A Educação Básica visa garantir a formação humana dos sujeitos, pois a escola é responsável por garantir que os sujeitos que dela fazem parte adquiram
Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.
( ) Para a efetivação da matrícula do estudante, devem ser observadas, rigorosamente, as orientações extraídas do respectivo Regimento Escolar.
( ) Os registros devem ser efetuados exclusivamente em livros.
( ) A escrituração escolar é o registro sistemático dos fatos relativos somente à Instituição de Ensino.
( ) O diário de classe, o histórico escolar e o certificado são instrumentos para registro da vida escolar do aluno.
( ) Processos de aproveitamento de estudos, adaptação de estudos, avanço de estudos, resultados parciais e finais de avaliação, de recuperação e a frequência dos estudantes são tipos de registro escolares.
Sobre a LDB, Lei nº 9.394/96, analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas. São princípios abordados no Artigo 3:
I. Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas.
II. Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando.
III. Valorização do profissional da educação escolar.
IV. Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino.
V. Acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um.
TEXTO I
Janeiro branco: campanha chama atenção para
saúde mental dos brasileiros
Projeto de psicólogo pega carona no começo do ano para estimular pessoas a refletirem sobre seu bem-estar emocional
Marilia Marasciulo
O Brasil está no 11º lugar do ranking de países mais ansiosos do mundo: são 13,2 milhões de pessoas com algum transtorno de ansiedade por aqui. E nós já fomos os primeiros dessa lista. Dá para entender, portanto, porque o psicólogo mineiro Leonardo Abrahão decidiu criar, em 2014, a campanha Janeiro Branco. O objetivo é chamar atenção para a saúde mental e promover conhecimento e compreensão sobre temas como depressão, ansiedade e fobias.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma a cada quatro pessoas vai sofrer com algum transtorno mental durante a vida. Só a depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo mundo e é a principal causa de incapacidade. Mesmo assim, ainda de acordo com a OMS, os investimentos dos países no tratamento não correspondem à alta demanda.
Um dos principais focos da campanha — que conta com palestras, rodas de conversa, distribuição de folhetos informativos, entre outras ações em diferentes estados brasileiros — são os jovens. De acordo com os idealizadores, nos últimos três anos o número de atendimentos no SUS a jovens com depressão aumentou 118%.
A escolha do mês de janeiro não é por acaso: o período de fim de ano e início de um novo pode causar ou aumentar a ansiedade pela frustração de não ter cumprido metas ou anseio por mudanças. Embora seja liderada por psicólogos e outros profissionais da área, a ideia é que, aos poucos, uma cultura da saúde mental seja fortalecida e disseminada na sociedade brasileira, com desmistificação de crenças populares sobre o assunto.
Disponível em:<https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2020/01/ janeiro-branco-campanha-chama-atencao-para-saude-mental-dosbrasileiros. html>
Texto I
Culpa
Mario Prata
Por que a culpa? É o que eu tenho perguntado à minha psicanalista.
No princípio era o verbo e eu achava que só eu me sentia culpado. Com o passar do tempo (e da verba), fui descobrindo que todo criador tem culpa. Não no cartório. Mas na consciência.
Vou tentar explicar.
Todo mundo acha que a pessoa que vive de criar, ou seja, um criador, não faz nada o dia inteiro. Fica só pensando. É verdade. O problema é que ninguém considera o trabalho de pensar como ofício. Daí a culpa ensimesmada. Será que só pode ser considerado trabalhador o sujeito que fica o dia inteiro numa mesa de escritório, ouvindo pela janela olha a uva de Atibaia, melancia barata, melancia barata?
Você vê uma frase num out-door tipo refresca até pensamento. São três palavrinhas mágicas. O sujeito que inventou isso deve ganhar uma fortuna por mês. O que ninguém entende é que ele trabalha há vinte neste ofício. Pode ser que a frase tenha saído de um estalo. Mas um estalo vinte anos depois. Não precisa ser nenhuma brastemp para se ter uma ideia dessas. Ou precisa? Mas o povo pensa: ganhar essa fortuna para escrever uma bobagem dessas?
Para aliviar meu sofrimento, penso no Romário que trabalha umas dez horas por mês e ganha 100 mil dólares. Será que ele tem culpa? O Chico Buarque, que fica meses sem trabalhar, jogando futebol, será que ele acorda com culpa? E o Erasmo Carlos? Tem uma culpa tremendona?
