Resumo de Educação Artística - História do Teatro no Brasil

De instrumento de educação religiosa a tese social


O início da história do teatro no Brasil está atrelado ao processo de catequização dos povos indígenas realizado no início da colonização do país. Nesse período, os jesuítas utilizavam o teatro como instrumento de transmissão dos valores católicos. Para isso, as peças eram construídas contendo referências da cultura indígena, em especial as associadas às suas crenças, e dogmas da igreja católica
Com o passar do tempo, o teatro vai perdendo esse caráter educacional e se consagra como alternativa de lazer das elites (característica que, em alguma medida, se mantém até os dias de hoje). Esse processo implica e é influenciado pelos investimentos realizados na criação de infraestrutura para apresentação das peças e na assimilação de características nacionais aos espetáculos. 
As transformações que acontecem ao longo da história no Brasil possibilitam que a trajetória percorrida por essa arte possa ser, didaticamente, dividida em fases ou períodos. Neste artigo, vamos apresentar os principais aspectos que marcam esses períodos do teatro brasileiro, bem como os principais envolvidos no desenvolvimento dessa arte no país. Confira! 

Quais são os períodos da história do teatro no Brasil? 


Os períodos da história do teatro no Brasil podem ser pensados a partir das características expressas nas produções que são encenadas no país. Elas se modificam de acordo com os momentos históricos, políticos e sociais vivenciados pela população brasileira. Contudo, é importante ressaltar que os traços que o teatro brasileiro foi adquirindo ao longo do tempo não se perdem totalmente. 
Isso implica dizer que seu papel como instrumento de educação presente na utilização feita pelos jesuítas, por exemplo, ainda pode ser encontrado nos dias atuais. Ele se faz evidente na inserção dessa linguagem artística nas escolas, mas também pode ser observado nos espetáculos apresentados para o grande público, cujas temáticas promovem reflexões sobre questões sociais, políticos e culturais. 
Século XVI - o teatro dos jesuítas 
É o primeiro período da história do teatro no Brasil e tem o padre José de Anchieta como principal representante. Nesse momento, as peças eram escritas em tupi, português e espanhol. As encenações aconteciam nas praças, igrejas e escolas, inclusive, por se tratar de um instrumento de ensino religioso, o teatro acabou se tornando matéria obrigatória nas instituições de ensino. 
As encenações eram feitas de forma amadora pelos indígenas, portugueses e futuros padres. Nesse período, os autos sacramentais – estilo teatral caracterizado pela dramaticidade – tinha destaque em detrimento de outros gêneros, como a comédia e a tragédia. Entre eles, são de autoria de Anchieta “Auto de Pregação Universal” e “Na festa de São Loureço”. 
Século XVII
Esse é um período de crise na história do país e, por conseguinte, na história do teatro, que já não é marcada pelas peças de caráter religioso escritas pelos jesuítas. Ainda aconteciam encenações, contudo, elas dependiam de ocasiões específicas para serem realizadas. O principal destaque desse período da história do teatro no Brasil foi Manuel Botelho de Oliveira, que escreveu duas peças em espanhol - “Hay amigo para amigo” e “Amor, Engaños y Celos”. 



Século XVIII 
O caráter educacional do teatro volta a ser valorizado e com isso, além das igrejas e escolas, essa linguagem artística passa a ter locais específicos para sua apresentação: as Casas da Ópera ou Casas da Comédia que se espalham pelo país. E essa existência de uma estrutura física para apresentação teatral cria uma demanda de contratação de atores para realizar encenações durante determinado período. 
Apesar do reconhecimento do papel social do teatro, os atores ainda são vistos com certo preconceito. As mulheres eram proibidas de atuar, por isso os homens encenavam os papeis femininos e se travestiam. Até o início do século XIX, os elencos eram formados por pessoas mais pobres, em geral, negras, que usavam maquiagem para cobrir o rosto. 
Século XIX - nacionalização 
Esse período da história do teatro no Brasil é caracterizado pela vinda da Família Real Portuguesa. Com isso, são promovidas diversas mudanças no que diz respeito ao consumo dessa linguagem artística no país. Uma das mais importantes é a criação dos primeiros grandes teatros nacionais, que se faz em decorrência do decreto de 28 de maio de 1810 assinado por D. João VI. 
Os espaços foram ocupados pelas companhias teatrais que, cada vez mais, chamavam atenção da elite brasileira. É nesse período que surge a primeira companhia brasileira, que tinha João Caetano na direção. Ele esteve à frente de espetáculos como “O Príncipe Amante da Liberdade ou A Independência da Escócia”. 
Século XIX - período romântico 
O sentimento de identidade nacional ganha destaque no período posterior à Independência do Brasil. Esse nacionalismo que se observa no movimento literário do Romantismo também pode ser observado nas produções teatrais que incorporam mitos, como a grandeza territorial, igualdade e hospitalidade do povo brasileiro, especialmente as de autoria de Joaquim Manuel de Macedo. 
Outro nome de destaque do período é Martins Pena. Ele é apontado como fundador do teatro nacional devido à quantidade e qualidade das peças que escreveu. Pena Em aproximadamente dez anos, Pena escreveu 28 trabalhos que ganharam muita popularidade e foram fundamentais para consolidação da história do teatro no Brasil. 
Século XIX - período realista 
Essa fase da história do teatro no Brasil é fortemente influenciada pelo realismo francês e adiciona as questões sociais que apresentam relevância no período histórico às peças teatrais. Diz-se que o teatro produzido de 1855 até os primeiros anos do século XX põe em cena uma tese social e uma análise psicológica. 
A fase realista pode ser dividida em dois momentos. O primeiro compreende o período entre 1855 e 1884, respectivamente, os anos em que Joaquim Heliodoro cria sua companhia e o espetáculo “O Mandarim”, de Artur Azevedo, faz dos gêneros revista e dramas de casaca os preferidos do público. No segundo momento, que se inicia a partir de 1884, são a opereta e o teatro de revista que ganham a preferência dos espectadores. 

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