencionado por Pascal, nao apenas sobrevivem, mas progridem. Comprovou-se que os velhos precisam ler menos para decidir sobre algum assunto, com igual competencia. E, nas humanidades, amadurecemos com os anos, e muito. Romancistas e historiadores? Prefiram os velhos. Com o passar dos anos, politicos entendem melhor a natureza humana, por isso sobrevivem na carreira.

Sabemos tambem que a inteligencia reage como um musculo. A qualquer idade, e fortalecida com exercicios e evapora com a inagao. Dai a importancia de exercitar a ambos. Se encolhem os desafios mentais na aposentadoria, risco a vida! Nao e o contracheque que salva vidas; mas a letargia intelectual mata. Se ficarmos esperando pela morte, ela vira mais celere.

Na minha incauta opiniao, conversa de doente nao faz bem a saude. Tampouco e uma boa receita para a longevidade voltar aos lugares em que se viveu ou trabalhou, nao encontrar mais conhecidos e ser tratado como um estranho.

Caminhando pelas ruas, vemos logo quem tem jeito de aposentado. Falta chispa nos olhos e o andar sugere que nao quer chegar a parte alguma. Quem le obituario, para ficar sabendo dos amigos que morreram, mostra na cara sua vocagao para a morte. Cruz-credo! Alias, a solidao e fatal! Por isso, vale o conselho de Samuel Jonhson: enquanto jovem, e preciso cultivar os amigos, pois com a idade vai ficando dificil renovar o plantel.

A decadencia do corpo e inexoravel. Mais dias de indisposigao, doi aqui, doi acola, mais enguigos e reparos, mais remedinhos para isso ou para aquilo. Contudo, avangos na medicina e melhores estilos de vida freiam espetacularmente a degradagao do corpo. Mantem serelepes muitos velhos que, faz poucas decadas, estariam derrubados. Vejam nas ilustragoes antigas a imagem dos avos, circunspectos e encarquilhados. Gente nas mesmas idades esta hoje malhando nas academias, subindo montanhas e gabando-se de suas proezas, em todos os azimutes. Obviamente, isso da trabalho: ha que buscar remedios miraculosos, proteses, mandar recauchutar o coração, fazer dietas e exercicios árduos para manter a massa muscular.

Isso sao teorias.

O unico ganho indisputavel e nao ter que entrar em filas

Ao perguntar, no texto, “Ou mais bem blindados contra ela?", o autor se refere à

  • A insegurança difusa que ocorre entre os 40 e 50.
  • B intolerância com a burrice humana.
  • C decadência do corpo e da mente.
  • D letargia intelectual que pode levar à morte.
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Sua excelência, o leitor

Os livros vivem fechados, capa contra capa, esmagados na estante, às vezes durante décadas - é preciso arrancá-los de lá e abri-los para ver o que têm dentro [...]. Já o jornal são folhas escancaradas ao mundo, que gritam para ser lidas desde a primeira página. As mãos do texto puxam o leitor pelo colarinho em cada linha, porque tudo é feito diretamente para ele. O jornal do dia sabe que tem vida curta e ofegante e depende desse arisco, indócil, que segura as páginas amassando-as, dobrando-as, às vezes indiferente, passando adiante, largando no chão cadernos inteiros, às vezes recortando com a tesoura alguma coisa que o agrada ou o anúncio classificado. Súbito diz em voz alta, ao ler uma notícia grave, "Que absurdo!", como quem conversa. O jornal se retalha entre dois, três, quatro leitores, cada um com um caderno, já de olho no outro, enquanto bebem café. Nas salas de espera, o jornal é cruelmente dilacerado. Ao contrário do escritor, que se esconde, o cronista vive numa agitada reunião social entre textos - todos falam em voz alta ao mesmo tempo, disputam ávidos o olhar do leitor, que logo vira a página, e silenciamos no papel. Renascemos amanhã.

A expressão “Que Absurdo!” foi destacada por meio de aspas para indicar que é a voz

  • A do cronista, autor do texto em questão.
  • B de escritores de livros.
  • C dos cronistas de jornais.
  • D de possíveis leitores de jornais.
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Texto 1

Cem cruzeiros a mais

Ao receber certa quantia num guichê do Ministério, verificou que o funcionário lhe havia dado cem cruzeiros a mais. Quis voltar para devolver, mas outras pessoas protestaram: entrasse na fila.
Esperou pacientemente a vez, para que o funcionário lhe fechasse na cara a janelinha de vidro:
– Tenham paciência, mas está na hora do meu café.
Agora era uma questão de teimosia. Voltou à tarde, para encontrar fila maior – não conseguiu sequer aproximar-se do guichê antes de encerrar-se o expediente.
No dia seguinte era o primeiro da fila:
– Olha aqui: o senhor ontem me deu cem cruzeiros a mais.
– Eu?
Só então reparou que o funcionário era outro.
– Seu colega, então. Um de bigodinho.
– O Mafra.
– Se o nome dele é Mafra, não sei dizer.
– Só pode ter sido o Mafra. Aqui só trabalhamos eu e o Mafra. Não fui eu. Logo...
Ele coçou a cabeça, aborrecido:
– Está bem, foi o Mafra. E daí?
O funcionário lhe explicou com toda urbanidade que não podia responder pela distração do Mafra:
– Isto aqui é uma pagadoria, meu chapa. Não posso receber, só posso pagar. Receber, só na recebedoria. O próximo!
O próximo da fila, já impaciente, empurrou-o com o cotovelo. Amar o próximo como a ti mesmo! Procurou conter-se e se afastou, indeciso. Num súbito impulso de indignação – agora iria até o fim – dirigiu-se à recebedoria.
– O Mafra? Não trabalha aqui, meu amigo, nem nunca trabalhou.
– Eu sei. Ele é da pagadoria. Mas foi quem me deu os cem cruzeiros a mais.
Informaram-lhe que não podiam receber: tratava-se de uma devolução, não era isso mesmo? E não de pagamento. Tinha trazido a guia? Pois então? Onde já se viu pagamento sem guia? Receber mil cruzeiros a troco de quê?
– Mil não: cem. A troco de devolução.
– Troco de devolução. Entenda-se.
– Pois devolvo e acabou-se.
– Só com o chefe. O próximo!
O chefe da seção já tinha saído: só no dia seguinte. No dia seguinte, depois de fazê-lo esperar mais de meia hora, o chefe informou-lhe que deveria redigir um ofício historiando o fato e devolvendo o dinheiro.
– Já que o senhor faz tanta questão de devolver.
– Questão absoluta.
– Louvo o seu escrúpulo.
– Mas o nosso amigo ali do guichê disse que era só entregar ao senhor – suspirou ele.
– Quem disse isso?
– Um homem de óculos naquela seção do lado de lá. Recebedoria, parece.
– O Araújo. Ele disse isso, é? Pois olhe: volte lá e diga-lhe para deixar de ser besta. Pode dizer que fui eu que falei. O Araújo sempre se metendo a entendido!
– Mas e o ofício? Não tenho nada com essa briga, vamos fazer logo o ofício.
– Impossível: tem de dar entrada no protocolo.
Saindo dali, em vez de ir ao protocolo, ou ao Araújo para dizer-lhe que deixasse de ser besta, o honesto cidadão dirigiu-se ao guichê onde recebera o dinheiro, fez da nota de cem cruzeiros uma bolinha, atirou-a lá dentro por cima do vidro e foi-se embora.

Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas

A palavra “Próximo!” é empregada nos Textos 1 e 2 significando que

  • A há pessoas na fila que têm esse apelido.
  • B é uma senha de chamada nas filas de atendimento.
  • C chegou a vez da próxima pessoa a aguardar na fila.
  • D é um tratamento ofensivo em filas de espera.
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A armadilha da aceitação

Existe um lugar quentinho e cômodo chamado aceitação. Olhando de longe, parece agradável. Mais do que isso, é absolutamente tentador: os que ali repousam parecem confortáveis, acolhidos, até mesmo com um senso de poder, como se estivessem tirando um cochilo plácido debaixo das asas de um dragão.

“Elas estão por cima", é o que se pensa de quem encontrou seu espacinho sob a aba da aceitação. Porém, é preciso batalhar para ter um espaço ali. Esse dragão não aceita qualquer um; e sua aceitação, como tudo nesta vida, tem um preço.

Para ser aceita, em primeiro lugar, você não pode querer destruir esse dragão. Óbvio. Você não pode atacá-lo, você não pode ridicularizá-lo, você não pode falar para ou- tras pessoas o quanto seus dentes são perigosos, você não pode sequer fazer perguntas constrangedoras a ele.

Faça qualquer uma dessas coisas e você estará para sempre riscada da lista VIP da aceitação. Ou, talvez, se você se humilhar o suficiente, ele consiga se esquecer de tudo o que você fez e reconsidere o seu pedido por aceitação.

Amelhor coisa que você pode fazer para conseguir aceitação é atacar as pessoas que querem destruir o generoso distribuidor deste privilégio. Uma boa forma de fazer isso é ridicularizando-as, e pode ser bem divertido fingir que esse dragão sequer existe, embora ele seja algo tão monstruosamente gigante que é quase como se sua existência estivesse sendo esfregada em nossas caras.

Reforçar o discurso desse dragão, ainda que você não saiba muito bem do que está falando, é o passo mais importante que você pode dar em direção à tão esperada aceitação.

Reproduzir esse discurso é bem simples: basta que a mensagem principal seja deixar tudo como está - e há várias formas de se dizer isso, das mais rudimentares e manjadas às mais elaboradas e inovadoras. Não dá pra reclamar de falta de opção.

Pode ter certeza que o dragão da aceitação dará cambalhotas de felicidade. Nada o agrada mais do que ver gente impedindo que as coisas mudem.

Uma vez aceita, você estará cercada de outras pessoas tão legais quanto você, todas acolhidas nesse lugar quentinho chamado aceitação. Ali, você irá acomodar a sua visão de mundo, como quem coloca óculos escuros para relaxar a vista, e irá assistir numa boa às pessoas se dando mal lá fora.

É claro que elas só estão se dando tão mal por causa do tal dragão; mas se você não pode derrotá-lo, una-se a ele, não é o que dizem?

O que ninguém diz quando você tenta a todo custo ser aceita é que nem isso torna você imune. Ser aceita não é garantia nenhuma de ser poupada.

Você pode tentar agradar ao dragão, você pode caprichar na reprodução e perpetuação do discurso que o mantém acocorado sobre este mundo, você pode até se estirar no chão para se fazer de tapete de boas-vindas, mas nada disso irá adiantar, especialmente porque esse discurso só foi feito para destruir você.

E aí é que a aceitação se revela como uma armadilha. Tudo o que você faz para ser aceita por aquilo que es- maga as outras sem dó só serve para deixar você mais perto da boca cheia de dentes que ainda vai te mastigar e te cuspir para fora. Pode demorar, mas vai. Porque só tem uma coisa que esse dragão realmente aceita: dominar e oprimir.

Então, se ele sorrir para você, não se engane: ele não está te aceitando. Está apenas mostrando os dentes que vai usar para fazer você em pedaços depois.

VALEK, Aline. Disponível em: < http://www.cartacapital.com.br/blogs/escrito- rio-feminista/a-armadilha-da-aceitacao-4820.html > . Acesso: 13 fev. 2015. (Adaptado).

No texto, a temática da aceitação é desenvolvida com o predomínio de sequências

  • A injuntivas, em que há apelo à figura do interlocutor
  • B descritivas, já que o lugar da aceitação é descrito com detalhes.
  • C narrativas, pois o dragão constitui um personagem localizado no tempo e no espaço.
  • D argumentativas, por meio das quais o enunciador revela seu ponto de vista.
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O potencial do WhatsApp para o uso em mineração de dados.

Mineração de dados é o processo de explorar grandes quantidades de dados à procura de padrões consistentes

1. Introdução

Qualquer pessoa com conhecimentos básicos de matemática consegue perceber que o valor fechado na compra do What-sApp pelo Facebook simplesmente não bate com o fatura- mento da empresa.19 bilhões de dólares em uma empresa que tem apenas 50 funcionários. O aplicativo possui uma quantidade expressiva de usuários ativos - cerca de 450 mi- lhões por mês - mas não possui um modelo de negócios muito rentável - uma assinatura de apenas um dólar por ano, contando a partir do segundo ano de uso. “O WhatsApp está a caminho de conectar 1 bilhão de pessoas. Os serviços que alcançam essa marca são todos incrivelmente valiosos”, diz Mark Zuckerberg, CEO do Facebook.

2. A Target sabia que uma adolescente estava grávida an-tes mesmo dos pais dela

Duhigg explicou noThe New York Times como a Target - a segunda maior rede varejista dos Estados Unidos - estava utilizando o processo de mineração de dados para entender os hábitos de compra de seus clientes. Para isso, contrataram Andrew Pole, um mestre em economia e estatística, que assumiu o cargo de estatístico em 2002. Em sua base de dados, a empresa mantinha algumas informações dos clientes, como nome, e-mail e um histórico completo de tudo o que compravam em qualquer loja da rede.

Conforme o computador de Pole analisava os dados, ele foi capaz de identificar cerca de 25 produtos que, quando analisados em conjunto, lhe permitiram atribuir a cada cliente uma pontuação de “previsão de gravidez”. Mais importante, ele também poderia estimar a data do parto para dentro de um pequeno intervalo de tempo, assim a Target poderia enviar cupons programados para estágios muito específicos de sua gravidez. A Target então começou a enviar cupons de des- conto de produtos relacionados a bebês para as futuras ma- mães, baseando-se nos padrões de compra identificados pelo software. Um dia, um pai entrou em uma das lojas da rede muito nervoso, solicitando falar com o gerente: “Minha filha recebeu essa carta pelo correio!”, ele disse. “Ela ainda está no colegial e vocês estão enviando seus cupons de desconto de roupas de bebê e berços? Vocês estão tentando incentivá-la a engravidar?”. O gerente não fazia ideia do que o homem estava falando. Ele olhou para a mala direta. Com certeza ela foi dirigida à filha do homem e continha propagan- das de roupas de maternidade, mobília do berçário e fotos de crianças sorridentes. O gerente pediu desculpas e, alguns dias depois, ligou para se desculpar novamente. No telefone, porém, o pai parecia um pouco envergonhado. “Eu tive uma conversa com a minha filha”, disse ele. “Acontece que ocorreram algumas atividades em minha casa das quais eu não estava completamente ciente. Ela deve ter o bebê em agosto. Lhe devo um pedido de desculpas.

