Resolver o Simulado Planejar

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Ética na Administração Pública

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“O trabalho escravo, o trabalho infantil, o preconceito no trabalho, o enriquecimento de uns poucos em detrimento da sobrevivência de muitos são temas morais antes que econômicos. A ética do neoliberalismo, ou do neocapitalismo, está sendo considerada por muitos uma ética de espoliação. É necessário que se substitua por outro tipo de ética, que se baseia na realização integral de cada pessoa, responsabilidade que não é somente dela mesma, porém de todos os integrantes da comunidade. (...) Por isso, as decisões e as instituições econômicas devem ser julgadas conforme sua capacidade de proteger e promover a vida humana, a família e os direitos que daí decorrem.”

(Nalini, 2009.)


A que outro tipo de ética o texto se refere?

  • A Ética do populismo político.
  • B Ética da economia solidária.
  • C Ética da diversidade conjuntural.
  • D Ética da intencionalidade do agente.
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Sandrinha é servidora pública e na repartição em que trabalha é responsável por atender ao público e dar-lhe ciência das decisões tomadas por seus superiores.

Sandrinha é uma pessoa sensível e muitas vezes, para evitar o sofrimento de quem teve seu pedido negado, omite a verdade dizendo que a decisão não foi proferida.

De acordo com o Decreto Federal nº 1.171/94, a atitude de Sandrinha é:

  • A correta. Segundo o Decreto Federal nº 1.171/94, a verdade só não poderá ser omitida ou falseada se acarretar custo ou danos para a Administração Pública.
  • B errada. Segundo o Decreto Federal nº 1.171/94, o servidor não pode omitir ou falsear a verdade, salvo se esta for contrária aos interesses da própria pessoa interessada.
  • C errada. Segundo o Decreto Federal nº 1.171/94, a omissão da verdade poderá atrasar o trâmite do processo e gerar mais custos para a Administração.
  • D errada. Segundo o Decreto Federal nº 1.171/94, toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública.
  • E correta. Segundo o Decreto Federal nº 1.171/94, a atitude de Sandrinha não é caracterizada como omissão da verdade, pois a parte interessada obrigatoriamente tomará ciência da decisão proferida de forma oficial.
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São regras morais que devem ser seguidas pelos servidores públicos, segundo o Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, EXCETO:
  • A O servidor não pode omitir ou falsear a verdade, que é um direito de toda pessoa, mesmo contrariando interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública.
  • B Devido à função pública de sua atividade profissional, os fatos e atos verificados na conduta do servidor em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.
  • C De forma irrestrita, a publicidade de todos os atos administrativos constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão e comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar.
  • D Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral, assim como se constitui em ofensa ao Estado e as pessoas deixar um bem público deteriorar por descuido ou má vontade.
  • E Além de atitude contra a ética ou ato de desumanidade, caracteriza-se grave dano moral aos usuários dos serviços públicos, o servidor deixar de oferecer solução a uma situação que compete a ele ou seu setor, permitindo a formação de longas filas ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço.
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São deveres fundamentais do servidor, segundo o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal:

I. Zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências específicas da defesa da vida e da segurança coletiva.

II. Manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os métodos mais adequados à sua organização e distribuição.

III. Ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal.

É correto o que se afirma em

  • A I, II e III.
  • B I, somente.
  • C II, somente.
  • D I e III, somente.
  • E II e III, somente.
5
Segundo o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal a pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a de
  • A censura.
  • B advertência.
  • C abertura de processo administrativo
  • D afastamento definitivo do cargo público.
  • E afastamento por tempo determinado sem remuneração.
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É uma prática aconselhável ao servidor, segundo o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal:
  • A Facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direito.
  • B Iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços públicos.
  • C Deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister.
  • D Retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público.
  • E Permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores.
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João é estagiário da Prefeitura de Fortaleza e foi flagrado pelo seu chefe acessando sítios impróprios em um dos computadores do órgão. Nessa situação, a atitude do estagiário:

  • A não foi contra a ética no serviço público, porque João não é servidor público.
  • B foi indiferente em relação à ética do servidor público, porque João estava no intervalo do almoço.
  • C foi contra a ética no serviço público, mesmo que João seja apenas estagiário.
  • D não foi contra a ética, pois muitos estagiários acessam sítios impróprios em computadores do órgão em questão.
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Considerando o procedimento ético nas relações com clientes devem estar presentes os seguintes objetivos, EXCETO: 

  • A Manter a qualidade do produto.
  • B Oferecer atendimento de excelência.
  • C Respeitar a liberdade de escolha do cliente.
  • D Oferecer um brinde de alto valor para o cliente.
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Acerca das regras deontológicas previstas no Decreto nº 1.171/94 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal), assinale a afirmativa correta.

  • A A moralidade administrativa refere-se à distinção entre o bem e o mal, nada tendo relação com o equilíbrio entre a legalidade e a finalidade.
  • B Ao servidor público, no cumprimento de uma ordem superior, é permitido avaliar elementos de legalidade e ilegalidade, não podendo, entretanto, questionar sobre o que é justo ou injusto, oportuno ou inoportuno, honesto ou desonesto.
  • C O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.
  • D A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, não se integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia a dia em sua vida privada não poderão diminuir o seu bom conceito na vida funcional.
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As organizações empresariais no Brasil ainda não se convenceram que o comportamento ético é um caminho para o sucesso empresarial. Com este pensamento, pode-se afirmar que as chances de sobrevivência de uma empresa é:

  • A Descumprir legislação trabalhista.
  • B Poluir ambiente, troca de favores.
  • C Busca de espaço social e aperfeiçoamento ético.
  • D Enganar o consumidor, tráfico de influências.
  • E Sonegar impostos.
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O Código de Ética Profissional tem como função precípua:

  • A Prescrever as punições.
  • B Prescrever a conduta.
  • C Definir as transgressões.
  • D Preservar a moralidade e a conduta ética dos profissionais.
  • E Assegurar as normas jurídicas em função de preceitos morais.
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“A ética profissional não se ocupa somente do estudo e normatização das condutas do profissional com seus clientes, mas também com o outro profissional, objetivando a construção do bem-estar no contexto sócio-cultural, preservando a dignidade humana.” “A ética profissional, hoje, atinge todas as profissões regulamentadas através de estatutos e códigos específicos.” Analise as afirmativas anteriores e identifique abaixo a opção correta:

  • A As duas estão incompletas.
  • B As duas estão completas e corretas.
  • C A primeira está incorreta e a segunda, correta.
  • D A segunda está incorreta e a primeira, correta.
  • E N.R.A.
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Analise os valores abaixo em função da ética empresarial e profissional:
I. Confiança – é a aceitação da manifestação do outro, por palavras ou gestos.
II. Disciplina – é a maneira pela qual os membros do grupo aceitam e atendem às normas pré-estabelecidas, necessárias ao bom atendimento dos objetivos sociais.
III. Honestidade – é o corolário imediato da justiça, é atributo ligado à confiança, à honra e, sobretudo, à decência.
IV. Solidariedade – é o ato de estender a mão.
Estão corretas apenas as definições:

