O verso é formado por uma oração em uma composição poética. É o componente que define a poesia, em objeção à prosa
. A reunião de versos com sentido completo é chamado de estrofe.
Os versos dão ritmo, melodia e métrica a uma poesia. Eles podem ser classificados de acordo com o número de sílabas métricas ou sílabas poéticas que não são iguais as sílabas gramaticais
.
Tipos de Verso
Conforme a separação de suas sílabas poéticas ou métricas, o verso pode ser classificado em:
- Monossílabo: uma sílaba poética
- Dissílabo: duas sílabas poéticas
- Trissílabo: três sílabas poéticas
- Tetrassílabo: quatro sílabas poéticas
- Pentassílabo ou Redondilha Menor: cinco sílabas poéticas
- Hexassílabo: seis sílabas poéticas
- Heptassílabo ou Redondilha Maior: sete sílabas poéticas
- Octossílabo: oito sílabas poéticas
- Eneassílabo: nove sílabas poéticas
- Decassílabo: dez sílabas poéticas
- Hendecassílabo: onze sílabas poéticas
- Dodecassílabo ou Alexandrino: doze sílabas poéticas
- Verso Bárbaro: verso com mais de doze sílabas poéticas
Exemplo de um verso octossílabo do poema “O Boi” do escritor Carlos Drummond de Andrade:
Ó solidão do boi no campo,
Ó solidão do homem na rua!
Entre cartas, trens, telefones,
Entre gritos, o ermo profundo.
(…)
Veja como é a métrica desses versos:
Ó/ só/li/dão/ do/ boi/ no/ cam/
Ó/ só/li/dão/ do ho/mem/ na/ rua/!
En/tre/ car/tas/, trens/, te/le/fo/
En/tre/ gri/tos/, o er/mo/ pro/fun/
(…)
Versos Livres
Os versos livres também são conhecidos como versos irregulares. Esses versos não têm uma regra métrica definida, ou seja, não tem normas, diferente dos versos regulares, que possuem a mesma medida
. As poesias que apresentam versos irregulares não deixam de ter a principal característica poética: a musicalidade.
Forte característica da literatura moderna e contemporânea, os escritores dos versos livres tiveram como objetivo criar algo novo, quebrando os padrões clássicos de metrificação.
Veja um exemplo de versos livres no poema “Na Rua do Sabão” de Manoel Bandeira:
“Cai cai balão
Cai cai balão
Na Rua do Sabão!
O que me custou arranjar aquele balãozinho de papel!
Quem fez foi o filho da lavadeira.
Um que trabalha na composição do jornal e tosse muito.
Comprou o papel de seda, cortou-o com amor, compôs os gomos oblongos…
Depois ajustou o morrão de pez ao bocal de arame.
Ei-lo agora que sobe – pequena coisa tocante na escuridão do céu.
Levou tempo para criar fôlego.
Bambeava, tremia todo emudava de cor.
A molecada da Rua do Sabão
Gritava com maldade:
Cai cai balão!
Subitamente, porém, entesou, enfunou-se e arrancou das mãos que o tenteavam.
E foi subindo…
para longe…
serenamente…
Como se enchesse o soprinho tísico do José.
Cai cai balão!
A molecada salteou-o com atiradeiras
assobios
apupos
pedradas.
Cai cai balão!
Um senhor advertiu que os balões são proibidos pelas posturas municipais
Ele foi subindo…
muito serenamente…
para muito longe…
Não caiu na Rua do Sabão.
Caiu muito longe… Caiu no mar – nas águas puras do mar alto.”
Versos Brancos
Os versos Brancos são aqueles que possuem métrica, mas não apresenta rima
.
Veja um exemplo de verso branco, na primeira estrofe do poema “O Elefante” de Drummond de Andrade:
“Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.” (…)
Estrofe
Um grupo de versos é chamado de estrofe. O número de versos em cada estrofe pode ser diferente
. Dessa forma, a depender do número de versos que constituem uma estrofe, elas podem ser classificadas em:
- Monóstico: estrofe de um verso
- Dístico: estrofe de dois versos
- Terceto: estrofe de três versos
- Quarteto ou Quadra: estrofe de quatro versos
- Quintilha: estrofe de cinco versos
- Sextilha: estrofe de seis versos
- Septilha: estrofe de sete versos
- Oitava: estrofe de oito versos
- Nona: estrofe de nove versos
- Décima: estrofe de dez versos
- Irregulares: estrofe com mais de dez versos
Veja um exemplo de uma estrofe quintilha do poema “Outra do mesmo”, do escritor Manuel Machado de Azevedo:
(…)
“Os Santos de longas terras
Sempre foram mais buscados,
Os da nossa estão cansados;
Busquemos santos das serras,
Que estão mais desocupados.”
(…)
Veja um exemplo de uma estrofe quarteto do “Soneto de Fidelidade”, do escritor Vinícius de Moraes:
“De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.”
(…)
Metrificação
A metrificação é utilizada na poesia para medir os versos. A metrificação é feita por meio da escansão, que é contagem dos sons e dos versos a partir da mudança de ritmo ou tonicidade das palavras
.
Para medir um verso é necessário ficar atento às seguintes características:
- Sinalefa: junção de duas sílabas em uma só, por elisão, crase ou sinérese.
- Elisão: supressão da vogal final átona quando esta estiver diante da vogal que inicia a palavra que se segue.
- Crase: fusão de vogais iguais.
- Sinérese: contração de duas vogais contíguas em um ditongo.
- Diésere: separação de vogais em uma mesma palavra, constituindo duas sílabas distintas.
- Hiato: encontro de duas vogais átonas, constituindo uma única sílaba.
Exemplo:
Já/ sil/va/, já/ ru/ge/ do/ ven/to o/ pe/gão/;
Es/tor/cem/-se os/ le/ques/ dos/ ver/des/ pal/ma/,
Vol/tei/am/, re/bra/mam/, dou/de/jam/ nos/ a/,
A/té/ que/ las/ca/dos/ ba/quei/am/ no/ chão/.
Re/me/xe/-se a /co/pa/ dos/ tron/cos/ al/ti/,
Trans/tor/na/-se/, tol/da/, ba/quei/a/ tam/bém/;
E o/ ven/to/, que as/ ro/chas/ a/ba/la/ no/ ce/
Os/ tron/cos/ en/la/ça/ nas/ a/sas/ de/ fe/rro,
E a/ti/ra-os/ rai/vo/so/ dos/ mon/tes/ a/lém/.