Vou almoçar fora e quase emendo com o fim do dia. Bebendo cerveja. Mas pensando. Pensando nessas besteiras que vocês estão a ler agora. Juro que eu trabalho, gente. Penso, invento, crio. E esses funcionários fantasmas, que trabalham em várias repartições e nunca comparecem? Será que eles não têm culpa? Será que só eu me sinto culpado neste país?
Uma vez perguntei para o Chico Buarque, que acabava de acordar às duas da tarde, se ele não tinha culpa. Já tive. Superei. E o Caetano Veloso que nunca acorda antes das quatro (da tarde)?
Foram anos e anos de culpa para conseguir escrever esta crônica. Mas saiu. Mas não adiantou nada. Continuo com culpa. Acho que eu nunca deveria ter saído do Banco do Brasil. Não bater ponto desnorteia a minha vida.
Adaptado de:<https://marioprata.net/cronicas/culpa/>
TEXTO I
Janeiro branco: campanha chama atenção para
saúde mental dos brasileiros
Projeto de psicólogo pega carona no começo do ano para estimular pessoas a refletirem sobre seu bem-estar emocional
Marilia Marasciulo
O Brasil está no 11º lugar do ranking de países mais ansiosos do mundo: são 13,2 milhões de pessoas com algum transtorno de ansiedade por aqui. E nós já fomos os primeiros dessa lista. Dá para entender, portanto, porque o psicólogo mineiro Leonardo Abrahão decidiu criar, em 2014, a campanha Janeiro Branco. O objetivo é chamar atenção para a saúde mental e promover conhecimento e compreensão sobre temas como depressão, ansiedade e fobias.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma a cada quatro pessoas vai sofrer com algum transtorno mental durante a vida. Só a depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo mundo e é a principal causa de incapacidade. Mesmo assim, ainda de acordo com a OMS, os investimentos dos países no tratamento não correspondem à alta demanda.
Um dos principais focos da campanha — que conta com palestras, rodas de conversa, distribuição de folhetos informativos, entre outras ações em diferentes estados brasileiros — são os jovens. De acordo com os idealizadores, nos últimos três anos o número de atendimentos no SUS a jovens com depressão aumentou 118%.
A escolha do mês de janeiro não é por acaso: o período de fim de ano e início de um novo pode causar ou aumentar a ansiedade pela frustração de não ter cumprido metas ou anseio por mudanças. Embora seja liderada por psicólogos e outros profissionais da área, a ideia é que, aos poucos, uma cultura da saúde mental seja fortalecida e disseminada na sociedade brasileira, com desmistificação de crenças populares sobre o assunto.
Disponível em:<https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2020/01/ janeiro-branco-campanha-chama-atencao-para-saude-mental-dosbrasileiros. html>
Considerando o excerto “[…] o período de fim de ano e início de um novo pode causar ou aumentar a ansiedade pela frustração de não ter cumprido metas ou anseio por mudanças.”, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.
I. O trecho “o período de fim de ano” relaciona-se a “a ansiedade pela frustração de não ter cumprido metas”.
II. O trecho “início de um novo” articula-se ao “anseio por mudanças”.
III. Em “pode causar ou aumentar a ansiedade”, pressupõe-se que todos já sofrem desse transtorno mental.
Texto I
Culpa
Mario Prata
Por que a culpa? É o que eu tenho perguntado à minha psicanalista.
No princípio era o verbo e eu achava que só eu me sentia culpado. Com o passar do tempo (e da verba), fui descobrindo que todo criador tem culpa. Não no cartório. Mas na consciência.
Vou tentar explicar.
Todo mundo acha que a pessoa que vive de criar, ou seja, um criador, não faz nada o dia inteiro. Fica só pensando. É verdade. O problema é que ninguém considera o trabalho de pensar como ofício. Daí a culpa ensimesmada. Será que só pode ser considerado trabalhador o sujeito que fica o dia inteiro numa mesa de escritório, ouvindo pela janela olha a uva de Atibaia, melancia barata, melancia barata?
Você vê uma frase num out-door tipo refresca até pensamento. São três palavrinhas mágicas. O sujeito que inventou isso deve ganhar uma fortuna por mês. O que ninguém entende é que ele trabalha há vinte neste ofício. Pode ser que a frase tenha saído de um estalo. Mas um estalo vinte anos depois. Não precisa ser nenhuma brastemp para se ter uma ideia dessas. Ou precisa? Mas o povo pensa: ganhar essa fortuna para escrever uma bobagem dessas?