  • A I, II e III
  • B II, III e IV
  • C I, II, III e IV
  • D I, III e IV
  • E II e IV
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A moral tem uma forte carga social apoiada em uma série de valores que formam o caráter moral do indivíduo. Dentre eles, podemos citar, EXCETO:

  • A Religioso.
  • B Familiar.
  • C Sujeito.
  • D Social.
  • E Histórico.
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Pode-se afirmar que a ética tem como objeto de estudo:

  • A O ato humano(voluntário e livre) que é o ato com vontade racional, permeado por inteligência e reflexão prévia.
  • B A distinção entre o existir e o agir, solenemente.
  • C A tradução dos costumes aceitos pela sociedade emergente.
  • D O conceito de moralidade dos povos segregados.
  • E N.R.A.
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“A maioria dos autores define que a moral é a parte subjetiva da ética.” Esta afirmativa define que:

  • A A moral disciplina o comportamento do homem consigo mesmo.
  • B A moral trata dos costumes, deveres e modo de proceder dos homens para com os outros homens.
  • C O mundo ético é o mundo dos juízos de valor.
  • D A moral busca a justiça e a eqüidade natural.
  • E Todas as alternativas anteriores completam o enunciado corretamente.
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Em seu sentido mais amplo, a ética tem sido entendida como a ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes. Portanto, neste sentido, a ética envolve:

  • A Estudos de aprovação ou desaprovação da ação dos homens.
  • B A consideração de valor como equivalente de uma medição do que é real e voluntarioso no campo das ações virtuosas.
  • C Obrigação de ser humano como único mal em seu agir.
  • D Realização fundamental em situação específica.
  • E As alternativas A e B estão corretas.

Pedagogia

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Lopes e Macedo (2011), fundamentados pelos estudos de pesquisadores do campo do currículo, elegeram algumas temáticas como eixo norteador de suas discussões sobre teorias do currículo. Entre essas temáticas destaca-se “Prática e cotidiano”. Afirmam esses autores que “a prática é uma temática que acompanha o desenvolvimento da teoria curricular, assumindo diferentes sentidos”

(LOPES; MACEDO, 2011, p.141).

Avalie as afirmativas consoantes às decisões curriculares que têm a prática por referência.

I. As decisões curriculares só fazem sentido na medida em que constrói condições para que os sujeitos possam resolver problemas sociais reais.

II. Em uma ou outra ocasião, alguns saberes/conhecimentos terão mais poder para guiar a prática nas decisões curriculares.

III. Nas decisões curriculares focadas nas práticas e nos cotidianos dos espaços escolares, o conhecimento independe do contexto.

É correto apenas o que se afirma em

  • A II.
  • B I e II.
  • C I e III.
  • D II e III.
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Considere o texto a seguir para responder a questão proposta.

“Em certa oportunidade, encontrei um aluno do 6º ano do ensino fundamental se preparando para sua prova de Geografia. Estava decorando o questionário que sua professora havia lhe passado no quadro verde. Uma das questões era: ‘Qual a origem da terra roxa?’. Quando lhe fiz a pergunta, verificando se sabia a lição, ele respondeu rapidamente: ‘originou da decomposição do basalto’. Perguntei-lhe então: ‘E o que é, para você, basalto?’. Ele, espantado, respondeu: ‘isso não tenho nem ideia, mas sei que está certo, pois copiei do quadro a resposta que a professora colocou.’” (MORETTO, 2002, p.49).

Em relação à concepção de aprendizagem nessa prática pedagógica do professor de geografia, afirma-se que esta

  • A pode ser mecânica porque ao decorar o aluno aprende e assim terá sucesso em sua vida escolar.
  • B resulta da combinação entre o papel do professor e a relação ativa do aluno com a matéria de estudo.
  • C exige esforço de compreensão de causas e consequências para estabelecer relações num universo simbólico e teórico.
  • D resulta mais do esforço do aluno para compreender a matéria de estudo, do que do papel do professor para criar estratégias de aprendizagem.
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O Comitê do Ministério da Educação e Cultura (MEC, Brasília), que debate a oferta de cursos na área de energias renováveis e eficiência energética, pretende alinhar a oferta de educação tecnológica nesta área para o ano de 2017. As instituições da rede federal trabalham na construção de cursos piloto de qualidade na área, mapeando as necessidades do setor produtivo, desenvolvendo novos itinerários formativos, elaborando currículos e estimando as especificações de equipamentos e infraestrutura.

(Adaptado – Educação Profissional/portal do MEC.

(Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=45681> . Acesso em: 08 mar. 2017.)

Assim, a organização curricular dos cursos superiores de tecnologia deverá contemplar o desenvolvimento de competências profissionais tecnológicas gerais e específicas, incluindo os fundamentos científicos e humanísticos necessários ao desempenho profissional do graduado em tecnologia.

PORQUE

Nessa organização curricular, cursos de educação profissional de nível técnico, que deverão ser parte dela, complementarão a formação do graduando em tecnologia, para o atendimento de demandas específicas.

Sobre essas duas asserções, é correto afirmar que

  • A a primeira é uma afirmativa verdadeira; e a segunda, falsa.
  • B a primeira é uma afirmativa falsa; e a segunda, verdadeira.
  • C as duas afirmativas são verdadeiras, mas não estabelecem relação entre si.
  • D as duas afirmativas são verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
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Associe as colunas relacionando os tipos de avaliação às suas funções.

Modalidades

(1) Avaliação diagnóstica

(2) Avaliação formativa

(3) Avaliação somativa


Funções

( ) Aferir o nível de aproveitamento ou rendimento apresentados no ano.

( ) Aperfeiçoar o processo ensino-aprendizagem.

( ) Fornecer dados iniciais para que o planejamento seja ajustado.

( ) Identificar e caracterizar as dificuldades/facilidades da aprendizagem.

( ) Informar sobre os resultados alcançados durante o desenvolvimento das atividades.

A sequência correta dessa associação é

  • A (1); (2); (1); (2); (3)
  • B (3); (1); (3); (2); (1)
  • C (2); (3); (2); (1); (3)
  • D (3); (2); (1); (1); (2)
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Segundo Moretto (2012) e Perrenoud (2000), uma competência não é expressa por uma ação isolada, mas pelo resultado do desenvolvimento harmônico de um conjunto de atributos: conhecimentos, habilidades, atitudes, valores e esquemas de ações para abordar e resolver situações complexas, em contexto específico. Para a competência ser expressa, o sujeito deve ter a capacidade de mobilizar e integrar diversos recursos pertinentes, conforme a situação, sendo que cada situação é singular.

Portanto, para o desenvolvimento de competências, implica-se a aprendizagem para mobilização de recursos de diferentes naturezas, como os cognitivos, os psicomotores, os emocionais e os de linguagem, todos pertinentes a cada situação.

PORQUE

Cada situação complexa supõe uma variedade de relações que precisam ser consideradas para a análise e compreensão de um problema a ser solucionado.

