Resumo de Educação Artística - Frevo

O frevo é uma expressão artística de dança e música que teve origem no estado de Pernambuco, no final do Século XIX. Tido como uma das principais e mais importantes manifestações culturais do Nordeste do Brasil, foi declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO, em 2012, com o título “Frevo: Arte do Espetáculo do Carnaval do Recife”.

A palavra “frevo” vem de “ferver” e surge da forma como as pessoas dançavam na rua, muito parecido como se estivessem fervendo, de um modo agitado, frenético e acelerado. O termo foi usado a primeira vez em 1907.

Origem

Esse estilo surgiu no final do século XIX e início do século XX, em Recife, Pernambuco e chegou para disputar o espaço público com a elite que brincava um carnaval com influência europeia, mais bem-comportado, com máscara e fantasias de luxo.

A pós abolição da escravatura trouxe os operários e negros para rua e isso, obviamente, causou um desconforto na elite daquela época. A proclamação da República também foi um fator importante para esse momento.

Em resposta a esse movimento das classes mais pobres ocupando a rua, a polícia começou a proibir o frevo que estava se iniciando, por também trazer as características mais violentas das rodas de capoeira feita pelos negros e escravos.

Na verdade, os guarda-chuvas usados na dança eram mais que apetrechos visuais, pois se transformavam em uma espécie de arma em um momento de briga. Alguns movimentos da dança foram surgindo da necessidade de disfarçar os passos da capoeira quando os policias se aproximavam.

Para além dos novos espaços urbanos que estavam se formando, as rivalidades entre as bandas militares que desfilavam nas ruas naquela época, também foram fatores que ajudaram a definir e construir as configurações do frevo que já conhecido hoje em dia.

Tipos

Muitas coisas foram acontecendo desde o surgimento dessa expressão artística, que foi ganhando forma e características únicas e ainda sim, diversas e variadas, além de sofrer várias influências culturais.

Na década de trinta, o frevo passou a ser dividido em três principais categorias, são elas: o Frevo de Bloco, o Frevo de Rua e o Frevo Canção. 

  • De Bloco

Essa é uma variação mais lenta do frevo. É acompanhada por vozes femininas, somadas ao violão, bandolim, cavaquinhos e outros instrumentos de corda.

  • De Rua

É o tipo mais fácil de ser identificado por ser unicamente instrumental, feito para dançar, com ausência total de letra na música, apenas a orquestra tocando. Ainda existe mais 3 subdivisões que são: o frevo ventania, constituído por um destaque maior dos saxofones, o frevo coqueiro que é aquele em que se destacam os trombones, trompetes e semelhantes, e o frevo de abafo mais “desorganizado” que serve para abafar o som de outro bloco na rua.

  • De Canção

Esse tipo tem também a presença dos instrumentos com a mesma força que o frevo de rua, mas conta com a voz de um cantor ou cantora.

Confira neste vídeo um pouco mais da história e construção do frevo, e sua forma singular de manifestação.

Principais artistas e músicas

Principais artistas

  • Capiba (Lourenço da Fonseca Barbosa)
  • Nelson Ferreira
  • Claudinor Germano
  • Spok Frevo Orquestra
  • Alceu Valença
  • Elba Ramalho

Principais músicas 

  • Roda e Avisa
  • Hino do Batutas
  • Último Regresso
  • Madeira Que Cupim Não Rói
  • Marcha das Vassourinhas
  • Frevo Mulher

Confira a letra da música Frevo Mulher, composta pelo cantor Zé Ramalho, consagrada no frevo e na Música Popular Brasileira. No vídeo abaixo, a canção é interpretada por Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Elba Ramalho – artistas que também contribuem, ainda hoje, para disseminação do ritmo pelo país.

Frevo Mulher

Quantos aqui ouvem os olhos eram de fé
Quantos elementos amam aquela mulher
Quantos homens eram inverno
Outros verão
Outonos caindo secos
No solo da minha mão
Gemeram entre cabeças
A ponta do esporão
A folha do não-me-toque
E o medo da solidão
Veneno meu companheiro
Desata no cantador
E desemboca no primeiro açude do meu amor
Meu amor, meu amor (sai do chão)
É quando o tempo sacode a cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia
Procurando por um, por um por, um
É quando o tempo sacode a cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia
Procurando por um

Quantos aqui ouvem os olhos eram de fé
De fé, de fé!
Quantos elementos amam aquela mulher
Quantos homens eram inverno
Outros verão
Outonos caindo secos
No solo da minha mão
Gemeram entre cabeças
Na ponta do esporão
A folha do não-me-toque
E o medo da solidão
Veneno meu companheiro
Desata no cantador
E desemboca no primeiro açude do meu amor
Meu amor, meu amor
É quando o tempo sacode a cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia
Procurando por um
Por um, por um, por um

Galo da Madrugada

O Galo da Madruga é um bloco de carnaval que desfila pelas ruas do bairro de São José, localizado no centro de Recife. O bloco é um dos grandes responsáveis pela propagação e divulgação do frevo e é considerado pelo Guinness Book, o maior bloco de carnaval do mundo, desde 1995.

Em 2015 conseguiu levar mais de 2,5 milhões de foliões às ruas do centro da capital de Pernambuco e desde então, segue mantendo esse recorde.

O galo surgiu em 1978 com o objetivo de despertar os foliões para o início dos festejos carnavalescos. Os desfiles aconteciam ainda na madrugada do primeiro dia de carnaval, acordando as pessoas para que tomassem as ruas e é a partir dessa ideia que surge a figura do galo, com representação desse movimento de despertar os foliões.

O bloco também surgiu como um incentivo para que as pessoas dessem continuidade à tradição dos antigos carnavais.

Paço do Frevo

Inaugurado em 2014, o Paço do Frevo é um espaço cultural, localizado em Recife, dedicado à valorização e prática do frevo. O lugar desenvolve ações, pesquisas, estudos, atividades de lazer, criação de movimentos e disseminação da cultura ligada ao ritmo, bem como a conservação de memórias e documentos.

Recebeu mais de 120 mil visitantes em seu primeiro ano de funcionamento e surgiu através de uma parceria entre o Governo Federal, a Prefeitura de Recife, o IPHAN e a Fundação Roberto Marinho.