Resumo de Português - A linguagem do pré-modernismo

A linguagem do pré-modernismo se refere aos aspectos que os autores utilizavam em suas obras.

Isto quer dizer que a linguagem do pré-modernismo está relacionada ao momento histórico em que os romances e obras estavam inseridas. Ou seja, é uma linguagem coloquial, social, regionalista, crítica, política, simples, híbrida, de aspecto libertário e marginal.

Mas antes, é necessário entender o que foi o movimento do pré-modernismo.

Pré-modernismo

O pré-modernismo não é considerado uma escola literária, mas um período de transição entre o simbolismo no brasil e o modernismo.

Esse movimento ocorreu no início do século XX até a Semana de Arte Moderna (1922).

Os autores que estão classificados como escritores pré-modernistas são classificados como tal, por não ter presenciado afetivamente o período do modernismo.

Além disso, o próprio movimento possui características de outras correntes literárias como o neoparnasianismo, o neossimbolismo e neorrealismo.

O pré-modernismo se refere a produção literária entre o ano de 1990 e 1922 que não se encaixa nem no simbolismo nem no modernismo.

As obras produzidas nesse período não correspondem a nenhuma das vertentes estéticas de movimentos literários da literatura brasileira.

A linguagem do pré-modernismo e suas características

Mesmo não sendo uma escola literária, a linguagem do pré-modernismo e suas características são definidas.

Isto porque há aspectos marcantes e comuns nas obras produzidas nesse momento de transição.

Por exemplo:

  •  Temática regionalista com denúncia dos problemas sociais próprios da região como o abismo social, os conflitos e a miséria.
  • O regionalismo quanto a valorização da cultura popular brasileira e a realidade social brasileira.
  • Naturalismo com descrição minuciosa dos personagens que passam a ser o negro, o caipira e o sertanejo. Além da descrição das paisagens regionais.
  • Marginalização com personagens estereotipados.
  • Distanciamento do academicismo, como do parnasianismo e do simbolismo.

Quanto a linguagem do pré-modernismo, as obras desse período possuíam uma linguagem regionalista, simples e coloquial.

A linguagem informal em oposição a linguagem formal do arcadismo e a linguagem parnasiana. Assim como o uso de verbos em sua forma simples de escrever.

A linguagem do pré-modernismo e o contexto histórico

O Brasil, no período do pré-modernismo (1990-1922) estava passando por um momento de reforma.

Durante esses anos, ocorreram diversos conflitos e transformações. No início do século XX, o Rio de Janeiro era a capital da recente consolidação do regime republicado, com a Proclamação da República.

O Brasil também passava pela influência francesa com a Belle Époque em que o centro da cidade passou pela Reforma Pereira Passos. E nesse meio tempo, as transformações foram cenário para o surgimento de autores do movimento pré-modernista como Lima Barreto.

Entre os anos de 1900 a 1922, diversos conflitos sociais acometeram o país, como:

  • Revolução de Canudos (Bahia, 1896-1897)
  • O Ciclo do Cangaço (NE, 1900)
  • O Misticismo do Pe. Cicero (Ceara, 1911-1915)
  • Guerra do Contestado (Santa Catarina, 1914)
  • O Ciclo da Borracha (Amazônia, 1870-1920)
  • A Revolta da Vacina (Rio, 1904)
  • A Revolta da Chibata (Rio, 1910)
  • Greves dos Operários (São Paulo, 1917)
  • República do Café e do Leite (1894-1930)

Além disso, em âmbito mundial, na Europa acontecia a Primeira Guerra mundial (1914-1918).

Principais autores do pré-modernismo

A linguagem do pré-modernismo foi estabelecida pelas obras de escritores que se destacaram nesse período.

Entre eles estão: Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto e Graça Aranha.

Euclides da Cunha (1866-1909)

Euclides da cunha foi um jornalista, escritor, poeta, professor e engenheiro nascido no Rio de Janeiro.

A Guerra de Canudos foi o conflito popular que inspirou a produção de uma das suas obras mais importantes: Os Sertões.

Euclides da Cunha foi mandado para Canudos como jornalista do jornal O Estado de São Paulo e presenciou o conflito por três semanas.