Sobre essas duas asserções, é correto afirmar que

  • A a primeira é uma afirmativa verdadeira; e a segunda, falsa.
  • B a primeira é uma afirmativa falsa; e a segunda, verdadeira.
  • C as duas afirmativas são verdadeiras, mas não estabelecem relação entre si.
  • D as duas afirmativas são verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
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Um dos desafios pedagógicos que configuram o campo de trabalho na prática educativa é a correspondência entre o projeto de ensino do professor e o projeto de aprendizagem do aluno.

O que deve ser feito para o alcance dessa correspondência?

  • A O professor e o aluno devem agir para a correspondência entre seus projetos com um planejamento de atividades permeado de suas ações intencionais e participativas.
  • B O professor e o aluno devem agir para a correspondência entre seus projetos com um planejamento de atividades que observe a linearidade do processo educativo.
  • C O professor deve reconhecer que, para o alcance dessa correspondência, necessita organizar seus projetos de ensino e desenvolvê-los de modo aleatório e espontâneo.
  • D O aluno deve reconhecer que, para haver correspondência entre projetos de ensino e de aprendizagem, as atividades do professor relacionam-se à linearidade do processo educativo.
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Associe as duas colunas relacionando as partes do Projeto Político Pedagógico às perguntas que orientam o processo de seu planejamento.

Partes do Projeto

(1) Marco Referencial

(2) Diagnóstico

(3) Programação


Perguntas orientadoras

( ) Onde estamos? Para onde queremos ir?

( ) Quais fatores facilitadores e dificultadores para concretizar o desejado?

( ) Que ações concretas, finalidades e linhas de ação devem orientar os trabalhos?

( ) O que nos falta para ser o que desejamos?

( ) O que queremos alcançar?

A sequência correta dessa associação é

  • A (1); (2); (1); (2); (3)
  • B (1); (2); (3); (2); (1)
  • C (2); (3); (2); (1); (3)
  • D (3); (2); (1); (1); (2)
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O Projeto Político Pedagógico (ou Projeto Educativo) é o plano global da instituição. Pode ser entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de Planejamento Participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar.

(VASCONCELLOS, 2002, p.169).

Portanto, é um instrumento teórico-metodológico para a intervenção e mudança da realidade. É um elemento de organização e integração da atividade prática da instituição neste processo de transformação,

PORQUE

tem valor de articulação da prática, de memória do significado da ação, de elemento de referência para a caminhada.

Sobre essas duas asserções, é correto afirmar que

  • A a primeira é uma afirmativa verdadeira; e a segunda, falsa.
  • B a primeira é uma afirmativa falsa; e a segunda, verdadeira.
  • C as duas são verdadeiras, mas não estabelecem relação entre si.
  • D as duas são verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
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O texto a seguir refere-se à questão.

Planejar para mim significa preencher formulários, vários formulários. O que importa mesmo é a minha prática. [...] Na época que eu entrei na faculdade o pessoal que era bom em matemática no colégio ia fazer engenharia. [...] Acho que a engenharia, como o direito e a medicina, tem que ter um talento para a coisa também. [...] Acho que uma das grandes dificuldades para a aprendizagem é a falta de talento, de pessoas sem embasamento. [...] Falta interesse dos alunos, às vezes eu acho que eles estão indo pegar um diploma e sair fazendo qualquer coisa depois [...]. Então, preencho o formulário do plano de ensino com a sequência do programa de Direito para o primeiro ano, entrego na coordenação e não me preocupo. Dou questionários, estudos dirigidos e provas observando essa sequência. Depois cobro na prova. Também, com os alunos que tenho não vou fazer muita coisa mesmo e este é o meio mais eficaz para assegurar a atenção e o silêncio.

(BECKER, 2002, p. 138 - Adaptado).

A prática do docente, ponto de discussão do texto apresentado, possui características mais acentuadas de uma das tendências pedagógicas da educação brasileira.

Qual tendência subsidia a relação professor-aluno expressa no texto?

  • A Liberal tecnicista, pois administra as condições de transmissão da matéria, conforme um sistema instrucional eficiente: o aluno recebe, aprende e fixa as informações.
  • B Liberal renovada, pois propõe uma educação centrada no aluno, com processos de ensino que visam auxiliá-lo a buscar os meios por si mesmo, para adquirir os conhecimentos.
  • C Progressista libertadora pois, no diálogo como método básico, a relação é horizontal. Com essa possibilidade, educador e educandos se posicionam como sujeitos do ato de conhecimento.
  • D Liberal tradicional de ensino, quando privilegia a atitude receptiva do aluno, dá ênfase nos exercícios, na repetição de conceitos ou fórmulas para a memorização, para disciplinar a mente e formar hábitos.
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O texto a seguir refere-se à questão.

Planejar para mim significa preencher formulários, vários formulários. O que importa mesmo é a minha prática. [...] Na época que eu entrei na faculdade o pessoal que era bom em matemática no colégio ia fazer engenharia. [...] Acho que a engenharia, como o direito e a medicina, tem que ter um talento para a coisa também. [...] Acho que uma das grandes dificuldades para a aprendizagem é a falta de talento, de pessoas sem embasamento. [...] Falta interesse dos alunos, às vezes eu acho que eles estão indo pegar um diploma e sair fazendo qualquer coisa depois [...]. Então, preencho o formulário do plano de ensino com a sequência do programa de Direito para o primeiro ano, entrego na coordenação e não me preocupo. Dou questionários, estudos dirigidos e provas observando essa sequência. Depois cobro na prova. Também, com os alunos que tenho não vou fazer muita coisa mesmo e este é o meio mais eficaz para assegurar a atenção e o silêncio.

(BECKER, 2002, p. 138 - Adaptado).

Qual concepção está expressa na prática de planejamento relatada?

  • A Um roteiro da prática.
  • B Uma questão política.
  • C Um instrumento técnico.
  • D Uma questão burocrática.

Português

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                               Come, meu filho


      – O mundo parece chato mas eu sei que não é.

      [...]

      – Sabe por que parece chato? Porque, sempre que a gente olha, o céu está em cima, nunca está embaixo, nunca está de lado. Eu sei que o mundo é redondo porque disseram, mas só ia parecer redondo se a gente olhasse e às vezes o céu estivesse lá embaixo. Eu sei que é redondo, mas para mim é chato, mas Ronaldo só sabe que o mundo é redondo, para ele não parece chato.

      – ...

      – Porque eu estive em muitos países e vi que nos Estados Unidos o céu também é em cima, por isso o mundo parecia todo reto para mim. Mas Ronaldo nunca saiu do Brasil e pode pensar que só aqui é que o céu é lá em cima, que nos outros lugares não é chato, que só é chato no Brasil, que nos outros lugares que ele não viu vai arredondando. Quando dizem para ele, é só acreditar, pra ele nada precisa parecer. Você prefere prato fundo ou prato chato?

      – Chat... raso, quer dizer.

      – Eu também. No fundo, parece que cabe mais, mas é só para o fundo, no chato cabe para os lados e a gente vê logo tudo o que tem. Pepino não parece inreal?

      – Irreal.

      – Por que você acha?

      – Se diz assim.

      – Não, por que é que você também achou que pepino parece inreal? Eu também. A gente olha e vê um pouco do outro lado, é cheio de desenho bem igual, é frio na boca, faz barulho de um pouco de vidro quando se mastiga. Você não acha que pepino parece inventado?

