Resumo de Português - Literatura de Cordel

A Literatura de Cordel, também conhecida como folheto, é uma manifestação cultural brasileira. Possui muito destaque em estados da Região Nordeste, como: Alagoas, Paraíba, Pará, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.

Esses folhetos eram vendidos em barbantes, cordas ou cordéis, e daí veio a denominação "Literatura de Cordel".

Origem da Literatura de Cordel

A Literatura de Cordel teve início no século XVI durante o período do Renascimento. Nesse período os tradicionais relatos feitos pelos travadores medievais começaram a ser impressos, e isso possibilitou a grande divulgação e a distribuição dos textos, que até então eram cantados.

Para os brasileiros, o cordel foi introduzido na colonização portuguesa. O termo, inclusive, foi publicado em 1881 no Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, também conhecido como Dicionário Caldas Aulete.

Na segunda metade do século XIX foram iniciadas as impressões dos folhetos brasileiros, com suas particularidades e características próprias. Os temas eram diversos como: fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas, temas religiosos, entre outros. Por muito tempo ela ficou conhecida como poesia popular brasileira.

As façanhas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938) e o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954) são alguns dos assuntos de cordéis que tiveram maior tiragem no passado.

Característica do Cordel

O cordel é um gênero literário que se adequa a qualquer assunto da atualidade.

Além da oralidade na transmissão do conteúdo, a Literatura de Cordel é um gênero estruturado em versos. Confira outras características particulares:

  • Linguagem coloquial;
  • Presença de rimas, métricas e oralidade;
  • Utilização do humor, sarcasmo e ironia;
  • Ilustrações feitas por gravuras, chamadas de xilogravuras;
  • Essência cultural com relatos sobre tradições culturais regionais e contribuição para a continuidade do folclore brasileiro;
  • Custos baixos, e por isso acesso a um grande público e incentivo à leitura.

Principais representantes da Literatura de Cordel

Entre os principais autores desse tipo de gênero, podemos destacar:

  • João de Cristo Rei
  • Gonçalo Ferreira da Silva
  • Téo Azevedo
  • Patativa do Assaré
  • Homero do Rego Barros
  • José Alves Sobrinho
  • Leandro Gomes de Barros
  • Manoel Monteiro
  • João Martins de Athayde
  • João Ferreira de Lima
  • Firmino Teixeira do Amaral
  • Guaipuan Vieira
  • Cuica de Santo Amaro
  • Cego Aderaldo
  • Apolônio Alves dos Santos
  • Bráulio Bessa

Academia Brasileira de Literatura de Cordel

A Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) foi criada com a intenção de manter a tradição da cultura do cordel.

Em 1988, foi instituída a primeira diretoria da instituição que continha apenas três membros. Atualmente, o órgão conta com mais de 40 membros, além de conter mais de mil livros, folhetos e pesquisas documentados.

Estrutura poética do Cordel

Os poemas em cordel seguem regras de métrica e rima inescapáveis, sem elas não se faz um cordel. Confira alguns modelos:

Sextilha – uma estrofe de seis versos

Em sua maioria, os cordéis são escritos em seis versos (sextilha), cada verso contendo sete sílabas poéticas.

Impreterivelmente, o segundo, o quarto e o sexto versos devem rimar entre si. Confira o exemplo da primeira estrofe do cordel “O Pavão Misterioso”, de José Camelo de Melo Rezende:

1º Eu vou contar uma história
2º De um pavão misterioso
3º Que levantou vôo na Grécia
4º Com um rapaz corajoso
5º Raptando uma condessa
6º Filha de um conde orgulhoso.

Setilha – uma estrofe de sete versos, essa é a mais rara

Contendo sete versos, a setilha segue a seguinte rima: o segundo, quarto e o sétimo verso rimam entre si e o quinto e sexto têm uma segunda rima entre si.

A exemplo do cordel “As coisas do meu sertão”, do poeta Zé Bezerra de Carvalho.

1º Já falei de saudade
2º Tristeza e ingratidão
3º De amor e de prazer
4º E cantei de emoção
5º Quero agora cantar
6º E também quero falar
7º Das coisas do meu sertão.

Décima – uma estrofe de dez versos

Usada com mais frequência pelos repentistas, a décima é uma estrofe que contém dez versos com sete sílabas. Neles, as rimas são: o primeiro verso rima com o quarto e quinto, o segundo rima com terceiro, o sexto rima com o sétimo e décimo, e o oitavo rima com o nono.

Confira o exemplo do cordel “Distante lá do Sertão”, de Izaías Gomes de Assis.

1º Se eu morrer neste lugar
2º Cessando aqui minha lida
3º Lá do outro lado da vida
4º Do Sertão hei de lembrar
5º E se Deus me castigar
6º Será branda a punição
7º Pois ele dirá então:
8º – Pior castigo foi ser
9º Um sertanejo e viver
10º Distante lá do Sertão.

Martelo agalopado – estrofes formadas por decassílabos

Muito comum em desafios, o martelo agalopado é uma modalidade antiga na literatura de cordel.

Inspiração do professor Jaime Pedro Martelo (1665 – 1727), as martelianas não tinham, como o nosso martelo agalopado, compromisso com o número de versos para a composição das estrofes. Alongava-se com rimas pares, até completar o sentido desejado. Como exemplo, vejamos estes alexandrinos:

“Visitando Deus a Adão no Paraíso
achou-o triste por viver no abandono,
fê-lo dormir logo um pesado sono
e lhe arrancou uma costela, de improviso
estando fresca ficou Deus indeciso
e a pôs ao Sol para secar um momento
mas por causa, talvez dum esquecimento
chegou um cachorro e a carregou,
nessa hora furioso Deus ficou
com a grande ousadia do animal
que lhe furtara o bom material
feito para a construção da mulher,
estou certo, acredite quem quiser
eu não sou mentiroso nem vilão,
nessa hora correu Deus atrás do cão
e não podendo alcançar-lhe e dá-lhe cabo
cortou-lhe simplesmente o meio rabo
e enquanto Adão estava na trevas
Deus pegou o rabo do cão e fez a Eva.”

Principais obras da Literatura de Cordel

  • Cordel (Patativa de Assaré);
  • Sertão alumiado pelo fogo do cordel encantado (Ana Paula Campos Lima);
  • Histórias e lendas do Brasil – contos nordestinos (Tia Regina);
  • Antologia da literatura de cordel (Sebastião Nunes Batista);
  • A pedra do meio-dia ou Arthur e Isadora (Bráulio Tavares);
  • O príncipe e a fada (Manoel Pereira Sobrinho);
  • O flautista misterioso e os ratos de hamelin (Bráulio Tavares);
  • Canudos na literatura de cordel (José Calasans);
  • Lampião, o capitão do cangaço (Gonçalo Ferreira da Silva);
  • Pavão misterioso (José Camelo de Melo Resende);

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