Para aliviar meu sofrimento, penso no Romário que trabalha umas dez horas por mês e ganha 100 mil dólares. Será que ele tem culpa? O Chico Buarque, que fica meses sem trabalhar, jogando futebol, será que ele acorda com culpa? E o Erasmo Carlos? Tem uma culpa tremendona?
Vou almoçar fora e quase emendo com o fim do dia. Bebendo cerveja. Mas pensando. Pensando nessas besteiras que vocês estão a ler agora. Juro que eu trabalho, gente. Penso, invento, crio. E esses funcionários fantasmas, que trabalham em várias repartições e nunca comparecem? Será que eles não têm culpa? Será que só eu me sinto culpado neste país?
Uma vez perguntei para o Chico Buarque, que acabava de acordar às duas da tarde, se ele não tinha culpa. Já tive. Superei. E o Caetano Veloso que nunca acorda antes das quatro (da tarde)?
Foram anos e anos de culpa para conseguir escrever esta crônica. Mas saiu. Mas não adiantou nada. Continuo com culpa. Acho que eu nunca deveria ter saído do Banco do Brasil. Não bater ponto desnorteia a minha vida.
Adaptado de:<https://marioprata.net/cronicas/culpa/>
TEXTO II
Como se livrar da culpa
Destrinchar as fontes de culpa tem sido um desafio dos especialistas em comportamento. Aprender a lidar com elas seria o próximo passo. Todo método que pretende ajudar a encarar as manifestações do sentimento parte de sua origem. De maneira geral, a semente está no desejo da perfeição – física, profissional, pessoal ou espiritual –, que, por ser inatingível, leva à frustração, mas no processo nos força a ultrapassar nossos limites. São muitos os exemplos que mostram quão distantes estamos de abandonar metas impossíveis. O aumento de casos da chamada síndrome burnout, uma espécie de esgotamento intelectual e físico, é um deles. Embora não haja estatísticas consolidadas sobre o tema, sabe-se que entre 1998 e 2008 o número de trabalhos acadêmicos sobre o assunto subiu de 231 para 390, segundo a TransInsight, entidade que cataloga documentos científicos. E nos consultórios também cresceu a procura por tratamento. “Não é só o diagnóstico que ficou mais fácil, o número de casos também vem aumentando”, explica Duílio Camargo, da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt).
[…] As vítimas do burnout geralmente chegam ao médico submersas em responsabilidades e metas impossíveis. Insônia, dores de cabeça crônicas e distúrbios gastrointestinais são alguns dos sintomas. “Embora o diagnóstico surja à luz do esgotamento profissional, é muito comum identificar o stress generalizado em quem sofre do mal”, afirma Camargo. Faz sentido, visto que os sintomas afetam a vida como um todo. “O mundo moderno exige super-homens e supermulheres”, diz ele. E superespécimes humanos. […]
Disponível em:<https://istoe.com.br/69692_COMO+SE+LIVRAR+DA+ CULPA+ PARTE+1/>
TEXTO I
Janeiro branco: campanha chama atenção para
saúde mental dos brasileiros
Projeto de psicólogo pega carona no começo do ano para estimular pessoas a refletirem sobre seu bem-estar emocional
Marilia Marasciulo
O Brasil está no 11º lugar do ranking de países mais ansiosos do mundo: são 13,2 milhões de pessoas com algum transtorno de ansiedade por aqui. E nós já fomos os primeiros dessa lista. Dá para entender, portanto, porque o psicólogo mineiro Leonardo Abrahão decidiu criar, em 2014, a campanha Janeiro Branco. O objetivo é chamar atenção para a saúde mental e promover conhecimento e compreensão sobre temas como depressão, ansiedade e fobias.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma a cada quatro pessoas vai sofrer com algum transtorno mental durante a vida. Só a depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo mundo e é a principal causa de incapacidade. Mesmo assim, ainda de acordo com a OMS, os investimentos dos países no tratamento não correspondem à alta demanda.
Um dos principais focos da campanha — que conta com palestras, rodas de conversa, distribuição de folhetos informativos, entre outras ações em diferentes estados brasileiros — são os jovens. De acordo com os idealizadores, nos últimos três anos o número de atendimentos no SUS a jovens com depressão aumentou 118%.
