Resumo de Antropologia - Etnocentrismo

Visão de mundo baseada em uma única perspectiva

O termo etnocentrismo é derivado das palavras “etno” que se refere à hábitos semelhantes, cultura, costumes, e o termo “centrismo” que quer dizer “posição que situa algo no centro, tem como referência central tudo aquilo que está ao seu redor.
Dessa forma, o etnocentrismo ou visão etnocêntrica é aquela em que as sociedades, padrões e culturas são vistas com base em sua própria experiência cultural, desconsiderando outras visões de mundo e também inferiorizando tudo aquilo que está muito distante do que você entende como “aceitável”. 
O etnocentrismo sempre tem como base a etnia própria, ou seja, a cultura do observador é sempre o ponto de partida referencial. Através de seus costumes e hábitos ele infere sobre os modos de viver de outras civilizações. Foi justamente esse modo de enxergar outras etnias que “garantiu” que muitos colonizadores não só qualificassem, mas conceituassem outros povos como bárbaros, incivilizados, sem cultura, inferiores, brutais. 
Esse tipo de preconceito influenciou tanto a forma de observar e classificar outras culturas que começou a ganhar outras dimensões, sendo a mais danosa delas, a ideia de superioridade racial. Foi por conta desse raciocínio que muitos absurdos, como a escravidão, o apartheid e o holocausto foram permitidos. 

A origem do etnocentrismo

O etnocentrismo é um fenômeno que pode ser explicado de no mínimo duas formas: a primeira está no fato de que as pessoas, geralmente, têm dificuldade para aceitar as diferenças e entendê-las como algo normal. E a segunda está na necessidade de criar argumentos científicos para inferiorizar e discriminar. Durante o século XIX, iniciava-se uma fase chamada de neocolonialismo ou imperialismo. Países da Europa como França, Inglaterra, Alemanha e outras grandes potenciais buscavam expandir seus territórios, invadindo outros continentes à exemplo da Ásia, Oceania e África.
Em um período anterior a esse, nas primeiras etapas das colonizações, os europeus recebiam o apoio da igreja e utilizavam a religião como justificativa, mas esse argumento não funcionava mais. Na nova fase, eles se basearam na justificativa científica para embasar a exploração dos recursos naturais e inserir um sistema de segregação racial. Desse modo, a antropologia surge com o objetivo de promover as provas científicas que pudessem justificar a exploração dos territórios pelos europeus. Entre as ideias disseminadas nesse período, estava a teoria do biólogo e geógrafo inglês Herbert Spencer, que afirmava a existência de hierarquia entre as raças.
Por mais que essa teoria tenha surgido há anos, a ideia persiste e ainda influencia o pensamento de várias pessoas. Atualmente, os choques culturais podem acontecer em vários níveis, não só quando se trata de outras sociedades, mas até mesmo no dia a dia.
O etnocentrismo pode ser visto no cotidiano com pessoas de classes sociais diferentes, religiões diferentes, sexualidade, raça. É como se, por conta de ser uma prática antiga e muito comum, o julgamento seja considerado normal. Tem sido rotineiro observar nos meios de comunicação o quanto os comportamentos preconceituosos têm crescido, e tudo isso tem raiz no etnocentrismo, principalmente o europeu. 


Etnocentrismo e racismo


Embora ambos tenham uma forte relação com o preconceito e a discriminação, o etnocentrismo e o racismo se tratam de coisas diferentes, enquanto o primeiro se refere a uma classificação por etnia, o segundo se refere à raça. Da mesma forma que o etnocentrismo foi utilizado por antropólogos, as teorias raciais também foram utilizadas no campo da sociologia para defender a ideia de hierarquia racial, na qual afirmava a superioridade de algumas raças em detrimento de outras. 


De igual modo, tanto o pensamento etnocêntrico como o racista têm como base o homem branco europeu, que além de possuir aspectos biológicos superiores, desenvolviam culturas superiores. Essa teoria foi tão enraizada no imaginário coletivo que até hoje, muitas pessoas acreditam que tudo o que é produzido na Europa é superior. 

 
Etnocentrismo e xenofobia


A xenofobia pode ser entendida como um medo ou antipatia à tudo aquilo que é estrangeiro, que pertence a outro país. As pessoas xenofóbicas possuem uma aversão a tudo o que vem de fora, seja uma religião diferente, raça, hábitos, costumes ou qualquer aspecto cultural. Esse tipo de comportamento reflete uma visão etnocêntrica, que além de entender como inferior tudo aquilo que é externo, crê que o único lugar de referência é o seu próprio.