Em seu discurso de posse no cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço, no dia 4 de janeiro de 2023, o vice-presidente da República Geraldo Alkimin afirmou:
Entre 1980 e 2020, a indústria dos Estados Unidos mais do que dobrou de tamanho. A do mundo ficou três vezes maior; a da China, 47 vezes maior. A do Brasil cresceu apenas 20%. É importante ter presente que a população do Brasil, no período, passou de aproximadamente 120 milhões para 220 milhões de habitantes. Longe de ser um fenômeno natural, a desindustrialização brasileira é precoce e grave. [...]. A agenda da sustentabilidade, por sua vez, é fundamental para o futuro da indústria do Brasil. O novo MDIC contará com uma Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria. Trabalharemos em parceria com nossa querida ministra Marina Silva, essa é uma agenda prioritária, inclusive, para assegurar a competitividade do produto nacional no comércio mundial. A política industrial brasileira precisa estar em sintonia com as necessidades da sociedade mundial. A sustentabilidade é ponto de partida de toda política industrial, a sócio biodiversidade será o ponto de partida da nova política industrial.
DISCURSO do vice-presidente Geraldo Alkimin. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/comunicacao/2023/01/discurso-do-vice-presidente-geraldo-alckmin. Acesso em: 9 set. 2023.
A partir da fala do vice-presidente, e considerando-se a Agenda 2030, entende-se que o governo federal,
- A assumirá que o processo de reindustrialização do país não é uma prioridade; ao contrário, com sua fala, o ministro reconhece a centralidade do Ministério do Meio Ambiente (na figura da ministra Marina Silva), de forma que, antes de implementar qualquer projeto industrial, faz-se necessário recuperar os padrões socioambientais nacionais.
- B proporá, em linha com as principais diretrizes da economia sustentável mundial, subordinar o meio ambiente aos interesses econômicos, reconhecendo assim que, inevitavelmente, a competitividade do produto brasileiro está associada à obtenção de lucro em curto prazo, a despeito dos eventuais irreparáveis impactos ambientais decorrentes do processo de reindustrialização.
- C garantirá que o Estado não tenha qualquer papel no processo de reindustrialização do país, retirando a Secretaria de Economia Verde das pastas do Ministério, e deixando exclusivamente para o setor privado as iniciativas de sustentabilidade e de responsabilidade social corporativa.
- D reconhecerá, considerando o conceito de economia verde, a fundamental importância da incorporação da variável ambiental no centro dos novos negócios, e, assim, espera-se que o Estado abra caminho para uma política de inclusão social; consumo consciente; preservação ambiental; transição para economia circular e de baixo carbono.
- E vai aproximar-se cada vez mais dos modelos de economia chinês e norte-americano, ao promover uma industrialização que implemente as diretrizes ESG, isto é, que se dedique a fomentar o desenvolvimento econômico, independentemente das pautas ambientais e sociais.