Resolver o Simulado Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IF-RO) - Professor - Nível Superior

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Pedagogia

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A Educação, neste método, é tecida em conjunto por alunos e professores, frente aos exercícios da leitura e da escrita praticadas exaustivamente nas aulas. Assim, mestres e aprendizes atuam juntos na construção do conhecimento, assessorados pela incidência da problemática social mais atual e pelo arsenal de saberes já edificados, patrimônio intransferível do ser humano.

O texto se refere a:

  • A Teoria do saber.
  • B Teoria do Ler e Saber.
  • C Teoria da Paradidática.
  • D Teoria do Construtivismo.
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O Currículo Integrado faz parte de uma concepção de organização da aprendizagem que tem como finalidade oferecer uma educação que contemple as formas de conhecimento produzidas pela atividade humana. Seguindo seus conhecimentos sobre o tema, julgue os itens a seguir:

I. Ramos (in Currículo Integrado. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2005) apresenta um caminho que denominou “desenho do Currículo Integrado”, no qual orienta alguns passos importantes para a sua execução, a saber: 1. Problematizar fenômenos - fatos e situações significativas e relevantes para compreensão do mundo, bem como processos tecnológicos da área profissional para o qual se pretende formar, como objetos de conhecimento, buscando compreendê-los em múltiplas perspectivas, 2. Explicitar teorias e conceitos fundamentais para a compreensão dos objetos estudados nas múltiplas perspectivas em que foram problematizados e localizá-los nos respectivos campos da ciência, identificando suas relações com outros conceitos do mesmo campo (disciplinaridade) e de campos distintos do saber (interdisciplinaridade).

II. O Currículo Integrado se insere em processos de formação meramente voltados para a preparação de mão-de-obra para o mercado, por trazer essa visão da totalidade, ele abre um espaço para que o pensamento fique limitado aos valores hegemônicos na sociedade brasileira. O Currículo Integrado, conforme seus principais elaboradores, é um instrumento capaz de auxiliar educandos e educadores na identificação das contradições existentes no sistema econômico e social. Para que isso ocorra, no entanto, é fundamental entender que ele se trata de uma ferramenta de ensino voltado ao aspecto operacional do conhecimento, em detrimento do aspecto instrumental e metodológico.

III. O Currículo Integrado organiza o conhecimento e desenvolve o processo de ensino-aprendizagem de forma que os conceitos sejam apreendidos como sistema de relações de uma totalidade concreta que se pretende explicar/compreender. No trabalho pedagógico, o método de exposição deve restabelecer as relações dinâmicas e dialéticas entre os conceitos, reconstituindo as relações que configuram a totalidade concreta da qual se originaram, de modo que o objeto a ser conhecido revele-se gradativamente em suas peculiaridades próprias.

São corretas as afirmativas:

  • A todas as afirmativas são corretas.
  • B II e III, apenas.
  • C I e III, apenas.
  • D I e II, apenas.
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“É a distância entre as práticas que uma criança já domina e as atividades nas quais ela ainda depende de ajuda. É no caminho entre esses dois pontos que ela pode se desenvolver mentalmente por meio da interação e da troca de experiências. Não basta, portanto, determinar o que um aluno já aprendeu para avaliar seu desempenho.”

O conceito destacado acima refere-se 

  • A aos esquemas de ação.
  • B à zona de desenvolvimento proximal.
  • C ao conhecimento prévio.
  • D ao sincretismo infantil.
  • E ao conhecimento significativo.
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Ghirardelli, em “O que é a Pedagogia”, indica que a pedagogia possui suas características básicas estabelecidas com o advento do mundo moderno, que trouxe um novo conceito ao qual a pedagogia está atrelada e do qual é caudatária. Trata-se do conceito de:

  • A aprendizagem
  • B escola
  • C infância
  • D educação
  • E instrução
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De acordo com os materiais da SEE-MG, é importante a comunicação dos resultados das avaliações para os familiares e comunidade escolar. As competências que mais auxiliam neste processo são conhecer

  • A a comunidade e definir os limites de sua atuação no espaço escolar.
  • B a legislação, o funcionamento do sistema e aplicar seus princípios e normas.
  • C as famílias e viabilizar seu envolvimento na melhoria da educação.
  • D a legislação e o funcionamento da instituição escolar.
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Para Vygotsky, as crianças pequenas dão nome a seus desenhos somente após completá-los; elas têm necessidade de vê-los, antes de decidir o que eles são. À medida que as crianças se tornam mais velhas, elas adquirem a capacidade de decidir previamente o que vão desenhar. Esse deslocamento temporal do processo de nomeação significa uma mudança na função da fala. Inicialmente, a fala segue a ação, sendo provocada e dominada pela atividade. Posteriormente, entretanto, quando a fala se desloca para o início da atividade, surge uma nova relação entre palavra e ação. Nesse instante a fala dirige, determina e domina o curso da ação; surge, então:
  • A a linguagem de forma amadurecida, com possibilidade de descrever e narrar sobre um assunto.
  • B a função planejadora da fala, além da função já existente da linguagem, de refletir o mundo exterior.
  • C a possibilidade de aquisição da língua materna e a compreensão da sua estrutura, da sua sintaxe.
  • D o desenvolvimento da oralidade em suas diversas modalidades, de diálogo, de impostação, etc.
  • E o movimento dialógico em que a criança, já socializada, se relaciona e cria as próprias brincadeiras.
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Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei no 8.069/90), a pessoa com 13 anos de idade é considerada:
  • A criança.
  • B adolescente.
  • C jovem.
  • D imputável.
  • E capaz.
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“A História da Educação amplia a memória e a experiência, o leque de escolhas e de possibilidades pedagógicas, o que permite um alargamento do repertório dos educadores e lhes fornece uma visão da extrema diversidade das instituições escolares do passado. Para além disso, revela que a educação não é um 'destino', mas uma construção social, o que renova o sentido da ação quotidiana de cada educador" (CAMBI, 1999, p.13).