3. O Facebook sabe quando você vai começar a namorar

Você não precisa de dados tão precisos como um histórico de compras para identificar padrões e prever acontecimentos. O próprio Facebook divulgou na semana passada que consegue saber quando uma pessoa está prestes a mudar o seu status de relacionamento, apenas cruzando dados sobre suas interações dentro da rede. Não é preciso nem ler as mensagens que você troca via Inbox, basta identificar com quem você anda interagindo, se está postando na timeline dessa pessoa e com qual frequência. Daí surgiu um padrão: quando a troca de mensagens atinge um certo ritmo, significa que você está prestes a assumir um relacionamento público na rede social. Também é possível observar que, uma vez alterado o status, as interações entre timelines tendem a diminuir, porém a presença de palavras positivas como “feliz” e “amor” aumentam consideravelmente.

4. Aplicando mineração de dados no WhatsApp

De todos os serviços que utilizamos, é provável que o Facebook seja aquele que possui a maior quantidade de informa- ções precisas sobre nós. Ele não tenta adivinhar qual o seu cantor ou filme favorito, ele simplesmente sabe. Você forneceu essas informações de boa vontade quando preencheu o seu perfil. A Target conseguiu aumentar alguns bilhões de dólares no seu faturamento anual apenas criando estratégias de venda com base nas informações extraídas da mineração de dados. Mas ela é uma empresa varejista, diferente do Fa- cebook, que não comercializa nenhum produto. A rede de Mark Zuckerberg fatura com a venda de anúncios e, mais im- portante, ganha com a performance desses anúncios. Isso significa que, se ninguém clicar na publicidade que fica ali na barra lateral, quem sai perdendo é o Facebook. Por isso é muito importante que esses anúncios despertem interesse no usuário. Outras empresas também estão de olho nessas preciosas fontes de dados. No ano passado, o Snapchat declinou uma oferta de compra de 3 bilhões de dólares vinda do Facebook. Um mês depois, o Google teria oferecido 4 bilhões de dólares e também levou um “não”. Semana passada foi a vez da Rakuten (uma empresa que funciona como uma espécie de shopping on-line, abrigando várias lojas dentro de um mesmo domínio) fazer uma oferta milionária pelo Viber, um app de VoIP e mensagens instantâneas. O negócio foi fecha- do por 900 milhões de dólares.

5. É o fim da privacidade?

O mesmo risco que você corre hoje ao utilizar serviços on- line, continuará correndo se a compra for concretizada. Não há nenhum motivo novo para se preocupar. Não é como se, agora que o app foi vendido, os funcionários do Facebook fossem vasculhar cada uma de suas mensagens pessoais individualmente; isso é até inviável! O objetivo desses sistemas é analisar blocos gigantescos de dados em busca de padrões comportamentais. Além do mais, veja o caso da Target, que possui lojas físicas além do e-commerce. Ou seja, não foi preciso nem se conectar à internet. A prática de monitorar os “passos” do consumidor com o objetivo de exibir uma vitrine de ofertas mais relevante é muito comum também em sites de e-commerce e de vendas de passagens aéreas, só para citar mais exemplos. Também não sabemos ao certo qual o nível de acesso que o Facebook vai ter a essas mensagens. E, levando em consideração o formato do aplicativo, é improvável que mensagens publicitárias comecem a pipocar em sua conta num futuro próximo. De qualquer forma, para os mais paranoicos, vale ficar atento para o surgimento de anúncios de fraldas e roupas de bebê.

O texto é iniciado com o lançamento de um problema envolvendo a compra do WhatsApp pelo Facebook. Uma das soluções desse problema está

  • A no potencial de agregação de pessoas ao aplicativo.
  • B na capacidade de envolvimento nas redes sociais.
  • C no poder de convencimento dos empresários.
  • D na habilidade de manipulação de informações virais.
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Texto 1

Cem cruzeiros a mais

Ao receber certa quantia num guichê do Ministério, verificou que o funcionário lhe havia dado cem cruzeiros a mais. Quis voltar para devolver, mas outras pessoas protestaram: entrasse na fila.
Esperou pacientemente a vez, para que o funcionário lhe fechasse na cara a janelinha de vidro:
– Tenham paciência, mas está na hora do meu café.
Agora era uma questão de teimosia. Voltou à tarde, para encontrar fila maior – não conseguiu sequer aproximar-se do guichê antes de encerrar-se o expediente.
No dia seguinte era o primeiro da fila:
– Olha aqui: o senhor ontem me deu cem cruzeiros a mais.
– Eu?
Só então reparou que o funcionário era outro.
– Seu colega, então. Um de bigodinho.
– O Mafra.
– Se o nome dele é Mafra, não sei dizer.
– Só pode ter sido o Mafra. Aqui só trabalhamos eu e o Mafra. Não fui eu. Logo...
Ele coçou a cabeça, aborrecido:
– Está bem, foi o Mafra. E daí?
O funcionário lhe explicou com toda urbanidade que não podia responder pela distração do Mafra:
– Isto aqui é uma pagadoria, meu chapa. Não posso receber, só posso pagar. Receber, só na recebedoria. O próximo!
O próximo da fila, já impaciente, empurrou-o com o cotovelo. Amar o próximo como a ti mesmo! Procurou conter-se e se afastou, indeciso. Num súbito impulso de indignação – agora iria até o fim – dirigiu-se à recebedoria.
– O Mafra? Não trabalha aqui, meu amigo, nem nunca trabalhou.
– Eu sei. Ele é da pagadoria. Mas foi quem me deu os cem cruzeiros a mais.
Informaram-lhe que não podiam receber: tratava-se de uma devolução, não era isso mesmo? E não de pagamento. Tinha trazido a guia? Pois então? Onde já se viu pagamento sem guia? Receber mil cruzeiros a troco de quê?
– Mil não: cem. A troco de devolução.
– Troco de devolução. Entenda-se.
– Pois devolvo e acabou-se.
– Só com o chefe. O próximo!
O chefe da seção já tinha saído: só no dia seguinte. No dia seguinte, depois de fazê-lo esperar mais de meia hora, o chefe informou-lhe que deveria redigir um ofício historiando o fato e devolvendo o dinheiro.
– Já que o senhor faz tanta questão de devolver.
– Questão absoluta.
– Louvo o seu escrúpulo.
– Mas o nosso amigo ali do guichê disse que era só entregar ao senhor – suspirou ele.
– Quem disse isso?
– Um homem de óculos naquela seção do lado de lá. Recebedoria, parece.
– O Araújo. Ele disse isso, é? Pois olhe: volte lá e diga-lhe para deixar de ser besta. Pode dizer que fui eu que falei. O Araújo sempre se metendo a entendido!
– Mas e o ofício? Não tenho nada com essa briga, vamos fazer logo o ofício.
– Impossível: tem de dar entrada no protocolo.
Saindo dali, em vez de ir ao protocolo, ou ao Araújo para dizer-lhe que deixasse de ser besta, o honesto cidadão dirigiu-se ao guichê onde recebera o dinheiro, fez da nota de cem cruzeiros uma bolinha, atirou-a lá dentro por cima do vidro e foi-se embora.