A escolha do mês de janeiro não é por acaso: o período de fim de ano e início de um novo pode causar ou aumentar a ansiedade pela frustração de não ter cumprido metas ou anseio por mudanças. Embora seja liderada por psicólogos e outros profissionais da área, a ideia é que, aos poucos, uma cultura da saúde mental seja fortalecida e disseminada na sociedade brasileira, com desmistificação de crenças populares sobre o assunto.
Disponível em:<https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2020/01/ janeiro-branco-campanha-chama-atencao-para-saude-mental-dosbrasileiros. html>
Texto I
Culpa
Mario Prata
Por que a culpa? É o que eu tenho perguntado à minha psicanalista.
No princípio era o verbo e eu achava que só eu me sentia culpado. Com o passar do tempo (e da verba), fui descobrindo que todo criador tem culpa. Não no cartório. Mas na consciência.
Vou tentar explicar.
Todo mundo acha que a pessoa que vive de criar, ou seja, um criador, não faz nada o dia inteiro. Fica só pensando. É verdade. O problema é que ninguém considera o trabalho de pensar como ofício. Daí a culpa ensimesmada. Será que só pode ser considerado trabalhador o sujeito que fica o dia inteiro numa mesa de escritório, ouvindo pela janela olha a uva de Atibaia, melancia barata, melancia barata?
Você vê uma frase num out-door tipo refresca até pensamento. São três palavrinhas mágicas. O sujeito que inventou isso deve ganhar uma fortuna por mês. O que ninguém entende é que ele trabalha há vinte neste ofício. Pode ser que a frase tenha saído de um estalo. Mas um estalo vinte anos depois. Não precisa ser nenhuma brastemp para se ter uma ideia dessas. Ou precisa? Mas o povo pensa: ganhar essa fortuna para escrever uma bobagem dessas?
Para aliviar meu sofrimento, penso no Romário que trabalha umas dez horas por mês e ganha 100 mil dólares. Será que ele tem culpa? O Chico Buarque, que fica meses sem trabalhar, jogando futebol, será que ele acorda com culpa? E o Erasmo Carlos? Tem uma culpa tremendona?
Vou almoçar fora e quase emendo com o fim do dia. Bebendo cerveja. Mas pensando. Pensando nessas besteiras que vocês estão a ler agora. Juro que eu trabalho, gente. Penso, invento, crio. E esses funcionários fantasmas, que trabalham em várias repartições e nunca comparecem? Será que eles não têm culpa? Será que só eu me sinto culpado neste país?
Uma vez perguntei para o Chico Buarque, que acabava de acordar às duas da tarde, se ele não tinha culpa. Já tive. Superei. E o Caetano Veloso que nunca acorda antes das quatro (da tarde)?
Foram anos e anos de culpa para conseguir escrever esta crônica. Mas saiu. Mas não adiantou nada. Continuo com culpa. Acho que eu nunca deveria ter saído do Banco do Brasil. Não bater ponto desnorteia a minha vida.
Adaptado de:<https://marioprata.net/cronicas/culpa/>
TEXTO II
Como se livrar da culpa
Destrinchar as fontes de culpa tem sido um desafio dos especialistas em comportamento. Aprender a lidar com elas seria o próximo passo. Todo método que pretende ajudar a encarar as manifestações do sentimento parte de sua origem. De maneira geral, a semente está no desejo da perfeição – física, profissional, pessoal ou espiritual –, que, por ser inatingível, leva à frustração, mas no processo nos força a ultrapassar nossos limites. São muitos os exemplos que mostram quão distantes estamos de abandonar metas impossíveis. O aumento de casos da chamada síndrome burnout, uma espécie de esgotamento intelectual e físico, é um deles. Embora não haja estatísticas consolidadas sobre o tema, sabe-se que entre 1998 e 2008 o número de trabalhos acadêmicos sobre o assunto subiu de 231 para 390, segundo a TransInsight, entidade que cataloga documentos científicos. E nos consultórios também cresceu a procura por tratamento. “Não é só o diagnóstico que ficou mais fácil, o número de casos também vem aumentando”, explica Duílio Camargo, da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt).
