Quinhentismo: Conceitos Básicos
O Quinhentismo representa o primeiro período literário do Brasil, abrangendo o século XVI, com destaque para obras produzidas entre 1500 e 1601. Marcado pela influência do humanismo renascentista, esse movimento valorizou as literaturas clássicas (grega, latina e italiana) e estabeleceu as bases da produção literária no Brasil colonial. Divide-se em duas vertentes principais, por vezes interligadas: a Literatura Informativa (relatos sobre a terra e os indígenas) e a Literatura Jesuítica (obras de catequese e moralização).
Características do Quinhentismo
- Linguagem clássica e acessível: Uso de modelos latinos, com linguagem simples para alcance popular, exceto em obras eruditas de Anchieta.
- Novos gêneros literários: Introdução do poema épico, cartas, diálogos e histórias, além da adaptação de formas líricas tradicionais.
- Caráter utilitário: Literatura a serviço da colonização (informativa) e da catequese indígena (didática).
- Influência da Contrarreforma: Repressão a ideias contrárias à fé católica e aos "bons costumes".
- Ufanismo e edenismo: Exaltação da natureza brasileira como um "paraíso terrestre", gerando mitos nativistas.
Principais Autores e Obras
- Padre Manuel da Nóbrega: Fundador da missão jesuítica no Brasil. Obra: Diálogo sobre a conversão do Gentio (1557), primeira obra literária brasileira.
- Pero de Magalhães de Gândavo: Autor de História da Província de Santa Cruz (1576), obra publicada ainda no século XVI com prefácio de Camões.
- Gabriel Soares de Souza: Produziu Notícia do Brasil, relato abrangente sobre natureza, indígenas e colonização.
- José de Anchieta: Destaque pela produção multilíngue (português, latim, tupi, espanhol). Obras: poemas latinos como De Beata Virgine e autos teatrais para catequese, como Na Festa de São Lourenço.
Legado do Quinhentismo
O período estabeleceu as primeiras manifestações literárias no Brasil, mesclando informações coloniais, catequese e exaltação da terra. Suas características influenciaram o Barroco, que se seguiu com a Prosopopeia (1601) de Bento Teixeira.