Resolver o Simulado FUNCAB

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Administração Financeira e Orçamentária

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O Ciclo Orçamentário Federal compreende uma série de eventos sucessivos, de competência tanto do Poder Executivo quanto do Poder Legislativo, que se repetem anualmente, em razão da eficácia temporária dos orçamentos públicos, que se referem a apenas um exercício financeiro. Com relação às entidades e prazos relativos ao ciclo orçamentário, é correto afirmar:

  • A O Relator-Geral discute e aprova os Pareceres Setoriais.
  • B O Projeto de Lei Orçamentária deve ser encaminhado pelo Chefe do Executivo ao Congresso Nacional até seis meses antes do encerramento do exercício financeiro.
  • C A Comissão Mista deve exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária.
  • D O TCU pode intervir no substitutivo no caso de violação grave.
  • E O Ministro da Fazenda apresenta as emendas junto às ÁreasTemáticas.
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Constituem infrações administrativas contra as leis de finanças públicas:

I. Deixar de divulgar ou de enviar ao Poder Legislativo e ao Tribunal de Contas o relatório de gestão f iscal , em prazos e condições estabelecidos em lei.

II. Propor lei de diretrizes orçamentárias anual que não contenha as metas fiscais na forma da lei.

III. Expedir ato determinando limitação de empenho e movimentação financeira, em casos e condições estabelecidos em lei.

IV. Deixar de ordenar ou de promover, na forma e nos prazos da lei, a execução de medida para a redução do montante da despesa total com pessoal que houver excedido a repartição por poder do limite máximo.

São corretas apenas as afirmativas:

  • A I e III.
  • B I e IV.
  • C II e III.
  • D I, II e IV.
  • E II, III e IV.

Economia

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O conceito de bem-estar no contexto das políticas públicas pode ser aplicado para tentar explicar como é possível obter alocações de recursos socialmente eficientes. Uma situação na qual nenhum indivíduo pode melhorar a sua situação de bem-estar sem que outro membro da sociedade fique em situação pior é denominada(o):

  • A ideal de Furtado.
  • B limite de Hichs.
  • C condição de Pareto.
  • D alocação subótima.
  • E ótimo de segunda ordem.

Administração Financeira e Orçamentária

4

O detalhamento das classificações orçamentárias da receita é normatizado por meio de portaria da Secretaria de Orçamento Federal (SOF) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) no âmbito da União, e pela Portaria Interministerial STN/SOF nº 163/2001 no âmbito dos Estados e Municípios. Existe uma classificação de receitas orçamentárias de nível mais analítico, que auxilia na elaboração de análises econômico-financeiras sobre a atuação estatal. Esta classificação é formada por um código numérico de 8 dígitos que subdivide-se em seis níveis. O trecho refere-se à classificação por:

  • A natureza.
  • B categoria econômica.
  • C elemento.
  • D fonte.
  • E espécie.
5

A Descentralização de Recursos é a movimentação de recursos financeiros entre as diversas unidades orçamentárias e administrativas do Governo Federal, que compreende:

  • A Cota,Repasse e Sub-repasse.
  • B Cota,Repasse e Destaque.
  • C Cota,Destaque e Provisão.
  • D Destaque, Provisão e Repasse.
  • E Provisão,Repasse e Sub-repasse.

Arquivologia

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Arranjo é a reunião e ordenação adequada dos documentos no arquivo permanente. Aquele que tem por eixo as ações desempenhadas pela entidade produtora do arquivo é chamado de arranjo:
  • A tradicional.
  • B estrutural.
  • C horizontal.
  • D funcional.
  • E convencional.
7
Um arquivista, após fazer um levantamento de dados em seu acervo, constata que, além da dispersão de alguns documentos, havia insetos adultos, larvas e ovos no arquivo causando a degradação dos documentos em papel. Nesse contexto, o método químico mais eficiente para interromper a infestação por insetos é:
  • A congelamento.
  • B refrigeração.
  • C encapsulação.
  • D fumigação.
  • E laminação.
8

Entre as rotinas que envolvem o arquivamento de um documento na fase corrente, assinale a que tem como procedimento a leitura do último despacho, verificando se o documento destina-se ao arquivamento ou se deverá obedecer a uma outra rotina de trâmite.

  • A Inspeção.
  • B Ordenação.
  • C Empréstimo.
  • D Consulta.
  • E Codificação.
9
A Norma Internacional de Registro de Autoridade Arquivística para Entidades Coletivas, Pessoas e Famílias - ISAAR (CPF) , que fornece direcionamentos para a preparação de registro de autoridade, estabelece em seu glossário algumas definições. A Informação acrescentada a um elemento descritivo para auxiliar a identificação, compreensão e/ou uso do registro de autoridade, aplica-se, especificamente, ao termo:
  • A predicado.
  • B anexo.
  • C atributo.
  • D qualificador.
  • E produtor.
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De acordo com Rondinelli (2009), o status de transmissão de um documento eletrônico arquivístico, tal como no caso de documentos convencionais, refere-se ao grau de desenvolvimento e de autoridade desse documento, ou seja, se é uma minuta, um original ou uma cópia.
Nesse sentido, é correto afirmar que:
I. Minuta é uma compilação temporária de um documento que visa correção.
II. Original é o primeiro documento completo e efetivo.
III. Cópia é a reprodução de um documento feita a partir de um original, uma minuta ou uma outra cópia.
IV. Qualquer documento que é transmitido através de fronteiras eletrônicas é recebido do outro lado como uma cópia.
Está correto o que se afirma apenas em:
  • A I, II e III.
  • B I, III e IV.
  • C I e III.
  • D I e II.
  • E I e IV.
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Os aspectos relacionados à manutenção da integridade física dos documentos ao longo do tempo, bem como as tecnologias que permitem seu processamento e recuperação, caracteriza-se como a seguinte função arquivística:
  • A difusão.
  • B custeamento.
  • C migração.
  • D aquisição.
  • E conservação.
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Os agentes exteriores que danificam os documentos podem ser classificados em três grandes grupos, conforme apresentado na coluna I. Estabeleça a correta correspondência com seus exemplos relacionados na coluna II.
Coluna I
1. Biólogicos
2. Físicos
3. Químicos

Coluna II
( ) luz natural
( ) tintas
( ) gordura
( ) roedores
( ) temperatura

A sequência correta é:
  • A 2, 1, 3, 2 e 1.
  • B 1, 2, 2, 2 e 3.
  • C 2 , 3 , 3, 1 e 2.
  • D 1, 1, 1, 2 e 3.
  • E 3, 2, 2, 1 e 2.

Ética na Administração Pública

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Sobre a responsabilidade civil do servidor público federal e sua transmissibilidade aos sucessores do agente causador do dano, é correto concluir que:

  • A não se transmite aos sucessores em razão da possibilidade de desconto em folha dos valores necessários ao ressarcimento.
  • B se transmite aos sucessores, mas até o limite do valor da herança deixada pelo servidor público falecido.
  • C não se transmite aos sucessores uma vez que há apenas responsabilidade da União Federal
  • D se transmite aos sucessores, que respondem com seus patrimônios pessoais pelo ressarcimento.
  • E não se transmite aos sucessores uma vez que as penalidades não ultrapassam a pessoa do apenado.
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O servidor público do Poder Executivo Federal deve guardar conduta condizente com o cargo e os princípios ressaltados pelo Código de Ética Profissional (Decreto n° 1.171/1994). Pautado pela razoabilidade, o servidor deve orientar-se analisando a adequação e a necessidade de sua conduta, de modo que:

  • A as prerrogativas funcionais são conferidas ao servidor público de modo a proteger sua individualidade. Em razão disso, o exercício das prerrogativas pode ser evocado em favor dos legítimos interesses do servidor.
  • B o critério do respeito à legalidade prevalece em relação à finalidade do ato praticado. Assim, sendo legalmente proibido abandonar o serviço ou ausentar-se do posto sem autorização do superior imediato, não será dado ao servidor ausentar-se dele para socorrer vítima de acidente grave sem prévia autorização, sob pena de censura.
  • C é dever do servidor comunicar aos superiores fato contrário ao interesse público. A comunicação, porém, não o exime de responsabilidade, haja vista que é dado ao servidor exigir providências de quem, hierarquicamente, possui posição superior.
  • D sendo pessoal a responsabilidade de cada servidor, a denúncia de condutas ilícitas incumbe aos interessados. Quanto ao servidor, pode abster-se de apresentar provas que conheça sobre ilícitos praticados por seus superiores em razão do princípio da inocência.
  • E guardado o respeito ao princípio constitucional da privacidade, a embriaguez em ambientes privados, ainda que notória e habitual, é insuficiente para motivar censura, desde que o profissional não se apresente embriagado em seu ambiente de trabalho.
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Sobre a ação de improbidade administrativa, a legitimidade para sua propositura e suas conseqüências, é correto afirmar que:

  • A pode ser proposta por qualquer pessoa natural em pleno gozo dos direitos políticos.
  • B promove essencialmente a anulação do ato lesivo à moralidade quando procedente.
  • C impede, em razão do mesmo fato a imposição de sanções de natureza penal.
  • D pode ser proposta apenas pelo Ministério Público e visa à perda da função pública.
  • E tem como efeitos possíveis a multa civil e o dever de ressarcimento integral do dano causado.
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A ética pode ser definida como:

  • A um conjunto de valores genéticos que são passados de geração em geração.
  • B um princípio fundamental para que o ser humano possa viver em família.
  • C a parte da filosofia que estuda a moral, isto é, responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano em sociedade.
  • D um comportamento profissional a ser observado apenas no ambiente de trabalho.
  • E a boa vontade no comportamento do servidor público em quaisquer situações e em qualquer tempo de seu cotidiano.
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Com relação à ética no setor público, e de acordo com os termos do Decreto n° 1.171/1994 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal), assinale a alternativa correta.

  • A O servidor público deve demonstrar cortesia em situações de atendimento ao público, com destaque para aquelas pessoas com quem já tenha familiaridade.
  • B O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta, devendo decidir apenas entre a legal e o ilegal.
  • C A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público.
  • D Com relação à Administração Pública, a moralidade limita-se à distinção entre o bem e o mal.
  • E A dignidade é o principal valor que norteia a ética do servidor público.
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A ética pode ser definida como:

  • A um conjunto de valores genéticos que são passados de geração em geração.
  • B a parte da filosofia que estuda a moral, isto é, responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano em sociedade.
  • C a boa vontade no comportamento do servidor público em quaisquer situações e em qualquer tempo de seu cotidiano.
  • D um conjunto de proibições particularmente respeitantes ao convívio em família.
  • E a conduta do agente público a ser observada apenas no ambiente de trabalho.
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Com relação ao regime disciplinar dos servidores públicos, e de acordo com os termos da Lei n° 8.112/1990, assinale a alternativa correta.
  • A A responsabilidade civil do servidor público decorre de ato omissivo culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.
  • B É admissível uma segunda punição de servidor público, com base no mesmo processo em que se fundou a primeira.
  • C A pena de suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com advertência e poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias.
  • D Ao servidor público é proibido participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, e de exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário.
  • E A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de advertência e de demissão.

Direito Administrativo

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Segundo a Lei nº 9.784/1999, é correto afirmar que o processo administrativo:

  • A admite recurso, que tramitará no máximo por três instâncias administrativas.
  • B inicia-se apenas por provocação de organizações e associações representativas de interesses coletivos.
  • C comporta a adoção de forma escrita ou verbal.
  • D pode ser decidido por ato do perito que tenha participado de sua instrução.
  • E inadmite hipótese de delegação ou avocação da competência administrativa.

Legislação Estadual

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A conduta profissional dos servidores públicos civis do Estado no Tocantins é regida pela Lei nº 1.818/2007, que elenca como princípios que conferem dignidade ao cargo, além do exercício dos valores éticos e morais, a:

  • A legalidade, a moralidade e o decoro.
  • B moralidade, a eficiência e a urbanidade.
  • C honestidade, o decoro e a eficiência.
  • D urbanidade, a legalidade e a honestidade.

Português

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                                                        Desenredo

      Do narrador seus ouvintes:

      – Jó Joaquim, cliente, era quieto, respeitado, bom como o cheiro de cerveja. Tinha o para não ser célebre. Como elas quem pode, porém? Foi Adão dormir e Eva nascer. Chamando-se Livíria, Rivília ou Irlívia, a que, nesta observação, a Jó Joaquim apareceu.

      Antes bonita, olhos de viva mosca, morena mel e pão. Aliás, casada. Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se. Voando o mais em ímpeto de nau tangida a vela e vento. Mas tendo tudo de ser secreto, claro, coberto de sete capas.

      Porque o marido se fazia notório, na valentia com ciúme; e as aldeias são a alheia vigilância. Então ao rigor geral os dois se sujeitaram, conforme o clandestino amor em sua forma local, conforme o mundo é mundo. Todo abismo é navegável a barquinhos de papel.

      Não se via quando e como se viam. Jó Joaquim, além disso, existindo só retraído, minuciosamente. Esperar é reconhecer-se incompleto. Dependiam eles de enorme milagre. O inebriado engano.

      Até que deu-se o desmastreio. O trágico não vem a conta-gotas. Apanhara o marido a mulher: com outro, um terceiro... Sem mais cá nem mais lá, mediante revólver, assustou-a e matou-o. Diz-se, também, que a ferira, leviano modo.

      [...]

      Ela – longe – sempre ou ao máximo mais formosa, já sarada e sã. Ele exercitava-se a aguentar-se, nas defeituosas emoções.

      Enquanto, ora, as coisas amaduravam. Todo fim é impossível? Azarado fugitivo, e como à Providência praz, o marido faleceu, afogado ou de tifo. O tempo é engenhoso.