SABINO, Fernando. Disponível em: <:// www.velhosamigos.com.br/
Colaboradores/Diversos/fernando sabino2.html>. Acesso em: 13 abr. 2015.

A expressão “com toda urbanidade” torna o enunciado irônico. Esse recurso é utilizado no texto para criticar a

  • A popularização do uso de estruturas eruditas.
  • B vulgarização do emprego de termos especializados.
  • C forma como as pessoas são atendidas nas repartições.
  • D maneira como os cidadãos comuns se tratam em público.
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Envelhecer e uma arte?

Nas palavras de Cicero, envelhecer e coisa boa. Dois mil anos depois, com fartura de numeros, o tema reaparece nas pesquisas iniciadas por R. Easterlin. Detecta-se uma “curva da fossa”: entre 40 e 50 anos, bate um pessimismo, uma inseguranga difusa. Mas dai para a frente voltamos a ficar de bem com a vida, cada vez mais felizes - obvio, so ate o corpo fracassar. Sera?

Esse lado emocional-filosofico e nebuloso. Amadurecemos com a idade, como sugerem as pesquisas? Ou acumulamos azedumes e rabugices? Ficamos cada vez mais impacientes com a burrice humana? Ou mais bem blindados contra ela? Cada um e cada um.

O psicologo A. Maslow documentou o que significa para ele ir ficando velho. Percebia uma perda progressiva da motivagao para fazer as coisas e lidar com desafios. Mais e mais empreitadas deixavam de valer a pena.

Em sua ultima entrevista, Paulo Freire segue caminho paralelo a Maslow, afirmando que envelhecer e perder a curiosidade.

O caso das faculdades mentais e bem documentado pela pesquisa. Degrada-se a memoria, sobretudo a de curto prazo e a dos nomes e datas. O raciocinio matematico comega a derrapar ja a partir dos 30. De fato, todos os avangos na area foram feitos por jovens.

A boa noticia e que a capacidade de julgamento, a sabedoria, o esprit de finesse, mencionado por Pascal, nao apenas sobrevivem, mas progridem. Comprovou-se que os velhos precisam ler menos para decidir sobre algum assunto, com igual competencia. E, nas humanidades, amadurecemos com os anos, e muito. Romancistas e historiadores? Prefiram os velhos. Com o passar dos anos, politicos entendem melhor a natureza humana, por isso sobrevivem na carreira.

Sabemos tambem que a inteligencia reage como um musculo. A qualquer idade, e fortalecida com exercicios e evapora com a inagao. Dai a importancia de exercitar a ambos. Se encolhem os desafios mentais na aposentadoria, risco a vida! Nao e o contracheque que salva vidas; mas a letargia intelectual mata. Se ficarmos esperando pela morte, ela vira mais celere.

Na minha incauta opiniao, conversa de doente nao faz bem a saude. Tampouco e uma boa receita para a longevidade voltar aos lugares em que se viveu ou trabalhou, nao encontrar mais conhecidos e ser tratado como um estranho.

Caminhando pelas ruas, vemos logo quem tem jeito de aposentado. Falta chispa nos olhos e o andar sugere que nao quer chegar a parte alguma. Quem le obituario, para ficar sabendo dos amigos que morreram, mostra na cara sua vocagao para a morte. Cruz-credo! Alias, a solidao e fatal! Por isso, vale o conselho de Samuel Jonhson: enquanto jovem, e preciso cultivar os amigos, pois com a idade vai ficando dificil renovar o plantel.

A decadencia do corpo e inexoravel. Mais dias de indisposigao, doi aqui, doi acola, mais enguigos e reparos, mais remedinhos para isso ou para aquilo. Contudo, avangos na medicina e melhores estilos de vida freiam espetacularmente a degradagao do corpo. Mantem serelepes muitos velhos que, faz poucas decadas, estariam derrubados. Vejam nas ilustragoes antigas a imagem dos avos, circunspectos e encarquilhados. Gente nas mesmas idades esta hoje malhando nas academias, subindo montanhas e gabando-se de suas proezas, em todos os azimutes. Obviamente, isso da trabalho: ha que buscar remedios miraculosos, proteses, mandar recauchutar o coração, fazer dietas e exercicios árduos para manter a massa muscular.

Isso sao teorias.

O unico ganho indisputavel e nao ter que entrar em filas

Da visão do autor, deduz-se que, atualmente, o envelhecimento

  • A faz com que as pessoas fiquem encarquilhadas.
  • B traz motivação pessoal.
  • C é inevitável e pessoal.
  • D torna as pessoas mais felizes.
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O potencial do WhatsApp para o uso em mineração de dados.

Mineração de dados é o processo de explorar grandes quantidades de dados à procura de padrões consistentes

1. Introdução

Qualquer pessoa com conhecimentos básicos de matemática consegue perceber que o valor fechado na compra do What-sApp pelo Facebook simplesmente não bate com o fatura- mento da empresa.19 bilhões de dólares em uma empresa que tem apenas 50 funcionários. O aplicativo possui uma quantidade expressiva de usuários ativos - cerca de 450 mi- lhões por mês - mas não possui um modelo de negócios muito rentável - uma assinatura de apenas um dólar por ano, contando a partir do segundo ano de uso. “O WhatsApp está a caminho de conectar 1 bilhão de pessoas. Os serviços que alcançam essa marca são todos incrivelmente valiosos”, diz Mark Zuckerberg, CEO do Facebook.

2. A Target sabia que uma adolescente estava grávida an-tes mesmo dos pais dela

Duhigg explicou noThe New York Times como a Target - a segunda maior rede varejista dos Estados Unidos - estava utilizando o processo de mineração de dados para entender os hábitos de compra de seus clientes. Para isso, contrataram Andrew Pole, um mestre em economia e estatística, que assumiu o cargo de estatístico em 2002. Em sua base de dados, a empresa mantinha algumas informações dos clientes, como nome, e-mail e um histórico completo de tudo o que compravam em qualquer loja da rede.

Conforme o computador de Pole analisava os dados, ele foi capaz de identificar cerca de 25 produtos que, quando analisados em conjunto, lhe permitiram atribuir a cada cliente uma pontuação de “previsão de gravidez”. Mais importante, ele também poderia estimar a data do parto para dentro de um pequeno intervalo de tempo, assim a Target poderia enviar cupons programados para estágios muito específicos de sua gravidez. A Target então começou a enviar cupons de des- conto de produtos relacionados a bebês para as futuras ma- mães, baseando-se nos padrões de compra identificados pelo software. Um dia, um pai entrou em uma das lojas da rede muito nervoso, solicitando falar com o gerente: “Minha filha recebeu essa carta pelo correio!”, ele disse. “Ela ainda está no colegial e vocês estão enviando seus cupons de desconto de roupas de bebê e berços? Vocês estão tentando incentivá-la a engravidar?”. O gerente não fazia ideia do que o homem estava falando. Ele olhou para a mala direta. Com certeza ela foi dirigida à filha do homem e continha propagan- das de roupas de maternidade, mobília do berçário e fotos de crianças sorridentes. O gerente pediu desculpas e, alguns dias depois, ligou para se desculpar novamente. No telefone, porém, o pai parecia um pouco envergonhado. “Eu tive uma conversa com a minha filha”, disse ele. “Acontece que ocorreram algumas atividades em minha casa das quais eu não estava completamente ciente. Ela deve ter o bebê em agosto. Lhe devo um pedido de desculpas.

