O Classicismo foi um período artístico/cultural, originado na Itália, dentro do Renascimento. O movimento valorizava e resgatava elementos da cultura clássica (greco-romana). Nas artes plásticas, teatro e literatura, o Classicismo ocorreu durante o Renascimento Cultural, entre o final do século XIV e o século XVI.
A era classicista surgiu após o Trovadorismo, na Idade Média, e o Humanismo, que foi o período de transição para a chegada da Idade Moderna, trazida através do Classicismo. Portanto, ele se tornou uma referência que pôs fim ao período medieval, trazendo consigo o período moderno.
Essa mudança ficou conhecida como a era em que os países da Europa encontraram a luz, representada pelo conhecimento e que foi espalhado durante o Renascimento, principalmente após a criação da imprensa, que permitiu a divulgação de autores gregos e latinos.
Além disso, esse período foi marcado pelo desenvolvimento da matemática, o estudo das línguas e o surgimento das primeiras gramáticas. Foi através dessa base de conhecimento que o homem passou a se identificar como o centro do universo (antropocentrismo), substituindo a teoria de Deus como evidência (teocentrismo) da Idade Média.
A Igreja Católica, antes tida como única referência, começou a perder espaço, o que aconteceu principalmente após a Reforma Protestante. A crise religiosa afetou a visão do homem, que não se desligou totalmente da religião, mas passou a enxergá-la de forma diferente, com mais equilíbrio.
As obras e estilos literários se tornaram um grande marco nessa época e servem como referência até os dias de hoje. Como elas foram produzidas durante o período do Renascimento, estas obras também podem ser chamadas de Literatura Renascentista.
Classicismo em Portugal
O poeta Francisco de Sá Miranda foi quem iniciou a era classicista em Portugal, em 1527. Após viver um período na Itália, o poeta chegou na República Portuguesa com grandes ideias de renovação na literatura, a exemplo do soneto, ainda desconhecido da na região.
Além de Sá de Miranda, também foram destaques do Classicismo português Bernardim Ribeiro e Antônio Ferreira. Porém, o nome que ficou mais conhecido da época foi Luiz Vaz de de Camões.
Ele foi o autor da obra “Os Lusíadas”, que é um poema que retrata os grandes feitos do povo português.
O Classicismo português chegou ao fim no ano de 1580 com a passagem de Portugal para domínio espanhol e com a morte de seu representante Camões.
Características do Classicismo
- Valorização dos aspectos culturais e filosóficos da cultura das antigas Grécia e Roma;
- Influência do pensamento humanista;
- Antropocentrismo;
- Críticas às explicações e a visão de mundo pautada pela religião;
- Racionalismo;
- Busca do equilíbrio, rigor e pureza formal;
- Universalismo;
- Reflexões constantes sobre o mundo, o lugar e o objetivo do homem no mundo, no Universo;
- Estruturação poética fixa, contendo estrofes demarcadas e rimas presentes.
Principais representantes do Classicismo
Literatura:
- Luís Vaz de Camões
- Dante Alighieri
- Petrarca
- Boccacio
Artes Plásticas:
- Leonardo da Vinci
- Michelangelo
- Rafael Sanzio
- Ticiano
- Andrea Mantegna
- Nicolas Poussin
- Claudio de Lorena (Claude Lorrain)
Exemplos de obras do Classicismo
Trecho da obra “Os Lusíadas” de Luís de Camões
Canto IX
Tiveram longamente na cidade,
Sem vender-se, a fazenda os dous feitores,
Que os Infiéis, por manhã e falsidade,
Fazem que não lha comprem mercadores;
Que todo seu propósito e vontade
Era deter ali os descobridores
Da Índia tanto tempo que viessem
De Meca as naus, que as suas desfizessem.
Obra “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” de Luís de Camões
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Soneto de Sá de Miranda
O sol é grande, caem coa calma as aves,
Do tempo em tal sazão que sói ser fria:
Esta água, que d’alto cai, acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.Ó coisas todas vãs, todas mudaves,
Qual é o coração que em vós confia?
Passando um dia vai, passa outro dia,
Incertos todos mais que ao vento as naves!Eu vi já por aqui sombras e flores,
Vi águas, e vi fontes, vi verdura;
As aves vi cantar todas d’amores.Mudo e seco é já tudo; e de mistura,
Também fazendo-me eu fui doutras cores;
tudo o mais renova, isto é sem cura.
Trecho da obra “A Divina Comédia” de Dante Alighieri
No meio do caminho desta vida
me vi perdido numa selva escura,
solitário, sem sol e sem saída.Ah, como armar no ar uma figura
desta selva selvagem, dura, forte,
que, só de eu a pensar, me desfigura?É quase tão amargo como a morte;
mas para expor o bem que encontrei,
outros dados darei da minha sorte.Não me recordo ao certo como entrei,
tomado de uma sonolência estranha,
quando a vera vereda abandonei.