      [...]

      Sempre vem imprevisível o abominoso? Ou: os tempos se seguem e parafraseiam-se. Deu-se a entrada dos demônios.

      Da vez, Jó Joaquim foi quem a deparou, em péssima hora: traído e traidora. De amor não a matou, que não era para truz de tigre ou leão. Expulsou-a apenas, apostrofando-se, como inédito poeta e homem. E viajou a mulher, a desconhecido destino.

      Tudo aplaudiu e reprovou o povo, repartido. Pelo fato, Jó Joaquim sentiu-se histórico, quase criminoso, reincidente. Triste, pois que tão calado. Suas lágrimas corriam atrás dela, como formiguinhas brancas. Mas, no frágio da barca, de novo respeitado, quieto. Vá-se a camisa, que não o dela dentro. Era o seu um amor meditado, a prova de remorsos.

          Dedicou-se a endireitar-se.

          [...]

      Celebrava-a, ufanático, tendo-a por justa e averiguada, com convicção manifesta. Haja o absoluto amar – e qualquer causa se irrefuta.

      Pois produziu efeito. Surtiu bem. Sumiram-se os pontos das reticências, o tempo secou o assunto. Total o transato desmanchava-se, a anterior evidência e seu nevoeiro. O real e válido, na árvore, é a reta que vai para cima. Todos já acreditavam. Jó Joaquim primeiro que todos.

      Mesmo a mulher, até, por fim. Chegou-lhe lá a notícia, onde se achava, em ignota, defendida, perfeita distância. Soube-se nua e pura. Veio sem culpa. Voltou, com dengos e fofos de bandeira ao vento.

      Três vezes passa perto da gente a felicidade. Jó Joaquim e Vilíria retomaram-se, e conviveram, convolados, o verdadeiro e melhor de sua útil vida.

      E pôs-se a fábula em ata.

ROSA, João Guimarães.Tutameia – Terceiras estórias . Rio de Janeiro: José Olympio, 1967. p. 38-40. 

Vocabulário

frágio: neologismo criado a partir de naufrágio.

ufanático: neologismo: ufano+fanático. 

Em relação à personagem feminina apresentada no início do conto com uma indefinição de nome Livíria, Rivília ou Irlívia e no final com um único nome, Vilíria, é correto afirmar que:

  • A os três nomes iniciais podem significar que ela usava um nome para cada estado de espírito do dia.
  • B a personagem é constante e mantém-se a mesma em sua essência.
  • C no princípio da estória ela é uma personagem multifacetada, dissimulada, enigmática que provoca espanto ao próprio Jó Joaquim.
  • D a última e definitiva nominação, Vilíria, é a reconstrução do passado, e consequentemente, a recriação das ambiguidades.
  • E a beleza da mulher fascina e atrai Jó, que resiste com receio do ciúme do marido.
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Assinale a única opção em que, de acordo com a norma culta, está correta a construção com o pronome relativo.

  • A Foi interessante a palestra que assisti.
  • B Desconheço o lugar que nos dirigimos.
  • C Essa era a situação a que ele se referira.
  • D Era importante a posição que aspirava.
  • E Essa foi a questão que te esqueceste.
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A Olimpíada é a vida – melhorada

Vou, sim, assistir à Olimpíada (pela tevê, naturalmente). Vou torcer por nossos atletas.Vou vibrar e sei que, em alguns momentos, vou me emocionar. Por quê? De onde tiro essa certeza, que é a de milhões de pessoas em todo o mundo?

No meu caso, a resposta está num nome, hoje pouco lembrado: Abebe Bikila. Etíope, ex-pastor de ovelhas e depois militar, foi o primeiro atleta a vencer duas maratonas olímpicas e é considerado por muitos o maior maratonista de todos os tempos.

Bom, vocês dirão, grandes atletas existem, isso não chega a ser novidade. Mas Bikila era diferente. Esse homenzinho pequeno, magro, franzino, nascido em um dos países mais pobres do mundo, assombrou o público na maratona de 1960, em Roma, porque correu pelas ruas da cidade eterna descalço. Isso mesmo, descalço. E, descalço, ele chegou quatro minutos antes do segundo colocado; descalço, declarou que poderia correr mais dez quilômetros sem problemas.

Na maratona seguinte, em Tóquio, ele convalescia de uma cirurgia de apêndice realizada cinco semanas antes. Mas correu, e novamente venceu.

Dessa vez teve de usar tênis por imposição dos juízes. E só não venceu a terceira maratona, na Cidade do México, porque, depois de correr 17 quilômetros, fraturou a perna esquerda e teve de desistir.

