Resumo de Português - Entrevista

Entrevista é um gênero textual que consiste em um diálogo entre duas ou mais pessoas, onde o ou os entrevistadores realizam perguntas para o(s) entrevistado(s) com o intuito de obter informações ou declarações que reforcem e complementem o conteúdo que foi apurado.

Ela é um dos gêneros textuais usados principalmente pelos meios de comunicaçãojornais, revistas, internet, televisão, rádios, entre outros – com um propósito informativo, mas além da jornalística, existem outros tipos como a entrevista, como as de emprego, a psicológica, a social, entre outras.

Pode-se afirmar, portanto, que a entrevista tem um papel muito importante na sociedade por transmitir informações sobre os mais variados temas, validadas por quem tem o domínio sobre determinado assunto.

Características

Por se tratar de uma interação entre duas ou mais pessoas, a entrevista tem como principais características a oralidade e o discurso direto. Isso porque esse diálogo é transcrito exatamente da maneira como foi falado e os aspectos da linguagem oral são inseridos no texto.

Além disso, são utilizados com frequência sinais de pontuação como interrogação, reticências, travessão, aspas e parênteses (muito utilizados para descrever as ações do entrevistador e do entrevistado, como risos, lágrimas, emoção).

Apesar da formalidade identificada nas entrevistas, principalmente na exposição das perguntas, há uma mescla também de informalidade proporcionada, justamente, pela oralidade.

Estrutura da entrevista

Uma entrevista deve ser estruturada da seguinte forma: definição do tema, roteiro, título e revisão. Conheça um pouco mais sobre cada um desses itens:

  • Definição do tema: antes de mais nada é fundamental definir o tema da entrevista, para a partir daí, identificar o entrevistado mais adequado para falar sobre o assunto. Após essa escolha, deve-se partir para a elaboração do roteiro.
  • Roteiro: é o que guiará o entrevistador no momento da entrevista. Deve ser elaborado a partir de pesquisas sobre o assunto e o entrevistado, com formulação das principais perguntas (no decorrer do diálogo, podem surgir questões interessantes). É fundamente al que ele seja objetivo e claro, afinal de contas, o propósito é facilitar e enriquecer o trabalho do entrevistador.
  • Título: finalizada a entrevista, ela pode ser transcrita (caso seja para um jornal, revista ou internet) e esse conteúdo pode ser iniciado com um título. Ele deve chamar a atenção do leitor e resumir a ideia da entrevista.
  • Revisão: por fim, deve ser feita a revisão de todo o conteúdo. Aspectos como coerência e coesão precisam ser cuidadosamente analisadas.

Em um veículo de comunicação, por exemplo, após a definição da pauta – que é o tema da matéria ou reportagem, com informações e indicação de entrevistados (fontes) – o repórter busca essas fontes para obter as informações necessárias para produzir o texto com o máximo de detalhes sobre determinado assunto.

Geralmente, os profissionais se utilizam de câmara e/ou gravador para que seja possível transcrever de forma fidedigna tudo que foi dito. Depois é o momento de retornar à redação, escrever o texto, colocar um título que seduza o leitor e revisar atentamente tudo que foi escrito. Muitas vezes são incluídas fotografias da pessoa entrevistada, além de recursos como o “olho”, que são destaques dados às frases mais importantes ditas pelo entrevistado.

Tipos de entrevista jornalística

A entrevista jornalística pode ser dividida em:

  • Individual: é agendada previamente e o entrevistado é informado com antecedência sobre o tema, além de ser realizada por apenas um jornalista.
  • Rotina: depende das notícias factuais e tem curto prazo de validade para ser divulgada. É realizada com personagens que estiveram presentes em situações como assaltos, enchentes, acidentes, entre outros acontecimentos.
  • Em grupo: conhecida como coletiva de imprensa, é realizada com diversos jornalistas simultaneamente, que se revezam para fazer as perguntas a um ou mais entrevistados.
  • Exclusiva: é a entrevista concedida apenas a um veículo, que fará a divulgação em primeira mão.
  • Pesquisa: é realizada com especialistas de determinado assunto que acrescentarão informações a uma reportagem ou artigos.
  • Personalidade: retrata um perfil de uma pessoa pública com informações sobre história de vida, infância, hábitos e outras curiosidades.
  • Opinativa: é realizada com pessoas que possuem conhecimento aprofundado sobre determinado assunto, como atletas, estudiosos, profissionais consagrados, por exemplo que tenham capacidade crítica para debater determinado assunto.