3. O Facebook sabe quando você vai começar a namorar

Você não precisa de dados tão precisos como um histórico de compras para identificar padrões e prever acontecimentos. O próprio Facebook divulgou na semana passada que consegue saber quando uma pessoa está prestes a mudar o seu status de relacionamento, apenas cruzando dados sobre suas interações dentro da rede. Não é preciso nem ler as mensagens que você troca via Inbox, basta identificar com quem você anda interagindo, se está postando na timeline dessa pessoa e com qual frequência. Daí surgiu um padrão: quando a troca de mensagens atinge um certo ritmo, significa que você está prestes a assumir um relacionamento público na rede social. Também é possível observar que, uma vez alterado o status, as interações entre timelines tendem a diminuir, porém a presença de palavras positivas como “feliz” e “amor” aumentam consideravelmente.

4. Aplicando mineração de dados no WhatsApp

De todos os serviços que utilizamos, é provável que o Facebook seja aquele que possui a maior quantidade de informa- ções precisas sobre nós. Ele não tenta adivinhar qual o seu cantor ou filme favorito, ele simplesmente sabe. Você forneceu essas informações de boa vontade quando preencheu o seu perfil. A Target conseguiu aumentar alguns bilhões de dólares no seu faturamento anual apenas criando estratégias de venda com base nas informações extraídas da mineração de dados. Mas ela é uma empresa varejista, diferente do Fa- cebook, que não comercializa nenhum produto. A rede de Mark Zuckerberg fatura com a venda de anúncios e, mais im- portante, ganha com a performance desses anúncios. Isso significa que, se ninguém clicar na publicidade que fica ali na barra lateral, quem sai perdendo é o Facebook. Por isso é muito importante que esses anúncios despertem interesse no usuário. Outras empresas também estão de olho nessas preciosas fontes de dados. No ano passado, o Snapchat declinou uma oferta de compra de 3 bilhões de dólares vinda do Facebook. Um mês depois, o Google teria oferecido 4 bilhões de dólares e também levou um “não”. Semana passada foi a vez da Rakuten (uma empresa que funciona como uma espécie de shopping on-line, abrigando várias lojas dentro de um mesmo domínio) fazer uma oferta milionária pelo Viber, um app de VoIP e mensagens instantâneas. O negócio foi fecha- do por 900 milhões de dólares.

5. É o fim da privacidade?

O mesmo risco que você corre hoje ao utilizar serviços on- line, continuará correndo se a compra for concretizada. Não há nenhum motivo novo para se preocupar. Não é como se, agora que o app foi vendido, os funcionários do Facebook fossem vasculhar cada uma de suas mensagens pessoais individualmente; isso é até inviável! O objetivo desses sistemas é analisar blocos gigantescos de dados em busca de padrões comportamentais. Além do mais, veja o caso da Target, que possui lojas físicas além do e-commerce. Ou seja, não foi preciso nem se conectar à internet. A prática de monitorar os “passos” do consumidor com o objetivo de exibir uma vitrine de ofertas mais relevante é muito comum também em sites de e-commerce e de vendas de passagens aéreas, só para citar mais exemplos. Também não sabemos ao certo qual o nível de acesso que o Facebook vai ter a essas mensagens. E, levando em consideração o formato do aplicativo, é improvável que mensagens publicitárias comecem a pipocar em sua conta num futuro próximo. De qualquer forma, para os mais paranoicos, vale ficar atento para o surgimento de anúncios de fraldas e roupas de bebê.



Releia o Texto 1 e leia os textos 2 e 3 para responder às questões de 11 a 14.

Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas

Os textos 1, 2 e 3 abordam as modificações na realidade promovidas pelas novas tecnologias. Do Texto 2, infere-se que :

  • A a revolução tecnológica intensificou a circulação de informação, tornando as notícias efêmeras.
  • B o cidadão atual domina as novas mídias e suas potencialidades comunicativas.
  • C a comunicação virtual aproximou a sociedade do saber, democratizando o conhecimento.
  • D o telejornalismo global controla a veiculação de informação e sua interpretação.
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Envelhecer e uma arte?

Nas palavras de Cicero, envelhecer e coisa boa. Dois mil anos depois, com fartura de numeros, o tema reaparece nas pesquisas iniciadas por R. Easterlin. Detecta-se uma “curva da fossa”: entre 40 e 50 anos, bate um pessimismo, uma inseguranga difusa. Mas dai para a frente voltamos a ficar de bem com a vida, cada vez mais felizes - obvio, so ate o corpo fracassar. Sera?

Esse lado emocional-filosofico e nebuloso. Amadurecemos com a idade, como sugerem as pesquisas? Ou acumulamos azedumes e rabugices? Ficamos cada vez mais impacientes com a burrice humana? Ou mais bem blindados contra ela? Cada um e cada um.

O psicologo A. Maslow documentou o que significa para ele ir ficando velho. Percebia uma perda progressiva da motivagao para fazer as coisas e lidar com desafios. Mais e mais empreitadas deixavam de valer a pena.

Em sua ultima entrevista, Paulo Freire segue caminho paralelo a Maslow, afirmando que envelhecer e perder a curiosidade.

O caso das faculdades mentais e bem documentado pela pesquisa. Degrada-se a memoria, sobretudo a de curto prazo e a dos nomes e datas. O raciocinio matematico comega a derrapar ja a partir dos 30. De fato, todos os avangos na area foram feitos por jovens.

A boa noticia e que a capacidade de julgamento, a sabedoria, o esprit de finesse, mencionado por Pascal, nao apenas sobrevivem, mas progridem. Comprovou-se que os velhos precisam ler menos para decidir sobre algum assunto, com igual competencia. E, nas humanidades, amadurecemos com os anos, e muito. Romancistas e historiadores? Prefiram os velhos. Com o passar dos anos, politicos entendem melhor a natureza humana, por isso sobrevivem na carreira.

Sabemos tambem que a inteligencia reage como um musculo. A qualquer idade, e fortalecida com exercicios e evapora com a inagao. Dai a importancia de exercitar a ambos. Se encolhem os desafios mentais na aposentadoria, risco a vida! Nao e o contracheque que salva vidas; mas a letargia intelectual mata. Se ficarmos esperando pela morte, ela vira mais celere.

Na minha incauta opiniao, conversa de doente nao faz bem a saude. Tampouco e uma boa receita para a longevidade voltar aos lugares em que se viveu ou trabalhou, nao encontrar mais conhecidos e ser tratado como um estranho.

Caminhando pelas ruas, vemos logo quem tem jeito de aposentado. Falta chispa nos olhos e o andar sugere que nao quer chegar a parte alguma. Quem le obituario, para ficar sabendo dos amigos que morreram, mostra na cara sua vocagao para a morte. Cruz-credo! Alias, a solidao e fatal! Por isso, vale o conselho de Samuel Jonhson: enquanto jovem, e preciso cultivar os amigos, pois com a idade vai ficando dificil renovar o plantel.