Uma outra e irônica tragédia o aguardava. Em 1969, dirigindo o carro que ganhara do governo, teve um acidente que o deixou paralisado do pescoço para baixo. Os pés o consagraram, um automóvel foi a sua nêmese, o instrumento de sua desgraça.

Olimpíadas são eventos mundiais.

Conotações sociais, políticas, ideológicas são inevitáveis; boicotes e até atentados [...] podem ocorrer. Já em 1936, Hitler tentara transformar a Olimpíada de Berlim num vasto espetáculo de propaganda nazista. Mas algo estragou, ainda que parcialmente, o deleite dos arianos: o fato de o atleta americano Jesse Owens ter ganho medalhas de ouro nas provas de corrida.

Como Abebe Bikila, Jesse Owens era negro; neto de escravos, filho de um humilde trabalhador agrícola.

Bikila e Owens não foram, e não são, casos isolados. Para milhares de jovens, inclusive e principalmente no Brasil, o esporte, e sobretudo o esporte olímpico, é o caminho da autoafirmação, da restauração da dignidade pessoal. E o instrumento para isso é aquilo que o ser humano possui de mais autêntico: o próprio corpo.

É o corpo que tem de responder ao desafio. Na verdade, o atleta não está só competindo com os outros; está competindo consigo próprio. Está pedindo a seu tronco, seus braços, suas pernas, seus músculos, seus nervos que o ajudem a mostrar aos outros o que ele vale. Quando o peito do corredor rompe a fita na chegada da prova, não se trata apenas de uma vitória mensurável em minutos e segundos. Trata-se de libertação. É o momento em que a pessoa se liberta da carga pesada representada por um passado de pobreza, de privações, de humilhação.

Vocês dirão que o esporte não corrige as distorções, não redistribui a renda. Mas corrige distorções emocionais e sociais, representadas pelo preconceito; e redistribui a autoestima. É pouco? Talvez seja, mas é um primeiro passo.

E nós? Nós, os espectadores, sentados em nossas poltronas, diante da tevê? Para nós, é igualmente importante. Não só porque representa um puxão de orelhas no sedentário (“Puxa vida, está na hora de eu começar a caminhar pelo parque”), coisa que ajuda a saúde pública, mas também porque, de algum modo, participamos do que ocorre nos estádios.

Sabemos que a vida é dura, cheia de problemas. Mas então pensamos no Abebe Bikila correndo de pés descalços sobre as pedras de Roma. Pensamos no que são as solas daqueles pés, enrijecidas por anos de caminhada e corrida sobre pedregulhos, sobre áspera areia, sobre espinhos. São um símbolo de resistência, esses pés. São pés que, transportando gente humilde, levam-nas longe no caminho da esperança, fazem-nas subir ao pódio de onde se pode, ao menos por um momento, divisar novos horizontes.

Em: “Já em 1936, Hitler TENTARA transformar a Olimpíada de Berlim num vasto espetáculo...”, que forma verbal composta poderia substituir a destacada?

  • A tivera tentado
  • B tem tentado
  • C foi tentado
  • D havia tentado
  • E teria tentado
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Ao reescrever-se o verbo em destaque na voz passiva pronominal , comete-se ERRO de concordância verbal em:

  • A “ [...] mas SÃO REFINADAS com o passar do tempo [...]” (§ 5 ) /refina -se
  • B “Erros SÃO CONSERTADOS [ . . . ]” (§ 5) / consertam-se
  • C “ [...] que SERÁ SUJEITA ao escrutínio dos colegas [...]” (§ 6) / se sujeitará
  • D “A ciência pode SER APRESENTADA como um modelo de democracia [...]” (§ 6 ) /apresentar -se
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No primeiro dia, foi o gesto genial. Era um domingo. Ao se curvar no campo do estádio espanhol, descascar a banana, comê-la de uma abocanhada e cobrar o escanteio, Daniel Alves assombrou o mundo. Não só o mundo do futebol, esse que chama juiz de “veado” e negro de “macaco” . O baiano Daniel, mestiço de pele escura e olhos claros, assombrou o mundo inteiro extracampo. Vimos e revimos a cena várias vezes. “Foi natural e intuitivo” , disse Daniel, o lateral direito responsável pelo início da virada do Barcelona no jogo contra o Vilarreal. Por isso mesmo, por um gesto mudo, simples, rápido e aparentemente sem raiva, Daniel foi pop, simbólico, político e eficaz.
Só que, hoje, ninguém, nem Daniel Alves, consegue ser original por mais de 15 segundos. Andy Warhol previa, na década de 1960, que no futuro todos seriamos famosos por 15 minutos. Pois o futuro chegou e banalizou os atos geniais, transformando tudo numa lata de sopa de tomate Campbell’s. A banana do Daniel primeiro reapareceu na mão de Neymar, também vítima de episódios de racismo em estádios. Neymar escreveu na rede em defesa do colega e dele próprio: “Tomaaaaa bando de racistas, #somostodosmacacos e daí?” Uma reação legítima, mas sem a maturidade do Daniel. Natural. Há quase dez anos de estrada de vida entre um e outro.
Imediatamente a banana passou a ser triturada por milhares de "selfies" . O casal Luciano Huck-Angélica lançou uma camiseta #somostodosmacacos. Branco, o casal que jamais correu o risco de ser chamado de macaco apropriou-se do gesto genial, por isso foi bombardeado por ovos e tomates na rede, chamado de oportunista. A presidente Dilma Rousseff, em seu perfil no Twitter, também pegou carona no gesto de Daniel “contra o racismo” e chamou de “ousada” a atitude dele. Depois de ler muitas manifestações, acho que #somostodosbobos, a não ser, claro, quem sente na pele o peso do preconceito.
''Estou há onze anos na Espanha, e há onze é igual... Tem de rir desses atrasados” , disse Daniel ao sair do gramado no domingo. Depois precisou explicar que não quis generalizar. “Não quis dizer que a Espanha seja racista. Mas sim que há racismo na Espanha, porque sofro isso em campos (de futebol) diferentes. Não foi um caso isolado. Não sou vítima, nem estou abatido. Isso só me fortalece, e continuarei denunciando atitudes racistas”
Tudo que se seguiu àquele centésimo de segundo em que Daniel pegou a fruta e a comeu, com a mesma naturalidade do espanhol Rafael Nadai em intervalo técnico de torneios mundiais de tênis, como se fizesse parte do script, tudo o que se seguiu àquele gesto é banal. Os “selfies” , a camiseta do casal 1.000, o tuíte de Dilma, as explicações de Daniel após o jogo, esta coluna. Até a nota oficial do Vilarreal, dizendo que identificou o torcedor racista e o baniu do estádio El Madrigal “para o resto da vida” . Daniel continuou a evitar as cascas de banana. Disse que o ideal, para conscientizar sobre o racismo, seria fazer o torcedor “pagar o mal com o bem”.

AQUINO, Ruth de. Rev. Época: 05 maio 2014


Como em “banali(z)ar” (§ 2) e em “conscienti(z)ar” (§ 5), preenchem-se com “z” ambas as lacunas deixadas nos verbos arrolados em:

  • A catequi( )ar o índio-padroni( )ar os preços.
  • B pesqui( )ar o assunto -minimi( )ar os custos.
  • C revi( )ar o documento - fri( )ar um por menor
  • D improvi( )ar um discurso -ali( )ar os cabelos.
  • E indeni( )ar o operário -parali( )ar o trabalho
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                                                        Desenredo

      Do narrador seus ouvintes:

      – Jó Joaquim, cliente, era quieto, respeitado, bom como o cheiro de cerveja. Tinha o para não ser célebre. Como elas quem pode, porém? Foi Adão dormir e Eva nascer. Chamando-se Livíria, Rivília ou Irlívia, a que, nesta observação, a Jó Joaquim apareceu.

      Antes bonita, olhos de viva mosca, morena mel e pão. Aliás, casada. Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se. Voando o mais em ímpeto de nau tangida a vela e vento. Mas tendo tudo de ser secreto, claro, coberto de sete capas.

      Porque o marido se fazia notório, na valentia com ciúme; e as aldeias são a alheia vigilância. Então ao rigor geral os dois se sujeitaram, conforme o clandestino amor em sua forma local, conforme o mundo é mundo. Todo abismo é navegável a barquinhos de papel.

      Não se via quando e como se viam. Jó Joaquim, além disso, existindo só retraído, minuciosamente. Esperar é reconhecer-se incompleto. Dependiam eles de enorme milagre. O inebriado engano.

      Até que deu-se o desmastreio. O trágico não vem a conta-gotas. Apanhara o marido a mulher: com outro, um terceiro... Sem mais cá nem mais lá, mediante revólver, assustou-a e matou-o. Diz-se, também, que a ferira, leviano modo.

      [...]

      Ela – longe – sempre ou ao máximo mais formosa, já sarada e sã. Ele exercitava-se a aguentar-se, nas defeituosas emoções.

      Enquanto, ora, as coisas amaduravam. Todo fim é impossível? Azarado fugitivo, e como à Providência praz, o marido faleceu, afogado ou de tifo. O tempo é engenhoso.

      [...]