Entrevista dirigida e não-dirigida

A entrevista é considerada dirigida é aquela tem visa buscar informações sobre uma determinada experiência vivida pelo entrevistado. É o que ocorre, por exemplo, com acontecimentos factuais, como acidentes, tragédias, crimes, e o repórter entrevista pessoas que testemunharam ou vivenciaram aquela situação para saber repassar ao público essas informações ao público.

Nesses casos, o entrevistador muitas vezes não elaboram um roteiro de perguntas preestabelecidas, mas apenas tópicos relativos ao tema. A entrevista se desenrola durante a conversa a partir do que está sendo dito pelo entrevistado.

Já a não-dirigida é aquela preparada previamente, por meio de um roteiro, com perguntas determinadas e o entrevistador tentará conduzir o diálogo de modo a obter a informação desejada sobre o tema.

Exemplo de entrevista

Observe um trecho da entrevista do cantor Renato Russo ao jornal Folha de São Paulo em 1994:

Folha – Qual seu disco favorito da Legião Urbana?

Renato Russo – O “V”, que eu acho o disco mais difícil. Gosto muito de “O Descobrimento do Brasil”. Agora, que encontrei a programação dos 12 passos -parei de beber e de me drogar-, tudo está mais tranquilo. Esse show de hoje, por exemplo: o som estava um caos, tudo estava um horror, e o público, super legal. O lugar tinha uma reverberação brutal. O público berrava muito, e o engenheiro de som teve de aumentar tudo, desequilibrou. No começo era só “bum-bum-bum” e eu berrando, não dava para ouvir os detalhes. Mas, se fosse em outra época, eu teria ficado tão preocupado que ia beber, tomar um porre, falar: “Nunca mais vou fazer show”, nhem-nhem-nhem… Isso agora não existe mais. Há uma tranquilidade, uma serenidade que esse disco trouxe, e acho que as músicas refletem isso.

Folha – Como foi sair dessa fase?

Renato Russo – Eu estava me destruindo e, em vez de me matar com um tiro na cabeça, preferi procurar ajuda. Isso vem desde os 17 anos, mas no “V” foi a primeira vez que coloquei na música essas questões. “Montanha Mágica” é sobre isso. Eu era jovem e acabei entrando num beco sem saída.
Isso foi me consumindo, eu ficava deprimido e não sabia o porquê. Achava que o mundo era horrível, igualzinho ao Kurt Cobain, nada mais valia a pena. E isso é estranho porque, se eu achar um dia que as coisas não valham a pena, quero estar com a cabeça no lugar, e não com o corpo cheio de toxinas. Parei com todo tipo de droga e vi que as coisas não eram tão ruins.

Folha – Isso se refletia na sonoridade da banda?

Russo – Isso a gente decide. Todo disco a gente tenta fazer uma coisa diferente, até porque é mais divertido. E para não ficar na obrigação de repetir o mesmo trabalho. Não achávamos que o “Quatro Estações” fosse estourar, porque é um disco bem difícil, mas todo mundo gostou. As letras são complicadíssimas e não é tão pra cima quanto acham. É tão depressivo quanto o “V”.
Tentamos fazer músicas mais pra cima porque era natural, mas não ficava bom. “O Descobrimento do Brasil” não é um disco pra cima, é como o “Power, Corruption and Lies”, do New Order. É a coisa mais gloriosa do mundo, mas, se prestar atenção, é pesado.