A partir da leitura do texto acima, analise as afirmações que seguem e marque com (V) as verdadeiras e com (F) as falsas.

( ) A preocupação com o ensinar é antiga e já a encontramos no século XVI, com o “pai da Didática", o autor Jan Amos Comênio que escreveu uma grande obra conhecida como a Didática Magna que marca o início da organização da didática.

( ) O conhecido movimento da Escola Nova opôs-se ao ensino tradicional e agregou muitos teóricos da educação, entre eles Paulo Freire, Pestalozzi e Foucault.

( ) John Locke foi o fundador do empirismo, representante de um pensamento crítico que pretendia submeter todo pensamento a uma prova de experiência. Além disso, contestava práticas de autoritarismo e punições corporais como métodos educativos.

( ) A Paideia relaciona-se à ideia de educação integral, desenvolvida por Henry Wallon e que tem como exemplo a educação da Grécia Antiga.

Assinale a alternativa que indica a ordem CORRETA de cima para baixo.

  • A V, V, F, F
  • B V, V, F, V
  • C F, F, V, V
  • D V, F, F, V
  • E V, F, V, F
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O Islã, complexa civilização que iluminou a cultura medieval ocidental, concentrava sua educação em comunhão:

  • A com a leitura;
  • B com a instrução;
  • C com a dedicação;
  • D com a obediência;
  • E com a penitência.
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Segundo o Artigo 13 da LDBEN n° 9.394/96, os docentes incumbir-se-ão de:

I. Participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino.

II. Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino.

III. Promover a aprendizagem dos alunos.

IV. Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento.

  • A Apenas II e IV estão corretas.
  • B Apenas I e III estão corretas.
  • C Apenas I, II e IV estão corretas.
  • D Apenas I e II estão corretas.
  • E Apenas I e IV estão corretas.

Direito da Criança e do Adolescente

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De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas.

I. O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

II. O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente.

III. Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer- lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola.

IV. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.

  • A Apenas I, II e III.
  • B Apenas I e III
  • C Apenas II e III
  • D Apenas I, II e IV.
  • E I, II, III e IV.
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A respeito das medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente, analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas.

I. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada.

II. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

III. A liberdade assistida constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

IV. A internação será adotada sempre que se afgurar a medida mais adequada para o fm de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.

  • A Apenas I e III.
  • B Apenas I e II.
  • C Apenas II e III
  • D Apenas III e IV
  • E I, II, III e IV
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De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas.

I. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se- lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fm de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

II. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profssionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

III. Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

IV. A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
  • A Apenas I, II e III.
  • B Apenas I, III e IV
  • C Apenas II e III.
  • D Apenas I, II e IV
  • E I, II, III e IV.
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Analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:

I. reconhecida idoneidade moral.

II. idade superior a vinte e um anos.

III. residir no município.

IV. quitação eleitoral.
  • A Apenas I, II e III.
  • B Apenas I e III.
  • C Apenas II e III.
  • D Apenas I, II e IV.
  • E I, II, III e IV.
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De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente,

  • A criança é pessoa menor de 14 anos de idade incompletos e adolescente é pessoa com idade entre 14 e 18 anos.
  • B a remissão como forma de exclusão do processo ao adolescente autor de ato infracional pode ser concedida pela autoridade policial, Ministério Público ou Juiz, em qualquer fase do procedimento.
  • C estando o adolescente apreendido em flagrante por prática de ato infracional praticado mediante violência ou grave ameaça a pessoa, o prazo para conclusão do procedimento é de 45 dias.
  • D o Conselho Tutelar é órgão permanente, autônomo e jurisdicional encarregado de zelar pelo cumprimento dos direitos das crianças e dos adolescentes previstos em lei.
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De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:

I. ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria.

II. atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.

III. atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a sete anos de idade.

IV. oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador.

  • A Apenas I, II e III.
  • B Apenas I, III e IV
  • C Apenas II e III
  • D Apenas I, II e IV.
  • E I, II, III e IV.
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Analise as seguintes afirmativas sobre o poder familiar, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente.

I. É exercido em igualdade de condições pelo pai e pela mãe.

II. Sua perda ou suspensão só pode ser decretada judicialmente.

III. A falta ou carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou suspensão do pátrio poder.

A partir da análise, conclui-se que estão CORRETAS.

  • A II e III apenas.
  • B I e II apenas.
  • C I e III apenas.
  • D I, II e III.
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De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, o prazo da medida de internação, em caso de descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta, NÃO poderá ser superior a
  • A 01 (um) mês.
  • B 02 (dois) meses.
  • C 03 (três) meses.
  • D 10 (dez) dias.
  • E 20 (vinte) dias.
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Assinale a alternativa correta. Segundo o estatuto da criança de do adolescente, lei 8.069/90, considera-se criança:
  • A A pessoa até quatorze anos de idade incompletos.
  • B A pessoa até doze anos de idade incompletos.
  • C A pessoa até dezesseis anos de idade incompletos.
  • D A pessoa até dezoito anos de idade.
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Conforme prevê o estatuto da Criança e do Adolescente, o vínculo de adoção se constitui por

  • A sentença judicial.
  • B ato particular registrado em cartório.
  • C documento contratual.
  • D ato administrativo.