      Sempre vem imprevisível o abominoso? Ou: os tempos se seguem e parafraseiam-se. Deu-se a entrada dos demônios.

      Da vez, Jó Joaquim foi quem a deparou, em péssima hora: traído e traidora. De amor não a matou, que não era para truz de tigre ou leão. Expulsou-a apenas, apostrofando-se, como inédito poeta e homem. E viajou a mulher, a desconhecido destino.

      Tudo aplaudiu e reprovou o povo, repartido. Pelo fato, Jó Joaquim sentiu-se histórico, quase criminoso, reincidente. Triste, pois que tão calado. Suas lágrimas corriam atrás dela, como formiguinhas brancas. Mas, no frágio da barca, de novo respeitado, quieto. Vá-se a camisa, que não o dela dentro. Era o seu um amor meditado, a prova de remorsos.

          Dedicou-se a endireitar-se.

          [...]

      Celebrava-a, ufanático, tendo-a por justa e averiguada, com convicção manifesta. Haja o absoluto amar – e qualquer causa se irrefuta.

      Pois produziu efeito. Surtiu bem. Sumiram-se os pontos das reticências, o tempo secou o assunto. Total o transato desmanchava-se, a anterior evidência e seu nevoeiro. O real e válido, na árvore, é a reta que vai para cima. Todos já acreditavam. Jó Joaquim primeiro que todos.

      Mesmo a mulher, até, por fim. Chegou-lhe lá a notícia, onde se achava, em ignota, defendida, perfeita distância. Soube-se nua e pura. Veio sem culpa. Voltou, com dengos e fofos de bandeira ao vento.

      Três vezes passa perto da gente a felicidade. Jó Joaquim e Vilíria retomaram-se, e conviveram, convolados, o verdadeiro e melhor de sua útil vida.

      E pôs-se a fábula em ata.

ROSA, João Guimarães.Tutameia – Terceiras estórias . Rio de Janeiro: José Olympio, 1967. p. 38-40. 

Vocabulário

frágio: neologismo criado a partir de naufrágio.

ufanático: neologismo: ufano+fanático. 

“O tempo é ENGENHOSO.”/ “Sempre vem imprevisível o ABOMINOSO?” Sobre os vocábulos destacados, leia as afirmativas.

I. No contexto, o sufixo –oso, nas duas palavras, tem o sentido de “cheio de”.

II. Engenhoso é predicativo do sujeito.

III. Os dois vocábulos pertencem à mesma classe gramatical.

Está correto apenas o que se afirma em: 

  • A I.
  • B II e III.
  • C I e III.
  • D II.
  • E I e II.
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No primeiro dia, foi o gesto genial. Era um domingo. Ao se curvar no campo do estádio espanhol, descascar a banana, comê-la de uma abocanhada e cobrar o escanteio, Daniel Alves assombrou o mundo. Não só o mundo do futebol, esse que chama juiz de “veado” e negro de “macaco” . O baiano Daniel, mestiço de pele escura e olhos claros, assombrou o mundo inteiro extracampo. Vimos e revimos a cena várias vezes. “Foi natural e intuitivo” , disse Daniel, o lateral direito responsável pelo início da virada do Barcelona no jogo contra o Vilarreal. Por isso mesmo, por um gesto mudo, simples, rápido e aparentemente sem raiva, Daniel foi pop, simbólico, político e eficaz.
Só que, hoje, ninguém, nem Daniel Alves, consegue ser original por mais de 15 segundos. Andy Warhol previa, na década de 1960, que no futuro todos seriamos famosos por 15 minutos. Pois o futuro chegou e banalizou os atos geniais, transformando tudo numa lata de sopa de tomate Campbells. A banana do Daniel primeiro reapareceu na mão de Neymar, também vítima de episódios de racismo em estádios. Neymar escreveu na rede em defesa do colega e dele próprio: "Tomaaaaa bando de racistas, #somostodosmacacos e daí? ’’ Uma reação legítima, mas sem a maturidade do Daniel. Natural. Há quase dez anos de estrada de vida entre um e outro.
Imediatamente a banana passou a ser triturada por milhares de “ selfies " . O casal Luciano Huck -Angélica lançou uma camiseta #somostodosmacacos. Branco, o casal que jamais correu o risco de ser chamado o de macaco apropriou -se do gesto genial , por isso foi bombardeado por ovos e tomates na rede, chamado de oportunista. A presidente Dilma Rousseff, em seu perfil no Twitter, também pegou carona no gesto de Daniel “contra o racismo" e chamou de “ousada” a atitude dele. Depois de ler muitas manifestações, acho que #somostodosbobos, a não ser, claro, quem sente na pele o peso do preconceito.
“Estou há onze anos na Espanha, e há onze é igual... Tem de rir desses atrasados” , disse Daniel ao sair do gramado no domingo. Depois precisou explicar que não quis generalizar. “Não quis dizer que a Espanha seja racista. Mas sim que há racismo na Espanha, porque sofro isso em campos (de futebol) diferentes. Não foi um caso isolado. Não sou vítima, nem estou abatido. Isso só me fortalece, e continuarei denunciando atitudes racistas” .
Tudo que se seguiu àquele centésimo de segundo em que Daniel pegou a fruta e a comeu, com a mesma naturalidade do espanhol Rafael Nadal em intervalo técnico de torneios mundiais de tênis, como se fizesse parte do script, tudo o que se seguiu àquele gesto é banal. Os “selfies” , a camiseta do casal 1.000, o tuíte de Dilma, as explicações de Daniel após o jogo, esta coluna. Até a nota oficial do Vilarreal, dizendo que identificou o torcedor racista e o baniu do estádio El Madrigal “para o resto da vida” . Daniel continuou a evitar as cascas de banana. Disse que o ideal, para conscientizar sobre o racismo, seria fazer o torcedor “pagar o mal com o bem” .