      – Parece.

      – Onde foi inventado feijão com arroz?

      – Aqui.

      – Ou no árabe, igual que Pedrinho disse de outra coisa?

      – Aqui.

      – Na Sorveteria Gatão o sorvete é bom porque tem gosto igual da cor. Para você carne tem gosto de carne?

      – Às vezes.

      – Duvido! Só quero ver: da carne pendurada no açougue?!

      – Não.

      – E nem da carne que a gente fala. Não tem gosto de quando você diz que carne tem vitamina.

      – Não fala tanto, come.

      – Mas você está olhando desse jeito para mim, mas não é para eu comer, é porque você está gostando muito de mim, adivinhei ou errei?

      – Adivinhou. Come, Paulinho.

      – Você só pensa nisso. Eu falei muito para você não pensar só em comida, mas você vai e não esquece.

(LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo, Círculo do livro, 1988. P. 122-124.)

No texto, estão presentes as formas “por que” e “porque”, na indagação “– Sabe por que parece chato?” pode-se afirmar que a forma utilizada é formada por
  • A uma conjunção.
  • B preposição acrescida de pronome relativo.
  • C preposição acrescida de monossílabo tônico.
  • D preposição acrescida de pronome interrogativo.
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Texto para responder à questão.

O despreparo da geração mais preparada

    A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada ___ criar _____ partir da dor.

    Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

    Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

    Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.

    Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

    Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

    Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)

No título do texto, a autora utiliza palavras que são formadas a partir de um mesmo radical “despreparo” e “preparada”. O prefixo empregado em uma delas possui o mesmo sentido expresso pelo destacado em:
  • A ateu, inativo.
  • B decair, decrescer
  • C aversão, amovível.
  • D adventício, contrasselar.
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                          Capítulo LXVIII / O Vergalho


      Tais eram as reflexões que eu vinha fazendo, por aquele Valongo fora, logo depois de ver e ajustar a casa. Interrompeu-mas um ajuntamento; era um preto que vergalhava outro na praça. O outro não se atrevia a fugir; gemia somente estas únicas palavras: — “Não, perdão, meu senhor; meu senhor, perdão! ” Mas o primeiro não fazia caso, e, a cada súplica, respondia com uma vergalhada nova.

      — Toma, diabo! dizia ele; toma mais perdão, bêbado!

      — Meu senhor! gemia o outro.

      — Cala a boca, besta! replicava o vergalho.

      Parei, olhei... Justos céus! Quem havia de ser o do vergalho? Nada menos que o meu moleque Prudêncio, — o que meu pai libertara alguns anos antes. Cheguei-me; ele deteve-se logo e pediu-me a bênção; perguntei-lhe se aquele preto era escravo dele.

      — É, sim, nhonhô.

      — Fez-te alguma cousa?

      — É um vadio e um bêbado muito grande. Ainda hoje deixei ele na quitanda, enquanto eu ia lá embaixo na cidade, e ele deixou a quitanda para ir na venda beber.

      — Está bom, perdoa-lhe, disse eu.

      — Pois não, nhonhô. Nhonhô manda, não pede. Entra para casa, bêbado!

(Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo, Ática, 1990. p. 83.)

Nas palavras “praça” e “bênção” emprega-se o cedilha para indicar o som do fonema /s/. Tal notação foi usada corretamente em todas as palavras do grupo:
  • A punção, louça, ascenção.
  • B açafrão, distenção, paçoca.
  • C estação, miçanga, sentença.
  • D excanção, calabouço, precaução.
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Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou de alegria tem o sabor dos oceanos.

A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos. Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.

Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente. Somos parte dele e ele de nós.

Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.

Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.

Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.

(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)

Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio.” (3º§) Em relação ao período anterior destacado e à estrutura linguística apresentada, considere as afirmativas a seguir.


I. O período é composto por três orações justapostas.

II. Em uma das orações, ao paciente da ação verbal é atribuído o papel de sujeito.

III. Na última oração do período, a voz reflexiva demonstra o sujeito como agente e paciente ao mesmo tempo da ação verbal.


Assinale a alternativa correta.

  • A Todas as afirmativas são falsas.
  • B Todas as afirmativas são verdadeiras.
  • C Apenas uma das três afirmativas é verdadeira.
  • D Apenas duas das três afirmativas são verdadeiras.
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Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou de alegria tem o sabor dos oceanos.

A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos. Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.

Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente. Somos parte dele e ele de nós.

Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.

Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heroico.

Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.

(TRIGUEIRO, André. Intimidade ecológica. Mundo Sustentável, 10 jun. 2003. Disponível em: http://mundosustentavel.com.br/2003/06/10/ intimidade-ecologica/. Acesso em janeiro de 2018.)

Considerando-se as regras de concordância verbal e nominal de acordo a norma padrão da língua, identifique o trecho destacado do texto em que há incorreção gramatical.
  • AAssim, deixamos de olhar para o céu e perceber como está o tempo, [...]” (5º§)
  • BAs lágrimas que derramamos de dor ou de alegria tem o sabor dos oceanos.” (1º§)
  • C[...] quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, [...]” (4º§)
  • DFerro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.” (2º§)
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                                   Quão rara é a Terra?


      Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.

      Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.

      Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.

      Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.

      Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá).

      Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.

      Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história geológica do planeta.

      Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.

      Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres multicelulares surgiram.

      Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.

      Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa inclinação de 23,5 graus.

      Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.

      Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o nosso planeta especial. 

      Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.

(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)

Assinale a alternativa cujo conteúdo está totalmente de acordo com as regras de concordância (verbal e/ou nominal) instituídas pela gramática normativa da língua portuguesa.
  • A “Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa efeitos chamado de trânsito.”
  • B “defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida e complexidade que nele existem.”
  • C “O melhor dado com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler.”
  • D “o movimento das placas tectônicas funcionam como um termostato terrestre e regulam a circulação de gás carbônico na atmosfera.”
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                                   Quão rara é a Terra?


      Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.

      Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.

      Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.

      Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.

      Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá).

      Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.

      Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história geológica do planeta.

      Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.

      Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres multicelulares surgiram.

      Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.

      Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa inclinação de 23,5 graus.

      Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.

      Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o nosso planeta especial. 

      Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.

(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)

Analise sintaticamente o período apresentado a seguir: “Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler” (2º§). Marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.


( )planetas” é o núcleo do sujeito da oração.

( )de outros planetas” é complemento nominal de “dados”.

( ) Os melhores dados com relação à existência de outros planetas” é o sujeito da oração.

( )do satélite da NASA Kepler” é complemento verbal do tipo objeto indireto do verbo “vir”.


A sequência está correta em

  • A V, F, V, F.
  • B V, V, F, V.
  • C F, V, V, F.
  • D F, F, V, V.
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                                   Quão rara é a Terra?


      Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.

      Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.

      Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.

      Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.

      Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá).

      Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.

      Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história geológica do planeta.

      Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.

      Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres multicelulares surgiram.

      Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.

      Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa inclinação de 23,5 graus.

      Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.

      Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o nosso planeta especial. 

      Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.