A decadencia do corpo e inexoravel. Mais dias de indisposigao, doi aqui, doi acola, mais enguigos e reparos, mais remedinhos para isso ou para aquilo. Contudo, avangos na medicina e melhores estilos de vida freiam espetacularmente a degradagao do corpo. Mantem serelepes muitos velhos que, faz poucas decadas, estariam derrubados. Vejam nas ilustragoes antigas a imagem dos avos, circunspectos e encarquilhados. Gente nas mesmas idades esta hoje malhando nas academias, subindo montanhas e gabando-se de suas proezas, em todos os azimutes. Obviamente, isso da trabalho: ha que buscar remedios miraculosos, proteses, mandar recauchutar o coração, fazer dietas e exercicios árduos para manter a massa muscular.

Isso sao teorias.

O unico ganho indisputavel e nao ter que entrar em filas

O sétimo parágrafo do texto resume-se na seguinte ideia:

  • A a morte virá de qualquer maneira, independentemente da forma como se vive.
  • B a manutenção contínua das atividades cerebrais e cognitivas contribui para uma vida mais longa e saudável.
  • C a inteligência se assemelha a um músculo que se desenvolve e se fortalece naturalmente ao longo da existência.
  • D a população de idosos tem a saúde debilitada e tende a extinguir-se brevemente
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Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas

A construção que relaciona, de maneira explícita, o primeiro parágrafo com as ideias desenvolvidas nos próximos parágrafos é a seguinte:

  • A nova estrada de contorno.
  • B morros verdes na borda sudoeste de Nairóbi
  • C telhados finos quase se tocam
  • D denso fluxo de moradores
  • E porto da era colonial
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Qual foi a maior invenção do milênio?

Minha opinião mudou com o tempo. Já pensei que foi o sorvete, que foi a corrente elétrica, que foi o antibiótico, que foi o sufrágio universal, mas hoje - mais velho e mais vivido - sei que foi a escada rolante.

Para muitas pessoas, no entanto, a invenção mais importante dos últimos mil anos foi o tipo móvel de Gutemberg. Nada influenciou tão radicalmente tanta coisa, inclusive a religião (a popularização e a circulação da Bíblia e de panfletos doutrinários ajudaram na expansão do protestantismo), quanto a prensa e o impresso em série. Mas há os que dizem que a prensa não é deste milênio, já que os chineses tiveram a ideia de blocos móveis antes de Gutemberg, e antes do ano 1001, e que ? se formos julgar pelo impacto que tiveram sobre a paisagem e sobre os hábitos humanos ? o automóvel foi muito mais importante do que a tipografia.

O melhor teste talvez seja imaginar o tempo comparativo que levaríamos para notar os efeitos da ausência do livro e do automóvel no mundo. Sem o livro e outros impressos seríamos todos ignorantes, uma condição que leva algum tempo para detectar, ainda mais se quem está detectando também é ignorante. Sem o automóvel, não existiriam estradas asfaltadas, estacionamentos, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e provavelmente nem os Estados Unidos, o que se notaria em seguida

É possível ter uma sociedade não literária, mas é impossível ter uma civilização do petróleo e uma cultura do automóvel sem o automóvel. Ou seja: nós e o mundo seríamos totalmente outros com o Gutemberg e sem o automóvel, mas seríamos os mesmos, só mais burros, com o automóvel e sem o Gutemberg.

É claro que esse tipo de raciocínio ? que invenções fariam mais falta, não num sentido mais nobre, mas num sentido mais prático ? pode ser levado ao exagero. Não seria difícil argumentar que, por este critério, as maiores invenções do milênio foram o cinto e o suspensório, pois o que teriam realizado Gutemberg e o restante da humanidade se tivessem de segurar as calças por mil anos? Já ouvi alguém dizer que nada inventado pelo homem desde o estilingue é mais valioso do que o cortador de unhas, que possibilitou às pessoas que moram sozinhas cortar as unhas das duas mãos satisfatoriamente, o que era impossível com a tesourinha.

Tem gente que não consegue imaginar como o homem pôde viver tanto tempo sem a TV e uma geração que não concebe o mundo sem o controle remoto. E custa acreditar que nossos antepassados não tinham nada parecido com tele-entrega de pizza. Minha opinião é que as grandes invenções não são as que saem do nada, mas as que trazem maneiras novas de usar o que já havia. Já existia o vento, faltavam inventar a vela. Já existia o bolor do queijo, faltava transformá-lo em penicilina. E já existia a escada, bastava pô-la em movimento.

Tenho certeza que se algum viajante no tempo viesse da antiguidade para nos visitar, se maravilharia com duas coisas: o zíper e a escada rolante. Certo, se espantaria com o avião,babaria com o biquíni, admiraria a televisão, mesmo fazendo restrições à programação, teria dúvidas sobre o micro-ondas e o celular, mas adoraria o caixa automático, mas, de aproveitável mesmo, apontaria o zíper e a escada rolante, principalmente esta. Escadas em que você não subia de degrau em degrau, o degrau levava você! Nada mais prático na antiguidade, onde escadaria era o que não faltava. Com o zíper substituindo ganchos e presilhas, diminuindo o tempo de tirar e botar a roupa e o risco de flagrantes de adultério e escadas rolantes facilitando o trânsito nos palácios, a antiguidade teria passado mais depressa, a Idade Moderna teria chegado antes, o Brasil teria sido descoberto há muito mais tempo e todos os nossos problemas já estariam resolvidos ?faltando só, provavelmente, a reforma agrária.

Disponível em: < http://www.academiadeletras-fsa.com.br/home/noticias_detalhes.asp?id=916>. Acesso em: 3 out. 2014.

A inclusão dos Estados Unidos, no rol das invenções apresentadas no parágrafo 3, causa um efeito de sentido que

  • A satiriza a imagem de interlocutor construída pelo locutor porque não conclui o raciocínio iniciado.
  • B deixa o texto aberto à livre interpretação do interlocutor porque não possui articulação semântica com o enunciado anterior.
  • C cria entre locutor e interlocutor o pacto da verossimilhança, porque o uso de um país real atribui credibilidade ao texto.
  • D transforma o interlocutor em leitor ideal porque supõe uma informação compartilhada com o autor do texto.
  • E quebra a expectativa do interlocutor em relação à progressão textual porque a invenção do país subordina-se à invenção do automóvel.
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Texto 1
O barquinho que se tornou "O Barquinho"
Roberto Menescal