Português

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Eduardo Coutinho, artista generoso


      Uma das coisas mais bonitas e importantes da arte do cineasta Eduardo Coutinho, mestre dos documentários, morto em 2014, está em sua recusa aos paradigmas que atropelam nossa visão de mundo. Em vez de contemplar a distância grupos, classes ou segmentos, ele vê de perto pessoa por pessoa, surpreendendo-a, surpreendendo-se, surpreendendo-nos. Não lhe dizem nada expressões coletivistas como “os moradores do Edifício”, os “peões de fábrica”, “os sertanejos nordestinos”: os famigerados “tipos sociais”, usualmente enquadrados por chavões, dão lugar ao desafio de tomar o depoimento vivo de quem ocupa aquela quitinete, de investigar a fisionomia desse operário que está falando, de repercutir as palavras e os silêncios do morador de um povoado da Paraíba.

      Essa dimensão ética de discernimento e respeito pela condição singular do outro deveria ser o primeiro passo de toda política. Nem paternalismo, nem admiração prévia, nem sentimentalismo: Coutinho vê e ouve, sabendo ver e ouvir, para conhecer a história de cada um como um processo sensível e inacabado, não para ajustar ou comprovar conceitos. Sua obsessão pela cena da vida é similar à que tem pela arte, o que torna quase impossível, para ele, distinguir uma da outra, opor personagem a pessoa, contrapor fato a perspectiva do fato. Fazendo dessa obsessão um eixo de sua trajetória, Coutinho viveu como um homem/artista crítico para quem já existe arte encarnada no corpo e suspensa no espírito do outro: fixa a câmera, abre os olhos e os ouvidos, apresenta-se, mostra-se, mostra-o, mostra-nos.


                                                                                                         (Armindo Post, inédito

Atente para as seguintes afirmações sobre Eduardo Coutinho e sua arte:


I. As expressões coletivistas referidas e exemplificadas no primeiro parágrafo são aquelas que ajudam o cineasta a reconhecer a contribuição original de cada cidadão no exercício de sua função social.


II. Deve-se entender que, em seus documentários, o cineasta valoriza sobretudo a singularidade das pessoas retratadas, em vez de tomá-las como tipos sociais já identificados e rotulados.


III. O foco de atenção que o cineasta faz incidir sobre as pessoas que retrata é tão intenso e bem trabalhado que elas surgem como personagens que se revelam para nós em toda a sua verdade.


Está correto o que se afirma em 

  • A I, II e III.
  • B I e II, apenas.
  • C I e III, apenas.
  • D II e III, apenas.
  • E III, apenas.
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Um homem de consciência

Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.
Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E, por muito tempo, não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.
Mas João Teodoro acompanhava com aperto no coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.
“Isto já foi muito melhor”, dizia consigo. “Já teve três médicos bem bons - agora um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando ...”
João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudar- -se, mas para isso necessitava de um fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.
“É isso”, deliberou lá por dentro. “Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.”
Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crânio. Delegado ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria ser nada, se julgava capaz de nada ...
Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca! ...
João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalo magro e partiu.
- Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?
- Vou-me embora - respondeu o retirante. - Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.
- Mas, como? Agora que você está delegado?
- Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado eu não moro. Adeus.
E sumiu.

(Monteiro Lobato. Cidades Mortas. São Paulo: Globo, 2009)

rábula: advogado sem diploma

Dois adjetivos que estão em destaque foram empregados no grau superlativo para caracterizar a personagem João Teodoro. São eles:

  • A Honestíssimo e médicos bem bons. (1.º e 4.º parágrafos)
  • B mínimo valor e menos importância. (1.º parágrafo)
  • C por muito tempo e terra melhor. (2.º parágrafo)
  • D Honestíssimo e lealíssimo. (1.º parágrafo)
  • E lealíssimo e seríssima. (1.º e 8.º parágrafos)
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Jogo de panelas

Panelas são muitas e têm muita serventia. Cada qual com sua tampa, seu cabo e seu papel. Para o arroz, uma exclusiva. Casa com dois, panela de um litro, casa com quatro, a de dois litros; e assim por diante. Para o feijão, de pressão; para o angu, de pedra-sabão. Para curar anemia, panela de ferro. Depois de lavada, para não enferrujar, chama do fogo para ela secar. Para fazer pratos com história, panelas herdadas. Para o doce ficar com brilho, tacho de cobre, e para o cobre ficar brilhante, esfrega limão e sal.

[...]

Para a comida do bebê, as pequeninas, de ágata e de vidro. Para brincar de casinha, lata de sardinha. Para morador de rua, a que tiver – se tiver. Para exibir, Le Creuset. Para a moqueca, panela de barro. As mais certeiras? Capixabas, de Goiabeiras.

Para o panelaço, batam nelas com carinho. E pensem bem se a causa é justa. Afinal, panela não tem ideologia.

A panela pode ser velha, mas a comida tem que ser boa. Sempre.

A respeito dos sinais de pontuação empregados no texto, assinale a afirmativa correta.

  • A O travessão foi empregado para separar uma opinião da autora e pode ser substituído por vírgula.
  • B A vírgula pode ser usada para separar uma circunstância no início da frase, a exemplo de A panela pode ser velha, mas a comida tem que ser boa.
  • C O sinal ponto e vírgula foi empregado para separar itens de uma enumeração, como em Para o feijão, de pressão; para o angu, de pedra-sabão.
  • D A vírgula separa orações coordenadas e sempre vem depois do conector, como em Depois de lavada, para não enferrujar, chama do fogo para ela secar.
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Cientistas brasileiros identificam genes suscetíveis à artrite

Pesquisa com ratos foi feita por cientistas do Instituto Butantã.
Genes podem ajudar a prevenir doença inflamatória.