(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)

O uso do acento grave indicador de crase só é opcional em
  • AOs melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler [...]
  • BAgora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra [...]
  • CMarcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela [...] é possível determinar o tamanho e massa do planeta.”
  • D[...] quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.”
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                                   Quão rara é a Terra?


      Agora que temos a certeza de que existe um número enorme de planetas com características físicas semelhantes às da Terra, vale perguntar se eles têm, de fato, a chance de abrigar formas de vida e, se tiverem, que vida seria essa.

      Antes, alguns números importantes. Os melhores dados com relação à existência de outros planetas vêm do satélite da NASA Kepler, que anda buscando planetas como a Terra mapeando 100 mil estrelas na nossa região cósmica.

      Pelo desenho da missão, a identificação dos planetas usa um efeito chamado de trânsito: quando um planeta passa em frente à sua estrela (por exemplo, Vênus passando em frente ao Sol) o brilho da estrela é ligeiramente diminuído.

      Marcando o tempo que demora para o planeta passar em frente à estrela, a diminuição do brilho e, se possível, o período da órbita (quando o planeta retorna ao seu ponto inicial), é possível determinar o tamanho e massa do planeta.

      Com isso, a missão estima que cerca de 5,4% de planetas na nossa galáxia têm massa semelhante à da Terra e, possivelmente, estão na zona habitável, o que significa que a temperatura na sua superfície permite a existência de água líquida (se houver água lá).

      Como sabemos que o número de estrelas na nossa galáxia é em torno de 200 bilhões, a estimativa da missão Kepler implica que devem existir em torno de 10 bilhões de planetas com dimensões semelhantes às da Terra.

      Nada mal, se supusermos que basta isso para que exista vida. Porém, a situação é bem mais complexa e depende das propriedades da vida e, em particular, da história geológica do planeta.

      Aqui na Terra, a vida surgiu 3,5 bilhões de anos atrás. Porém, durante aproximadamente 3 bilhões de anos, a vida aqui era constituída essencialmente de seres unicelulares, pouco sofisticados. Digamos, um planeta de amebas.

      Apenas quando a atmosfera da Terra foi “oxigenada”, e isso devido à “descoberta” da fotossíntese por essas bactérias (cianobactérias, na verdade), é que seres multicelulares surgiram.

      Essa mudança também gerou algo de muito importante: quando o oxigênio atmosférico sofreu a ação da radiação solar é que se formou a camada de ozônio que acaba por proteger a superfície do planeta. Sem essa proteção, a vida complexa na superfície seria inviável.

      Fora isso, a Terra tem uma lua pesada, o que estabiliza o seu eixo de rotação: a Terra é como um pião que está por cair, rodopiando em torno de si mesma numa inclinação de 23,5 graus.

      Esta inclinação é a responsável pelas estações do ano e por manter o clima da Terra relativamente agradável. Sem nossa Lua, o eixo de rotação teria um movimento caótico e a temperatura variaria de forma aleatória.

      Juntemos a isso o campo magnético terrestre, que nos protege também da radiação solar e de outras formas de radiação letal que vêm do espaço, e o movimento das placas tectônicas, que funciona como um termostato terrestre e regula a circulação de gás carbônico na atmosfera, e vemos que são muitas as propriedades que fazem o nosso planeta especial. 

      Portanto, mesmo que existam outras “Terras” pela galáxia, defendo ainda a raridade do nosso planeta e da vida complexa que nele existe.

(Marcelo Gleiser – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1172152-quao-rara-e-a-terra.shtml.)

Dos pares de palavras apresentados, em apenas um o uso de acento gráfico não é justificado pela mesma regra. Assinale a alternativa que contém esse par de palavras.
  • Atêm” e “vêm”.
  • BVênus” e “possível”.
  • Cconstituída” e “superfície”.
  • Dcaracterísticas” e “trânsito”.
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Analise as afirmativas a seguir:


I - Sem motivo algum, ele para o carro no meio da rua.

II – Eles têm uma grande amizade, desde a infância.

III – A estudante foi visitar sua mãe na cidade de Bocaiúva.

IV – Viajar lhe causa enjôo.

V – Eles lêem jornal diariamente.


Assinale a alternativa CORRETA:

  • A Apenas as afirmativas I, IV e V não estão escritas de acordo com a norma culta da língua portuguesa.
  • B Apenas as afirmativas I e IV estão escritas de acordo com a norma culta da língua portuguesa.
  • C Apenas as afirmativas II e III estão escritas de acordo com a norma culta da língua portuguesa.
  • D Apenas as afirmativas III, IV e V não estão escritas de acordo com a norma culta da língua portuguesa.
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Assinale a alternativa na qual o hífen foi utilizado de forma INCORRETA.
  • A O médico prescreveu um anti-inflamatório.
  • B Ele se sente um semi-deus quando o assunto é futebol.
  • C Vamos ao shopping de micro-ônibus.
  • D Não coma sem lavar as mãos, é anti-higiênico.
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                           Hino Nacional Brasileiro


                 Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

                 De um povo heróico o brado retumbante,

                   E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,

                 Brilhou no céu da pátria nesse instante.

                         Se o penhor dessa igualdade

                Conseguimos conquistar com braço forte,

                             Em teu seio, ó liberdade,

                   Desafia o nosso peito a própria morte!

                                  Ó pátria amada,

                                       Idolatrada,

                                     Salve! Salve!

                   Brasil, um sonho intenso, um raio vívido

                    De amor e de esperança à terra desce,

                  Se em teu formoso céu, risonho e límpido,

                        A imagem do cruzeiro resplandece.

                           Gigante pela própria natureza,

                       És belo, és forte, impávido colosso,

                     E o teu futuro espelha essa grandeza.

                                        Terra adorada,

                                       Entre outras mil,

                                          És tu, Brasil,

                                      Ó pátria amada!

                        Dos filhos deste solo és mãe gentil,

                                         Pátria amada,

                                               Brasil!

                  Deitado eternamente em berço esplêndido,

                    Ao som do mar e à luz do céu profundo,

                       Fulguras, ó Brasil, florão da América,

                          Iluminado ao sol do novo mundo!

                               Do que a terra mais garrida

                  Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;

                          "Nossos bosques têm mais vida",

                       "Nossa vida" no teu seio "mais amores".

                                       Ó pátria amada,

                                           Idolatrada,

                                         Salve! Salve!

                          Brasil, de amor eterno seja símbolo

                            O lábaro que ostentas estrelado,

                          E diga o verde-louro dessa flâmula

                         - Paz no futuro e glória no passado.

                       Mas, se ergues da justiça a clava forte,

                        Verás que um filho teu não foge à luta,

                     Nem teme, quem te adora, a própria morte.

                                         Terra adorada

                                        Entre outras mil,

                                           És tu, Brasil,

                                        Ó pátria amada!

                           Dos filhos deste solo és mãe gentil,

                                         Pátria amada,

                                                Brasil!

http://www2.planalto.gov.br/acervo/simbolos-nacionais/hinos/hino-nacional-brasileiro-1

No verso: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas”, o sujeito de ouviram é:
  • A indeterminado.
  • B oculto.
  • C simples.
  • D composto.
40

                               Come, meu filho


      – O mundo parece chato mas eu sei que não é.