AQUINO, Ruth de. Rev. Época: 05 maio 2014.

Em: “... tudo o que se seguiu àquele gesto é banal” . (§ 5), a próclise do pronome átono SE é exigência, no português padrão, da mesma norma que determina a próclise do pronome destacado em:

  • A O relatório que V. S,a NOS pediu está pronto.
  • B Tudo SE fez como V. Sa determinou.
  • C Realmente, nada SE consegue sern esforço.
  • D Quem O obrigou a deixar o emprego?
  • E Diante de tais evidências, ele SE calará.
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133. “Não pensar mais em si"


Seria necessário refletir sobre isso seriamente: por que saltamos à água para socorrer alguém que está se afogando, embora não tenhamos por ele qualquer simpatia particular? Por compaixão: só pensamos no próximo — responde o irrefletido. Por que sentimos a dor e o mal-estar daquele que cospe sangue, embora na realidade não lhe queiramos bem? Por compaixão: nesse momento não pensamos mais em nós — responde o mesmo irrefletido. A verdade é que na compaixão — quero dizer, no que costumamos chamar erradamente compaixão — não pensamos certamente em nós de modo consciente, mas inconscientemente pensamos e pensamos muito, da mesma maneira que, quando escorregamos, executamos inconscientemente os movimentos contrários que restabelecem o equilíbrio, pondo nisso todo o nosso bom senso. O acidente do outro nos toca e faria sentir nossa impotência, talvez nossa covardia, se não o socorrêssemos. Ou então traz consigo mesmo uma diminuição de nossa honra perante os outros ou diante de nós mesmos. Ou ainda vemos nos acidentes e no sofrimento dos outros um aviso do perigo que também nos espia; mesmo que fosse como simples indício da incerteza e da fragilidade humanas que pode produzir em nós um efeito penoso. Rechaçamos esse tipo de miséria e de ofensa e respondemos com um ato de compaixão que pode encerrar uma sutil defesa ou até uma vingança. Podemos imaginar que no fundo é em nós que pensam os, considerando a decisão que tomamos em todos os casos em que podemos evitar o espetáculo daqueles que sofrem, gemem e estão na miséria: decidimos não deixar de evitar, sempre que podemos vir a desempenhar o papel de homens fortes e salvadores, certos da aprovação, sempre que queremos experimentar o inverso de nossa felicidade ou mesmo quando esperamos nos divertir com nosso aborrecimento. Fazemos confusão ao cham ar compaixão ao sofrimento que nos causa um tal espetáculo e que pode ser de natureza muito variada, pois em todos os casos é um sofrimento de que está isento aquele que sofre diante de nós: diz-nos respeito a nós tal como o dele diz respeito a ele. Ora, só nos libertamos desse sofrimento pessoal quando nos entregamos a atos de compaixão. [...]

NIETZSCHE, Friedrich. Aurora. Trad. Antonio Carlos Braga. São Paulo;Escala,2007.p .104 -105.


Analise as afirmativas a seguir sobre o fragmento: “O acidente do outro nos toca e faria sentir nossa impotência..."


I. NOS e NOSSA são pronomes adjetivos.


II. Os verbos tocar e fazer estão flexionados no presente do indicativo e no futuro do pretérito, respectivamente.


III. A palavra OUTRO , no contexto, é um substantivo.


Está(ão) correta(s) somente a(s) afirmativa(s):

  • A II e III.
  • B III.
  • C I.
  • D I e III.
  • E II.