Um grupo de pesquisadores brasileiros identificou em experimentos com ratos de laboratório um conjunto de genes que fazem com que seu portador seja suscetível ao desenvolvimento de artrite reumatoide. A descoberta, caso se confirme também em humanos, permite pensar no desenvolvimento de provas genéticas para prever a doença e de novos tratamentos, segundo a Fundação de Apoio à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), entidade que financiou o projeto.
Os genes vinculados à artrite reumatoide, uma doença inflamatória crônica e autoimune que afeta principalmente as articulações, foram identificados por cientistas do Instituto Butantã, em São Paulo.
“ A identificação de genes suscetíveis oferece várias opções de ação. Podemos tentar regular seu funcionamento com remédios ou por meio de técnicas de genética molecular para tentar reduzir a severidade da artrite”, explicou Marcelo De Franco, pesquisador do Instituto Butantã e coordenador do projeto.
“Os genes também podem servir como marcadores genéticos para prever a doença e orientar o tratamento”, acrescentou o pesquisador em declarações citadas em comunicado da Fapesp.
Os resultados da pesquisa foram destacados na última edição da revista científica internacional ‘PLoS One’.
Segundo os pesquisadores, nos ratos que possuem os genes identificados, ou seja, geneticamente predispostos a desenvolver artrite, o próprio sistema imunológico ataca as membranas sinoviais, que protegem as articulações.
“Ninguém sabe exatamente como se desenvolve o processo da artrite, mas sabemos que há pessoas mais suscetíveis. O que tentamos descobrir com o modelo experimental em ratos foram os fatores genéticos que conferem essa predisposição”, segundo De Franco.
O pesquisador explicou que, apesar de humanos e ratos terem números de cromossomos diferentes, a ciência já conhece as regiões cromossômicas de cada espécie em que é possível fazer um paralelo.
“O próximo passo é investigar melhor a interação entre esses genes; descobrir exatamente como eles regulam a resposta inflamatória e começar a validar os descobrimentos em modelos humanos”, acrescentou.

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/04.


De acordo com o que se depreende do texto, leia as assertivas abaixo.

I. Pesquisadores brasileiros, por meio de experimentos, identificaram, em ratos, genes suscetíveis à artrite.

II. A descoberta dos pesquisadores brasileiros poderá servir para prever a artrite e orientar o tratamento.

III. Em humanos, o próprio sistema imunológico ataca as membranas sinoviais que protegem as articulações.

É correto o que se afirma em

  • A II e III, apenas.
  • B II, apenas.
  • C I e II, apenas.
  • D I, apenas.
  • E I, II e III.
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O verão em que aprendi a boiar
Quando achamos que tudo já aconteceu, novas capacidades
fazem de nós pessoas diferentes do que éramos

IVAN MARTINS

Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acredito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um gosto especial.
Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transformou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A cidade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia. Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era diferente - e pior - do que descer a mesma avenida com as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia insuspeitada.
Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me parece, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que, mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou inteiramente.
Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra descoberta temporã.
Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes, num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom da flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Brava, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente consegui boiar.
Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esforço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação de balançar ao ritmo da água - sinto dizer, mas vocês se esqueceram de como tudo isso é bom.
Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a ela. Boiar é fazer parte dela - assim como do sol e das montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e isso, curiosamente, não é fácil.
Essa experiência me sugeriu algumas considerações sobre a vida em geral.
Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente, de um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incorporando novidades que nos transformam. Somos geneticamente elaborados para lidar com o novo, mas não só. Também somos profundamente modificados por ele. A cada momento da vida, quando achamos que tudo já aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras.
Suspeito que isso tenha importância também para os relacionamentos.
Se a gente não congela ou enferruja - e tem gente que já está assim aos 30 anos - nosso repertório íntimo tende a se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação. Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro, em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustração e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça, em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sentido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia do outro e de si mesmo, no mundo.
Assim como boiar, essas coisas são simples, mas precisam ser aprendidas.
Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tempo, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral, a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de forma relaxada e consciente um grande amor.
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez rapidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coisas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser. Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo se aprende, mesmo as coisas simples que pareciam impossíveis.
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de melhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e menos medo.
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se pode tentar boiar.

http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martin...
verao-em-que-aprendi-boiar.html

No período “... essas coisas são simples, mas precisam ser aprendidas.”, o termo destacado pode ser substituído, sem que ocorra prejuízo sintático ou semântico, por

  • A portanto.
  • B pois.
  • C assim.
  • D porém.
  • E logo.
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Leia o texto abaixo, que se trata de um verbete e seu respectivo significado, publicado no Dicionário ilustrado da moda. A seguir, responda à próxima questão.

Coleção
Portfólio dos melhores trabalhos de um estilista, montado por estação. Todas as roupas de uma coleção representam a inspiração do estilista e exploram temas, tecidos, texturas e cores em comum.

Leia o texto abaixo, que se trata de um verbete e seu respectivo significado, publicado no Dicionário ilustrado da moda. A seguir, responda à próxima questão.

Coleção
Portfólio dos melhores trabalhos de um estilista, montado por estação. Todas as roupas de uma coleção representam a inspiração do estilista e exploram temas, tecidos, texturas e cores em comum.

(AMBROSE, G.; HARRIS, P. Dicionário ilustrado da moda. (Trad. Márcia Longarço).
Barcelona: Gustavo Gili, 2012. p. 75)

Observe o texto e escolha a alternativa correta.

  • A No enunciado “Todas as roupas de uma coleção representam a inspiração do estilista e exploram temas, tecidos, texturas e cores em comum.", há apenas uma oração.
  • B No trecho “Todas as roupas de uma coleção representam a inspiração do estilista e exploram temas, tecidos, texturas e cores em comum.", há três orações.
  • C O trecho “Todas as roupas de uma coleção representam a inspiração do estilista e exploram temas, tecidos, texturas e cores em comum." não é uma frase.
  • D No trecho “Todas as roupas de uma coleção representam a inspiração do estilista e exploram temas, tecidos, texturas e cores em comum.", há duas orações.
  • E O termo “coleção", verbete cuja explicação é dada subsequentemente, trata-se de um adjetivo.
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Atenção: Nesta prova, considera-se uso correto da Língua Portuguesa o que está de acordo com a norma padrão escrita.


                   Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio 

 

      Estou deitado na margem. Dois barcos, presos a um tronco de salgueiro cortado em remotos tempos, oscilam ao jeito do vento, não da corrente, que é macia, vagarosa, quase invisível. A paisagem em frente, conheço-a. Por uma aberta entre as árvores, vejo as terras lisas da lezíria, ao fundo uma franja de vegetação verde-escura, e depois, inevitavelmente, o céu onde boiam nuvens que só não são brancas porque a tarde chega ao fim e há o tom de pérola que é o dia que se extingue. Entretanto, o rio corre. Mais propriamente se diria: anda, arrasta-se - mas não é costume.

      Três metros acima da minha cabeça estão presos nos ramos rolos de palha, canalhas de milho, aglomerados de lodo seco. São os vestígios da cheia. À esquerda, na outra margem, alinham-se os freixos que, a esta distância, por obra do vento que Ihes estremece as folhas numa vibração interminável, me fazem lembrar o interior de uma colmeia. É o mesmo fervilhar, numa espécie de zumbido vegetal, uma palpitação (é o que penso agora), como se dez mil aves tivessem brotado dos ramos uma ansiedade de asas que não podem perder voo. 

      Entretanto, enquanto vou pensando, o rio continua a passar, em silêncio. Vem agora no vento, da aldeia que não está longe, um lamentoso toque de sinos: alguém morreu, sei quem foi, mas de que serve dizê-Io? Muito alto, duas garças brancas (ou talvez não sejam garças, não importa) desenham um bailado sem princípio nem fim: vieram inscrever-se no meu tempo, irão depois continuar o seu, sem mim.

         Olho agora o rio que conheço tão bem. A cor das águas, a maneira como escorregam ao longo das margens, as espadanas verdes, as plataformas de limos onde encontram chão as rãs, onde as libélulas (também chamadas tira-olhos) pousam a extremidade das pequenas garras – este rio é qualquer coisa que me corre no sangue, a que estou preso desde sempre e para sempre. Naveguei nele, aprendi nele a nadar, conheço-lhe os fundões e as locas onde os barbos pairam imóveis. É mais do que um rio, é talvez um segredo.

      E, contudo, estas águas já não são as minhas águas. O tempo flui nelas, arrasta-as e vai arrastando na corrente líquida, devagar, à velocidade (aqui, na terra) de sessenta segundos por minuto. Quantos minutos passaram já desde que me deitei na margem, sobre o feno seco e doirado? Quantos metros andou aquele tronco apodrecido que flutua? O sino ainda toca, a tarde teve agora um arrepio, as garças onde estão? Devagar, levanto-me, sacudo as palhas agarradas à roupa, calço-me. Apanho uma pedra, um seixo redondo e denso, lanço-o pelo ar, num gesto do passado. Cai no meio do rio, mergulha (não vejo, mas sei), atravessa as águas opacas, assenta no lodo do fundo, enterra-se um pouco. Mudou de sítio, talvez o inverno arraste para mais longe, o restitua à margem donde o tirei. Talvez ali fique para sempre. 

      Desço até à água, mergulho nela as mãos, e não as reconheço. Vêm-me da memória outras mãos mergulhadas noutro rio. As minhas mãos de há trinta anos, o rio antigo de águas que já se perderam no mar. Vejo passar o tempo. Tem a cor da água e vai carregado de detritos, de pétalas arrancadas de flores, de um toque vagaroso de sinos. Então uma ave cor de fogo passa como um relâmpago. O sino cala-se. E eu sacudo as mãos molhadas de tempo, levando-as até aos olhos – as minhas mãos de hoje, com que prendo a vida e a verdade desta hora.

        SARAMAGO, José. Deste mundo e do outro. Lisboa: Caminho, 1985. 

Analise as afirmativas sobre as reflexões do narrador do texto e assinale a alternativa INCORRETA.

  • A O narrador compara o correr do rio ao passar do tempo. Assim como a água passa e não volta, sempre fluindo na mesma direção, o tempo passa e não volta.
  • B Como o tempo passa rapidamente, as águas também fluem e mudam. Portanto, são as mesmas águas de quando ele ali adormeceu.
  • C O narrador tenta reter com suas mãos, no presente, “a vida e a verdade” daquela hora. Ele sabe que tudo vai passar, pois o tempo é efêmero.
  • D A “ave cor de fogo”, que passa como um relâmpago, representa o despertar do narrador que, depois de ver o passado se esvaindo e o sino calando-se, volta à realidade, ao presente.
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Texto III


Este caderno de Jorge de Lima bem que se poderia chamar "as impressões dum homem que esteve no cárcere". E são estes poemas mesmo um canto comovido à terra de que ele esteve segregado. E há neles qualquer coisa das surpresas e dos espantos que sofre um homem que tudo via em névoa, ao sair de uma operação de catarata. As cores como que vivem com outra intensidade.
Tudo isso nos versos de Jorge de Lima está contado com muita força e comoção. Da boa e legítima comoção que é a que vem da simplicidade, que é a que sai das fontes mais preciosas do coração. [...]
É vinda de dentro da terra, da vida sentimental do Nordeste, a maior parte dos poemas desse caderno. Quem os escreveu fez como um desterrado que a saudade conduziu ao retorno. E que voltasse com todos os sentidos atacados de fome. E se encontra o Nordeste por toda a parte em seus poemas. [...] É ainda no caráter puramente regionalista de sua poesia que se distingue o Sr. Jorge de Lima. Porque o seu regionalismo não é um limite à sua emoção e não tem por outra parte o caráter de partido político daquele que rapazes de S. Paulo oferecem ao país com as insistências de anúncios de remédio. O regionalismo do jovem poeta nordestino é a sua emoção mais que a sua ideologia. O Nordeste não vem em sua poesia como um tema ou uma imposição doutrinária, vem como a expressão lírica de um nordestino evocar a sua terra.