      [...]

      – Sabe por que parece chato? Porque, sempre que a gente olha, o céu está em cima, nunca está embaixo, nunca está de lado. Eu sei que o mundo é redondo porque disseram, mas só ia parecer redondo se a gente olhasse e às vezes o céu estivesse lá embaixo. Eu sei que é redondo, mas para mim é chato, mas Ronaldo só sabe que o mundo é redondo, para ele não parece chato.

      – ...

      – Porque eu estive em muitos países e vi que nos Estados Unidos o céu também é em cima, por isso o mundo parecia todo reto para mim. Mas Ronaldo nunca saiu do Brasil e pode pensar que só aqui é que o céu é lá em cima, que nos outros lugares não é chato, que só é chato no Brasil, que nos outros lugares que ele não viu vai arredondando. Quando dizem para ele, é só acreditar, pra ele nada precisa parecer. Você prefere prato fundo ou prato chato?

      – Chat... raso, quer dizer.

      – Eu também. No fundo, parece que cabe mais, mas é só para o fundo, no chato cabe para os lados e a gente vê logo tudo o que tem. Pepino não parece inreal?

      – Irreal.

      – Por que você acha?

      – Se diz assim.

      – Não, por que é que você também achou que pepino parece inreal? Eu também. A gente olha e vê um pouco do outro lado, é cheio de desenho bem igual, é frio na boca, faz barulho de um pouco de vidro quando se mastiga. Você não acha que pepino parece inventado?

      – Parece.

      – Onde foi inventado feijão com arroz?

      – Aqui.

      – Ou no árabe, igual que Pedrinho disse de outra coisa?

      – Aqui.

      – Na Sorveteria Gatão o sorvete é bom porque tem gosto igual da cor. Para você carne tem gosto de carne?

      – Às vezes.

      – Duvido! Só quero ver: da carne pendurada no açougue?!

      – Não.

      – E nem da carne que a gente fala. Não tem gosto de quando você diz que carne tem vitamina.

      – Não fala tanto, come.

      – Mas você está olhando desse jeito para mim, mas não é para eu comer, é porque você está gostando muito de mim, adivinhei ou errei?

      – Adivinhou. Come, Paulinho.

      – Você só pensa nisso. Eu falei muito para você não pensar só em comida, mas você vai e não esquece.

(LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo, Círculo do livro, 1988. P. 122-124.)

Durante todo o texto, é possível observar a ocorrência de um diálogo em que um dos interlocutores, por meio do discurso infantil, apresenta
  • A inércia diante do discurso alheio, permitindo que não seja por ele influenciado.
  • B extrema indignação que se desenvolve em todo o texto, gerando o conflito textual.
  • C assuntos desconexos que são utilizados como pretextos para determinada finalidade.
  • D um desenvolvimento intelectual aquém do que seria compatível com sua provável idade.
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                               Come, meu filho


      – O mundo parece chato mas eu sei que não é.

      [...]

      – Sabe por que parece chato? Porque, sempre que a gente olha, o céu está em cima, nunca está embaixo, nunca está de lado. Eu sei que o mundo é redondo porque disseram, mas só ia parecer redondo se a gente olhasse e às vezes o céu estivesse lá embaixo. Eu sei que é redondo, mas para mim é chato, mas Ronaldo só sabe que o mundo é redondo, para ele não parece chato.

      – ...

      – Porque eu estive em muitos países e vi que nos Estados Unidos o céu também é em cima, por isso o mundo parecia todo reto para mim. Mas Ronaldo nunca saiu do Brasil e pode pensar que só aqui é que o céu é lá em cima, que nos outros lugares não é chato, que só é chato no Brasil, que nos outros lugares que ele não viu vai arredondando. Quando dizem para ele, é só acreditar, pra ele nada precisa parecer. Você prefere prato fundo ou prato chato?

      – Chat... raso, quer dizer.

      – Eu também. No fundo, parece que cabe mais, mas é só para o fundo, no chato cabe para os lados e a gente vê logo tudo o que tem. Pepino não parece inreal?

      – Irreal.

      – Por que você acha?

      – Se diz assim.

      – Não, por que é que você também achou que pepino parece inreal? Eu também. A gente olha e vê um pouco do outro lado, é cheio de desenho bem igual, é frio na boca, faz barulho de um pouco de vidro quando se mastiga. Você não acha que pepino parece inventado?

      – Parece.

      – Onde foi inventado feijão com arroz?

      – Aqui.

      – Ou no árabe, igual que Pedrinho disse de outra coisa?

      – Aqui.

      – Na Sorveteria Gatão o sorvete é bom porque tem gosto igual da cor. Para você carne tem gosto de carne?

      – Às vezes.

      – Duvido! Só quero ver: da carne pendurada no açougue?!

      – Não.

      – E nem da carne que a gente fala. Não tem gosto de quando você diz que carne tem vitamina.

      – Não fala tanto, come.

      – Mas você está olhando desse jeito para mim, mas não é para eu comer, é porque você está gostando muito de mim, adivinhei ou errei?

      – Adivinhou. Come, Paulinho.

      – Você só pensa nisso. Eu falei muito para você não pensar só em comida, mas você vai e não esquece.

(LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo, Círculo do livro, 1988. P. 122-124.)

É possível identificar, no texto escrito, algumas marcas de oralidade que foram registradas propositadamente pela autora. Tais marcas podem ser identificadas em:
  • A “– Você só pensa nisso.”
  • B “– Não fala tanto, come.
  • C “– Chat... raso, quer dizer.”
  • DEu sei que o mundo é redondo porque disseram, [...]
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                               Come, meu filho


      – O mundo parece chato mas eu sei que não é.

      [...]

      – Sabe por que parece chato? Porque, sempre que a gente olha, o céu está em cima, nunca está embaixo, nunca está de lado. Eu sei que o mundo é redondo porque disseram, mas só ia parecer redondo se a gente olhasse e às vezes o céu estivesse lá embaixo. Eu sei que é redondo, mas para mim é chato, mas Ronaldo só sabe que o mundo é redondo, para ele não parece chato.

      – ...

      – Porque eu estive em muitos países e vi que nos Estados Unidos o céu também é em cima, por isso o mundo parecia todo reto para mim. Mas Ronaldo nunca saiu do Brasil e pode pensar que só aqui é que o céu é lá em cima, que nos outros lugares não é chato, que só é chato no Brasil, que nos outros lugares que ele não viu vai arredondando. Quando dizem para ele, é só acreditar, pra ele nada precisa parecer. Você prefere prato fundo ou prato chato?

      – Chat... raso, quer dizer.

      – Eu também. No fundo, parece que cabe mais, mas é só para o fundo, no chato cabe para os lados e a gente vê logo tudo o que tem. Pepino não parece inreal?

      – Irreal.

      – Por que você acha?

      – Se diz assim.

      – Não, por que é que você também achou que pepino parece inreal? Eu também. A gente olha e vê um pouco do outro lado, é cheio de desenho bem igual, é frio na boca, faz barulho de um pouco de vidro quando se mastiga. Você não acha que pepino parece inventado?