Com 14 anos, ganhei um material para mergulho. Coisa muito simples, uma máscara de mergulho, um pé de pato e um canudo para respirar na superfície. Como sou capixaba, mesmo morando no Rio de Janeiro, era no Espírito Santo que passava todas as férias.
Fiquei apaixonado pelo mar e pela caça submarina, tornando-me um terrível predador, querendo caçar todos os grandes peixes que via.
Aos 17 anos, comecei em Vitória a tocar violão, e no fim dessas férias, voltando ao Rio com essa novidade, descobri que Nara Leão, minha namoradinha nessa época, também tinha começado a tocar o instrumento em suas férias em Campos do Jordão.
Foi uma maravilha, pois quase todas as noites eu ia a seu apartamento para tocarmos. Sempre aparecia alguém para cantar e tocar com a gente, e assim foi-se armando um grupo que em dois anos começou a compor suas músicas e se tornou o que foi chamado de "a turma da bossa nova".
A turminha da gente de vez em quando ficava chateada comigo, pois várias vezes fugi de entrevistas e mesmo de alguns shows porque tinha pescaria marcada.
Claro que minhas histórias de pescador, comprovadas por fotos, faziam sucesso nos nossos encontros e cada vez mais minhas músicas nasciam do mar.
Um dia em 1961 resolvi levá-los para um passeio de fim de semana. Pegamos um barco alugado em Arraial do Cabo (RJ) e começamos nossa aventura. O dia estava lindíssimo, com águas claras e quentes, e as poucas ondas, apesar de assustarem a moçada, não prejudicaram nosso passeio.
Comecei a mergulhar e a pegar lagostas, badejos e outros peixes, deixando de boca aberta a turma, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, o pessoal do Tamba Trio, algumas das meninas que nos acompanharam e minha futura mulher, Yara.
Levei-os para um lugar mais raso onde todos desajeitadamente fizeram o batismo no fundo do mar. Lá pelas 15h, desligamos o motor e fomos fazer um lanche, deixando que o barco deslizasse à vontade por aquele lindo dia.
Quando fomos ligar o motor para continuarmos o passeio, ele não quis pegar de jeito nenhum, apesar das dezenas de tentativas que fizemos, até acabar a bateria.
Claro que o pavor crescia cada vez que víamos o quanto estávamos longe da ilha. Fiquei tentando acalmar a turma enquanto tentava fazer o motor pegar, girando uma manivela.
Para tentar mostrar que tudo ia correr bem, eu cantarolava junto ao barulho que o motor fazia nessas tentativas de funcionamento.
De repente, perto das 18h, vimos uma grande embarcação de pesca vindo do horizonte em direção a Cabo Frio. Amarramos algumas roupas coloridas aos remos e fizemos sinais para que nos vissem.
Em poucos minutos eles mudaram o rumo. Os pescadores vindo da Bahia nos deram todo o apoio e começaram a nos rebocar em direção ao Arraial do Cabo.
Neste mesmo momento, Bôscoli e eu fizemos de brincadeira o verso: "O barquinho vai, e a tardinha cai", refrão que fomos cantando até nossa chegada ao cais, enfim são e salvos! No dia seguinte, no apartamento de Nara Leão em frente ao mar de Copacabana, Bôscoli me perguntou: "Beto, como foi aquela melodia que você fez ontem no barco?". Respondi cantando: "O barquinho vai, a tardinha cai".
Ele me disse "não, essa eu me lembro, estou falando daquela quando você tentava fazer o motor pegar". "Ronaldo", falei, "não me lembro exatamente, mas foi uma coisa meio sincopada, igual ao barulho de um motor falhando, tá, tá, tá, tá...".
Então começamos a compor esse que se tornaria nosso maior sucesso, "O Barquinho".

Disponível em:<www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/> . Acesso em: 6 de jan. 2014.




No texto, é um recurso linguístico produtivo para demonstrar o envolvimento afetivo do autor com as experiências narradas, o uso

  • A do diminutivo para se referir à sua namorada e à sua turma.
  • B da alternância entre os tempos verbais para ancorar os eventos narrados.
  • C de numerais para expressar grandezas exatas.
  • D de locativos para designar nomes de cidades.
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O potencial do WhatsApp para o uso em mineração de dados.

Mineração de dados é o processo de explorar grandes quantidades de dados à procura de padrões consistentes

1. Introdução

Qualquer pessoa com conhecimentos básicos de matemática consegue perceber que o valor fechado na compra do What-sApp pelo Facebook simplesmente não bate com o fatura- mento da empresa.19 bilhões de dólares em uma empresa que tem apenas 50 funcionários. O aplicativo possui uma quantidade expressiva de usuários ativos - cerca de 450 mi- lhões por mês - mas não possui um modelo de negócios muito rentável - uma assinatura de apenas um dólar por ano, contando a partir do segundo ano de uso. “O WhatsApp está a caminho de conectar 1 bilhão de pessoas. Os serviços que alcançam essa marca são todos incrivelmente valiosos”, diz Mark Zuckerberg, CEO do Facebook.

2. A Target sabia que uma adolescente estava grávida an-tes mesmo dos pais dela

Duhigg explicou noThe New York Times como a Target - a segunda maior rede varejista dos Estados Unidos - estava utilizando o processo de mineração de dados para entender os hábitos de compra de seus clientes. Para isso, contrataram Andrew Pole, um mestre em economia e estatística, que assumiu o cargo de estatístico em 2002. Em sua base de dados, a empresa mantinha algumas informações dos clientes, como nome, e-mail e um histórico completo de tudo o que compravam em qualquer loja da rede.

Conforme o computador de Pole analisava os dados, ele foi capaz de identificar cerca de 25 produtos que, quando analisados em conjunto, lhe permitiram atribuir a cada cliente uma pontuação de “previsão de gravidez”. Mais importante, ele também poderia estimar a data do parto para dentro de um pequeno intervalo de tempo, assim a Target poderia enviar cupons programados para estágios muito específicos de sua gravidez. A Target então começou a enviar cupons de des- conto de produtos relacionados a bebês para as futuras ma- mães, baseando-se nos padrões de compra identificados pelo software. Um dia, um pai entrou em uma das lojas da rede muito nervoso, solicitando falar com o gerente: “Minha filha recebeu essa carta pelo correio!”, ele disse. “Ela ainda está no colegial e vocês estão enviando seus cupons de desconto de roupas de bebê e berços? Vocês estão tentando incentivá-la a engravidar?”. O gerente não fazia ideia do que o homem estava falando. Ele olhou para a mala direta. Com certeza ela foi dirigida à filha do homem e continha propagan- das de roupas de maternidade, mobília do berçário e fotos de crianças sorridentes. O gerente pediu desculpas e, alguns dias depois, ligou para se desculpar novamente. No telefone, porém, o pai parecia um pouco envergonhado. “Eu tive uma conversa com a minha filha”, disse ele. “Acontece que ocorreram algumas atividades em minha casa das quais eu não estava completamente ciente. Ela deve ter o bebê em agosto. Lhe devo um pedido de desculpas.

3. O Facebook sabe quando você vai começar a namorar

Você não precisa de dados tão precisos como um histórico de compras para identificar padrões e prever acontecimentos. O próprio Facebook divulgou na semana passada que consegue saber quando uma pessoa está prestes a mudar o seu status de relacionamento, apenas cruzando dados sobre suas interações dentro da rede. Não é preciso nem ler as mensagens que você troca via Inbox, basta identificar com quem você anda interagindo, se está postando na timeline dessa pessoa e com qual frequência. Daí surgiu um padrão: quando a troca de mensagens atinge um certo ritmo, significa que você está prestes a assumir um relacionamento público na rede social. Também é possível observar que, uma vez alterado o status, as interações entre timelines tendem a diminuir, porém a presença de palavras positivas como “feliz” e “amor” aumentam consideravelmente.