(Nota preliminar a Poemas escolhidos. REGO, José Lins do. in: LIMA, Jorge de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1974, vol. I, p. 140-142)


Texto IV


Já uma vez me afoitei a sugerir esta ideia: a necessidade de reconhecer-se um movimento distintamente nordestino de renovação das letras, das artes, da cultura brasileira - movimento dos nossos dias que, tendo se confundido com a expansão do muito mais opulento "modernismo" paulista-carioca, teve, entretanto, condições próprias - "ecológicas", poderia dizer-se com algum pedantismo - de formação, aparecimento e vida.
Desse "movimento do Nordeste" pode-se acrescentar que foi uma espécie de parente pobre, capaz de dar ao rico valores já quase despercebidos de outras partes do Brasil e necessitados apenas dos novos estímulos vindos do Sul e do estrangeiro para se integrarem no conjunto de riqueza circulante e viva constituída por elementos genuinamente brasileiros, essenciais ao desenvolvimento da nossa cultura em expressão honesta do nosso ethos, da nossa história e da nossa paisagem e em instrumento de nossas aspirações e tendências sociais como povo tanto quanto possível autônomo e criador. [...]
Experiência brasileira não falta a Jorge de Lima: ele é bem do Nordeste. Não lhe falta o contato com a realidade afro-nordestina. E há poemas seus em que os nossos olhos, os nossos ouvidos, o nosso olfato, o nosso paladar se juntam para saborear gostos e cheiros de carne de mulata, de massapê, de resina, de muqueca, de maresia, de sargaço; para sentir cores e formas regionais que dão presença e vida, e não apenas encanto literário, às sugestões das palavras: que parecem lhes dar outras condições de vida além da tecnicamente literária. [...]
Jorge de Lima, um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, [...] põe o estrangeiro que se aproxima da poesia brasileira em contato com uma das nossas maiores riquezas: a interpretação de culturas, entre nós tão livre, ao lado do cruzamento de raças. Dois processos através dos quais o Brasil vai-se adoçando numa das comunidades mais genuinamente democráticas e cristãs do nosso tempo.



(Nota preliminar a Poemas negros. FREYRE, Gilberto in: LIMA, Jorge de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1974, v. I, p. 157 e 158)


... em contato com uma das nossas maiores riquezas: a interpretação de culturas, entre nós tão livre...

O segmento introduzido pelos dois-pontos, no final do Texto IV, tem sentido

  • A opinativo, ao introduzir citação de interlocutor especialista no assunto desenvolvido.
  • B conclusivo, por condensar a ideia defendida no desenvolvimento textual.
  • C restritivo, pois impõe um limite à expressão que surge anteriormente a ele.
  • D explicativo, ao especificar o sentido da expressão que o antecede.
  • E enumerativo, porque há nele exposição de alguns itens transcritos da obra sob análise.
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E se o Brasil ainda fosse uma monarquia?


Dom Luiz de Orleans e Bragança estrelaria os desfiles de Sete de Setembro, data que teria muito mais pompa, já que não haveria o Quinze de Novembro para rivalizar como dia mais importante da nação. E, sem a Proclamação da República em 1889, o governo Getúlio, a ditadura militar e a redemocratização do País, as seis constituições que tivemos em cem anos não existiriam ou seriam diferentes. Nosso rei de hoje, então, seguraria as rédeas do governo com o Poder Moderador, herança da Constituição de 1824 que o coloca acima dos três poderes. “Se um partido fosse contra o que o rei queria, ele colocava a oposição no lugar”, diz Eduardo Afonso, professor de história da Unesp.

A capital seria Brasília do mesmo jeito, por se tratar de um plano da monarquia. Em 1823, o patriarca da independência, José Bonifácio de Andrada e Silva, apresentou o projeto de levar a capital ao Centro-Oeste, distante de ataques de corsários no litoral. E seria nessa região que o governo teria seu maior apoio. Os produtores de soja e outros grãos seriam a base da política imperial, assim como os cafeicultores foram no século 19. “O império nunca formulou uma política econômica, só seguiu o projeto de uma colônia que sobrevive de seu reservatório”, explica Estevão Martins, professor de história da UnB. Assim, agricultura, mineração e petróleo seriam ainda mais importantes para a economia do que são hoje

Nos anos 60, para combater a “ameaça comunista” dos movimentos da época, o imperador D. Pedro Henrique diminuiria o poder do Parlamento. Nessa ditadura, a MPB faria barulho com letras cheias de metáforas contra o império, driblando a censura.


Essa não seria a única ameaça, já que houve um racha na linhagem real em 1908, quando D. Pedro de Alcântara renunciou ao direito dinástico ao se casar com uma reles condessa (e não uma princesa), passando a coroa ao irmão Luis Maria. A situação não ficou tensa porque, bem, já não havia um trono a disputar. Mas, se ainda fôssemos um reino, as relações familiares ficariam ruins. Os descendentes de D. Luis Maria, do chamado ramo de Vassouras, teriam de lidar com a oposição dos primos do ramo de Petrópolis. Isso ficaria claro em 2013. Durante as manifestações de junho, D. Luiz (neto de Luis Maria) recomendou a seus seguidores que não fossem às ruas, temendo “envolvimento em atos de anarquismo”. Se fosse rei, a declaração o deixaria no alvo dos protestos. E o nome do liberal D. João, do ramo de Petrópolis, ganharia força. Empresário, fotógrafo e surfista, ele defende as monarquias parlamentaristas e representaria um sopro de mudança - pelo menos até que a república fosse declarada.

(Nathan Fernandes. Disponível em: http://super.abril.com.br/historia/se-brasil-ainda-fosse-monarquia-769935.shtml.)

Analise as seguintes afirmativas.