      – Parece.

      – Onde foi inventado feijão com arroz?

      – Aqui.

      – Ou no árabe, igual que Pedrinho disse de outra coisa?

      – Aqui.

      – Na Sorveteria Gatão o sorvete é bom porque tem gosto igual da cor. Para você carne tem gosto de carne?

      – Às vezes.

      – Duvido! Só quero ver: da carne pendurada no açougue?!

      – Não.

      – E nem da carne que a gente fala. Não tem gosto de quando você diz que carne tem vitamina.

      – Não fala tanto, come.

      – Mas você está olhando desse jeito para mim, mas não é para eu comer, é porque você está gostando muito de mim, adivinhei ou errei?

      – Adivinhou. Come, Paulinho.

      – Você só pensa nisso. Eu falei muito para você não pensar só em comida, mas você vai e não esquece.

(LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo, Círculo do livro, 1988. P. 122-124.)

Em relação à transitividade verbal demonstrada nos trechos destacados a seguir, assinale aquele que se DIFERENCIA dos demais
  • A[...] carne tem vitamina.
  • B “[...] o céu está em cima, [...]”
  • C[...] e vê um pouco do outro lado, [...]
  • D[...] faz barulho de um pouco de vidro [...]
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                               Come, meu filho


      – O mundo parece chato mas eu sei que não é.

      [...]

      – Sabe por que parece chato? Porque, sempre que a gente olha, o céu está em cima, nunca está embaixo, nunca está de lado. Eu sei que o mundo é redondo porque disseram, mas só ia parecer redondo se a gente olhasse e às vezes o céu estivesse lá embaixo. Eu sei que é redondo, mas para mim é chato, mas Ronaldo só sabe que o mundo é redondo, para ele não parece chato.

      – ...

      – Porque eu estive em muitos países e vi que nos Estados Unidos o céu também é em cima, por isso o mundo parecia todo reto para mim. Mas Ronaldo nunca saiu do Brasil e pode pensar que só aqui é que o céu é lá em cima, que nos outros lugares não é chato, que só é chato no Brasil, que nos outros lugares que ele não viu vai arredondando. Quando dizem para ele, é só acreditar, pra ele nada precisa parecer. Você prefere prato fundo ou prato chato?

      – Chat... raso, quer dizer.

      – Eu também. No fundo, parece que cabe mais, mas é só para o fundo, no chato cabe para os lados e a gente vê logo tudo o que tem. Pepino não parece inreal?

      – Irreal.

      – Por que você acha?

      – Se diz assim.

      – Não, por que é que você também achou que pepino parece inreal? Eu também. A gente olha e vê um pouco do outro lado, é cheio de desenho bem igual, é frio na boca, faz barulho de um pouco de vidro quando se mastiga. Você não acha que pepino parece inventado?

      – Parece.

      – Onde foi inventado feijão com arroz?

      – Aqui.

      – Ou no árabe, igual que Pedrinho disse de outra coisa?

      – Aqui.

      – Na Sorveteria Gatão o sorvete é bom porque tem gosto igual da cor. Para você carne tem gosto de carne?

      – Às vezes.

      – Duvido! Só quero ver: da carne pendurada no açougue?!

      – Não.

      – E nem da carne que a gente fala. Não tem gosto de quando você diz que carne tem vitamina.

      – Não fala tanto, come.

      – Mas você está olhando desse jeito para mim, mas não é para eu comer, é porque você está gostando muito de mim, adivinhei ou errei?

      – Adivinhou. Come, Paulinho.

      – Você só pensa nisso. Eu falei muito para você não pensar só em comida, mas você vai e não esquece.

(LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo, Círculo do livro, 1988. P. 122-124.)

O período que compõe a última fala do menino “Eu falei muito para você não pensar só em comida, mas você vai e não esquece.” possui
  • A conjunção adversativa que expressa um valor contrastivo e que pode ser substituída por “portanto”.
  • B conjunção que expressa uma relação de contraste entre dois fatos e pode ser substituída por “apesar disso”
  • C conectivo de coordenação “mas” podendo ser substituído por “daí que” anunciando um efeito do fato anterior.
  • D adjunto conjuntivo de explicação expressando a continuação lógica do raciocínio iniciado com a oração anterior.
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                               Come, meu filho


      – O mundo parece chato mas eu sei que não é.

      [...]

      – Sabe por que parece chato? Porque, sempre que a gente olha, o céu está em cima, nunca está embaixo, nunca está de lado. Eu sei que o mundo é redondo porque disseram, mas só ia parecer redondo se a gente olhasse e às vezes o céu estivesse lá embaixo. Eu sei que é redondo, mas para mim é chato, mas Ronaldo só sabe que o mundo é redondo, para ele não parece chato.

      – ...

      – Porque eu estive em muitos países e vi que nos Estados Unidos o céu também é em cima, por isso o mundo parecia todo reto para mim. Mas Ronaldo nunca saiu do Brasil e pode pensar que só aqui é que o céu é lá em cima, que nos outros lugares não é chato, que só é chato no Brasil, que nos outros lugares que ele não viu vai arredondando. Quando dizem para ele, é só acreditar, pra ele nada precisa parecer. Você prefere prato fundo ou prato chato?

      – Chat... raso, quer dizer.

      – Eu também. No fundo, parece que cabe mais, mas é só para o fundo, no chato cabe para os lados e a gente vê logo tudo o que tem. Pepino não parece inreal?

      – Irreal.

      – Por que você acha?

      – Se diz assim.

      – Não, por que é que você também achou que pepino parece inreal? Eu também. A gente olha e vê um pouco do outro lado, é cheio de desenho bem igual, é frio na boca, faz barulho de um pouco de vidro quando se mastiga. Você não acha que pepino parece inventado?

      – Parece.

      – Onde foi inventado feijão com arroz?

      – Aqui.

      – Ou no árabe, igual que Pedrinho disse de outra coisa?

      – Aqui.

      – Na Sorveteria Gatão o sorvete é bom porque tem gosto igual da cor. Para você carne tem gosto de carne?

      – Às vezes.

      – Duvido! Só quero ver: da carne pendurada no açougue?!

      – Não.

      – E nem da carne que a gente fala. Não tem gosto de quando você diz que carne tem vitamina.

      – Não fala tanto, come.

      – Mas você está olhando desse jeito para mim, mas não é para eu comer, é porque você está gostando muito de mim, adivinhei ou errei?

      – Adivinhou. Come, Paulinho.

      – Você só pensa nisso. Eu falei muito para você não pensar só em comida, mas você vai e não esquece.

(LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo, Círculo do livro, 1988. P. 122-124.)

O discurso das personagens demonstra especificidades tais como particularidades sobre a visão infantil no discurso da criança em especial como
  • A sua capacidade de perceber relações não identificadas pelos adultos, geralmente.
  • B a valorização de momentos da infância que só podem ser visitados por meio da memória.
  • C excessiva preocupação com fatos cotidianos que envolvem, principalmente, questões familiares.
  • D a capacidade de persuasão em momentos de crise ou debates que envolvem questões polêmicas.
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                               Come, meu filho


      – O mundo parece chato mas eu sei que não é.