[…] As vítimas do burnout geralmente chegam ao médico submersas em responsabilidades e metas impossíveis. Insônia, dores de cabeça crônicas e distúrbios gastrointestinais são alguns dos sintomas. “Embora o diagnóstico surja à luz do esgotamento profissional, é muito comum identificar o stress generalizado em quem sofre do mal”, afirma Camargo. Faz sentido, visto que os sintomas afetam a vida como um todo. “O mundo moderno exige super-homens e supermulheres”, diz ele. E superespécimes humanos. […]
Disponível em:<https://istoe.com.br/69692_COMO+SE+LIVRAR+DA+ CULPA+ PARTE+1/>
TEXTO I
Janeiro branco: campanha chama atenção para
saúde mental dos brasileiros
Projeto de psicólogo pega carona no começo do ano para estimular pessoas a refletirem sobre seu bem-estar emocional
Marilia Marasciulo
O Brasil está no 11º lugar do ranking de países mais ansiosos do mundo: são 13,2 milhões de pessoas com algum transtorno de ansiedade por aqui. E nós já fomos os primeiros dessa lista. Dá para entender, portanto, porque o psicólogo mineiro Leonardo Abrahão decidiu criar, em 2014, a campanha Janeiro Branco. O objetivo é chamar atenção para a saúde mental e promover conhecimento e compreensão sobre temas como depressão, ansiedade e fobias.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma a cada quatro pessoas vai sofrer com algum transtorno mental durante a vida. Só a depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo mundo e é a principal causa de incapacidade. Mesmo assim, ainda de acordo com a OMS, os investimentos dos países no tratamento não correspondem à alta demanda.
Um dos principais focos da campanha — que conta com palestras, rodas de conversa, distribuição de folhetos informativos, entre outras ações em diferentes estados brasileiros — são os jovens. De acordo com os idealizadores, nos últimos três anos o número de atendimentos no SUS a jovens com depressão aumentou 118%.
A escolha do mês de janeiro não é por acaso: o período de fim de ano e início de um novo pode causar ou aumentar a ansiedade pela frustração de não ter cumprido metas ou anseio por mudanças. Embora seja liderada por psicólogos e outros profissionais da área, a ideia é que, aos poucos, uma cultura da saúde mental seja fortalecida e disseminada na sociedade brasileira, com desmistificação de crenças populares sobre o assunto.
Disponível em:<https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2020/01/ janeiro-branco-campanha-chama-atencao-para-saude-mental-dosbrasileiros. html>
Texto I
Culpa
Mario Prata
Por que a culpa? É o que eu tenho perguntado à minha psicanalista.
No princípio era o verbo e eu achava que só eu me sentia culpado. Com o passar do tempo (e da verba), fui descobrindo que todo criador tem culpa. Não no cartório. Mas na consciência.
Vou tentar explicar.
Todo mundo acha que a pessoa que vive de criar, ou seja, um criador, não faz nada o dia inteiro. Fica só pensando. É verdade. O problema é que ninguém considera o trabalho de pensar como ofício. Daí a culpa ensimesmada. Será que só pode ser considerado trabalhador o sujeito que fica o dia inteiro numa mesa de escritório, ouvindo pela janela olha a uva de Atibaia, melancia barata, melancia barata?
Você vê uma frase num out-door tipo refresca até pensamento. São três palavrinhas mágicas. O sujeito que inventou isso deve ganhar uma fortuna por mês. O que ninguém entende é que ele trabalha há vinte neste ofício. Pode ser que a frase tenha saído de um estalo. Mas um estalo vinte anos depois. Não precisa ser nenhuma brastemp para se ter uma ideia dessas. Ou precisa? Mas o povo pensa: ganhar essa fortuna para escrever uma bobagem dessas?
Para aliviar meu sofrimento, penso no Romário que trabalha umas dez horas por mês e ganha 100 mil dólares. Será que ele tem culpa? O Chico Buarque, que fica meses sem trabalhar, jogando futebol, será que ele acorda com culpa? E o Erasmo Carlos? Tem uma culpa tremendona?
Vou almoçar fora e quase emendo com o fim do dia. Bebendo cerveja. Mas pensando. Pensando nessas besteiras que vocês estão a ler agora. Juro que eu trabalho, gente. Penso, invento, crio. E esses funcionários fantasmas, que trabalham em várias repartições e nunca comparecem? Será que eles não têm culpa? Será que só eu me sinto culpado neste país?
Uma vez perguntei para o Chico Buarque, que acabava de acordar às duas da tarde, se ele não tinha culpa. Já tive. Superei. E o Caetano Veloso que nunca acorda antes das quatro (da tarde)?
Foram anos e anos de culpa para conseguir escrever esta crônica. Mas saiu. Mas não adiantou nada. Continuo com culpa. Acho que eu nunca deveria ter saído do Banco do Brasil. Não bater ponto desnorteia a minha vida.
Adaptado de:<https://marioprata.net/cronicas/culpa/>