I. Na palavra “quinze”, “qu” configura-se como um dígrafo.

II. Em “redemocratização”, há uma dígrafo na quarta sílaba.

III. No termo “cafeicultores”, há um ditongo na segunda sílaba.

IV. Há em “monarquia” um ditongo na sílaba final.

Estão corretas apenas as afirmativas :

  • A I e II.
  • B I e III.
  • C II e IV.
  • D III e IV.
30

Para Narciso
o olhar do outro, a voz
do outro, o corpo
é sempre o espelho
em que ele a própria imagem mira.
E se o outro é
como ele
outro Narciso,
é espelho contra espelho:
o olhar que mira
reflete o que o admira
num jogo multiplicado em que a mentira
de Narciso a Narciso inventa o paraíso.

(Fragmento de Narciso e Narciso, de Ferreira Gullar)

Considerando o mito de Narciso, tal como aparece no texto anterior, é correto afirmar que o modo como Ferreira Gullar o traz para o seu poema consiste

  • A na utilização de uma história pagã para aludir ao tema cristão do paraíso perdido, de modo a criticar sutilmente as crenças religiosas.
  • B na atualização de um aspecto que estava presente na história original, na medida em que a imagem refletida já pressupõe a alteridade.
  • C no embaralhamento entre ser e imagem, pois o sujeito não é mais capaz de decidir sobre a realidade ou a irrealidade de sua projeção especular.
  • D na transformação em cômico do trágico presente na história original, ao tratar das peripécias vividas por aquele que não sabe se ele é ele mesmo ou um outro.

Noções de Informática

31

A respeito do Microsoft PowerPoint 2007, assinale a opção correta.

  • A O PowerPoint é capaz de manipular grandes bancos de dados e gerar automaticamente gráficos e tabelas associados a esses bancos.
  • B Os arquivos que contenham apresentações criadas na versão 2003 do PowerPoint não são carregados pelo PowerPoint 2007.
  • C Um eslaide pode conter texto e fotografia, mas não, gráfico ou filme.
  • D Para a visualização dos eslaides como eles serão apresentados, ou seja, apenas um eslaide por tela, deve-se utilizar o modo de exibição denominado Classificação.
  • E O eslaide mestre serve de modelo para os eslaides da apresentação, de modo que modificações feitas na estrutura desse eslaide refletirão em todos os outros eslaides da apresentação.
32
Na questão, considere que todos os programas mencionados estão em configuração-padrão, em português, e que o mouse está configurado para pessoas destras. Assim, a menos que seja explicitamente informado o contrário, expressões como clicar, clique simples e clique duplo referem-se a cliques com o botão esquerdo do mouse. Considere também que não há restrições de proteção e de uso em relação a programas, arquivos, diretórios e hardware utilizados.

Assinale a alternativa que apresenta o termo utilizado, no Twitter, para se referir à função de indexar tópicos e assuntos específicos de conversa.
  • A avatar
  • B instagram
  • C selfie
  • D hashtag
  • E perfil
33

O Sistema Operacional Windows 8.1 permite que a impressora mais usada seja definida como a impressora padrão. Essa impressora padrão permite imprimir rapidamente, sem ter que escolher uma impressora a cada operação de impressão. No Windows 8.1, o gerenciamento de impressoras padrão permite alterar automaticamente a impressora padrão ao mudar de:

  • A rede.
  • B navegador Web.
  • C local geográfico.
  • D aplicativo.
34

Considere um arquivo MS Word 2010 com o seguinte trecho:

Ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar!
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar

Considere ainda que, após a aplicação do comando “Substituir”, esse trecho tenha ficado como abaixo.

Cirende, cirendinhe
Vemos todos cirender!
Vemos der e meie volte
Volte e meie vemos der

Está correto concluir que o comando foi acionado usando para os campos “Localizar” e “Substituir por”, respectivamente:

  • A “a” e “e”
  • B “ciranda” e “cirende”
  • C “da” e “de”
  • D “e” e “a”
  • E “e ” e “a”
35

Atualmente existem diversos dispositivos que são integrados à configuração dos computadores: uns que operam exclusivamente na entrada ou na saída de dados, e outros que podem atuar tanto na entrada como na saída, dependendo do instante em que ocorre a transação. Dos dispositivos que operam exclusivamente na entrada e na saída são exemplos, respectivamente:

  • A scanner e pendrive
  • B isostick e plotter
  • C scanner e plotter
  • D isostick e pendrive
36

No Windows 7, um funcionário da Biblioteca Nacional apagou o arquivo NORMAS.PDF da pasta LEGISLAÇÃO no disco local C, o que resultou na transferência desse arquivo para a Lixeira. Mais tarde, esse funcionário recuperou o arquivo, o que resultou no retorno à situação anterior, Para isso, ele executou os procedimentos a seguir. • Acessou a Lixeira e selecionou o arquivo deletado; • Clicou no botão direito do mouse, o que fez com que o sistema mostrasse uma janela de diálogo na tela do monitor de video; • Para finalizar, ele clicou no botão esquerdo do mouse em uma das opções mostradas nessa janela. A opção escolhida na janela foi:

  • A Recortar.
  • B Retornar.
  • C Restaurar.
  • D Recuperar.
37

No Microsoft Word 2007, a função da tecla “END” no texto em edição é:

  • A Ir para o início da linha atual.
  • B Ir para o final do documento.
  • C Ir para o final da linha atual.
  • D Ir para o final do parágrafo atual.
38

Ao digitar a letra de uma unidade e o nome de uma pasta (por exemplo, C:\Arquivos de programas) na barra de Endereços do Internet Explorer e pressionar ENTER,

  • A o conteúdo da pasta será exibido em uma nova janela.
  • B o conteúdo da pasta será exibido na mesma janela.
  • C nada acontecerá porque o comando não é reconhecido.
  • D uma mensagem de erro será exibida.
  • E uma nova janela em branco será aberta.
39

Qual arquivo que, por questões de segurança, não pode ser enviado para terceiros através do Gmail diretamente anexado ao email?

  • A prog.exe
  • B relatorio.xlsx
  • C carta.docx
  • D foto.jpg
  • E incio.html
40

Assinale a alternativa a seguir que contém o item que NÃO pode ser encontrado no Microsoft Windows 7 em sua instalação padrão

  • A Scandisk
  • B Windows Explorer.
  • C Painel de Controle.
  • D Pacote Office 2007
  • E Desfragmentador de disco

Raciocínio Lógico

41

Utilizando raciocínio lógico, considere a sequência do alfabeto sem as vogais. Qual será a letra que ocupa a sexta posição?

  • A F
  • B G
  • C H
  • D J
  • E M
42

Se A e B são dois algarismos do sistema decimal de numeração, dadas as afirmações,

I. O inteiro AB24 é divisível por 4.
II. O inteiro AAA é múltiplo de 3.
III. O inteiro AB1 é primo.

verifica-se que está(ão) correta(s)

  • A I e II, apenas.
  • B I, II e III.
  • C I e III, apenas.
  • D III, apenas.
  • E II, apenas.
43

Trinta e cinco pessoas estão concorrendo a uma bolsa de estudos numa determinada área de pesquisa. Do total de candidatos, vinte possuem, no mínimo, sete anos de experiência na área; vinte e três possuem doutorado, e três têm menos que sete anos de experiência na área e não têm doutorado. Quantos concorrentes são doutores e possuem, no mínimo, sete anos de experiência na área?

  • A 11
  • B 15
  • C 18
  • D 21
  • E 22
44

São verdadeiras as seguintes afirmações de Tiago:

— Trabalho ou estudo.
— Vou ao escritório ou não trabalho.
— Vou ao curso ou não estudo.
Certo dia, Tiago não foi ao curso.

É correto concluir que, nesse dia, Tiago

  • A estudou e trabalhou.
  • B não estudou e não trabalhou.
  • C trabalhou e não foi ao escritório.
  • D foi ao escritório e trabalhou.
  • E não estudou e não foi ao escritório.
45

Marque a alternativa que contém a proposição logicamente equivalente a “Se os preços são altos, então os gastos são baixos”.

  • A Se os gastos não são baixos, então os preços não são altos.
  • B Se os gastos são altos, então os preços são altos.
  • C Se os preços não são altos, então os gastos não são baixos.
  • D Os preços são baixos e os gastos são baixos.
  • E Ou os preços, ou os gastos são baixos.
46

Onze secretarias integram a administração pública de determinada cidade, entre as quais, a Secretaria de Agronegócios (SEAGR) e a Secretaria de Controle e Transparência (SCT). Em 2009, a SCT instituiu um programa de acompanhamento sistemático das secretarias de forma que, a cada ano, 3 secretarias seriam escolhidas aleatoriamente para que seus trabalhos fossem acompanhados ao longo do ano seguinte. Com esse programa, considerado um sucesso, observou-se uma redução anual de 10% no montante de recursos desperdiçados dos cofres municipais desde 2010. De acordo com os dados obtidos em 100 auditorias realizadas pela SCT, os motivos desses desperdícios incluíam:

• amadorismo nas tomadas de decisão (o gestor não era formado na área de atuação) - 28 auditorias;

• incompetência nas tomadas de decisão (o gestor não possui conhecimento técnico no assunto) - 35 auditorias;

• má-fé nas tomadas de decisão (o gestor decide em detrimento do interesse coletivo) - 40 auditorias.

Ao se defender da acusação de que teria causado desperdício de recursos municipais em razão de má-fé nas tomadas de decisão, o gestor da SEAGR apresentou o seguinte argumento, composto das premissas P1 e P2 e da conclusão C.

P1: Se tivesse havido má-fé em minhas decisões, teria havido desperdício de recursos municipais em minha gestão e eu teria sido beneficiado com isso.

P2: Se eu tivesse sido beneficiado com isso, teria ficado mais rico.

C: Não houve má-fé em minhas decisões.

Considerando essa situação hipotética, é correto afirmar que a quantidade de maneiras distintas de se selecionar 3 secretarias em 2014 para que seus trabalhos sejam acompanhados pela SCT ao longo de 2015 é:

  • A inferior a 6.
  • B superior a 6 e inferior a 80.
  • C superior a 80 e inferior a 150.
  • D superior a 150 e inferior a 250.
  • E superior a 250.
47

O avô de João fará 90 anos e no dia do aniversário, como presente, João dará ao seu avô exatamente 90 bombons. Os bombons preferidos do avô de João são vendidos em caixas com 6 bombons e em caixas com 8 bombons. O menor número possível de caixas de bombons que João poderá comprar é:

  • A 10;
  • B 11;
  • C 12;
  • D 13;
  • E 14.
48

No projeto de um jardim, há uma fonte rodeada de cinco estátuas diferentes. De quantas maneiras distintas podem ser dispostas as estátuas em volta da fonte?

  • A 10
  • B 12
  • C 24
  • D 32
  • E 56
49

Em uma expedição de reconhecimento de uma região onde será construída uma hidrelétrica, seis pessoas levarão três barracas, sendo que, em cada uma, dormirão duas pessoas. Com base nessas informações, o número de maneiras distintas que essas pessoas poderão se distribuir nas barracas é igual a

  • A 216.
  • B 720.
  • C 36.
  • D 90.
  • E 192.
50

Considere a sequência:


1; 10; 101; 1010; 10101; …

A soma dos 27.º, 38.º, 101.º, 206.º e 317.º termos apresenta, na ordem das centenas, o algarismo
  • A 4.
  • B 0.
  • C 3.
  • D 1.
  • E 2.