      [...]

      – Sabe por que parece chato? Porque, sempre que a gente olha, o céu está em cima, nunca está embaixo, nunca está de lado. Eu sei que o mundo é redondo porque disseram, mas só ia parecer redondo se a gente olhasse e às vezes o céu estivesse lá embaixo. Eu sei que é redondo, mas para mim é chato, mas Ronaldo só sabe que o mundo é redondo, para ele não parece chato.

      – ...

      – Porque eu estive em muitos países e vi que nos Estados Unidos o céu também é em cima, por isso o mundo parecia todo reto para mim. Mas Ronaldo nunca saiu do Brasil e pode pensar que só aqui é que o céu é lá em cima, que nos outros lugares não é chato, que só é chato no Brasil, que nos outros lugares que ele não viu vai arredondando. Quando dizem para ele, é só acreditar, pra ele nada precisa parecer. Você prefere prato fundo ou prato chato?

      – Chat... raso, quer dizer.

      – Eu também. No fundo, parece que cabe mais, mas é só para o fundo, no chato cabe para os lados e a gente vê logo tudo o que tem. Pepino não parece inreal?

      – Irreal.

      – Por que você acha?

      – Se diz assim.

      – Não, por que é que você também achou que pepino parece inreal? Eu também. A gente olha e vê um pouco do outro lado, é cheio de desenho bem igual, é frio na boca, faz barulho de um pouco de vidro quando se mastiga. Você não acha que pepino parece inventado?

      – Parece.

      – Onde foi inventado feijão com arroz?

      – Aqui.

      – Ou no árabe, igual que Pedrinho disse de outra coisa?

      – Aqui.

      – Na Sorveteria Gatão o sorvete é bom porque tem gosto igual da cor. Para você carne tem gosto de carne?

      – Às vezes.

      – Duvido! Só quero ver: da carne pendurada no açougue?!

      – Não.

      – E nem da carne que a gente fala. Não tem gosto de quando você diz que carne tem vitamina.

      – Não fala tanto, come.

      – Mas você está olhando desse jeito para mim, mas não é para eu comer, é porque você está gostando muito de mim, adivinhei ou errei?

      – Adivinhou. Come, Paulinho.

      – Você só pensa nisso. Eu falei muito para você não pensar só em comida, mas você vai e não esquece.

(LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo, Círculo do livro, 1988. P. 122-124.)

Reconhecendo-se a estrutura textual apresentada e seus elementos constitutivos pode-se afirmar que
  • A apresenta-se a narrativa como modalidade discursiva por meio de uma linguagem simples e um discurso informal.
  • B há uma mobilidade em relação à enunciação, tratando-se de um texto híbrido tendo em vista a interseção de gêneros diferentes.
  • C apresentam-se elementos fantásticos em uma narrativa cujo objetivo é demonstrar a coloquialidade de um diálogo entre mãe e filho.
  • D a mescla de gêneros se faz presente com o propósito comunicacional de despertar a atenção do leitor para a questão que é tratada como tema principal.
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                     O poeta da roça


Sou fio das mata, cantô da mão grossa,

Trabaio na roça, de inverno e de estio.

A minha chupana é tapada de barro,

Só fumo cigarro de paia de mio.

Sou poeta das brenha, não faço papé

De argum menestré, ou errante cantô

Que veve vagando, com sua viola,

Cantando, pachola, à procura de amô.

Não tenho sabença, pois nunca estudei,

Apenas eu sei o meu nome assiná.

Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,

E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastero, singelo e sem graça,

Não entra na praça, no rico salão,

Meu verso só entra no campo e na roça

Nas pobre paioça, da serra ao sertão.

Só canto o buliço da vida apertada,

Da lida pesada, das roça e dos eito.

E às vez, recordando a feliz mocidade,

Canto uma sodade que mora em meu peito.

Eu canto o caboco com suas caçada,

Nas noite assombrada que tudo apavora,

Por dentro da mata, com tanta corage

Topando as visage chamada caipora.

Eu canto o vaquero vestido de coro,

Brigando com o toro no mato fechado,

Que pega na ponta do brabo novio,

Ganhando lugio do dono do gado.

Eu canto o mendigo de sujo farrapo,

Coberto de trapo e mochila na mão,

Que chora pedindo o socorro dos home,

E tomba de fome, sem casa e sem pão,

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,

Eu vivo contente e feliz com a sorte,

Morando no campo, sem vê a cidade.

Cantando a verdade das coisa do Norte.

(ASSARÉ, Patativa do. Cante lá que eu canto cá. 5. Ed. Petrópolis, Vozes, 1984. p. 20-1.)

Dentre os segmentos a seguir, há exemplos cuja concordância não segue as normas da linguagem escrita, registro da norma padrão, com EXCEÇÃO de:
  • ASou poeta das brenha,”
  • BDa lida pesada, das roça e dos eito.”
  • CTrabaio na roça, de inverno e de estio.”
  • D "Que chora pedindo o socorro dos home,
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                     O poeta da roça


Sou fio das mata, cantô da mão grossa,

Trabaio na roça, de inverno e de estio.

A minha chupana é tapada de barro,

Só fumo cigarro de paia de mio.

Sou poeta das brenha, não faço papé

De argum menestré, ou errante cantô

Que veve vagando, com sua viola,

Cantando, pachola, à procura de amô.

Não tenho sabença, pois nunca estudei,

Apenas eu sei o meu nome assiná.

Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,

E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastero, singelo e sem graça,

Não entra na praça, no rico salão,

Meu verso só entra no campo e na roça

Nas pobre paioça, da serra ao sertão.

Só canto o buliço da vida apertada,

Da lida pesada, das roça e dos eito.

E às vez, recordando a feliz mocidade,

Canto uma sodade que mora em meu peito.

Eu canto o caboco com suas caçada,

Nas noite assombrada que tudo apavora,

Por dentro da mata, com tanta corage

Topando as visage chamada caipora.

Eu canto o vaquero vestido de coro,

Brigando com o toro no mato fechado,

Que pega na ponta do brabo novio,

Ganhando lugio do dono do gado.

Eu canto o mendigo de sujo farrapo,

Coberto de trapo e mochila na mão,

Que chora pedindo o socorro dos home,

E tomba de fome, sem casa e sem pão,

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,

Eu vivo contente e feliz com a sorte,

Morando no campo, sem vê a cidade.

Cantando a verdade das coisa do Norte.

(ASSARÉ, Patativa do. Cante lá que eu canto cá. 5. Ed. Petrópolis, Vozes, 1984. p. 20-1.)

Considerando-se todas as manifestações da fala e suas variações linguísticas, pode-se afirmar que o texto apresenta
  • A debate acerca da limitação de um falar que se diferencia da norma padrão de prestígio social.
  • B pessoas de mesmo grupo social expressando-se com falas diferentes em diferentes situações de uso.
  • C a fala típica do brasileiro do meio rural, fator geográfico, podendo tal fato ser constatado no emprego da expressão “trabaio na roça”.
  • D uma variação linguística reforçando a identidade cultural de um povo e estabelecendo os limites entre o certo e o errado no uso da língua.