4. Aplicando mineração de dados no WhatsApp

De todos os serviços que utilizamos, é provável que o Facebook seja aquele que possui a maior quantidade de informa- ções precisas sobre nós. Ele não tenta adivinhar qual o seu cantor ou filme favorito, ele simplesmente sabe. Você forneceu essas informações de boa vontade quando preencheu o seu perfil. A Target conseguiu aumentar alguns bilhões de dólares no seu faturamento anual apenas criando estratégias de venda com base nas informações extraídas da mineração de dados. Mas ela é uma empresa varejista, diferente do Fa- cebook, que não comercializa nenhum produto. A rede de Mark Zuckerberg fatura com a venda de anúncios e, mais im- portante, ganha com a performance desses anúncios. Isso significa que, se ninguém clicar na publicidade que fica ali na barra lateral, quem sai perdendo é o Facebook. Por isso é muito importante que esses anúncios despertem interesse no usuário. Outras empresas também estão de olho nessas preciosas fontes de dados. No ano passado, o Snapchat declinou uma oferta de compra de 3 bilhões de dólares vinda do Facebook. Um mês depois, o Google teria oferecido 4 bilhões de dólares e também levou um “não”. Semana passada foi a vez da Rakuten (uma empresa que funciona como uma espécie de shopping on-line, abrigando várias lojas dentro de um mesmo domínio) fazer uma oferta milionária pelo Viber, um app de VoIP e mensagens instantâneas. O negócio foi fecha- do por 900 milhões de dólares.

5. É o fim da privacidade?

O mesmo risco que você corre hoje ao utilizar serviços on- line, continuará correndo se a compra for concretizada. Não há nenhum motivo novo para se preocupar. Não é como se, agora que o app foi vendido, os funcionários do Facebook fossem vasculhar cada uma de suas mensagens pessoais individualmente; isso é até inviável! O objetivo desses sistemas é analisar blocos gigantescos de dados em busca de padrões comportamentais. Além do mais, veja o caso da Target, que possui lojas físicas além do e-commerce. Ou seja, não foi preciso nem se conectar à internet. A prática de monitorar os “passos” do consumidor com o objetivo de exibir uma vitrine de ofertas mais relevante é muito comum também em sites de e-commerce e de vendas de passagens aéreas, só para citar mais exemplos. Também não sabemos ao certo qual o nível de acesso que o Facebook vai ter a essas mensagens. E, levando em consideração o formato do aplicativo, é improvável que mensagens publicitárias comecem a pipocar em sua conta num futuro próximo. De qualquer forma, para os mais paranoicos, vale ficar atento para o surgimento de anúncios de fraldas e roupas de bebê.

O estilo de linguagem mais coloquial e os recursos linguísticos empregados no texto têm a função de;

  • A prevenir os conflitos de interação.
  • B aumentar a proximidade com o leitor.
  • C induzir a opinião pública acerca das ideias.
  • D assegurar a credibilidade dos fatos.
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Qual foi a maior invenção do milênio?

Minha opinião mudou com o tempo. Já pensei que foi o sorvete, que foi a corrente elétrica, que foi o antibiótico, que foi o sufrágio universal, mas hoje - mais velho e mais vivido - sei que foi a escada rolante.

Para muitas pessoas, no entanto, a invenção mais importante dos últimos mil anos foi o tipo móvel de Gutemberg. Nada influenciou tão radicalmente tanta coisa, inclusive a religião (a popularização e a circulação da Bíblia e de panfletos doutrinários ajudaram na expansão do protestantismo), quanto a prensa e o impresso em série. Mas há os que dizem que a prensa não é deste milênio, já que os chineses tiveram a ideia de blocos móveis antes de Gutemberg, e antes do ano 1001, e que ? se formos julgar pelo impacto que tiveram sobre a paisagem e sobre os hábitos humanos ? o automóvel foi muito mais importante do que a tipografia.

O melhor teste talvez seja imaginar o tempo comparativo que levaríamos para notar os efeitos da ausência do livro e do automóvel no mundo. Sem o livro e outros impressos seríamos todos ignorantes, uma condição que leva algum tempo para detectar, ainda mais se quem está detectando também é ignorante. Sem o automóvel, não existiriam estradas asfaltadas, estacionamentos, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e provavelmente nem os Estados Unidos, o que se notaria em seguida

É possível ter uma sociedade não literária, mas é impossível ter uma civilização do petróleo e uma cultura do automóvel sem o automóvel. Ou seja: nós e o mundo seríamos totalmente outros com o Gutemberg e sem o automóvel, mas seríamos os mesmos, só mais burros, com o automóvel e sem o Gutemberg.

É claro que esse tipo de raciocínio ? que invenções fariam mais falta, não num sentido mais nobre, mas num sentido mais prático ? pode ser levado ao exagero. Não seria difícil argumentar que, por este critério, as maiores invenções do milênio foram o cinto e o suspensório, pois o que teriam realizado Gutemberg e o restante da humanidade se tivessem de segurar as calças por mil anos? Já ouvi alguém dizer que nada inventado pelo homem desde o estilingue é mais valioso do que o cortador de unhas, que possibilitou às pessoas que moram sozinhas cortar as unhas das duas mãos satisfatoriamente, o que era impossível com a tesourinha.

Tem gente que não consegue imaginar como o homem pôde viver tanto tempo sem a TV e uma geração que não concebe o mundo sem o controle remoto. E custa acreditar que nossos antepassados não tinham nada parecido com tele-entrega de pizza. Minha opinião é que as grandes invenções não são as que saem do nada, mas as que trazem maneiras novas de usar o que já havia. Já existia o vento, faltavam inventar a vela. Já existia o bolor do queijo, faltava transformá-lo em penicilina. E já existia a escada, bastava pô-la em movimento.

Tenho certeza que se algum viajante no tempo viesse da antiguidade para nos visitar, se maravilharia com duas coisas: o zíper e a escada rolante. Certo, se espantaria com o avião,babaria com o biquíni, admiraria a televisão, mesmo fazendo restrições à programação, teria dúvidas sobre o micro-ondas e o celular, mas adoraria o caixa automático, mas, de aproveitável mesmo, apontaria o zíper e a escada rolante, principalmente esta. Escadas em que você não subia de degrau em degrau, o degrau levava você! Nada mais prático na antiguidade, onde escadaria era o que não faltava. Com o zíper substituindo ganchos e presilhas, diminuindo o tempo de tirar e botar a roupa e o risco de flagrantes de adultério e escadas rolantes facilitando o trânsito nos palácios, a antiguidade teria passado mais depressa, a Idade Moderna teria chegado antes, o Brasil teria sido descoberto há muito mais tempo e todos os nossos problemas já estariam resolvidos ?faltando só, provavelmente, a reforma agrária.

Disponível em: < http://www.academiadeletras-fsa.com.br/home/noticias_detalhes.asp?id=916>. Acesso em: 3 out. 2014.

O gênero crônica é, por definição, indefinido. Seu caráter híbrido permite ao autor aproximar-se de diferentes gêneros. Nessa crônica, as estratégias textuais utilizadas por Luis Fernando Verissimo a aproximam do gênero

  • A conto.
  • B artigo científico.
  • C diário.
  • D ensaio.
  • E poema.