Resumo de Biologia - Clonagem

Conheça as diferenças entre seus tipos

A clonagem é o processo natural ou artificial que resulta na reprodução de cópias geneticamente iguais as de outro seres. Segundo o botânico Herbert J. Webber, o criador da palavra clone (vem do termo grego , que significa “broto vegetal”), remete a um conjunto de células, moléculas ou organismos que nascem de uma única célula e são idênticos a ela.
Esse mecanismo de propagação é realizado por indivíduos que apresentam reprodução assexuada, como algumas espécies de plantas e bactérias. Nesse caso, como não existe troca de material genético, um único organismo gera descendentes idênticos. Em humanos, a clonagem natural acontece durante a gestação de gêmeos univitelinos, pois há uma divisão no mesmo óvulo fecundado e, com isso, as crianças possuem o mesmo DNA.
Além dessa circunstância, a clonagem pode ser feita de maneira artificial. Ao invés da utilização das células reprodutoras (gametas), usa-se as chamadas células somáticas para formação de cópias genéticas. Um dos exemplos mais famosos é o da ovelha Dolly, primeiro mamífero a ser clonado no mundo.

Tipos de clonagem

Os mecanismos que promovem o nascimento de clones, especialmente aqueles que são por intermédio de técnicas artificiais, são classificados de acordo com duas categorias. Confira, a seguir, as principais características e como são realizados.
Clonagem reprodutiva   
 
Essa técnica visa o surgimento de indivíduos idênticos ao progenitor. Denominada de transferência nuclear de células somáticas (TNCS), consiste na retirada do núcleo de um óvulo para trocar por um núcleo de uma célula somática. Após esta etapa, o embrião – já em desenvolvimento – é implantado na cavidade uterina. Assim, ao final do período de gestação, tem-se um indivíduo com o mesmo material genético do portador da célula somática utilizada.
Foi justamente a clonagem reprodutiva que deu origem à ovelha Dolly. Em 1996, a equipe liderada pelos biólogos keith Campbell e Ian Wilmut utilizaram uma célula somática adulta reprogramada, ou seja, capaz de criar qualquer tipo de célula. Para isso, transferiram o núcleo de uma célula das glândulas mamárias de uma ovelha da raça Finn Dorset para um óvulo sem núcleo. Depois desse processo, o embrião foi colocado no útero de outra ovelha, dessa vez da raça Scottish Blackface, que serviu como barriga de aluguel.
Em virtude dessa complexidade, Dolly só nasceu depois de 276 tentativas fracassadas. Apesar do sucesso na experiência, a ovelha apresentou diversos problemas, a exemplo de artrite. Como essa doença é comum em animais mais velhos, surgiram especulações de que a clonagem estaria ligada ao quadro de envelhecimento precoce no mamífero. Dolly acabou morrendo em 2003, devido à complicações de uma enfermidade pulmonar.
Em 2017, pesquisadores da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, e da Universidade de Glasgow, na Escócia, analisaram as radiografias feitas após a morte do animal e afirmaram que a hipótese era infundada, pois os exames apontaram apenas um leve desgaste nas articulações – o que é comum inclusive em ovelhas que não são clonadas.


Clonagem terapêutica
A clonagem terapêutica também é feita através da substituição do núcleo de um óvulo por uma célula somática, porém o embrião não é introduzido no útero. As divisões celulares acontecem em laboratório, dando origem às células-troncos. Como este tipo de célula é totipotente – capaz de formar todas as células existentes no organismo, incluindo os tecidos extraembrionários – pode fabricar diversos tecidos.
Tal mecanismo poderia ser aplicado no tratamento de doenças no coração, a exemplo da substituição de um tecido cardíaco após infarto, em transplantes de medula óssea e na troca de células danificadas por complicações degenerativas, como mal de Alzheimer e de Parkinson. Isso porque as chances de rejeição seriam mínimas, já que a base para o material produzido é retirado do organismo do próprio doente. Apenas não serviria para portadores de doenças genéticas.

Discussões sobre a clonagem

Desde a criação da ovelha Dolly, diversos debates sobre as limitações e as questões éticas que envolvem esse processo foram estimulados pela opinião pública e comunidade científica. Apesar das opiniões favoráveis ou contrárias, a clonagem terapêutica é defendida pela maioria dos cientistas.
Como é voltada para geração de células-tronco, pode trazer grandes avanços nos tratamentos de restauração de órgão e tecidos. No entanto, para aqueles que não aprovoram, a técnica serviria para promover a destruição de embriões humanos, impedindo o desenvolvimento de uma vida. Além disso, abriria os caminhos para a clonagem humana e comércio ilegal de óvulos.
Já os que acreditam nos benefícios da clonagem reprodutiva, dizem que o mecanismo poderia ajudar os casais que não podem ter filhos em razão de problemas genéticos, na recuperação das espécies de animais ameaçados de extinção e na melhoria do potencial genético de uma raça.
No Brasil, a clonagem em seres humanos é proibida, com pena de dois a cinco anos mais multa para quem efetuá-la. De acordo com a Lei n.º 11.105, somente é permitida a utilização – para fins de pesquisa e terapia – de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização.