Biogeografia é a área que estuda a distribuição dos seres vivos e ecossistemas na Terra. Como o próprio nome diz, essa disciplina une conhecimentos da Biologia e da Geografia, estabelecendo uma relação entre ambas.
O principal objetivo da biogeografia é compreender as razões que levam determinadas espécies a viver em um local específico. Isso é feito por meio da observação, comparação e análise dos padrões.
De acordo com as pesquisas da biogeografia foi possível concluir que os padrões de distribuição dos seres vivos nos espaços geográficos podem ser explicados por uma combinação de fatores, como extinção, especiação, glaciação, vias fluviais, variações do nível do mar, entre outros.
História
O naturalista, geógrafo, biólogo e antropólogo Alfred Russel Wallace (1823-1913) foi um dos maiores estudiosos da biogeografia. Começou suas viagens em 1848, buscando provas da evolução e da maneira como o espaço geográfico afetava a diversidade das espécies.
Em suas viagens, estudou centenas de animais e plantas e identificou relações entre as espécies localizadas no arquipélago malaio com as espécies do continente asiático, enquanto nas ilhas localizadas mais ao sul, havia relação com os seres vivos encontrados no continente australiano.
Essa análise levou à delimitação e mapeamento dessas regiões pesquisadas (oriental e australiana), que posteriormente foram chamadas de “Linhas de Wallace”.
Outros pesquisadores contribuíram para o avanço da biogeografia, como Alexander Von Humboldt, Hewett Cottrell Watson, Alphonse de Candolle, Philip Lutley Sclater, entre outros.
Em 2012, estudiosos da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, atualizaram as informações do mapa da vida animal por meio de técnicas genéticas e estatísticas aprimoradas reunindo dados sobre a localização e relações evolutivas de 21.037 espécies de aves, anfíbios e mamíferos, para caracterizar seus padrões biogeográficos naturais.
Com a evolução da tecnologia, atualmente os pesquisadores utilizam o Sistema de Informações Geográficas (GIS), um sistema de hardware e software que possibilita a análise, gestão e representação do espaço e os fenômenos que ocorrem, facilitando dessa forma o entendimento sobre os fatores de distribuição dos seres vivos, além de prever as tendências futuras.
Áreas de estudo da Biogeografia
A Biogeografia é dividida em duas áreas de estudo:
- Biogeografia Histórica: estuda de que forma os processos ecológicos ocorrem no decorrer do
tempo
e como influenciam a distribuição dos seres vivos. Aspectos como a história de um grupo e onde viviam seus antepassados e quando um determinado padrão de distribuição passou a ter seus limites atuais são pesquisados por essa área. - Biogeografia Ecológica: analisa os processos ecológicos que ocorrem em
períodos curtos de tempo
e de que forma isso afeta o padrão de distribuição dos organismos. Ela apresenta explicações sobre o que leva uma espécie a habitar determinado local e não outro e o que controla a diversidade de organismos encontrados em um espaço geográfico, por exemplo.
Fatores que influenciam a distribuição dos organismos
De acordo com a biogeografia, a distribuição dos seres na superfície terrestre deriva da interação de dois processos espaço-temporais, ou seja, ocorrem de maneira diversa no espaço ao longo do tempo: dos organismos vivos (biótico) e do planeta (abiótico).
O processo espaço-temporal dos seres vivos podem ser divididos em três: dispersão, extinção e vicariância. A primeira pode ser definida como um fenômeno de movimento da população de um lugar para outro transpondo barreiras geográficas. Já a extinção é o desaparecimento total de uma espécie, enquanto a vicariância é quando surge uma barreira geográfica que divide uma área de distribuição e as populações resultantes passam a ter destinos evolutivos separados.
Já o processo abiótico engloba os fenômenos da natureza, como o aumento do nível do mar e os ciclos glaciais, por exemplo.
Padrões de distribuição e de biodiversidade das espécies
A história, a composição química do solo, a existência ou não de registros fósseis, os fatores climáticos atuais, são alguns aspectos que contribuem para a compreensão sobre a distribuição de uma espécie.
Elas podem ser chamadas de cosmopolitas, quando possuem largas áreas de ocupação, presentes em quase todos os locais do Planeta, como os fungos, algas e protozoários; e endêmicas, quando vivem exclusivamente em uma determinado local, como as pragas
Divisões biogeográficas
Por meio dos estudos das relações do meio ambiente com a evolução e a adaptação das espécies, além da distribuição geográfica de bioma e ecossistema, extinção de espécies e suas relações com o espaço geográfico, as diversas regiões do planeta foram mapeadas e divididas da seguinte forma:
- Região Paleártica: abrange a Europa, norte da África até o deserto do Saara, norte da Península Arábica e toda Ásia ao norte.
- Região Neoártica: engloba toda a América do Norte, incluindo a Groelância, até o centro do México.
Região Neotropical: vai do centro do México ao sul da América do Sul.
- Região Afro-tropical ou Etiópica: da África sub-saariana ao sul da Penílsula Arábica.
- Região Indo-malaia: compreende o subcontinente indiano, sul da China, Indochina, Filipinas e a metade ocidental da Indonésia.
- Região Australiana: inclui a Indonésia Oriental, Nova Guiné, Austrália e Nova Zelândia.
- Região Oceânica: abarca as demais ilhas do Oceano Pacífico.
- Região Antártica: abrange o continente e o oceano Antártico.
Existem ainda as regiões biogeográficas marinhas delimitadas por zonas climáticas e correntes oceânicas que podem ser subdivididas em: calota polar, castões, estuários, fossas abissais, litoral, lagoa, plataforma continental, talude continental, zona bentônica e zona pelágica.