Resumo de Filosofia - Sofisma

Conheça a origem e as formas como esse tipo de argumentação é utilizado


O sofismo ou sofisma é uma estrutura de pensamento que foge às regras da lógica. Nesse sentido, ele conduz a conclusões falsas. A origem do termo é datada nos séculos V e IV a.C., quando os sofistas atuavam como mestres da retórica na Grécia Antiga. Mas a sua utilização se mantém atual, especialmente, nos debates públicos sobre temas que são tabus na sociedade. Desse modo, o sofisma se estrutura como método de manipulação
Diferente da falácia, ele é intencionalmente construído de maneira equivocada. A primeira forma de equívoco no raciocínio é provocada pela assimilação e reprodução de ideias presentes no senso comum. Por outro lado, a pessoa que constrói um sofisma tem a intenção de conduzir o interlocutor à conclusão falsa que sua argumentação produz e assim conquistar adeptos à ideia que defende. 

A origem do sofisma


Etimologicamente, o termo sofisma tem origem no grego “”, cuja tradução é “só pensamento”. Essa era a estrutura de construção argumentativa adotada pelos sofistas. Eles atuavam como mestres e tinham os filhos das famílias nobres como discípulos. Contudo, a forma de pensar que eles ensinavam não possuía qualquer preocupação com os fatos. Pelo contrário, uma das premissas seguidas por eles era a de redução do conhecimento à opinião e do bem à utilidade. 
Desse modo, o sofisma sempre foi marcado por uma ilimitada liberdade de pensamento. Essa liberdade, contudo, leva seus adeptos a abrirem mão da verdade em favor da tentativa de manipular o interlocutor. E, desse modo, constitui um perigo, pois não busca a verdade, muito menos contribui para a construção do conhecimento. Esses riscos são apontados no pensamento de Platão e a partir daí o sofismo passa a ter uma conotação negativa dentro da filosofia. 
Ainda que seja logicamente falso, o raciocínio estruturado como sofismo apresenta aparência verídica, justamente por conta de seu objetivo: confundir. Com isso, ele é capaz de conquistar a adesão dos interlocutores que não estejam atentos às teias ideológicas que se propõem a enredá-lo. E, desse modo, eles se tornam reprodutores de sofismas. 


O uso de sofismas na atualidade 


O uso do sofisma é uma estratégia de manipulação comumente utilizada na atualidade, espacialmente, para fins comerciais e políticos. Desse modo, ele pode ser observado nos argumentos usados em anúncios publicitários e nos discursos de alguns grupos políticos. Em um contexto no qual as pessoas são, constantemente, bombardeadas de informações sobre as quais, muitas vezes não têm tempo ou disponibilidade para refletir, tornando essa estratégia bastante efetiva. 
O uso de sofismo pode ser observado nas tentativas de manipulação por afeto e manipulação cognitiva. O primeiro tipo pode se dar pela sedução da pessoa, utilização do medo, uso de figuras de estilo que tirem a atenção do conteúdo ou pela repetição constante da mensagem. A manipulação cognitiva, por sua vez, pode apresentar um enquadramento mentiroso, abusivo ou a construção de conexões entre elementos que não possuem relação lógica. 
Constituem exemplos de sofismo: 
  1. Se com 16 anos um jovem pode decidir quem vai governar o país, ele também pode ser preso e cumprir pena da mesma forma que um adulto; 
  2. Discutir questões de gênero e sexualidade na escola é uma reivindicação de pessoas não heterossexuais. Por isso, vai transformar as crianças em gays; 
  3. “Se no Brasil ninguém paga caro por mentir, porque você vai pagar caro pela verdade?” (anúncio publicitário do jornal Folha de São Paulo); 
  4. Se você critica o país é porque não o ama. E se não o ama deve deixá-lo. 

Sofisma ou falácia? 


Como adiantamos, na introdução deste artigo, a falácia se distingue do sofisma pela intencionalidade de quem enuncia. Segundo os filósofos que defendem essa diferenciação, o primeiro tipo de raciocínio falso é uma argumentação feita sem dolo, enquanto o segundo é proposital, isto é, construído com dolo. Contudo, na prática, essa forma de diferenciar os dois conceitos é falha. 
Isso acontece devido a dificuldade em identificar quando o indivíduo que argumenta errado o faz de propósito ou não. É certo que, em alguns contextos, como nos anúncios publicitários e discursos políticos, por exemplo, a intencionalidade do enunciador é latente. Entretanto, isso não se aplica a todos os casos. Por isso, em alguns contextos os conceitos podem aparecer como sinônimos ou quase sinônimos
Em todo caso, é importante que estejamos alertas às tentativas de persuasão ou manipulação com base em raciocínios que apresentam ilusão de verdade. Esse cuidado é necessário para que sofismas e falácias não estejam presentes em produções intelectuais que se propunham à construção de conhecimento com base na argumentação lógica. 

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