Além disso, ele também escreveu “A guerra do Sertão”, As Secas do Norte, “Civilizações” e “A Margem da História.

O escritor foi assassinado no Rio de Janeiro, em agosto de 1909.

Trecho da obra “Os Sertões”

“Por que não pregar contra a República?
Pregava contra a República; é certo.
O antagonismo era inevitável. Era um derivativo à exacerbação mística; uma variante forçada ao delírio religioso.
Mas não traduzia o mais pálido intuito político: o jagunço é tão inapto para apreender a forma republicana como a monárquico-constitucional.
Ambas lhe são abstrações inacessíveis. É espontaneamente adversário de ambas. Está na fase evolutiva em que só é conceptível o império de um chefe sacerdotal ou guerreiro.
Insistamos sobre esta verdade: a guerra de Canudos foi um refluxo em nossa história. Tivemos, inopinadamente, ressurrecta e em armas em nossa frente, uma sociedade velha, uma sociedade morta, galvanizada por um doudo. Não a conhecemos. Não podíamos conhecê-la.”

Monteiro Lobato (1882-1948)

Monteiro Lobato foi um escritor, ativista político, diretor, tradutor e produtor nascido em Taubaté, São Paulo.

Ele lutava em defesa das riquezas naturais do Brasil, como o ferro e o petróleo, a ponto de ser preso após enviar uma carta com críticas a Getúlio Vargas.

Conhecido como um escritor de estética infantil por ter criado o Sítio do Picapau Amarelo, com personagens famosos até hoje como Visconde de Sabugosa, Cuca, a boneca Emília, Saci Pererê, entre outros.

Sua contribuição à linguagem do pré-modernismo veio por obras como “Cidades Mortas” e "Urupês". Além disso escreveu “A Menina do Narizinho Arrebitado, O Garimpeiro do Rio das Graças e Problema Vital.

Lima Barreto (1881-1922)

Lima Barreto foi jornalista e escritor nascido no Rio de Janeiro. Em vida suas obras não foram tão apreciadas, tendo maior parte delas descobertas e publicadas postumamente.

O Triste Fim de Policarpo Quaresma é a sua principal obra e contribui para a linguagem do pré-modernismo com uma escrita coloquial.

Além disso, como forma de valorização da cultura brasileira, ele reconheceu o tupi como língua principal do Brasil.

Trecho da Obra “O Triste fim de Policarpo Quaresma”

Segunda Parte: No “Sossego”

“Não era feio o lugar, mas não era belo. Tinha, entretanto, o aspecto tranqüilo e satisfeito de quem se julga bem com a sua sorte.
A casa erguia-se sobre um socalco, uma espécie de degrau, formando a subida para a maior altura de uma pequena colina que lhe corria nos fundos. Em frente, por entre os bambus da cerca, olhava uma planície a morrer nas montanhas que se viam ao longe; um regato de águas paradas e sujas cortava-a paralelamente à testada da casa; mais adiante, o trem passava vincando a planície com a fita clara de sua linha capinada; um carreiro, com casas, de um e de outro lado, saía da esquerda e ia ter à estação, atravessando o regato e serpeando pelo plaino. A habitação de Quaresma tinha assim um amplo horizonte, olhando para o levante, a “noruega”, e era também risonha e graciosa nos seus caiados. Edificada com a desoladora indigência arquitetônica das nossas casas de campo, possuía, porém, vastas salas, amplos quartos, todos com janelas, e uma varanda com uma colunata heterodoxa. Além desta principal, o sítio do “Sossego”, como se chamava, tinha outras construções: a velha casa da farinha, que ainda tinha o forno intacto e a roda desmontada, e uma estrebaria coberta de sapê.”

Graça Aranha (1868-1931)

Graça Aranha foi um diplomata brasileiro e escritor nascido no Rio de Janeiro e um dos organizados da Semana da Arte Moderna.

Sua principal obra “Canaã”, narra a migração alemã ocorrida no Espírito Santo. Além disso, escreveu obras como “Malazarte”, “A Estética da Vida” e “Espírito Moderno”.

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